domingo, 30 de dezembro de 2012

EDUCAÇÃO - Um grande desafio

A área de Educação está passando por uma transformação no Paraná, desde o início de 2011. Um grande trabalho está sendo feito para garantir que a escola pública ofereça educação de qualidade em todas as regiões do Estado, com profissionais capacitados e que se sintam cada vez mais valorizados na missão de educar 1,3 milhão de estudantes da rede estadual.
“Os desafios da educação são grandes. Estamos implantando as soluções necessárias e em todas as áreas os resultados começam a aparecer”, afirma o secretário de Estado da Educação e vice-governador, Flávio Arns.
São melhorias na infraestrutura, como obras de novas escolas, reformas, ampliações, novos equipamentos, laboratórios, alimentação e transporte escolar, bem como na contratação de profissionais, em avanços salariais e no investimento na formação continuada dos professores, entre outras ações, para assegurar um bom ambiente educacional em todos os aspectos.
“Estamos trabalhando também na evolução pedagógica. Entre outras ações, implantamos o novo Sistema de Avaliação da Educação Básica, que vai dar condições a cada escola de ter um diagnóstico preciso do que é necessário fazer para assegurar o aprendizado e a evolução dos nossos alunos”, explica. “Da mesma forma estamos caminhando para a expansão da jornada, com o ensino em tempo integral, com a educação profissional e estamos acompanhando as discussões em âmbito nacional para melhoria do ensino médio”, diz o secretário.

Escola Estadual Milton Carneiro.
Fonte: Giuliano Gomes/SEED
Escola Estadual Milton Carneiro.

