quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Alunos, professores e pais destacam conquistas do Escola Segura

Com quatro meses de implantação, o Programa Escola Segura coleciona sucessos no Paraná. Alunos, pais, professores e diretores, além dos próprios policiais que atuam no projeto, comemoram os bons resultados da iniciativa, lançada em maio pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior.




Espalhado por nove cidades da Região Metropolitana de Curitiba (RMC), Londrina e Foz do Iguaçu, o programa reúne ações da Secretaria de Educação e Esporte e Secretaria da Segurança Pública para garantir um ambiente escolar mais saudável e seguro.

O programa mudou consideravelmente a rotina no colégio Lindaura R. Lucas, em São José dos Pinhais. Professora de história, Roseli Batista Luiz destaca o efeito dentro da sala de aula. “Os alunos respeitam porque sabem que tem uma pessoa a mais para nos ajudar a orientar”, afirma. “Tem alguém colocando respeito, mostrando segurança para pais, professores e funcionários”, complementa Silvestre Costa, professor de matemática.

Responsável pela vigilância da escola no turno da manhã e início da tarde, o Cabo Garcia ganhou uma espécie de fã clube no colégio. É comum ver o policial cercado por alunos em busca de orientação ou mesmo de uma conversa amiga antes de o sinal chamar para a sala de aula.

“Ele é bem legal, um amigo que nos traz uma sensação de segurança bem maior”, diz Natália Vernek, 13 anos, que cursa o 6º ano. “Conversa, orienta e cuida para que os alunos não saiam para fora da escola”, completa Matheus Felipe da Silva Veloso, 12 anos, também do 6º ano.

FOZ DO IGUAÇU - Foz a primeira cidade a receber o Escola Segura. Nos colégios contemplados pelo programa já foi possível verificar uma drástica redução nos índices de violência.



Velcir Junior Vonz, diretor do colégio Flávio Warken, explica que o programa trouxe benefícios internos e externos. “Os policiais têm nos ajudado bastante. Dentro da escola, percebemos uma maior organização e disciplina. Fora, a diminuição de ocorrências, inibindo o acesso de pessoas estranhas”, afirma.

Sensação de bem-estar e segurança repartida com os pais dos alunos. Marcio Teixeira, pai de um estudante do 7° ano do Flávio Warken, costuma deixar o filho todos os dias em frente à escola. Ele confirma as mudanças verificadas nos últimos meses nos arredores do centro educacional que atende 1.530 alunos. “Volto para casa com a sensação de segurança, de que nenhum estranho estará por ali”, afirma.

LONDRINA – Selecionada por ser a segunda maior cidade do Estado, Londrina tem 18 escolas contempladas pelo programa, com o apoio de 39 militares. Uma delas é o Colégio Estadual Professora Maria José Balzanelo Aguilera. Aluno do 8º ano vespertino, Paulo César Boleto conta que o primeiro impacto sentido foi o fim das confusões nos horários de saída e entrada para as aulas. “Acabaram as brigas. Agora vivemos um clima de verdadeira paz”, diz. O diretor do mesmo colégio, Norberto Giacomini, revela que esse clima de tranquilidade atinge também o corpo docente. “Todos se sentem mais seguros, protegidos dentro do local de trabalho”, afirma.

REGIÃO METROPOLITANA – O Escola Segura foi implantado oficialmente nos arredores de Curitiba no começo deste mês. Quarenta colégios estaduais de Pinhais, São José dos Pinhais, Piraquara, Almirante Tamandaré, Colombo, Fazenda Rio Grande, Campo Largo, Campina Grande do Sul e Araucária contam atualmente com o suporte de 78 policiais militares.




Piraquara tem cinco escolas no projeto. Entre elas, o Colégio Ivanete Martins de Souza, que viu os benefícios do programa se estender para a vizinhança. Proprietário de um pequeno comércio em frente a unidade e morador do bairro há 42, Jorli Lima da Silva diz que finalmente encontrou a paz. “Acabou com o costume daquele pessoal que ficava na rua aprontando. Todos nos sentimos mais seguros e confortáveis”.

