sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Estudante vence Facebook em processo sobre privacidade na Europa

Além de multa, de valor não divulgado, Facebook se comprometeu com órgão de proteção de dados a melhorar políticas de privacidade

Depois de três meses de investigações, a órgão irlandês de proteção de dados (DPD) decidiu que o estudante de direito austríaco, Max Schrems, tinha razão em seu processo contra violações de privacidade cometidas pelo Facebook. Em outubro, o estudante solicitou um arquivo com todas as suas informações à rede social e recebeu uma cópia que continha mais de 1.200 páginas de dados, inclusive aqueles que ele havia deletado anteriormente.
O arquivo, que o estudante disponibilizou em uma página de web, foi a chave para iniciar a batalha com o Facebook e se desdobrou em 22 reinvindicações do estudante ao DPD.
"Quando você elimina algo do Facebook, tudo o que acontece é que escondem para que você não veja mais", disse Schrems à agência de notícias EFE. "O Facebook sabe mais sobre nós do que a KGB [polícia secreta da extinta União Soviética] sabia sobre qualquer cidadão comum."
Além de pagar uma multa não divulgada, mas que pode chegar a R$ 246 mil (100 mil euros), o processo movido pelo estudante obrigou o DPD a tomar medidas mais sérias para prevenir que o Facebook armazene os dados dos usuários sem o expresso consentimento.
A sede internacional do Facebook - que reúne todos os usuários da rede social fora dos Estados Unidos e Canadá - fica em Dublin, o que obriga a companhia a seguir as leis europeias de proteção de dados, que são mais rigorosas do que as americanas.

Acordo rigoroso

Ontem, o Facebook se comprometeu com o DPD a melhorar a privacidade dos cerca de 500 milhões de usuários europeus. A empresa aumentará o número de ferramentas para gestão das informações pessoais, como impedir a utilização de uma imagem do usuário para fins comerciais sem seu consentimento e eliminar as informações que obtém através do botão "Curtir", entre outros aspectos. O Facebook também se comprometeu a limitar o tempo de armazenamento de informações sobre a navegação do usuário, como os termos de buscas que usou.
Dentro de seis meses, as autoridades irlandeses avaliarão os progressos realizados e divulgarão um relatório ao público para aumentar a confiança dos usuários, algo que foi aceito pelo Facebook. Para o estudante que processou a rede social, estas medidas são "o primeiro passo de um longo caminho". "As leis europeias são muito boas, mas são falhas na sua aplicação. Também é uma questão de meios. O escritório irlandês de proteção de dados tem 20 membros e o Facebook é um gigante que administra informações de milhões de pessoas", disse Schrems.
O universitário reconhece que o Facebook não abusou das informações que armazenava sobre ele. "Mas o problema é existir algo com tanto poder sobre as pessoas", acrescenta. Conservar e analisar semelhante volume de dados pode ter "um grande potencial para criar problemas", avalia o jovem austríaco, ao levantar a hipótese de ocorrer um vazamento de informações causado por um ataque cibernético. Mas se engana quem pensa que o estudante fechou sua conta na rede social. Ele teme perder contato com seus amigos. "É a empresa que tem que mudar, não os usuários", disse Schrems.

Em janeiro de 2012, o Facebook terá que se adaptar a uma nova lei de privacidade em toda a Europa. A rede social não poderá vender informações pessoais dos usuários para terceiros, como empresas de publicidade. Além disso, a empresa terá que ajustar as políticas de armazenamento de dados dos usuários à legislação europeia, mesmo que continue armazenando os dados dos usuários em servidores localizados nos Estados Unidos.

Governo dos EUA já impôs acordo ao Facebook

No final de novembro, a Federal Trade Commission (FTC), órgão do governo americano, e o Facebook anunciaram um acordo para que o Facebook solucione as acusações sobre violações à privacidade dos usuários na rede social. Com o acordo, o Facebook aceitou que auditorias independentes tenha acesso a todos os bancos de dados dos usuários e registros do sistema por 20 anos. Assim, será possível verificar se a rede social está seguindo as políticas de privacidade de dados que exibe em seu site.
Em uma mensagem no blog oficial, Mark Zuckerberg, fundador e CEO do Facebook, admitiu que a rede social cometeu vários erros em relação à privacidade dos usuários e que o acordo é um compromisso para que eles continuem a fazer o que sempre fizeram. O acordo foi anunciado após anos de negociações entre o Facebook e a FTC.

No Brasil, nada muda

O acordo entre Facebook e FTC não traz consequências práticas para o internauta brasileiro. Isso só aconteceria se houvesse alguma iniciativa contra a empresa movida a partir do Brasil. "Até o momento, não há nenhuma ação nesse sentido por parte de órgãos como o Ministério da Justiça e o Procon", afirma Patricia Peck, advogada especializada em direito digital, em entrevista recente ao iG. A advogada observa que já houve ações pontuais do Ministério Público direcionadas ao Google, principalmente por conteúdo publicado no Orkut, mas o Facebook até agora não vem sendo alvo de investigações.

*Com informações da EFE.

Fonte:http://tecnologia.ig.com.br/estudante-vence-facebook-em-processo-sobre-privacidade-na-europa/n1597473041643.html

Garoto prodígio cria aplicativo e ganha R$ 468 mil de investidor

Investidor chinês bilionário, Li Ka Shing investiu no aplicativo que resume conteúdo de resultados de busca na web (BBC BRASIL)


Um adolescente de apenas 16 anos, de Londres, desenvolveu um aplicativo que ganhou manchetes em várias partes do globo e fechou contrato com um dos homens mais ricos do mundo. Nick D'Aloisio desenvolveu um aplicativo para smartphones chamado Summly, que resume o conteúdo de páginas e resultados de buscas, agilizando a navegação pela internet.

O adolescente conta que a inspiração para a criação do aplicativo surgiu há seis meses, quando estudava para uma prova de história em seu quarto, no bairro de Wimbledon. "Eu estava usando mecanismos de buscas online para pesquisas em história. Enquanto eu estudava, notei que encontrei resultados irrelevantes em minha pesquisa e isto me prejudicava, eu me distraía quando clicava nestes resultados", disse o estudante à BBC.
Então Nick imaginou se haveria um jeito de avaliar o significado destes conteúdos instantaneamente, para economizar tempo e evitar distrações.

Versão inicial

Há seis meses, Nick criou uma versão inicial do Summly, que não usava as técnicas avançadas do aplicativo atual, mas ainda assim "era uma boa ferramenta para estudo de textos". Esta versão inicial conseguiu destaque na imprensa e atraiu o interesse de um conhecido investidor, o bilionário chinês Li Ka Shing, considerado um dos homens mais ricos da Ásia, que acabou investindo R$ 468 mil (US$ 250 mil) no desenvolvimento do aplicativo.
"Desde então, estamos avaliando a tecnologia que atualmente temos e explorando novas formas de torná-la mais precisa", disse o adolescente. O aplicativo permite o acesso no smartphone a versões resumidas de páginas, URLs e resultados de buscas em sites como Google, por exemplo.
Nick conta que, no futuro, seu aplicativo poderá ser usado também para resumos de e-books, e-mails e a tecnologia poderá ser usada também para notícias. Lançado no meio do mês de dezembro, o Summly obteve 30 mil downloads em sua primeira semana e já resumiu dezenas de milhares de páginas.
Atualmente o aplicativo está disponível para o iPhone, mas há planos para lançar versões para o Android e para uso geral na internet a partir no Ano Novo. Mas, Nick afirma que tem ainda mais planos para sua criação. "Atualmente existe uma abundância de informação, muitas redes sociais criando muito conteúdo. Você precisa de ferramentas como o Summly ou o Siri para selecionar", disse.
O adolescente acredita que os resumos podem facilitar o compartilhamento de conteúdo no Facebook e Twitter. E, segundo Nick, várias companhias, que ele não revela o nome, já estão sondando para conseguir licenciar a tecnologia que ele criou. Mas, por enquanto, o adolescente está satisfeito com o que conseguiu.
Modéstia
O blogueiro Om Malik, especializado em tecnologia, foi o primeiro a entrevistar o adolescente e o descreveu como um "menino gênio", comparando-o aos fundadores do Google, Sergey Brin e Larry Page. Nick não aceita o rótulo de gênio e afirma que aprender a criar o programa "não foi tão difícil" e, na verdade, ele conseguiu fazer isto em meio ao dever de casa.
Quando o adolescente entregou seus trabalhos de início do semestre, os professores ficaram surpresos pelo fato de que ele conseguiu codificar o Summly e ainda teve tempo de fazer os deveres.
Agora, ele precisará arrumar tempo para viajar para São Francisco, nos Estados Unidos, em janeiro, para uma reunião com os investidores da Horizon Ventures, que deram apoio ao aplicativo. E, mesmo com a agenda cheia, Nick afirma que não pretende abandonar a escola. "Eu gosto, encontro meus amigos, gosto dos esportes, da coisa toda", disse.


Fonte:http://tecnologia.ig.com.br/garoto-prodigio-cria-aplicativo-e-ganha-r-468-mil-de-investidor/n1597475662720.html

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Cultura passada de pai para filho é responsável por analfabetismo

Estudo da USP dá vida a estatísticas oficiais: maioria dos analfabetos é idosa e cresceu no campo. Os filhos, porém, estudam (Priscilla Borges)


Hildo Moreira conhece as letras, mas tem muita dificuldade em compreender quando elas se tornam palavras. Apesar dos 46 anos de vida, até hoje a escola não foi um lugar em que se sentisse à vontade e conseguisse mantê-lo firme no propósito de aprender. Hildo lembra-se de ter completado apenas a 1 ª série do ensino fundamental, justamente a que as crianças começam a ler e a escrever.

Foto: Fellipe Brayan Sampaio Ampliar
Aos 46 anos, Hildo reconhece a placa do ônibus que o leva para casa, mas não consegue ler o jornal

Desde então, as tentativas de continuar os estudos fracassaram. Por diferentes motivos. A falta de estímulo para estudar se misturaram ao desinteresse, à prioridade dada ao trabalho, à ausência de informações sobre os colégios. Hildo faz parte de uma triste estatística: a do analfabetismo. Os dados do Censo de 2010 (os mais recentes disponíveis) mostram que 9,6% da população brasileira – um total de 13,9 milhões de brasileiros com mais de 15 anos – não sabem ler ou escrever.