Diálogo e valorização profissional
Como parte do compromisso para valorização da carreira e diálogo com o professor, em menos de dois anos foram concedidos aumentos salariais que somam 34,85% para professores e pedagogos, beneficiando 75 mil profissionais.
Neste período, o Governo do Paraná já contratou 17.261 servidores por meio de concurso público para a área da educação e um novo concurso público está sendo preparado para contratar mais 13.771 profissionais, a partir de 2013.
Neste ano também foram implantadas progressões e promoções de carreira que beneficiam 32.452 professores e funcionários da educação relativas a 2012. O governo também colocou em dia, em 2011, o pagamento de promoções e progressões de mais de 33 mil profissionais que estavam em atraso desde 2009.
No processo de incentivo à formação continuada foram liberados 2,1 mil professores, em 2012, para fazer cursos de formação pelo Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) e 320 para cursos de mestrado e doutorado. Outras 300 vagas foram abertas para cursos de mestrado e doutorado em 2013.
A Secretaria da Educação promoveu um curso na modalidade de Ensino à Distância para formação de profissionais da educação para atuar na gestão da organização escolar. Em seis edições, o curso teve a participação de 25 mil pessoas.
Uma conquista importante para garantir a presença de professores em todas as salas de aula da rede estadual de ensino do Paraná foi o planejamento antecipado de ações como a distribuição de aulas aos professores. A nova metodologia trouxe bons resultados em 2012 e, para 2013, escolas e professores já tem organizada a distribuição de aulas, o que vai facilitar os trabalhos da semana pedagógica e o início das aulas.
Investimento em melhorias da rede física já chega a R$ 620 milhões
O Governo do Estado destinou R$ 220 milhões para obras de adequação e melhoria que vão atender mais de 2.000 escolas estaduais. Os recursos são usados na reforma, ampliação e construção de novas unidades de ensino e novas salas de aula. Para 2013 está sendo licitada a contratação e execução de 22 novas escolas, com investimento de cerca de R$ 100 milhões, em parceria com o governo federal.
Outros R$ 200 milhões, em recursos repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), estão sendo investidos na construção e ampliação de unidades de educação profissional. Além disso, aproximadamente R$ 100 milhões estão sendo investidos em equipamentos, laboratórios e mobiliário para os estabelecimentos de ensino nestes dois anos.
Descentralização agiliza a reforma nas escolas
O novo Programa de Descentralização de Recursos está acelerando a reforma de escolas e gerando empregos em todo o Paraná. Em 2012 estão sendo beneficiadas 173 escolas estaduais com repasses de até R$ 150 mil para reformas em cada estabelecimento. Somados a aproximadamente 500 repasses de cotas extras para pequenos reparos, de até R$ 15 mil cada, foram atendidas 673 escolas neste ano.
Para 2013, a previsão é que mil unidades sejam atendidas, sendo 500 pelo programa de descentralização, com valores de até R$ 150 mil para cada escola, para reformas, e 500 unidades pelo modelo de repasse de até R$ 15 mil, para pequenos reparos
 Merenda de qualidade e valorização da agricultura familiar
O Paraná caminha para ser o primeiro estado a cumprir a determinação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e garantir que 30% dos recursos para compra de produtos para a merenda escolar sejam adquiridos da agricultura familiar, para estimular pequenos agricultores e gerar emprego e renda nos municípios.
De R$ 3 milhões, em 2010, as compras da agricultura familiar passaram para R$ 23 milhões em 2012. Em 2013, as escolas paranaenses vão receber R$ 32 milhões em alimentos de pequenas propriedades.
Transporte escolar garantido nos municípios
O Governo Paraná aumentou o repasse de recursos aos municípios para o transporte escolar de R$ 28 milhões, em 2010, para R$ 58 milhões em 2011 e R$ 80 milhões em 2012. Junto com os recursos do governo federal, que somam R$ 22 milhões, os municípios paranaenses contam agora com R$ 102 milhões para transportar os estudantes da rede estadual de ensino.
Além de mais recursos, o Paraná criou o Sistema de Gestão do Transporte Escolar (Siget), que já é referência para o Ministério da Educação. O novo sistema de gerenciamento reorganiza as informações dos municípios, com rota georreferenciada de veículos, para fazer uma melhor partilha de recursos do transporte escolar.
Educação em tempo integral e contraturno
Atualmente temos cerca de 350 mil participações de alunos de 1.850 escolas da rede estadual em atividades complementares pedagógicas, esportivas, culturais e artísticas no contraturno escolar — língua estrangeira, sala de apoio à aprendizagem, escotismo, bandas e fanfarras, entre outras atividades.
Turmas menores e educação melhor
O Paraná começou o ano de 2012 reduzindo o número de alunos por turma, para garantir condições mais adequadas para a prática pedagógica nas escolas da rede estadual de ensino. A Secretaria de Estado da Educação fixou o número máximo de 25 a 30 alunos no 6º e 7º ano do Ensino Fundamental, e de 30 a 35 estudantes no 8º e 9º anos. No Ensino Médio, a proposta é ter no máximo entre 35 a 40 estudantes nas três séries. A implantação desta medida está sendo feita de forma gradativa até 2014.
Nova resolução estabelece o porte das escolas
A Secretaria de Estado da Educação publicou em outubro de 2011 uma resolução para definir o porte das escolas estaduais e adequar a necessidade de recursos humanos para o funcionamento de cada escola, de forma gradativa até 2014.
35 mil professores formados pela Vizivali sendo regularizados
O Governo do Paraná está regularizando a situação de 35 mil professores que concluíram o programa de capacitação para docentes pela Faculdade Vizinhança Vale do Iguaçu (Vizivali), mas não conseguiam validar seus diplomas havia oito anos. 

Treinamento da Brigada Escolar no Colégio Polivalente.
Fonte: Giuliano Gomes/SEED
Treinamento da Brigada Escolar no Colégio Polivalente.