Sensação compartilhada pela ambulante Vanilda Cândida Cordeiro, que há seis anos ganha a vida vendendo doces e salgadinhos na saída do colégio. “Antes vivíamos amedrontados com a presença de drogados, que chegavam a usar aqui em frente à minha banca. Prejudicava o comércio e gerava medo. Somente a presença do policial acabou com isso”, revela.

Calmaria que se reflete também do portão para dentro do centro de educação, conta a estudante Silvia Fernandes de Oliveira, de 13 anos, aluna da 8ª série. “Qualquer um pulava o muro e ficava apavorando lá dentro. Agora isso nunca mais aconteceu”, diz. “Eles pensam antes de fazer. Veem o policial e ficam inibidos”, completa Adriana Cristina Marques, que há 13 anos atua como inspetora no Ivanete Martins de Souza.

ARAUCÁRIA – Motorista de um aplicativo de transporte, Edmilson Afonso Borges conta que ficou espantado quando conheceu o programa e a estrutura oferecida pelo Colégio Estadual Marilze da Luz Brand. “Estou há um ano em Araucária. Lá em São Paulo, onde eu morava, não tinha visto algo semelhante, uma escola extremamente segura”, afirma. Opinião compartilhada pela filha, Rafaella Borges, aluna do 2º ano do ensino médio. “Me sinto segura. Sei que se acontecer alguma coisa, tenho a quem recorrer.”



Cabo tinha o sonho de ajudar a juventude

O cabo Marcelo José Fagundes de Oliveira trocou a aposentadoria que já durava cinco anos para voltar a usar a farda de policial militar e cuidar da segurança do Colégio Estadual Arnaldo F. Busato, em Pinhais, dentro do Programa Escola Segura.

Ele conta que ajudar a comunidade era um desejo antigo. “Sonhei um dia que estava dando uma palestra, mas não era uma igreja, era em uma sala de aula. Agora o sonho virou realidade”, diz. “O policial é cercado estigmas, que aqui conseguimos quebrar com a convivência, colaborando com a juventude”, completa.

A escola de Pinhais atende 800 alunos por turno. “Achei bacana a iniciativa. Temos menos gente lá fora, menos brigas e mais segurança”, afirma Maria Eduarda de Melo, do 9º ano.



Trabalho integrado melhora ambiente escolar

O programa Escola Segura prevê a integração entre o corpo pedagógico das escolas e os policiais. “É um compromisso que tiramos do papel. Nossos policiais ficam nas portas das escolas para cuidar dos alunos, dos professores e dar tranquilidade para os pais”, destacou Ratinho Junior.

O programa é executado por policiais que estavam na reserva e se inscreveram em um edital, passaram por uma seleção para confirmar se atendiam os critérios, além de testes físicos e psicológicos. Eles também participaram de um curso de aperfeiçoamento de 20 horas.

Com o programa, o Estado mantém policiais militares da reserva nos colégios estaduais em dois turnos: das 7h às 15h e das 15h às 23h. Cada escola conta com a presença de dois policiais voluntários. O programa já está implantado em 71 colégios estaduais e conta com a atuação de 126 PMs.

O trabalho é um complemento às atividades preventivas desempenhadas pelo Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária (BPEC), unidade responsável pelo treinamento dos policiais militares voluntários e que coordena o trabalho do projeto nos colégios estaduais. “Os policiais são selecionados e treinados para trabalharem integrados com os diretores e o time pedagógico da escola”, disse o secretário de Estado da Educação e do Esporte, Renato Feder.

FONTE:http://www.educacao.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=8531&tit=Alunos-professores-e-pais-destacam-conquistas-do-Escola-Segura

Escola Segura chega a 40 colégios estaduais da Grande Curitiba

O programa Escola Segura, iniciativa do Governo do Paraná para ampliar a proteção de alunos e professores da rede estadual, está implantado 40 colégios estaduais da Grande Curitiba, contando com 77 policiais militares da reserva. O lançamento oficial na região foi feito nesta quarta-feira (11) pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior. No Paraná, o programa já beneficia alunos e professores de 71 colégios estaduais e conta com a atuação de 126 policiais militares.



Ratinho Junior disse que a ideia é que o programa seja ampliado gradativamente, para beneficiar o máximo de escolas possível. “O ambiente escolar precisa ser seguro e sadio, onde a criança e o jovem possam ter tranquilidade para estudar e aprender e os professores para ensinar. Acima de tudo, este programa ajuda a melhorar a segurança no entorno das escolas”, afirmou o governador.