Um estudo realizado recentemente na Universidade de São Paulo (USP) dá vida aos números apontados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como o perfil da maioria dos analfabetos do País. Ele mostra que a história de exclusão educacional dessas pessoas ainda na infância está ligada ao lugar onde a maioria morava: o campo. Não só o acesso às escolas dificultou a alfabetização, como também a cultura passada de pai para filho.

Vanessa Pupo, que realizou a pesquisa com 483 adultos matriculados em turmas de alfabetização de adultos na cidade de Piracicaba, conta que 70% deles cresceram em áreas rurais. Os pais deles também deixaram de ser alfabetizados. De acordo com os entrevistados pela pesquisadora, o trabalho na roça era visto como mais importante que o estudo. Por isso, o abandono escolar fazia parte da rotina das pessoas.

A vida posterior na cidade, no entanto, os impediu de reproduzir o pensamento dos pais: os filhos dos entrevistados não fazem parte das estatísticas do analfabetismo. “O estudo mostrou que as exigências do mundo do trabalho nas cidades fizeram com que eles passassem a valorizar a educação e a vissem como ferramenta de mobilidade social. Por isso, eles colocaram os filhos na escola e muitos ainda tentam estudar”, afirma Vanessa.
Os relatos dos estudantes adultos entrevistados por Vanessa podem ser a explicação para outro fenômeno registrado pelas estatísticas oficiais: a redução do analfabetismo entre jovens. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2010 mostram que, nos últimos 10 anos, a taxa de analfabetismo entre jovens com 15 a 24 anos recuou de 10,1% para 4,6%. A grande maioria (92,6%) dos analfabetos brasileiros tem mais de 25 anos.

Entre os idosos (com 60 anos ou mais), o movimento foi inverso. A quantidade de analfabetos cresceu. Em 1999, 34,4% da população desse grupo não sabiam ler nem escrever e, dez anos depois, chegou a 42,6%. Os dados também revelam que 40,7% da população rural é analfabeta funcional – não consegue compreender o que lê. Na área urbana, a porcentagem é de 16,7%.

Difícil recomeço
Os adultos entrevistados por Vanessa tentavam voltar à escola, tarefa que não é fácil. Quem faz essa opção aponta o desejo de um emprego melhor, de poder ajudar os filhos na escola ou de “deixar de ser cego” na sociedade como motivadores. Dentro das salas de aulas, eles precisam enfrentar métodos ainda distantes da própria realidade e infantilizados, como destaca Vanessa.

“O processo de alfabetização de adultos precisa ser diferente. Eles têm conhecimentos que não adquiriram por meio da escola e, por isso, não são valorizados. Mas essas experiências de vida precisam ser consideradas e servir como motivadores”, opina a pedagoga.
Hildo conhece bem todas essas dificuldades. Ele não morou em fazendas como os pais, mas foi criado por pais analfabetos, que não se importaram quando ele deixou a escola. Há 25 anos, ele vigia carros em um mesmo estacionamento no centro da capital federal. Algumas vezes, Hildo conta que tentou se livrar do cansaço e tentar estudar. Mas acabou desistindo novamente.

“Eu quero voltar para a escola. Se eu tivesse filho, não ia deixar ele parar não. A escola fez falta para eu conseguir um emprego melhor, mas eu também tenho vontade de pegar um jornal para ler”, conta. Hildo mora longe de onde trabalha. Depois de perguntar uma vez, conseguiu “aprender” a ler a placa do ônibus que o leva de volta para casa, na cidade-satélite de Taguatinga, no Distrito Federal.

Para Vanessa, traçar o perfil dos analfabetos é fundamental para a definição de políticas públicas. Mas faltam dados nesse sentido. “Não encontrei nada sobre o perfil desses estudantes na Secretaria Municipal de Educação de Piracicaba, por exemplo. Para sanarmos essa dívida histórica com as pessoas excluídas da educação, precisamos conhecê-las”, afirma.


Fonte:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/cultura-passada-de-pai-para-filho-e-responsavel-por-analfabetism/n1597442392081.html

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

EUA: Regras ditam relação entre professores e alunos na internet

Após escândalos, distritos escolares norte-americanos implantam diretrizes mais rigorosas para o relacionamento com os estudantes

Diante de escândalos e denúncias envolvendo professores que fazem mau uso das mídias sociais, os distritos escolares americanos estão impondo novas diretrizes rigorosas que proíbem conversas particulares entre professores e seus alunos em telefones celulares e plataformas online como o Facebook e o Twitter.
As políticas foram criadas para que os educadores possam lidar com uma ampla gama de novos problemas. Alguns professores criaram maus exemplos postando comentários ou fotografias chocantes envolvendo sexo ou álcool em sites de mídia social. Alguns tiveram contatos impróprios com alunos. Em casos extremos, professores foram presos por abuso sexual e acusações de agressão depois de ter relações com alunos que, segundo oficiais, começaram a comunicação eletrônica
Mas as diretrizes mais rigorosas estão sendo recebidas com uma certa resistência por alguns professores, devido à importância crescente da tecnologia como ferramenta de ensino e das mídias sociais para interagir com os alunos. No Missouri, o sindicato dos professores citou a liberdade de expressão e convenceu um juiz que uma nova lei estadual que impunha a proibição na comunicação eletrônica entre professores e alunos era inconstitucional. Legisladores não chegaram a aprovar a lei, mas instruíram os conselhos escolares a desenvolverem suas próprias políticas para as mídias sociais a partir do dia 1° de março.
Os administradores escolares reconhecem que a grande maioria dos professores usam as mídias sociais de forma adequada. Mas eles também dizem que estão encontrando cada vez mais razões para limitar o contato entre professores e alunos. Conselhos escolares na Califórnia, Flórida, Georgia, Illinois, Maryland, Michigan, Missouri, Nova Jersey, Ohio, Pensilvânia, Texas e Virgínia atualizaram ou estão para rever as suas políticas para a comunicação digital neste outono.
"Minha preocupação é que a tecnologia torna muito fácil para os professores passarem dos limites quando se trata de relações com os alunos", disse Charol Shakeshaft, presidente do Departamento de Liderança Educacional na Universidade Commonwealth na Virgínia, que estuda a má conduta sexual por parte dos professores já faz 15 anos ."Eu sou a favor de utilizarmos esta tecnologia. Alguns distritos escolares tentaram proibi-la inteiramente. Eu sou contra isso. Mas eu acho que deve haver um meio termo que permite aos professores tirar proveito da tecnologia eletrônica e ao mesmo tempo manter as crianças seguras."
Lewis Holloway, o superintendente das escolas de Statesboro, Geórgia, impôs uma nova política que proíbe este tipo de comunicação eletrônica privada depois de saber que o Facebook e mensagens de texto ajudaram a alimentar uma relação entre uma professora de inglês da oitava série e seu aluno de 14 anos de idade. A professora foi presa neste verão sob a acusação de abuso sexual e estupro - ela permanece presa, aguardando julgamento.
"Pode não parecer nada de início e se tornar mais intenso rapidamente", disse Holloway, diretor de escola há 38 anos. "Nossos alunos são vulneráveis através destes novos meios, e nós temos que encontrar novas maneiras de protegê-los."
Holloway disse que ficou sabendo de outros casos de abusos sexuais quando fez uma consulta sobre as políticas de mídias socias com escolas de todo o país. Embora não exista uma base de dados nacional sobre a má conduta sexual por parte de professores, apenas neste ano dezenas de casos apareceram nos jornais de todo o país.
Em Illinois, um ex-professor de 56 anos foi considerado culpado em setembro por abuso sexual e agressão envolvendo uma estudante de 17 anos de idade, com quem trocou mais de 700 mensagens de texto. em Sacramento, o diretor musical da banda da escola se declarou culpado de má conduta sexual decorrente da sua relação com uma estudante de 16 anos de idade - sua página no Facebook tinha mais de 1.200 mensagens privadas trocadas com ela. Na Pensilvânia, o diretor do departamento de educação física se declarou culpado em novembro das acusações de tentativa de corrupção de um menor, ele foi preso depois de oferecer a um ex-estudante do sexo masculino presentes em troca de sexo.
Administradores escolares também estão preocupados com professores que revelam muita informação sobre suas vidas particulares na rede. Como parte de uma política adotada no mês passado em Muskegon, Michigan, funcionários de escolas públicas foram avisados que poderiam enfrentar ações disciplinares caso coloquem fotos de si mesmos usando álcool ou drogas em sites de mídia social.
"Nós queremos adotar uma política que incentive a interação entre nossos alunos, pais e professores", disse Jon Felske, superintendente das escolas públicas de Muskegon. "Essa é a maneira com a qual as crianças de hoje aprendem e interagem. Mas queremos que separem o trabalho de suas vidas particulares".
A Cidade de Nova York, o maior distrito escolar dos Estados Unidos, tem trabalhado em uma política para uso de mídias sociais há meses e espera tomar um posicionamento até a primavera. Nesse meio tempo, controvérsias sobre os sites de relacionamento aparecem regularmente, como uma que aconteceu no início deste mês com uma diretora de uma escola no Bronx, cuja página do Facebook continha uma foto ousada que foi colada nos corredores de sua escola.
Richard J. Condon, comissário especial de investigações para as escolas da cidade de Nova York, disse que houve um aumento considerável no número de queixas de comunicações impróprias envolvendo o Facebook nos últimos anos - 85 queixas de outubro de 2010 a setembro de 2011, comparadas com apenas oito de setembro de 2008 a outubro de 2009.
O que preocupa alguns educadores é que políticas excessivamente restritivas possam remover uma maneira eficaz de envolver os alunos que utilizam regularmente essas plataformas para se comunicar.
"Acho que a razão pela qual eu utilizo as redes sociais é a mesma razão pela qual todo mundo as utilizam: elas funcionam", disse Jennifer Pust, chefe do departamento de inglês da Escola de Ensino Médio de Santa Monica, onde uma política que não incentiva a relação entre os professores e alunos afeta tanto os relacionamentos on-line quanto off-line. "Estou contente que não seja mais tão restritivo. Eu entendo que precisamos manter as crianças seguras. Acho que seria mais saudável se ensinássemos os estudantes a utilizar essas ferramentas e a navegar neste mundo online ao invés de bloqueá-lo e fingir que ele não existe."
Nicholas Provenzano, 32, é professor de inglês há 10 anos na escola de Ensino Médio Grosse Point, em Michigan. Ele reconheceu que "todos nós que utilizamos as redes sociais de uma maneira positiva com as crianças temos que dar 15 passos para trás sempre que há um incidente." Mas ele disse que os benefícios são muitos e que ele se comunica regularmente com seus alunos em um fórum aberto, principalmente através do Twitter, respondendo às suas perguntas sobre lições de casa.
Ele também disse que as redes sociais permitem que colabore em projetos em outras partes do país. O Facebook oferece orientação para os professores e recomenda que se comuniquem em uma página pública. Alguns professores, no entanto, favorecem uma barreira bem definida. Em Dayton, Ohio, onde a diretoria da escola impôs uma política para a mídia social neste outono, limitando professores a troca pública de ensino na rede, o líder do sindicato dos professores acolheu as regras. "Eu vejo isso como uma proteção para os professores", disse David A. Romick, presidente da Associação de Educação de Dayton. "Um relacionamento que começa com a troca de mensagens ou até mesmo uma amizade não profissional, já está condenado antes mesmo de começar.”