Brigada Escolar
A Secretaria da Educação instituiu em 2012 o Programa Brigada Escolar – Defesa Civil na Escola, para construir uma cultura de prevenção na rede estadual de ensino, com a formação de brigadas em todas as escolas. Mais de 1.700 escolas estaduais em todo Paraná já formaram sua brigada e a meta é atingir as 2.500 escolas e entidades conveniadas, com as respectivas comunidades.
Estado vai restaurar e preservar patrimônio de escolas públicas
O Governo do Estado lançou um programa para restaurar e preservar edificações de escolas da rede pública estadual que sejam de interesse do patrimônio histórico e cultural. Inicialmente serão tendidos 13 estabelecimentos de Curitiba, Paranaguá, Antonina, Lapa e Ponta Grossa, que estão classificados como prioritários e são tombados pelo patrimônio cultural ou estão inseridos em áreas de tombamento.
Mãos Amigas Pela Paz ajudam a ressocializar apenados
A Secretaria da Educação firmou uma parceria com a Secretaria de Estado da Justiça para promover ações conjuntas para aprimorar o sistema penal e o respeito à dignidade humana. Por meio do Pacto Movimento Mãos Amigas pela Paz, apenados do sistema penitenciário paranaense agora podem trabalhar nas obras de pequenos reparos, pinturas e conserto de mobiliário de escolas. Dez escolas da Região Metropolitana de Curitiba já foram beneficiadas. A medida desenvolve o espírito de cidadania e contribui para a reinserção social dos apenados, além de reduzir o tamanho das penas.
Sistema de Avaliação da Educação Básica
A Secretaria da Educação desenvolveu e implantou o Sistema de Avaliação da Educação Básica do Paraná (Saep). O novo sistema permitirá medir a aprendizagem dos estudantes e vai subsidiar os professores na prática docente, facilitando a formulação e o monitoramento de políticas educacionais na educação básica.
1ª Mostra Científica Artística e Cultural
Mais de 5 mil pessoas compareceram à 1ª Mostra Científica, Artística e Cultural da Rede Estadual de Ensino, realizada pela Secretaria de Estado da Educação, no Parque Newton Freire Maia, em Pinhais, no mês de outubro.
Caravana da poesia homenageia Helena Kolody
A Caravana da Poesia é uma ação da Secretaria de Estado da Educação para incentivar a leitura nas escolas estaduais. Em 2012, a caravana celebrou o centenário da poetisa paranaense Helena Kolody. Ao longo do ano a caravana percorreu cerca de 35 mil quilômetros para levar apresentações de música e dança, oficinas e palestras em escolas dos 32 Núcleos Regionais de Educação, onde a vida e a obra da poetisa Helena Kolody foram objeto de atividades do conteúdo das disciplinas.
Projeto Minha Ilha tem Escola
A Secretaria de Estado da Educação lançou o programa “Minha Ilha Tem Escola – Embarque e Navegue Nessa Ideia”, para melhorar e fortalecer a educação nas ilhas do Litoral do Paraná. O programa visitou 11 ilhas do litoral.
Implantação da rede de bibliotecas escolares
O Programa Rede de Bibliotecas Escolares da Secretaria de Estado da Educação propõe a universalização e integração das bibliotecas nas escolas em todos os municípios paranaenses. Até dezembro de 2012 foram implantadas 732 bibliotecas escolares, favorecendo práticas de leitura e garantindo a professores, estudantes e comunidade o acesso à informação de qualidade. 


 

sábado, 22 de dezembro de 2012

Criança deve acreditar em Papai Noel?

Embarcar na fantasia pode estimular a imaginação e a criatividade dos filhos, mas os pais não devem insistir na crença caso a criança descubra a verdade

 

O garoto Joaquim Dias Rubim, de 6 anos, ficou um pouco desconfiado quando, no ano passado, o   Papai Noel chegou todo bronzeado para entregar os presentes de Natal. “Ele estava moreno. Acho que tinha ido à praia”, contou o menino, estranhando que um sujeito que mora no Pólo Norte aparecesse com a cor do verão. Mas com o incentivo da mãe, a pedagoga Simone Rubim, a suspeita foi esquecida e, neste ano, ele já fez a cartinha ao bom velhinho. “Eu acho importante ele acreditar, resgatar esta inocência, esta fantasia nas crianças”, diz Simone.
Alexandre Carvalho/ Fotoarena
Ano passado, Joaquim desconfiou do Papai Noel que estava muito 
bronzeado. A suspeita foi esquecida e ele já escreveu sua cartinha 
de fim de ano para o bom velhinho
 