Ele esteve no Colégio Estadual Elza Scherner Moro, em São José dos Pinhais, para o lançamento oficial. Na Região Metropolitana de Curitiba o programa beneficia escolas de Pinhais, São José dos Pinhais, Piraquara, Almirante Tamandaré, Colombo, Fazenda Rio Grande, Campo Largo, Campina Grande do Sul e Araucária. Além dessas cidades, Londrina (Norte) e Foz do Iguaçu (Oeste) já foram contempladas.

O programa é levado a comunidades escolares selecionadas a partir de critérios técnicos, para que esses ambientes tenham rotinas equilibradas, em respeito aos alunos, pais, professores, pedagogos e vizinhos. “Os pais têm a tranquilidade de saber que seus filhos estão em um ambiente seguro. Casos de estudantes que não queriam mais ir para a escola com medo de brigas e ameaças acabaram nos locais onde o programa foi implantado”, disse Ratinho Junior.


PATRULHA ESCOLAR –
 O trabalho do Escola Segura se soma às atividades preventivas já desempenhadas pelo Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária (BPEC), unidade responsável pelo treinamento dos policiais militares voluntários e que coordena o trabalho nos colégios estaduais.



“Trazer esse projeto para a Região Metropolitana é um passo importante. Ele já está consolidado nas cidades onde foi implantado. Os policiais se integram com os professores, pais e alunos e passam a ser uma referência naquele ambiente”, afirmou o secretário de Estado da Segurança Pública, Rômulo Marinho Soares.

INTEGRAÇÃO – O programa prevê a integração entre o corpo pedagógico das escolas e os policiais com foco na mediação de conflitos. “Os policiais são selecionados e treinados para trabalharem integrados com os diretores e o time pedagógico da escola”, disse o secretário de Estado da Educação e do Esporte, Renato Feder.

“A comunidade escolar dos locais onde o programa foi implantado está elogiando muito. Os profissionais da educação podem se dedicar às questões pedagógicas e ao aprendizado do aluno, sem se preocupar com problemas de segurança”, ressaltou.

Os policiais fardados se revezam em dois horários (das 7h às 15h e das 15h às 23h) e se ocupam da segurança interna e do entorno. Os professores e a coordenação pedagógica desempenham papel preventivo de orientação, além de incentivar a participação da comunidade escolar em ações para coibir o tráfico e uso de drogas, violência, bullying e danos ao patrimônio público.

ONZE CIDADES – Além das nove cidades contempladas na Região Metropolitana de Curitiba, as rotinas do Escola Segura já estão em andamento em Foz do Iguaçu e em Londrina desde maio deste ano. Em Foz do Iguaçu, 20 policiais militares revezam cuidados em 10 colégios estaduais. Em Londrina, 21 colégios foram contemplados com o projeto, com apoio de 39 militares.

TREINAMENTO – O programa é executado por policiais que estavam na reserva e se inscreveram em um edital, passaram por uma seleção para confirmar se atendiam os critérios, além de testes físicos e psicológicos. Eles também participaram de um curso de aperfeiçoamento de 20 horas.



O sargento Marcus Reis Carneiro atenderá o segundo horário do Colégio Elza Scherner Moro, que tem 1.600 alunos estudando nos três turnos. “Estava há quase sete anos na reserva e este convite para participar no Escola Segura me fez sentir novamente motivado a trabalhar para população”, contou. “Aqui temos uma abordagem mais sutil e educada. Nossa presença ostensiva inibe as ações no entorno e os assuntos envolvendo estudantes são resolvidos junto com a equipe pedagógica, na conversa”, explicou.

De acordo com o diretor Márcio Bittencourt, muitos problemas já aconteceram no entorno da escola, como casos de pessoas de fora que pulam o muro para entrar no colégio e até um assassinato, há dez anos, próximo ao colégio. “Agora não só os alunos se sentem protegidos, mas a comunidade inteira. Temos crianças pequenas, de dez anos, e as mães tinham receio de deixá-las aqui”, afirmou. “Infelizmente, a região é violenta, mas com este trabalho conseguiremos diminuir e manter a escola como um ambiente seguro para os alunos estudarem”.