Fonte:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/eua-regras-ditam-relacao-entre-professores-e-alunos-na-internet/n1597427413124.html

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Criatividade, disponibilidade e pouco dinheiro garantem tardes inesquecíveis e importantes para o desenvolvimento da criança.

Onze atividades para curtir com seu filho(Renata Losso)

Dizem que mãe é tudo igual, só muda o endereço. Mas como você não precisa seguir esta regra à risca, o Delas selecionou 11 atividades que você pode realizar ao lado do seu filho para comemorar o simples fato de ele ainda ser criança – afinal, o tempo voa e em pouco tempo ele não caberá mais no seu colo. Por isso, aproveite a data não somente para presenteá-lo, mas para aproveitar a companhia dele.

Confeite cupcakes
Mesmo que você ou seu filho não tenham muita afinidade com a cozinha, fazer cupcakes não é assim tão difícil e definitivamente será divertido: principalmente se vocês se sujarem com as duas xícaras de farinha que pedem nessa receita de cupcake, que é prática e dá para abusar da criatividade. Além de poder usar confeitos para a decoração, existe a possibilidade de usar a pasta americana – aquela conhecida das confeitarias que costuma deixar docinhos e bolos com todas as cores possíveis – e deixar seu filho voar com a imaginação. É provável que juntos vocês desenhem flores, corações, animaizinhos, ou o que vier à cabeça, e o dia será lembrado facilmente no futuro.

Faça um piquenique no parque
Prepare as comidinhas especiais para o seu filho, encha os pneus da bicicleta, pegue a bola de futebol e, se possível, não esqueça a toalha xadrez. Levá-lo para fazer um piquenique no parque e ainda poder brincar com ele pelo local realmente pode ser a melhor pedida. Afinal, colocar o pé na grama e correr ao ar livre é quase uma necessidade de todas as crianças – e pode ser também bem revigorante para as mães que estão um tanto estressadas pela pressa do dia a dia.

Organize uma partida de futebol
Todo mundo sabe que futebol é mania nacional e, por mais que digam que é coisa de menino, há também meninas que se empolgam bastante com o esporte. Se for o caso do seu filho ou filha, por que não chamar alguns amiguinhos da escola ou do prédio e reunir todo mundo numa quadra? Ou então, se o seu filho gostar da ideia, convide também os pais deles e realize uma partida misturando crianças e adultos. De uma forma ou de outra, vocês passarão um dia cheio de empolgação – e transpiração – e a amizade de vocês se fortalecerá ainda mais.

Prepare uma gincana
Se o futebol não for a preferência do seu filho, existem outros jogos e brincadeiras que podem ser feitas em conjunto com os amiguinhos dele que poderão deixá-lo bastante empolgado. Por isso, você pode eleger com ele brincadeiras como pique-bandeira, caça ao tesouro, corrida de sacos, queimada, entre muitas outras que você pode resgatar da sua infância e passar para o seu filho.


Organize uma noite do pijama
Se ele gosta e já está acostumado a dormir na casa dos amigos de vez em quando e a convidá-los para passar a noite, chamar toda a turma de uma só vez pode ser mais esperado do que você imagina e é uma ótima ideia para deixá-lo ainda mais apegado a você – e os amigos dele mais próximos. Entre jogos de tabuleiro, lanche da noite e filmes infantis, seu filho não irá querer dormir tão cedo de tão contente. Com isso, esteja preparada para ouvi-los cheios de energia até mais tarde do que você gostaria e se divirta também.

Monte brinquedos com sucata
Hoje a sustentabilidade está mais na moda do que nunca e, por isso, latas, papelão, botões, caixinhas de fósforo e até mesmo tubos de papel higiênico podem ser mais úteis do que seu filho imagina. Reúna toda a sucata que estiver ao seu alcance para mostrá-lo quantos brinquedos divertidos vocês podem montar e brincar durante horas. De bonecos tão diferentes quanto o homem de lata do Mágico de Oz a jogos de argolas com garrafas pet, ele poderá soltar a imaginação e você ainda poderá ensiná-lo sobre a importância da reciclagem.

Organize uma festinha à fantasia
Seja de Branca de Neve ou Batman, não há criança que não goste de se fantasiar. Reunir toda a turminha fantasiada, então, nem se fala. A festinha pode se iniciar no início ou no final da tarde, contanto que todos se vistam do que tiverem vontade e aproveitem para deixar a imaginação correr solta. É ainda uma ótima oportunidade para conhecer os pais dos amiguinhos do seu filho e entrar também na brincadeira, se fantasiando do personagem que lhe vier à cabeça – o que será ainda um maior atrativo para as crianças. Só não deixe seu marido ir de Monstro do lago Ness para não assustar as crianças.

Faça um teatro de fantoches
Apesar de parecer mais complicado do que realmente é, montar um teatro de fantoches pode ser muito divertido quando feito por mãe e filho. Você pode começar pelas caixas de sapato que formarão o cenário dos fantoches e decorá-la da maneira que preferirem, para depois começar a montar os bonecos. Nesta parte, vale utilizar o material que você preferir, desde pano à papelão, ou até mesmo meias, para depois criar cabelos com lã e roupinhas com botões. Quando vocês já tiverem tudo montado, aí vem a parte da história: Era uma vez uma menina que...

Monte um álbum de fotos
A proposta é simples, mas você pode começar pegando todas as fotos que possui com seu filho e tirar cópias caso não queira perdê-las por algum acidente com tesouras ou cola, por exemplo. Quando já estiver com todas em mãos, comece a pensar como será feito o álbum. Você pode se empolgar ao relembrar as histórias de tantas fotografias e ele pode querer desenhar ao lado dos retratos, e tudo é válido. Depois, será uma chance de vocês mostrarem para toda a família o que fizeram juntos.

Monte uma revista em quadrinhos
Se vocês ainda não possuem muitas fotos juntos, leve várias cartolinas para casa e corte-as de forma a formar um gibi. Depois, sente-se com ele para inventar a melhor história de todos os tempos e comecem a colocar no papel. Ele pode querer desenhar sobre o passarinho que fugiu da gaiola e passou por muitas aventuras com um esquilo muito maluco; contanto que você e ele estejam passando um dia bastante criativo e divertido. Até mesmo se ele quiser colocar a história da sua vida no papel.

Costure roupinhas de boneca
A não ser que você seja um ás na costura, é provável que você precise procurar por moldes de roupas para bonecas antes de sugerir a atividade para sua filha e deixá-la mais empolgada do que nunca. Mas a partir daí, acompanhada de um kit de costura, só será necessário seguir as regras e vestir todas as bonecas da casa com criações de mãe e filha. Pode dar bastante trabalho, mas vocês poderão passar bastante tempo juntas inventando e reinventando um estilo diferente para cada boneca.


 

domingo, 25 de dezembro de 2011

Sete programas simples para fazer com seu filho no Natal

Aproveite o recesso de fim de ano com ideias descomplicadas e que custam pouco, mas irão fazê-lo muito feliz.



7 programas simples para fazer com seu filho no NatalAproveite o recesso de fim de ano com ideias
Foto: Mariana Newlands
Brincar é essencial para o desenvolvimento da criança

Nas festas de fim de ano e no recesso escolar, muitos pais ficam perdidos: o que fazer com as crianças? Como distrai-los? Nos primeiros dias do recesso, entre as festas de Natal e Ano Novo, há uma infinidade de atividades e programas rápidos, que podem ser feitos sem grandes planejamentos e com custos menores ainda.

1. Brinque com ele
Por que: brincar é fundamental para o desenvolvimento infantil. É a partir do faz-de-conta e da brincadeira que a criança aprimora ferramentas, como a capacidade de socialização e o raciocínio lógico, para enfrentar os desafios da vida real.

2. Leve-o para a cozinha
Por que:
paciência para observar a transformação dos ingredientes em um prato e cuidado para seguir cada passo de uma receita são ótimos temperos para a vivência infantil. Além disso, cozinhar com seu filho pode fazê-lo rever seus conceitos sobre alimentos antes rejeitados.

3. Assista desenhos
Por que: histórias, em qualquer formato, são ingredientes essenciais para o desenvolvimento psicológico da criança. Acompanhar seu filho e saber que tipo de estímulo ele anda recebendo também é tarefa de todos os pais.


O Rei Leão, relançado em 3D: filmes de animação clássicos reúnem pais e filhos

4. Viaje com ele
Por que: a oportunidade de conhecer outras culturas e sair da rotina é importante para qualquer criança, por mais nova que ela seja. A experiência sempre influencia na formação da personalidade.

5. Convide os amigos dele para uma reunião na sua casa
Por que: conhecer os amigos do seu filho significa saber entender a influência da turma em alguns comportamentos e deixá-lo seguro para circular entre a família e os colegas.

