segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Contra visões tradicionais, livro destaca importância da afetividade na escola

O que é o afeto? E como se usa? É com a família, amigos, no trabalho ou na escola? Como funciona? Basta falar calmo, passar a mão na cabeça e abraçar?
Para a psicóloga Valéria Amorim Arantes, os caminhos da mente estão entre muitas encruzilhadas, e uma das de maior complexidade, ainda hoje, é a do universo afetivo.

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Curiosa pelo tema, a profissional organizou o livro "Afetividade na Escola" e contou com o auxílio de estudiosos de diferentes campos do saber para mergulhar no labirinto dos sentimentos.
Educação, psicologia, linguística, neurologia e matemática dialogam com um denominador comum e aliam o conhecimento em propostas revistas e originais para repensar a questão dos sentimentos dentro das salas de aula.
A abordagem histórico-cultural de Vygotsky (1896-1934), a epistemologia genética de Jean Piaget (1896-1990), a teoria psicogenética de Henri Wallon (1879-1962) e a teoria psicanalítica de Freud (1856-1939) fundamentam os diferentes pontos de vista e as hipóteses singulares de cada especialista.
Singularidade esta, como dito anteriormente, complementar no questionamento às visões tradicionais. A moralidade humana é analisada, assim como o papel positivo que as emoções exercem nas funções cognitivas e comportamentais do homem, incluindo a memória e os processos de tomada de decisões. "Afetividade na Escola" valoriza e analisa o tema, e serve como incentivo necessário para repensar e reestruturar o atual trabalho educativo.
Leia trechos.

Vygotsky
A principal tese que Vygotsky procurou defender é a de que as teorias das emoções existentes eram essencialmente dualistas já que, coerentes com os pressupostos da filosofia cartesiana, separavam corpo e mente (ou corpo e alma). Para Vygotsky, o legado de Descartes não afetou apenas o estudo das emoções, mas a psicologia de um modo geral, estimulando sua cisão em dois campos, um modelado pelas ciências naturais, preocupado em estudar o comportamento, e outro mais próximo da filosofia, interessado em compreender significados, motivações e volições humanas. Em outra cisão, que em grande medida perdura até hoje, afeto e cognição também têm sido tratados separadamente, como dimensões isoláveis do funcionamento psicológico humano.
Piaget
É bom lembrar que, para Piaget, a afetividade não se restringe às emoções e aos sentimentos, mas engloba também as tendências e a vontade. Quando o autor utiliza o termo funções afetivas, o faz em sentido amplo. (...) Ao falar do papel da afetividade e da inteligência nas condutas, Piaget retoma a ideia de que toda conduta visa à adaptação, sendo que o desequilíbrio se traduz por uma impressão afetiva particular, a consciência de uma necessidade.
Neurologia
Não há dúvida de que a emoção influencia de maneira significativa muitas de nossas funções comportamentais e cognitivas diárias. A importância da emoção nas questões humanas é óbvia. Os distúrbios emocionais atormentam pacientes com muitos problemas neurológicos e psiquiátricos. Apesar do papel fundamental da emoção e de sua influência no pensamento e na cognição tem sido amplamente ignorado.
Na verdade, o estudo da emoção pela ciência cognitiva, neurociência e inteligência artificial tem progredido muito mais lentamente do que o estudo de quase todos os outros principais aspectos da mente e do cérebro. (...) Devido à importância da emoção na compreensão do sofrimento humano, ao seu valor na consideração de doenças, ao seu papel em interações sociais e à sua importância para a ciência cognitiva e a neurociência, uma compreensão abrangente da cognição humana exige um conhecimento muito mais amplo sobre a neurobiologia da emoção.

"Afetividade na Escola"
Autor: Valéria Amorim Arantes (org.)
Editora: Summus
Afetividade se manifesta de diferentes formas e em determinados convívios
Afetividade se manifesta em diferentes formas e convívios .
Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/folha/livrariadafolha/791398-contra-visoes-tradicionais-livro-destaca-importancia-da-afetividade-na-escola.shtml

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