PRESENÇAS – Participaram da solenidade o comandante-geral da Polícia Militar do Paraná, coronel Péricles de Matos; o comandante do Batalhão de Patrulha Escolar Comunitária, tenente-coronel Mário Jorge Alves Lopes; o prefeito em exercício de São José dos Pinhais, Thiago Bührer; o coordenador estadual de Proteção e Defesa Civil, coronel Ricardo Silva; e os deputados estaduais Francisco Bührer, Alexandre Amaro e Missionário Ricardo Arruda.

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Com projeto contra a xenofobia, professora de Joinville ganha Prêmio Educador Inovador

Educadores do Rio de Janeiro (RJ) e de Paripiranga (BA) também são destaques entre os professores selecionados na terceira edição do Desafio Diário de Inovações.

Na Escola de Educação Básica Dr. Jorge Lacerda, em Joinville (SC), o preconceito e o desconhecimento em torno do tema imigração foram ponto de partida para a professora de história Angela Maria Vieira desenvolver um projeto contra manifestações de racismo e xenofobia. Em parceria com o Museu Nacional de Imigração e Colonização de Joinville, os estudantes participaram de debates e saíram a campo para estudar a história da cidade e a cultura do Haiti. Com essa iniciativa, ela recebeu o Prêmio Educador Inovador, entregue pelo IBFE(Instituto Brasileiro de Formação de Educadores) em parceria com o Porvir.
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O anúncio do grande destaque da terceira edição do Desafio Diário de Inovações aconteceu neste sábado (14), durante o 3º Congresso Brasileiro de Tendências e Inovação na Educação, realizado em Paulínia (SP). Além de receber uma premiação em dinheiro, no valor de R$ 3 mil, a professora de Joinville (SC) foi convidada a apresentar o seu projeto no palco principal do evento.
“A escola é, sim, um espaço para se discutir racismo, homofobia, machismo, apesar de muitas pessoas na atualidade dizerem que não. Imigrar não é crime. É um direito das pessoas buscarem uma vida melhor”, disse a professora ao receber o prêmio que celebra a inovação na educação “Nós, professores, temos que aproveitar as brechas que temos para nos sentirmos valorizados. Compartilhar nossas experiências é uma maneira de fazer isso”.
Outros dois educadores também tiveram suas práticas reconhecidas Prêmio Educador Inovador e receberam uma gratificação no valor de R$ 1 mil. A professora Suzane dos Santos Napolitano, do Centro Educacional Ferreira Carvalho, do Rio de Janeiro (RJ), conquistou o segundo lugar com um projeto que aproveitou técnicas de design de interiores para trabalhar geometria com estudantes do quinto ano do ensino fundamental.
Como terceiro colocado, foi premiado o professor José Souza dos Santos, da Escola Municipal Maria Dias Trindade, Paripiranga (BA), que desenvolveu um projeto de língua portuguesa para discutir a depressão e desenvolver ações de combate à doença entre os alunos e a comunidade.
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Ao lado de outras 15 práticas educacionais transformadoras, os projetos desenvolvidos pelos professores estão disponíveis no ebook gratuito da terceira edição do Desafio Diário de Inovações (disponível para download ao final desta matéria). Com o objetivo de inspirar e apoiar novas experiências, a publicação apresenta etapas dos projetos, impacto para os estudantes e motivações dos educadores que desenvolveram cada uma das iniciativas.

O melhor da escola é o professor, avaliam estudantes

Para jovens que responderam à 2ª fase da pesquisa Nossa Escola em (Re)Construção, educadores se destacam entre principais aspectos do ambiente escolar.