6. Faça brinquedos de sucata
Por que:
além da importância da brincadeira, usar sucata estimula seu filho a entender que materiais podem ser reaproveitados e o lixo pode virar diversão. Também vale praticar o desapego e perceber que nem todo brinquedo legal vem da loja.


Foto: Edu Cesar/Fotoarena
A regra é ser criativo e deixar que as crianças participem da criação dos brinquedos.

7. Conte histórias
Por que: o ato de contar histórias combina todos os ingredientes necessários para o desenvolvimento da criança: entretenimento, cultura, acolhimento, criação de vínculo. E não custa absolutamente nada.

Fonte:http://delas.ig.com.br/filhos/7-programas-simples-para-fazer-com-seu-filho-no-natal/n1597416619407.html

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O valor das pequenas coisas

Numa aula prática do curso de medicina de uma faculdade qualquer, certo dia, o professor da área de cardiologia tinha para ensinar a seus alunos uma prática simples e corriqueira que, na sua cabeça, era algo muito simples para ensinar, não valeria a pena, uma vez que, diante de tantas técnicas científicas complexas e avançadas, ainda tinham outras coisas mais importantes e, como estava terminando o curso, não teria mais tempo para ensinar todas, teria que escolher os que achavam mais importantes e úteis para o dia-a-dia dos seus alunos. Para seus alunos, talvez passasse em suas cabeças que o assunto era corriqueiro por demais para perderem tempo com ele.
Talvez, ao longo de suas vidas, nem precisassem usar aquela prática. Se algum dia fosse preciso, teriam ao seu lado tantas enfermeiras capacitadas para tal.
 Seguiram-se os dias até que, ao final do curso, sob a supervisão daquele professor, por eles escolhido para acompanhá-los por ser o mesmo “muito bonzinho” com a turma (ajudava em notas, facilitava...) fizeram um daqueles passeios ao interior do nordeste, com o objetivo de conhecer a realidade da região e, se necessário, praticarem sua profissão.
Chegando ao sertão, em meio à caatinga, sol escaldante, distante de tudo, o professor sentiu-se mal. Perceberam seus alunos que o mesmo estaria tendo um enfarte. Agonizando, o professor pediu a seus alunos, um grupo de médicos recém-formados, que lhe fizessem uma massagem cardíaca.
Surpreendentemente, nenhum dos presentes sabia fazê-la, pois o professor tinha classificado aquele assunto como sendo um dos desnecessários, supérfluos ou de pouco valor. Foi só aí que todos perceberam que aquela aula que para eles era de pouca importância era na verdade tudo o que eles precisavam saber para salvar uma vida, a do professor. Era tudo o que o professor precisava ensinar para seus alunos um dia salvarem uma vida, a sua.
Esse fato, de fato, nunca aconteceu, mas serve para que todos os professores reflitam sobre sua prática, a importância de cada aula, por simples que seja para ele. Reflitam sobre seus planejamentos, analisem os conteúdos curriculares.
Vejam que tudo é necessário e que, ás vezes, as coisas mais simples são as que fazem a diferença. Afinal, as máquinas complexas são nada mais nada menos que um conjunto de peças simples.

Por: Helio Valerio da Silva


Fontehttp://meuartigo.brasilescola.com/pedagogia/o-valor-das-pequenas-coisas.htm

Fim de ano na escola


A aprendizagem é mais importante que a nota.

Fim de ano na escola é sinônimo de aflição, muitos pais ficam preocupados com a possível retenção do filho na série cursada, principalmente com aqueles que apresentam notas baixas no decorrer de todos os bimestres. Esse é o período em que pais e alunos pressionam coordenação e professores para oferecerem possíveis chances de recuperação.

Alguns pais recorrem aos professores particulares para um reforço maior com o objetivo de não permitir que o seu filho perca o ano. Em muitos casos o aprender fica em segundo plano, o importante mesmo é a aprovação, isso porque todos sabem dos prejuízos resultantes de uma reprovação escolar.

Existem ocasiões em que um aluno deve ser retido isso (quando não detém o conhecimento mínimo para avançar para a série seguinte), mas existem casos em que o aluno teve dificuldade somente em uma parte do semestre, para eles a recuperação é uma boa alternativa, pois é possível obter bons resultados de aprendizagem.

Os pais devem perceber que seus filhos estão na escola para aprender, não para atingir notas somente. Grande parte das famílias leva em conta as notas, aprendizagem é irrelevante.
Final de segundo semestre na escola é um período que envolve toda a família, as atitudes da mesma com o aluno devem ser aplicadas de maneira prudente para não causar nenhum tipo de trauma no educando.


Por Eduardo de Freitas


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

"BONS ALUNOS FAZEM LIÇÃO SOZINHOS"

O psicologo americano, diz que há o jeito certo dos pais acompanharem a lição
dos filhos e dá dicas de como evitar que a hora do dever vire um transtorno.
(Camila Guimarães)

 
O professor Harris Cooper, do Departamento de Psicologia e Neurociência da Duke University, nos Estados Unidos, é especialista em lição de casa. Ele estuda o assunto há mais de 20 anos, analisando qual é o impacto que um dever de casa benfeito tem no desempenho escolar do aluno. É significativo. Mas o efeito só será positivo se os pais se envolverem – e da maneira certa. O papel da família se limita a monitorar e dar o exemplo. Fornecer respostas prontas ou ensinar a matéria para os filhos pode ser pior do que não fazer nada.

 ÉPOCA – Por que o envolvimento dos pais na lição de casa faz diferença no desempenho escolar dos filhos?
Harris Cooper – Porque é o melhor momento de mostrar para os filhos quanto a escola é importante. Se os pais são participativos e têm atitude positiva em relação ao dever de casa, muito provavelmente a criança terá a mesma atitude em relação ao aprendizado. Se a atitude for negativa, poderá até gerar atritos com a escola.


ÉPOCA – Em suas pesquisas, a lição de casa aparece, muitas vezes, como um campo de atrito entre pais e escola. Por quê?
Cooper – Isso pode acontecer quando a lição vira um transtorno para os pais, que precisam mudar sua agenda para acompanhar o dever dos filhos. E quando a execução da lição de casa envolve os pais de tal forma que passa a ser total responsabilidade deles que aquela lição seja executada. Por isso a escola precisa prestar atenção ao envolver os pais na lição de casa. É preciso levar em conta que muitos deles não têm tempo para uma participação mais direta. Ou que podem ter falhas na educação que os impeçam de fazer o papel de mentores.


ÉPOCA – Existe uma lista de boas práticas para os pais que acompanham a lição de casa dos filhos?
Cooper – O principal é ter em mente que, a menos que venha um pedido específico da escola, o papel da família na lição de casa é monitorar a criança e dar condições para que ela faça o que é preciso ser feito em um lugar e um horário adequados. Ajude na pesquisa fornecendo um livro, tire uma dúvida. E sirva de exemplo. Se seu filho estiver fazendo a lição, desligue a TV. 

ÉPOCA – O que mais atrapalha?
Cooper – Fazer a lição pelo filho. Sabemos que os melhores alunos fazem a lição de casa sozinhos. O dever é uma excelente oportunidade para o aluno desenvolver habilidades de aprendizado. O envolvimento dos pais em excesso pode atrapalhar.

 ÉPOCA – O que mudou na relação escola-família nos últimos anos?
Cooper – Em relação à eficiência do envolvimento dos pais, pouca coisa. A maior novidade nessa relação talvez seja a introdução da internet. Cada vez mais escolas usam e-mails e websites como canal de comunicação com os pais para deixá-los atualizados sobre a vida escolar dos filhos.

 ÉPOCA – Isso é bom ou ruim?
Cooper – O lado bom é que com a internet a comunicação ficou mais rápida e fácil. Na maioria das vezes, a web consegue aproximar a família da escola. O ruim é que ainda não conseguimos garantir acesso à web para todos, e alguns pais acabam excluídos.

As 4 regras de um bom dever de casa 
 
1. O dever é da criança, não dos pais
Ela deve ser capaz de fazê-lo sozinha. Isso não quer dizer que ela deva se sentir sozinha. Orientações – sem exagero – são bem-vindas
2. Os pais devem acompanhar
Dar o exemplo estimula o aluno. O pai ou a mãe podem ler um livro no mesmo momento que o filho lê. Se for o mesmo livro, e daí surgirem discussões, melhor. Se a lição for de matemática, o adulto poderá aproveitar para fazer as contas da casa
3. É para se esforçar, não para arrancar os cabelos
Se a criança está esgotada, é melhor parar e retomar o exercício em outra hora, de cabeça fresca. Senão, pode ficar com raiva da tarefa, da escola, dos pais... e criar resistência à disciplina
4. A rotina ajuda
Para acabar com o problema de sempre deixar o dever para a última hora, é bom estabelecer um horário regular para o dever. Ter um cantinho para estudar também ajuda na organização e concentração do aluno

Fonte:http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI125583-15228,00-BONS+ALUNOS+FAZEM+LICAO+SOZINHOS.html

UM DIA BIZARRO

Rede Municipal do Rio de Janeiro - Um Dia Bizarro
Hoje (30 de novembro) , foi um dia bizarro em muitas escolas da rede municipal, talvez em sua maioria. Temos que entender o que está acontecendo e divulgar ao máximo para além dos muros da escola.

Como o Rafael disse, se com Cesar Maia a aprovação automática era determinação legal de seu governo - mesmo que camuflada pelos ciclos mal implementados -, no governo de Eduardo Paes a aprovação automática acontece de forma mais suja, na surdina, no boca-a-boca das altas hierarquias do governo até o pescoço dos professores.