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Entre os principais aspectos que compõem o ambiente escolar, os professores são os mais bem avaliados pelos estudantes. Em contrapartida, o uso de tecnologia na escola é o pior item entre os analisados pelos adolescentes e jovens que responderam à segunda fase da pesquisa Nossa Escola em (Re)Construção, realizada pelo Porvir, em parceria com a Rede Conhecimento Social e a Inketa.
Realizada a partir de dados coletados nos anos de 2017 e 2018, a segunda fase da pesquisa foi respondida por 19.884 adolescentes e jovens de 11 a 21 anos. A consulta é uma atualização, com algumas alterações, da primeira edição, que teve a participação de 132 mil estudantes em 2016. Criada a partir da metodologia PerguntAção, desenvolvida pela Rede Conhecimento Social, que envolve o público pesquisado em todas as etapas do processo, ela foi disponibilizada por meio da plataforma de escuta online e gratuita Nossa Escola em (Re)Construção.
Na plataforma, os participantes foram convidados a dizer como é a sua escola atual ou a última em que estudaram e como eles gostariam que ela fosse. Ao avaliar 11 aspectos da instituição de ensino, em uma escala de 1 (Tá tenso) a 5 (Tá tranquilo, tá favorável), as maiores notas foram para o professores (3.9), seguidos pelas aulas e matérias (3.8). Entre os últimos itens, aparece o uso de tecnologia (2.7) e as atividades extraclasse (2.9).
“Os educadores precisam conhecer os sonhos e demandas de seus estudantes para que possam construir junto com eles uma escola que tenha a cara deles e possa prepará-los para seus desafios”, diz Tatiana Klix, gestora de mobilização do Porvir.
Apesar dos resultados apresentarem percepções dos jovens sobre diferentes aspectos da escola, a consulta não apresenta um rigor científico na seleção dos respondentes por região, faixa etária, sexo, cor, escolaridade e rede de ensino. “Deve-se tomar cuidado com a comparação porque a pesquisa não trabalha com amostra representativa, nem na primeira nem na segunda edição. Assim não é possível dizer que os números de 2017 e 2018 representam uma evolução em relação aos obtidos na primeira sondagem”, pondera Marisa Villi, cofundadora e diretora executiva da Rede Conhecimento Social.
Parceria com redesPor meio de parcerias com redes que responderam ao questionário da pesquisa, em 2016, a amostra teve foco em São Paulo e Goiás, enquanto a segunda fase traz um olhar para o Espírito Santo, que teve 13.649 respostas da rede estadual. “A ferramenta nos mostrou o quanto é possível ouvir os alunos de uma forma mais ampla, em larga escala. A gente fazia encontros presenciais e não tínhamos como chegar a todas as escolas. A pesquisa foi interessante porque mudou a cultura da secretaria, que começou a criar  ferramentas para ter acesso aos alunos de várias perspectivas”, conta Carmem Prata, assessora de tecnologia educacional da Secretaria de Educação do Espírito Santo.
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A ferramenta nos mostrou o quanto é possível ouvir os alunos de uma forma mais ampla, em larga escala
Ela avalia que a consulta gerou impacto na formação de professores da rede, de forma que eles pudessem mudar suas práticas e usar metodologias ativas para trazer mais protagonismo e engajamento dos estudantes. A percepção dos alunos sobre o uso de tecnologia na escola também gerou mudanças. Segundo ela, as escolas começaram a ser equipadas com laboratórios móveis e o uso de celular em sala de aula foi liberado. “Tornamos uma lei antiga sem efeito e criamos uma nova política para uso de celular na escola. Com isso, o aluno pode usar conexão wi-fi com o próprio celular”, explica.
O que os jovens querem
Entre uma das grandes novidades do questionário aplicado em 2017 e 2018, está uma questão que avalia quais são as características mais valorizadas pelos jovens em um professor. Para eles, o mais importante é saber explicar bem os conteúdos (54%) e ter muito conhecimentos sobre um assunto (33%). Por outro lado, ser exigente e saber colocar limites nos alunos (8%) foi a opção menos destacada.
Na consulta, os jovens também foram convidados a refletir sobre dois ambientes educacionais diferentes: a escola para aprender mais e a escola que deixa mais feliz. Para cada um desses cenários, eles imaginaram seis aspectos: o foco da escola, o jeito de aprender, a organização curricular e os conteúdos.
Em relação a estrutura física das escolas, a pesquisa demonstrou que a tecnologia está presente na vida dos jovens. Entre os participantes, 56% disseram que ela não pode faltar na escola e não deve estar presente apenas no laboratório de informática. Ao mesmo tempo, os jovens também reconhecem a importância de quadras e equipamentos esportivos (53%) e de área verde (37%).
Assim como na pesquisa realizada em 2016, os estudantes demonstram que se preocupam com o futuro e querem, em sua maioria, que a escola tenha foco na preparação para o Enem e o mercado de trabalho. No entanto, em um cenário que considera a escola que os deixa mais felizes, cresce o número de respostas que representam o desejo por desenvolver habilidades artísticas e culturais e preparar para relações humanas e lidar com emoções.
Quando avaliam o jeito de aprender, as abordagens tradicionais (aulas teóricas e estudar sozinho) ainda são preferidas pela maioria dos participantes, mas metodologias centradas em relações (trabalho em grupo e interagindo com a comunidade) também se destacam. Para um quarto dos participantes, as atividades mão na massa (aulas baseadas em tecnologia ou projetos práticos) são o melhor jeito de aprender.
“O lançamento dos resultados de 2017 e 2018 marca uma nova fase da plataforma Nossa Escola em (Re)Construção. Para acompanhar os debates sobre o Novo Ensino Médio, a consulta agora traz perguntas específicas sobre o que os jovens esperam da etapa e quais caminhos querem seguir. “Será uma ferramenta poderosa para gestores e professores implementarem as mudanças com base nas expectativas de seus alunos”, destaca Tatiana.

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

"Conheça projetos inovadores para o ciclo de alfabetização"

Porvir reuniu iniciativas desenvolvidas por educadores de todo país que estão inovando para estimular a leitura e a escrita...

Tapete Infantil Tatame em Eva Alfabeto Colorido 26 Pecas
Há mais de 50 anos, com o objetivo de despertar a consciência internacional e firmar um compromisso para o desenvolvimento da educação, a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) instituiu o Dia Internacional da Alfabetização, que é celebrado em 8 de setembro. Nesse período, apesar de conquistar avanços significativos nesse indicador, o Brasil ainda tem 11,3 milhões de analfabetos entre a população de 15 anos ou mais.
Também é longo o caminho para atingir a Meta 5 do PNE (Plano Nacional de Educação), que estabelece que até 2024 todas as crianças devem ser alfabetizadas, no máximo, até o terceiro ano do ensino fundamental. Para entender essa meta na prática, basta olhar para o que diz ANA (Avaliação Nacional da Alfabetização). Em 2016, apenas 45,3% das crianças do terceiro ano do ensino fundamental tinham aprendizagem adequada em leitura, 66,1% em escrita e 45,5% em matemática. Os dados do Censo Escolar ainda mostram que 9,4% dos estudantes são reprovados no fim do atual ciclo de alfabetização.
Diante desse cenário, o Observatório do PNE aponta que o país tem como seus principais desafios a melhoria da formação inicial e continuada dos professores, o desenvolvimento de novas políticas de distribuição de livros e de formação de bibliotecas acessíveis a todas as crianças e jovens em idade escolar, além de fortalecer comunidades leitoras nas instituições.
Para além das discussões sobre os melhores métodos de alfabetização, revista norte-americana Edweek, especializada em educação, apontou quatro tendências para a alfabetização atual: interação, ambientes personalizados, criação de histórias e envolvimento dos pais.
Conforme essas tendências, o Porvir fez uma seleção de iniciativas desenvolvidas por educadores de todo país que estão inovando no desenvolvimento de projetos voltados para alfabetização. Confira:
Cultura local e canções
No Recife (PE), o professor Givanilson Soares da Silva recorreu a músicas de artistas da periferia para trabalhar estruturas silábicas com os alunos. Além de usar as suas próprias composições, o professor também levou em conta o gosto musical da classe, criando paródias das músicas que eles escutavam.
Brincadeiras e criações autorais
Um ambiente personalizado com cartazes e produções das crianças, atividades lúdicas e momentos de leitura em diferentes no corredor, embaixo da árvore ou até mesmo no corredor da escola. Essa foi a estratégia adotada pela professora Liciane de Fátima Xavier Lourenço, de Curitiba (PR) para aproximar a leitura ao cotidiano dos seus alunos.
Oficinas de letramento para os responsáveis
Com oficinas de letramento para famílias, a professora Juliana Fernandes, de Santos (SP), mostrou aos seus responsáveis como as crianças aprendem a ler e escrever. Durante a atividade, a educadora também apresentou intervenções adequadas para diferentes situações que poderiam ocorrer no ambiente familiar.
Diários na sala de aula
Ao notar que a turma do terceiro ano sentia necessidade de falar da sua vida, a professora Adriana Ribeiro, de Curitiba (PR), começou a trabalhar com um diário em sala de aula para estimular a leitura e escrita a partir da produção de relatos pessoais.
Leitura em família
Em Fortaleza (CE), a professora Tereza Mara Uchôa desenvolveu o projeto “Leitura em Família”. Com contos, quadrinhos, adivinhações e até uma obra sobre Fortaleza, ela montou kits para as crianças levarem para casa e compartilharem em um caderno de registros como foi o momento de leitura.