Nesse ano, a pressão pela aprovação é surreal. Que objetivo teriam com isso? É óbvio, ter ótimos índices de aprovação e IDEB para Eduardo Paes e Claudia Costin mostrarem, nas eleições de 2012, como seu governo foi maravilhoso para a Educação pública! Talvez cheguem a usar o termo "revolucionário" para denominar tamanha calúnia.
Uma grande mentira. É isso o que a Secretaria Municipal de Educação está produzindo para apresentar ano que vem aos cariocas. Qual é o grande instrumento dessa mentira? O IDEB. O índice, criado pelo governo federal de Lula e do PT (o cara, ele mesmo!), é o instrumento mais avançado para implementar a ditadura dos índices maquiados na Educação pública e sua precarização. Um dos aspectos fundamentais para uma escola "bater suas metas" e conquistar pontos no IDEB é APROVAR! A lógica é a seguinte: quanto mais aprovar, maior o IDEB. E o que acontece em escolas que não "batem as metas"? As cabeças "de confiança" são ameaçadas.

Assim, os governos federal, do estado do Rio e do município do Rio, têm conseguido implementar a ditadura da aprovação automática de forma disfarçada. Suja, até mesmo, se lembrarmos que Eduardo Paes utilizou a aprovação na rede municipal como ponto importante em sua campanha eleitoral, assim como, em seu primeiro dia de governo, decretou "o fim da aprovação automática". Pura demagogia, jogo marqueteiro ao qual os oportunistas estão bem habituados.

Claro, estes governos contam com a apatia da maioria dos professores e funcionários das escolas - aqueles que sabem tudo o que ocorrem dentro dos muros -, com a simpatia de uma parcela da rede em relação à secretária Claudia Costin, que carrega no currículo passagens pelo Banco Mundial, pelo governo FHC e Serra, além de Fundação Victor Civita.
Só poderíamos contar mesmo com nosso sindicato, mas este tem tido atuação muito aquém do possível e necessário. É esta a realidade que é possível mudar. Se não tivermos um sindicato atuante e combativo, construído a partir da base, não teremos condição alguma de nos contrapor à aprovação automática na rede municipal. Sem o sindicato para promover a organização da categoria e unidade entre nós, seremos atropelados, mais uma vez, como no caso da aprovação da PL 1005, sobre a reforma da previdência dos servidores municipais do Rio.

por Adolpho Ferreira

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Olímpiada Brasileira de Matemática divulga vencedores

Quase todos são de escolas particulares e militares com preparação para a competição. Exceções são ganhadores da Obmep.

 

 A organização da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) divulgou o nome dos medalhistas e estudantes com menção honrosa na 33ª edição, ocorrida em 2011. Ao todo, 190 mil alunos participaram do processo seletivo que ao final elege 212 estudantes do ensino fundamental ao médio. Destes, apenas sete são de escolas públicas que não são militares. Mesmo estes, estudam matemática à parte com material recebido por um programa voltado à ganhadores da Olimpíada Brasileira de Matemática para Escolas Públicas (Obmep).

Um dos nomes novos na lista é o de Gabriel Fazoli Domingos, estudante do 9º ano de uma escola estadual em Urupês, interior de São Paulo. Antes de participar da OBM, no entanto, ele ganhou medalha na Obmep por três anos e, desde então, participa do programa de Preparação Especial para Olimpíadas. "Eu estudo todas as tardes", diz ele, que vai à escola de manhã. "Quantas horas depende de se eu tiver algo para fazer, se não tiver nada, estudo a tarde toda."

 A OBM, competição realizada desde 1979, visa estimular o estudo da Matemática, contribuir para a melhoria do ensino no país e identificar talentos entre os participantes. A competição é uma iniciativa conjunta do Instituto Nacional de Matemática Pura Aplicada (IMPA), da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) e conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Matemática (INCTMat). Outros nomes, são conhecidos do meio. Maria Clara Mendes da Silva, por exemplo, que também estuda em escola pública em Pirajuba, em Minas Gerais, já representou o Brasil no exterior. Já o primeiro lugar universitário Renan Henrique Finder, é um dos estudantes que, de tão avançados, fazem mestrado antes mesmo de concluir a faculdade.Os alunos premiados receberão suas medalhas e certificados em janeiro próximo além de serem convidados para participar do processo de seleção para formar as equipes que representarão o Brasil nas diversas olimpíadas internacionais de Matemática.


Fonte:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/olimpiada-brasileira-de-matematica-divulga-vencedores/n1597412347795.html

 




Professor chama alunos de ‘retardados’ no Facebook

Na véspera da banca de TCC, docente da Unip escreveu em seu perfil que tinha que ir reprovar estudantes.

 

Um comentário postado no Facebook por um professor da Universidade Paulista (Unip) azedou o fim de ano da turma concluinte do curso de Propaganda e Marketing do câmpus da Vila Guilherme, na zona norte de São Paulo. Na sexta-feira, véspera da apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Ricardo Moreira da Silveira, um dos professores da banca avaliadora, escreveu em sua página na rede social: “Amanhã tenho banca na Unip. Tenho que ir lá reprovar os retardados”.

 

Como o perfil do docente era público, o comentário estava visível para todos os estudantes, que acabaram vendo a mensagem na segunda-feira seguinte. Silveira é advogado e dava aulas de direito e legislação publicitária. “É irônico, porque ele ministrou aula de ética e fez um comentário, no mínimo, antiético. Fiquei estarrecido. A classe toda ficou chocada”, conta Bruno, de 27 anos, que prefere não revelar o sobrenome.

Os alunos tiraram um print screen do perfil do professor no Facebook e fizeram uma reclamação formal à coordenadora do curso, Vânia Toledo, no mesmo dia em que viram. Segundo os estudantes, a faculdade abriu uma sindicância e afastou o professor. “No dia seguinte (terça) ele não foi dar aula. As questões da matéria dele foram retiradas de um provão de todas as disciplinas que fizemos ao final do curso”, relata o estudante Leandro, 23. O professor apagou sua página da rede social.
Os estudantes destacam que o docente era bom professor, mas se queixam de não ter recebido nenhuma retratação dele, nem da instituição. O grupo avaliado afirma que Silveira foi bastante rigoroso durante a banca e solicitou algumas correções, mas aprovou os estudantes.



Professor da Unip publicou comentário ofensivo aos alunos na véspera da apresentação do TCC.


Para Bertha de Borja Reis do Valle, professora da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e coordenadora de um grupo de professores de educação a distância, o docente foi infeliz e poderia ter prejudicado os estudantes, que estavam tensos na véspera da banca. “Nas redes sociais, qualquer pessoa tem que ter muito cuidado".
A Unip afirma que não vai se pronunciar sobre o assunto. Procurado pela reportagem, Silveira preferiu não dar entrevista.


Fonte:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/professor-chama-alunos-de-retardados-no-facebook/n1597412409875.html

domingo, 18 de dezembro de 2011

Cai participação do governo federal nos gastos públicos em educação

Nos últimos 15 anos, diminuiu a participação do governo federal no gasto público em educação. Em 1995, a União era responsável por 23,8% dos investimentos na área, patamar que caiu para 19,7% em 2009.
Os municípios, no entanto, ampliaram a sua participação no financiamento de 27,9% para 39,1% no mesmo período. As informações fazem parte de um relatório sobre o tema divulgado hoje pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

A parcela estadual no total de investimento também caiu de 48,3% para 41,2%, considerando o mesmo período. O estudo do Ipea ressalta, entretanto, que os dados não significam que a aplicação de recursos em educação tenha diminuído, já que, em termos absolutos, houve aumento dos investimentos públicos em educação nas três esferas de governo.

"Esse número [19%] diz respeito ao que é investido com a manutenção do desenvolvimento do ensino de vinculação obrigatória, as chamadas transferências automáticas. Para efeito da União, você tem que considerar também a ampliação das transferências que ela fez a estados e municípios que não estão contadas no relatório", defendeu o secretário de Articulação com os Sistemas de Ensino do MEC, Carlos Augusto Abicalil, que esteve hoje no lançamento do relatório na sede do Ipea.

O secretário argumentou que o volume de recursos que a União tem alocado para transferências voluntárias à educação básica destinado, por exemplo, para construção de creches e pré-escolas, é o maior da última década.

De acordo com o documento, a mudança na dinâmica do financiamento, com crescimento dos gastos municipais, é resultado do próprio regime de colaboração que estrutura a oferta educação. Municípios são os responsáveis pelas matrículas de toda a educação infantil e o ensino fundamental, etapas em que houve grande inclusão de alunos nas últimas décadas. Os Estados respondem apenas pelas escolas de ensino médio. Por isso a maior conta fica mesmo com as prefeituras.

O relatório destaca que houve uma ampliação real do gasto em educação pelas três esferas de governo entre 1995 e 2009, saindo de R$ 73,5 bilhões para R$ 161,2 bilhões, um crescimento de 119,4% em 15 anos. Também houve aumento dos investimentos na comparação com o PIB (Produto Interno Bruto), passando de 4% para 5% no período.

O estudo ressalta, entretanto, que entre 1995 e 2005 não houve elevação dos gastos em educação que se mantiveram em torno de 4% do PIB. A expansão dos recursos deu-se, portanto, entre 2006 e 2009.
"Portanto, em 11 anos, a política educacional dos diferentes entes federados elevou sua participação na renda nacional em apenas 1% do PIB. Isto evidencia que o crescimento do gasto durante a maior parte do período apenas acompanhou o crescimento da economia brasileira como um todo", explica o estudo.

PNE

O relatório foi lançado pelo instituto para subsidiar as discussões do PNE (Plano Nacional de Educação) que irá definir uma meta de investimento público na área a ser atingida nos próximos dez anos. O projeto de lei está em tramitação na Câmara dos Deputados. Há divergência entre governo e entidades da sociedade civil sobre o patamar a ser aplicado.

A meta definida pelo governo é ampliar o gasto público dos atuais 5% para 7% do PIB, mas entidades da área defendem um índice mais ambicioso de 10%. O Ipea, entretanto, não indica qual seria o investimento mínimo necessário para melhorar a qualidade do ensino e promover a inclusão da população que ainda está fora da escola, como prevê o plano.

"A atual capacidade de financiamento da educação consegue apenas cobrir o valor das necessidades apuradas para manter e possivelmente gerar avanços pequenos no atual nível educacional brasileiro. Este valor é distante daquele indispensável ao financiamento das necessidades para o cenário que representa as melhorias substantivas para educação", aponta o relatório.

Apesar de não dizer em quanto é preciso ampliar o investimento, o Ipea indica possíveis novas fontes de recursos para a educação. Entre as sugestões estão a criação de novos tributos, a melhoria da gestão das verbas, a destinação dos recursos do Fundo Social do Pré-Sal para a área e o aumento da participação das três esferas de governo no financiamento público.

Atualmente, 18% da receita de impostos arrecadados pela União são vinculados à educação --o instituto sugere que esse percentual seja ampliado para 20%. Já os municípios são obrigados a aplicar 25% da arrecadação na área, patamar que poderia ser ampliado para 30%. Segundo o Ipea, a mudança criará um adicional de 0,7% do PIB em investimentos na área.

Fontehttp://www1.folha.uol.com.br/saber/1021172-cai-participacao-do-governo-federal-nos-gastos-publicos-em-educacao.shtml.

sábado, 17 de dezembro de 2011

QUAL É A ESCOLA IDEAL PARA COLOCAR SEUS FILHOS ?

Mapa da mina para mães e pais angustiados (MÁRCIA DETONI) 

"Em que escola colocar o meu filho? Devo optar por uma mais tradicional, já que a educação em casa é liberal? Ou procurar a que prioriza o conteúdo, já que o mercado de trabalho não está brincadeira? Se bem que dizem que uma escola perto de casa é melhor!" É difícil encontrar pais que não passaram ou não vão passar por angústias desse tipo, seja na escolha da escola que a criança vai frequentar ainda de fraldas ou do colégio de ensino fundamental.

Para começar, desista de encontrar a melhor escola -ou a escola mais "forte", como dizem alguns. Os especialistas simplesmente garantem que ela não existe. "O que existe são escolas que priorizam o conteúdo e escolas que privilegiam as atividades que estimulam a curiosidade, o gosto pelo saber, a cidadania e o pensamento autônomo", diz a psicopedagoga Glaura Fernandes. Mas todas têm de cumprir o currículo mínimo determinado pelas políticas educacionais do país.

"E qual das duas linhas é a melhor?", perguntaria alguns dos pais angustiados. A psicóloga e colunista da Folha Rosely Sayão diz que, para encontrar o melhor caminho, os pais devem fazer outra pergunta a si mesmos: "Como eu gostaria que meu filho fosse educado?".

Do ponto de vista prático, os pais devem, primeiro, visitar a escola e questionar amplamente a sua proposta pedagógica (leia na página 13 uma relação de critérios básicos a serem observados na pré-escola e no ensino médio e fundamental). Depois, é preciso analisar se a linha da escola é adequada aos valores da sua família e também ao temperamento da criança, diz Sayão.


A tendência atual da escola, segundo o professor da Faculdade de Educação da USP Julio Groppa Aquino, é preparar o aluno para a vida, e não para o mercado de trabalho. Ele adverte que escolas muito preocupadas com o conteúdo acabam estressando a criança com excesso de informação e tarefas só para que o pai sinta que o filho está pronto para o mercado de trabalho.

"Isso não faz sentido. O aprendizado tem de ser lento, não é preciso ter pressa. É melhor que a criança saiba pouco, mas bem, do que saiba muito, mas mal", diz Aquino, acrescentando que o ensino voltado para o vestibular "só imbeciliza a criança".

O professor Sylvio Gomide, presidente do Grupo (associação que reúne 44 escolas particulares da capital paulista), observa que o próprio vestibular está começando a mudar e que muitas universidades, como a USP e a Unicamp, já estão avaliando a capacidade crítica e a autonomia de pensamento do vestibulando.

"A tendência hoje é investir cada vez mais em formação. Com tantos meios disponíveis, as crianças recebem muita informação fora da sala de aula. Quando o professor vai abordar um assunto, o aluno já teve contato com ele na internet ou em outro lugar", comenta.

Questões como cidadania e ética, segundo Gomide, também recebem atenção nas escolas particulares elitizadas (o preço médio da mensalidade nas escolas do Grupo é R$ 550). "Não era assim antes dos anos 80, mas, de uns tempos para cá, virou preocupação constante da escola particular fazer com que as crianças de famílias com mais dinheiro estejam "plugadas" na realidade do país", afirma.

Mas essa opinião tão categórica dos especialistas não é facilmente assimilada pelos pais, mesmo por aqueles que, no início da vida escolar dos filhos, optaram pelo método mais atual.

Ao escolher a pré-escola dos filhos, Jonas, 5, e Theo, 2, a economista Gládis Ribeiro e o marido tinham claro o que queriam para filhos: uma escola que desenvolvesse a curiosidade e estimulasse o amor pelo conhecimento. O casal optou pela Escola Viva, localizada no bairro Vila Olímpia, na zona sudoeste de São Paulo, cuja linha pedagógica, segundo Gládis, prioriza o aprendizado através das artes e de vivências do cotidiano.

Apesar de gostar do método moderno usado na educação de seus filhos, ela ainda não decidiu se vai manter as crianças na mesma escola quando chegarem ao ensino fundamental. Não foi uma boa escolha? "É impossível um pai estar 100% satisfeito porque sempre há dúvidas", diz ela. "A linha pedagógica é mais experimental, e não sei se eles vão conseguir competir com alunos das escolas tradicionais, que recebem mais conteúdo", comenta.

As dúvidas de Gládis sobre o peso do conteúdo na formação escolar são as mesmas de muitos pais educados pelos métodos pedagógicos de 30 anos atrás, que tiveram de decorar muitas fórmulas e conceitos para passar no vestibular e seguir uma carreira.

Seja qual for a opção de escola, preste muita atenção à reação de seu filho, ele é um termômetro valioso. Se estiver feliz e interessado em aprender, é um sinal de que a escolha foi boa. Se estiver desanimado e com rendimento escolar baixo, converse com os professores e orientadores pedagógicos dele, diz Fernandes.

Isso não significa que conflitos na escola são motivo para mudança. "Nem sempre é necessário mudar de escola. Às vezes, a criança está muito cansada, e é preciso apenas recuar na carga horária", diz Fernandes. Outras vezes, o problema pode ser solucionado com a ajuda de um orientador ou de um psicólogo.

O publicitário Paulo Labriola, 43, percebeu que seu filho, Pedro, 10, um garoto introspectivo e com boas notas, estava tendo dificuldades no relacionamento com os colegas. Labriola conversou com os orientadores da escola Vera Cruz, no bairro Alto de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, e chegou à conclusão de que mudar não seria a solução.

"Tenho amigos que já tiveram problemas e foram mudando de escola até encontrar a que se encaixava, mas não era o caso. Pedro, por ser filho único, não tinha treino de relacionamento", comenta. Pedro teve sessões de terapia e hoje está contente.

Mas, se o aluno em questão é um adolescente e a idéia de trocar de escola o agrada, a medida é positiva, porque trará novos conhecimentos e oportunidades. A criança não precisa, necessariamente, frequentar a mesma escola do fundamental ao ensino médio, diz Fernandes.

Se, durante o processo de escolha da escola, é aconselhável que os pais promovam um amplo questionamento a respeito dos métodos da instituição, após tomada a decisão, eles devem delegar. É um erro bastante comum atravessar o ano letivo discutindo com a escola os procedimentos dos professores no dia-a-dia. Feita a matrícula, dê o necessário voto de confiança.

Lembre sempre também que a escola é responsável apenas por uma parte da formação da criança. "Quem educa o filho é o pai", salienta Sayão.


Fonte:http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/guia_para_pais-mapa.shtml

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Escolas e pais não estão preparados para inclusão

Violência contra criança em Brasília levanta debate sobre a necessidade de melhorar formação de professores para as diferenças.(Priscilla Borges)


Uma mordida em uma sala de aula em Brasília provocou nos últimos dias reações de indignação, tristeza, frustração e, principalmente, preocupação. Ao contrário do que se poderia esperar, a violência contra uma criança de seis anos não partiu de um colega, mas de uma educadora. A agressão, protagonizada por uma estagiária em treinamento para ser professora, alerta para uma realidade já conhecida por especialistas, mas pouco percebida pela maioria da sociedade: as escolas não estão preparadas para a inclusão.

O episódio ocorreu em uma escola particular de área nobre que há mais de 30 anos atende crianças que necessitam de atendimento diferenciado para aprenderem, como a criança agredida. Essa, aliás, foi a razão pela qual a família procurou a instituição há cerca de três anos. A experiência do colégio, no entanto, não foi capaz de impedir a grave situação.

Segundo relatos ouvidos pelo iG da família e na escola, a criança disputava alguns brinquedos com um colega, quando a professora auxiliar, que era estagiária, teria tentado impedir uma briga entre eles. O menino tentou se desvencilhar e mordeu o braço dela. No depoimento que deu à escola, a auxiliar confessou que não soube como agir, se desesperou e revidou a mordida. No rosto da criança.

A mãe, quando viu marca na bochecha do filho, pensou que fosse batom. Lavou. Passou demaquilante. Mas não saiu. Ao perguntar à criança o que tinha ocorrido, custou a acreditar no que ele dizia: a professora auxiliar havia o agredido. Desesperada, voltou à escola para saber o que tinha acontecido, se alguém havia visto algo. Saiu de lá com promessas de investigação e começou a vasculhar na memória comentários da criança sobre o colégio. “Ele já havia me dado diversos sinais de que não estava feliz”, recorda.

Para os especialistas, o caso exemplifica a falta de preparo das escolas e da sociedade para lidar com as diferenças. “O aluno ideal, que fica sentadinho e quietinho, sempre disponível para aprender, não existe. A inclusão desperta os educadores para a real função da escola: atender alunos diferentes, garantindo a todos o direito de aprender”, destaca Amaralina Miranda de Souza, coordenadora da área de educação especial inclusiva da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB).

“A maior parte dos colégios, infelizmente, não está pronta para a inclusão. Temos normas e diretrizes para promover a educação inclusiva, adequadas e avançadas, mas esse ainda é um desafio a superar”, ressalta César Callegari, integrante do Conselho Nacional de Educação (CNE). Ele diz que os sistemas de ensino não tomaram providências para garantir esse direito.