Aula de arte com impressão 3D torna obras acessíveis a estudantes com deficiência

Professora conta como desenvolveu projeto inclusivo para trabalhar história da arte com uma turma de ensino médio...

Sou professora há treze anos e divido a minha carreira na educação com a fotografia. Apaixonada por tecnologia e arte, vi nessas duas vertentes um caminho inspirador para inovar na educação. Com o objetivo de estimular a troca de conhecimento entre os estudantes com deficiência visual e os videntes, desenvolvi um projeto de impressão 3D de obras de arte e ilustrações.
Neste ano de 2019, comecei a trabalhar com um aluno deficiente visual (100%) em uma turma do segundo ano do ensino médio do Colégio Estadual Helena Kolody, em Terra Boa (PR). Como professora de arte e sem formação em educação especial, no início me senti perdida e angustiada em mediar o conhecimento em arte com materiais que não atendiam às necessidades desse aluno.
Em busca de estratégias, um professor de filosofia sugeriu imprimir peças na impressora 3D para ajudar no trabalho pedagógico com esse aluno. Tínhamos recebido esse equipamento há um ano, mas o trabalho era muito complexo e a equipe escolhida a princípio não se adaptou ao desafio.
No intuito de desenvolver um projeto satisfatório para toda a turma, decidi traçar metas para criar um ambiente voltado para o compartilhamento de conhecimentos entre o aluno não visual e os visuais. Fiz um convite para todas as salas participarem da atividade, e tivemos a média de dez alunos interessados.
Quando começamos o projeto, o estudante cego me relatou que tinha muita dificuldade em reconhecer imagens através do tato e que ele achava muito difícil essa experiência dar certo. No entanto, mesmo com a negativa nos mantivemos insistentes no projeto.
Dos dez alunos interessados ficamos em cinco, pois tiveram questões de horários e empatia entre os participantes. Primeiramente, passei para os alunos os softwares que eu conhecia para a impressão 3D e o básico do funcionamento do equipamento. Feito isso, desafiei eles a encontrar uma forma de transformar uma imagem bidimensional em tridimensional, e essa foi a fase mais desafiadora.
Dentro de todo esse processo, muito material foi descartado. Tivemos problemas com a impressora e o estudante com deficiência visual reprovou várias peças. Precisei aprimorar ainda mais minhas revisões de literatura para ter certeza de que estávamos no caminho certo, e o aluno foi se abrindo e ficando cada vez mais participativo.
A última peça analisada foi o Abaporu, de Tarsila do Amaral, que fazia parte do conteúdo do livro didático em que o segundo ano estava estudando. O estudante fez a percepção tátil e conseguiu discutir sobre o período histórico da obra. Assim chegamos a conclusão de as placas produzidas não podem ter vários planos, elas devem ser escolhidas pelos estudantes cegos. Também percebemos que a empatia é um fator fundamental na construção do conhecimento da pessoa com deficiência visual.
O projeto ainda está em fase inicial e temos novos objetivos a seguir, como convidar mais alunos, já que agora temos os fundamentos para a impressão e convidar mais alunos cegos de outras cidades para a percepção das placas para traçarmos novos caminhos.
Nesse trabalho observei meus alunos mais autônomos, engajados e comprometidos, além de orgulhosos por serem reconhecidos por um trabalho tão especial, estão cheios de novas ideias e buscando novas tecnologias para melhorar a impressão.
Graciele Rodrigues
Artista visual e fotógrafa, com especialização em metodologia do ensino da arte e mestranda em gestão do conhecimento. Professora da rede pública estadual do Paraná há dez anos.