Primeiro desafio: os professores

Os especialistas são unânimes em afirmar que, para garantir a inclusão plena das crianças que possuem necessidades especiais, a formação daquele que lida diretamente com elas, o professor, precisa mudar. A maioria dos docentes brasileiros não aprendeu durante a faculdade como trabalhar com os diferentes tipos de deficiências, síndromes e transtornos possíveis de acometer qualquer criança.

“Se todos os professores fossem capacitados para lidar com todas essas síndromes, ninguém jamais seria excluído. Mas eles não saem da faculdade preparados”, lamenta Antonia de Maria Soares, diretora da Escola Classe 114 Sul, em Brasília, que há 40 anos atende estudantes com necessidades especiais. Hoje, 10% do total de 345 alunos recebem atendimento diferenciado. A maioria deles é deficiente auditivo e acompanha as aulas por meio de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras).

A diretora da escola em que a criança foi agredida admite que não é fácil encontrar profissionais capacitados e dispostos a enfrentar as dificuldades do ensino especial. Para superar essa dificuldade, o colégio faz treinamento com os profissionais contratados.

Até agora, a escola não havia vivenciado um caso de agressão contra uma criança. A diretora conta que já teve professor que pediu para sair da escola com menos de um mês de trabalho e outro que precisou ser demitido porque não conseguia se adaptar. A estagiária que agrediu a criança foi desligada na manhã seguinte à agressão, por justa causa. “Não poderíamos admitir esse tipo de reação. Mas não podemos crucificá-la. As crianças gostavam dela e não é fácil ser agredido também”, afirma.

Denise Machado Guimarães, coordenadora de ensino especial da Escola Classe 114 Sul, em Brasília, também lamenta que os professores sejam tão condenados quando “perdem a cabeça”. “Não podemos defender esse tipo de atitude, é claro. Mas julgamos situações que não conhecemos, dificuldades que não sabemos. O professor ainda é pouco ouvido nesse processo da inclusão pedagógica de crianças especiais”, pondera.

Amaralina de Souza acredita que a formação dos professores já melhorou em relação ao tema. Na UnB, por exemplo, os alunos do curso de pedagogia já frequentam duas disciplinas obrigatórias sobre educação especial. Até dois anos atrás, essa capacitação era optativa. Segundo a especialista, com a lei que garante o direito de matrícula de crianças com necessidades especiais em qualquer escola, o assunto se tornou indispensável. O próximo passo, na avaliação de Amaralina, é incluir o tema em disciplinas também dos cursos de licenciatura.

Escola pública X particular

Dos 387.031 alunos brasileiros portadores de necessidades especiais matriculados em classes inclusivas da educação básica em 2009, 95% estudavam na rede pública. A rede privada concentra a maioria das matrículas dos estudantes que frequentam escolas exclusivamente especializadas: 160 mil de um total de 199 mil. Por isso, para os especialistas, o sistema público de ensino está à frente do privado quando o assunto é inclusão.

“A rede pública, de modo geral, é mais aberta a todo mundo. As escolas particulares ainda estão engatinhando nesse processo”, afirma Denise.

Vivan Melcop, educadora e funcionária da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), que tem um filho com 18 anos, conta que passou por dificuldades nas duas redes. O menino recebeu diferentes diagnósticos ao longo da vida: déficit de atenção, dislexia, hiperatividade. O fato é que ele não conseguia ler letras em itálico, por exemplo, e acabava tendo dificuldades para copiar exercícios do quadro, fazer provas.

“As escolas não entendiam que ele precisava de avaliações diferenciadas. É mais fácil para a escola olhar o aluno que tem comportamento diferente como preguiçoso e desmotivado”, afirma. Vivian conta que a escola pública foi mais compreensiva. Mesmo assim, critica os currículos massantes que não privilegiam quem pensa de forma diferente. “Hoje, na universidade, ele se encontrou. Está super feliz, estudando o que gosta”, garante. Ele estuda gestão do agronegócio na UnB.

Relação com as famílias: novo dilema

Para que as crianças com necessidades especiais se desenvolvam de forma plena, a parceria entre escola e família precisa ser estreita. Em muitos casos, são os pais quem identificam as necessidades da criança. Em outras, os professores. De toda maneira, não é fácil aceitar limitações e diagnósticos dos filhos.

“A gente diz que a família passa por um período de luto quando descobre a deficiência ou síndrome do filho”, conta a diretora da Escola Classe 114 Sul, Antonia Soares. A falta de conhecimento sobre o assunto já fez até com que as famílias trancassem os filhos deficientes em casa durante muitos anos.

O medo do estigma e da exposição excessiva das crianças que têm necessidade de atendimento diferenciado não ocorre em vão. No episódio de Brasília, houve pais que se posicionaram contra a família do menino agredido, com o argumento de que a criança “não era fácil”. “Meu filho foi vítima de agressão e agora querem culpá-lo? Ele se tornou vítima duas vezes”, lamenta a mãe. Para os especialistas, a reação extremada da monitora poderia ter ocorrido em qualquer momento, com qualquer criança.

Casos como esse, na avaliação da especialista da UnB, demonstram que escolas e famílias ainda precisam encontrar estratégias eficientes e montar redes de apoio para auxiliar de forma mais adequada crianças, pais, professores e a própria instituição. Pedagogos, psicólogos, médicos e fonoaudiólogos, por exemplo, têm de estar incluídos no processo. As famílias das outras crianças também.

“Quando um aluno especial tem reações agressivas, por exemplo, os pais das crianças que apanham dele se sentem muito incomodados. A escola precisa ajudar todos”, ressalta Denise Guimarães. Ela sugere a realização de palestras e encontros para explicar as diferentes síndromes aos pais.

“Tentar culpar alguém nesses casos, que é uma tendência social, não ajuda”, completa Amaralina. O importante, para ela, é encontrar maneiras de inserir a criança no ambiente escolar e repensar práticas para evitar novas histórias como essa.

Fonte:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/escolas+e+pais+nao+estao+preparados+para+inclusao/n1237848401182.html

Novo decreto e PNE assustam defensores de educação inclusiva

Entidades temem mudança nas políticas que garantem a frequência de alunos deficientes em escolas regulares e protestam na internet. (Priscilla Borges)


O futuro educacional das crianças e dos adolescentes com deficiências preocupa organizações da sociedade civil. Elas temem modificações nas políticas de educação inclusiva que hoje orientam o Brasil. O receio de especialistas e pessoas que militam em defesa dos deficientes se baseia no relatório final do Plano Nacional de Educação (PNE) e no decreto presidencial nº 7611, publicado há quase um mês.

O relatório final do documento que define as estratégias educacionais para o País na próxima década propõe “universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, preferencialmente, na rede regular de ensino, garantindo o atendimento educacional especializado em classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou comunitários, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível sua integração nas classes comuns”.

A palavra “preferencialmente”, segundo as entidades, abre espaço para que crianças possam ser matriculadas somente em escolas especializadas, o que vai contra as políticas educacionais atuais. Hoje, os estudantes com algum tipo de deficiência devem frequentar escolas comuns e receber atendimento especializado no turno contrário ao das aulas, de preferência no próprio colégio. Se não for possível, instituições especializadas podem atendê-los.

“O texto do PNE é muito grave, porque é uma lei e contraria expressamente a Convenção da Organização das Nações Unidas ratificada pelo Brasil com força de emenda constitucional (Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – ONU/2006, ratificada pelos Decretos nº 186/2008 e nº 6.949/2009). Apenas o atendimento especializado pode ocorrer fora da rede regular”, ressalta Eugênia Gonzaga, procuradora da República em São Paulo.

Para Eugênia, se a redação do plano não for alterada no Congresso, as políticas para o ensino especial sofrerão um retrocesso. Ela conta que o Ministério Público de São Paulo já foi procurado por parlamentares para pedir auxílio técnico na elaboração de emendas que modificam essa meta. Por outro lado, o MPF em São Paulo vai apresentar uma recomendação de mudança em outro documento oficial que pode dar força ao texto do PNE.

É o Decreto 7.611, que orienta a educação especial, assinado pela presidenta Dilma Rousseff junto com o lançamento do Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, o Viver sem Limites. Esse documento revoga o anterior (Decreto 6.571, de 2008) e, segundo Eugênia, deixa dúvidas sobre como as crianças com deficiência devem ser atendidas na rede escolar – o que pode reforçar as propostas novas do PNE.

Protestos

Organizações e associações em defesa dos deficientes, como a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, protestam pela internet desde que os dois documentos foram divulgados. Há convocações para que as pessoas enviem mensagens de repúdio aos ministros da Educação, da Casa Civil e da Secretaria de Direitos Humanos e um manifesto foi criado para pedir que a Convenção da ONU seja cumprida.

Claudia Grabois, da Rede Inclusiva, Direitos Humanos Brasil, Portal Inclusão Já!, afirma que a rede quer garantias de que as políticas de educação inclusiva não serão modificadas, apesar da ambiguidade do decreto. “A Convenção é clara: a obrigação do Estado é oferecer ensino inclusivo. As pessoas com deficiência precisam ter independência e autonomia asseguradas e a eliminação da discriminação. Não há como pensar nisso sem passar pela escola”, diz.

Na opinião da especialista, as famílias das crianças com deficiência precisam reconhecer que a educação inclusiva como um direito e lutar por ele. “Às vezes, é mais fácil falar que vai existir preconceito na escola em vez de quebrar barreiras”, diz.

Na avaliação de Claudia Werneck, coordenadora da Escola de Gente – Comunicação em Inclusão, muitas famílias ainda são “alvo de manipulação financeira e partidária”. “As famílias de crianças com deficiência são muito solitárias ainda, porque essas crianças não são vistas como solução pela comunidade e sim como problema. O direito à educação inclusiva é da criança e não da família”, ressalta.

Ao iG, o ministro da Educação, Fernando Haddad, garantiu que as políticas de inclusão do MEC não serão alteradas. Para ele, ao contrário, o novo decreto beneficiará as crianças com deficiências que ainda não estão na escola. “Vamos fazer a busca ativa”, diz. Ele explica que o decreto autoriza, por exemplo, que o MEC compre veículos escolares para municípios a fim de promover a inclusão de quem está fora da escola por não ter como chegar ao colégio.

“O decreto incorporou os termos da Convenção e compatibiliza textos de decretos anteriores, deixando claro que vamos fomentar a dupla matrícula, que garante às crianças com deficiência um turno em classe regular e outro em atendimento especializado, o que permite oferecer à criança com deficiência o melhor ambiente para seu desenvolvimento”, comenta.

Viver sem Limites

De acordo com o MEC, o Viver sem Limites consolida ações que já eram executadas pelo MEC: criação de salas de recursos multifuncionais nas escolas; adequação arquitetônica de escolas; busca de crianças com deficiência que estão fora da escola (BPC na Escola); formação de professores e intérpretes da Língua Brasileira de Sinais. O plano vai permitir também a compra de transporte escolar acessível; formação profissional das pessoas com deficiência (pelo Pronatec e a criação de cargos de professores de Libras nas instituições federais.

A secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do MEC, Cláudia Dutra, afirmou ao iG que o objetivo é eliminar as barreiras para incluir as pessoas que deveriam, mas estão fora da escola. Segundo ela, entre os 435.298 brasileiros de 0 a 18 anos que têm deficiências e recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC) – concedido a idosos e deficientes com dificuldade para se sustentar – 206.281 (47%) não estudam.

A justificativa de 52% deles é a própria deficiência. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 45 milhões de brasileiros possuem alguma deficiência. “Por isso, o BPC na escola objetiva, nas três esferas de governo, identificar e eliminar as barreiras e promover a inclusão escolar dessa população”, diz a secretária. A meta é fazer com que, em quatro anos, pelo menos 378 mil crianças estejam frequentando a escola.

A secretária conta que o MEC já transferiu R$ 81 milhões para custear ações como reformas nas escolas (em 11.047 prédios) e adquirir recursos para as salas multifuncionais. Até 2014, o governo investirá R$ 7,5 bilhões no plano todo.

Fonte:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/novo-decreto-e-pne-assustam-defensores-de-educacao-inclusiva/n1597408058657.html

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Professores são educadores, não babás

Autor do 2º artigo mais compartilhado no Facebook em 2011, americano diz que pais desrespeitam regras de escolas, pondo em risco o futuro dos filhos

 

Nathalia Goulart
Ron Clark e seus alunos: em defesa de mais cooperação entre pais e professores Ron Clark e seus alunos: em defesa de mais cooperação entre pais e professores (Divulgação/Ron Clark Academy)
 
"Hoje, existe uma preocupação grande com a autoestima da criança. Por isso, muitas pessoas se veem obrigadas a dizer aos pequenos que eles fizeram um ótimo trabalho e que são brilhantes, mesmo quando isso não é verdade"

O segundo artigo mais compartilhado em 2011 por usuários americanos do Facebook foi escrito por um professor, Ron Clark (o primeiro trazia fotos da usina de Fukushima). Mais de 600.000 pessoas curtiram o texto na rede, escrito a pedido da rede de TV CNN e intitulado "O que os professores realmente querem dizer aos pais". O artigo descreve um cenário de guerra, travada entre pais e professores. Na visão de Clark, os pais vêm transferindo suas responsabilidades para a escola, sem, contudo, aceitar que seus filhos se submetam de fato às regras da instituição. Por isso, assim que surge a primeira nota vermelha ou uma advertência, invadem a sala de aula culpando os professores – a pretexto de preservar a reputação e o orgulho de seus filhos. "Precisamos estar mais atentos à excelência acadêmica e menos preocupados com a autoestima das crianças", diz o professor, na entrevista concedida a VEJA.com e reproduzida a seguir. "Essas crianças deixam de aprender que é preciso se esforçar muito para conseguir bons resultados. No futuro, elas não terão sucesso porque, em nenhum momento, exigiu-se excelência delas." Clark conhece sua profissão. Aos 39 anos, vinte deles dedicados à carreira, o americano já lecionou na zona rural da Carolina do Norte, nos subúrbios de Nova York e atualmente comanda uma escola modelo no estado da Geórgia que oferece treinamento a educadores. Graças à função, manteve, desde 2007, contato com cerca de 10.000 educadores de diversas partes do mundo, incluindo brasileiros.

Em seu artigo, o senhor fala de um ambiente escolar em que pais e professores não se entendem mais. O que tornou a situação insustentável, como o senhor descreve? A sociedade se transformou. Hoje, vemos pais muito jovens, temos adolescentes que se veem obrigados a criar uma criança sem ao menos estarem preparados para isso. São pessoas imaturas. Por outro lado, temos famílias abastadas, em que pais trabalham fora e são bem-sucedidos profissionalmente. Pela falta de tempo para lidar com os filhos, empurram toda a responsabilidade da educação para a escola, mas querem ditar as regras da instituição. Ou seja, eles querem que a escola eduque, mas não dão autonomia a ela.

Que tipo de comportamento dos pais irrita os professores? Acho que o ponto principal são as desculpas que os pais criam para livrar os filhos das punições que a escola prevê. Se um aluno tira nota baixa, por exemplo, ou deixa de entregar um trabalho, os pais vão à escola e descarregam todo tipo de desculpa: dizem que o filho precisava se divertir, que a escola é muito rigorosa ou que a criança está passando por um momento difícil. Ou, ainda, culpam os professores, dizendo que eles não são capazes de ensinar a matéria. Mas nunca culpam seus próprios filhos. É muito frustrante para os professores ver que os pais não querem assumir suas responsabilidades.

Problemas com notas são bastante frequentes? Sim. Certa vez tive uma aluna que estava indo mal em matemática. A mãe dela justificou-se dizendo que, na escola em que a filha estudara antes, ela só tirava boas notas, sugerindo, assim, que o problema éramos nós, os novos professores. Infelizmente, essa ideia se instalou na nossa sociedade. Se a nota é boa, o mérito é do aluno; se é baixa, o problema está com o professor. E quando as notas ruins surgem, os pais ficam furiosos com os professores. O resultado disso é que muitos profissionais estão evitando dar nota baixa para não entrar em rota de colisão com os pais, que nos Estados Unidos chegam a levar advogados para intimidar a escola.

Os pais poupam os filhos de lidar com fracassos? Hoje, existe uma preocupação grande com a autoestima da criança. Por isso, muitas pessoas se veem obrigadas a dizer aos pequenos que eles fizeram um ótimo trabalho e que são brilhantes, mesmo quando isso não é verdade. Essas crianças deixam de aprender que é preciso se esforçar muito para conseguir bons resultados. No futuro, elas não terão sucesso porque, em nenhum momento, exigiu-se excelência delas. Precisamos estar mais atentos à excelência acadêmica e menos preocupados com a autoestima das crianças.

Que conselho o senhor dá aos professores? É possível evitar que os pais surtem diante de notas ruins e do mau comportamento dos filhos se for construída uma relação de confiança. Em vez  de só procurar os pais quando as crianças vão mal na escola, oriento que os professores conversem com os responsáveis também quando a criança vai bem. Na minha escola, procuro conhecer os pais de todos os meus alunos. Procuro encontrá-los com frequência e envio cartas a eles com boas notícias. Assim, quando tenho que dizer que a criança não está rendendo o esperado, eles me darão credibilidade e confiarão na minha avaliação.

É possível determinar quando termina a responsabilidade dos pais e começa a da escola? As duas partes precisam trabalhar em conjunto. Os pais precisam da escola e a escola precisa do apoio da família para realizar um bom trabalho. Um conselho que sempre dou aos pais é que nunca falem mal da instituição de ensino ou do professor na frente dos filhos. Se a criança ouve os próprios pais desmerecerem seus mestres, perde o respeito por eles. O contrário também é verdadeiro. Os professores precisam respeitar os pais, porque eles são parte fundamental na educação de uma criança.

Em algumas situações a discussão sobre responsabilidades da família e da escola surge com muita força. Em casos de bullying, por exemplo, pais e professores trocam acusações. Sobre quem recai a maior parte da responsabilidade nesses casos? A minha resposta novamente é que precisamos trabalhar em conjunto. Quando o bullying acontece na escola, é obrigação dos professores intervir imediatamente. Mas muitos não agem assim porque querem evitar conflitos com os pais. E isso é muito grave. O bullying está devastando nossas crianças. Precisamos combatê-lo. Para que os professores tenham liberdade para agir, precisam do apoio dos pais. Mas você sabe o que acontece? Muitas vezes, quando os pais são chamados na escola para serem alertados de que seu filho está praticando bullying contra um colega de classe, o que ouvimos é: "Mas qual o problema disso? Tenho certeza de que outros colegas também zombam do meu filho e ele não se sente mal por isso." Mais uma vez, vemos os pais se esquivando da responsabilidade.

A que o senhor atribui o sucesso do artigo que estourou no Facebook? Eu escrevi o que todos os professores tinham vontade de dizer aos pais, mas não podiam dizer, porque isso os enfureceria. O que eu fiz foi dar voz a milhões de profissionais. Fiquei sabendo que muitas escolas imprimiram o texto e enviaram uma cópia a cada família. Na internet, pessoas de outros países também compartilharam a minha mensagem.

O senhor criou uma escola modelo, a Ron Clark Academy. Como é a relação de seus professores com os pais? Procuramos estabelecer uma relação próxima. Como eu disse, estamos constantemente em contato com os pais, nos bons e nos maus momentos. Também promovemos encontros semanalmente, nos quais ofereço aos pais a oportunidade de assistir a uma aula na escola, destinada exclusivamente a eles, para que acompanhem o que está sendo ensinado a seus filhos. Ou seja, trabalhamos muito para conquistar uma relação harmônica. Não estou dizendo que é fácil lidar com os pais. Alguns deles podem ser bem malucos.

O senhor, na sua escola, recebe professores de diversas partes dos Estados Unidos e tambem de outros países, como o Brasil. Além dos problemas de relacionamento com os pais, do que mais professores de todo o mundo reclamam? As avaliações tiram o sono dos professores. Não sei exatamente como funciona no Brasil, mas nos Estados Unidos os professores são constantemente cobrados a melhorar o desempenho de suas escolas em testes padronizados. E todo o processo educacional passa a girar em torno de algumas provas. Isso é massacrante, para os alunos e para os professores. Os professores precisam de mais diversão na sala de aula.

Fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/pais-e-professores