A dúvida em crenças como a do Papai Noel é um processo natural no desenvolvimento infantil. Geralmente, por volta dos sete anos, quando o pensamento da criança é mais lógico e ela começa a comparar informações, a desconfiança aparece. No entanto, a idade da “descoberta” pode variar de acordo com o estímulo que ela recebe dos pais e com o ambiente em que vive.
Incentivar as crianças a crer em figuras imaginárias, como a do Papai Noel, enriquece o imaginário e favorece a exploração das ideias e do pensamento infantil, segundo explica a psicóloga e psicanalista Santuza Fernandes Silveira Cavalini, professora doutora da Universidade Mackenzie,em São Paulo.“O importante é entender que o mundo de fantasia é fundamental para que ela possa compreender a realidade. A fantasia, a brincadeira e a imaginação ajudam a criança a lidar com os seus sentimentos”, comenta.
O psiquiatra José Raimundo Lippi, especialista em crianças e adolescentes, diz que a crença no Papai Noel contribui, ainda, para o estímulo da criatividade e atende às fantasias de onipotência próprias da primeira infância. “Assim como creem que os super-heróis podem voar, elas acreditam na existência de um ser poderoso, que pode atender aos seus pedidos”, explica.
Meu filho descobriu, e agora?
Com crianças antenadas no mundo virtual fica cada vez mais difícil manter a fantasia por muito tempo. Segundo apsicopedagoga Maria Irene Maluf,hoje em dia é complicado queuma criança com acesso à internet, à TV, que vá à escola e que tenha irmãos e amigos mais velhos acredite na figura do Papai Noel após os cinco ou seis anos de idade.  
E, quando a dúvida surge, é comum que a criança procure respostas no computador ou questione os pais ou os familiares. A advogada Juliana Leal passou por isso quando, no ano passado, depois de comentários de coleguinhas da escola, o filho Vinícius Leal, então com 9 anos, veio perguntar sobre a existência do bom velhinho. “Respondi que, se dentro do coração dele ele acreditasse, então o Papai Noel sempre iria existir”, conta a mãe.
A resposta “em aberto” de Juliana foi proposital. “Não queria forçar uma situação, obrigá-lo a acreditar ou fazer com que ele fingisse acreditar no Papai Noel só para não me deixar chateada”, explicou.
Alexandre Carvalho/ Fotoarena
Simone, mãe de Joaquim, acha importante incentivar a fantasia do Papai Noel
Foi então que, a partir daquele ano, Vinícius deixou a fantasia de lado. Não escreveu a tradicional cartinha, como fazia antes, e pediu o presente de Natal diretamente à mãe. “O problema é que, hoje, as crianças convivem com o mundo real e outro virtual o tempo todo e estão muito mais aptas a compreender, por si mesmas, que o Papai Noel é um personagem muito mais cedo do que os adultos pensam”, explica Maria Irene Maluf.
A psicopedagoga recomenda também que, quando os pais forem questionados, o melhor mesmo é serem francos com a criança e não forçarem a crença. “Quanto mais tempo estes adultos insistirem na veracidade da história do Papai Noel perante um filho que já conhece a verdade, maiores a angústia e a decepção da criança. Afinal, insistindo nessa situação parece que os pais não acreditam que ela já tenha crescido a ponto de distinguir a fantasia da realidade”, diz.
Maria Irene faz questão de ressaltar que essa revelação deve ser feita ao tempo da criança. Ela explica que ser radical e dizer que a figura não existe, sem que a desconfiança tenha vindo da própria criança, é tirar dela a participação em uma história emotiva, cheia de símbolos e com um personagem que dá exemplo de bondade, ensina virtudes e dá esperanças, como outros tantos heróis.
Antes da hora ou tarde demais
Mas o que fazer se a criança desconfia muito cedo que Papai Noel não existe? Neste caso, o melhor é voltar a pergunta, indagando o filho: “o que você acha?”. Assim, descobre-se exatamente o que ele já sabe e o que realmente deseja entender. “O melhor jeito é dizer que o Papai Noel existe, sim. Explique que ele é personagem de uma linda história, contada há muitos anos na época do Natal e, assim como a Cinderela e o Peter Pan, mora na nossa imaginação”, indica Maria Irene.
No entanto, também não há motivos para preocupação se a descoberta demorar mais a aparecer. “O que ocorre é que muitas crianças são desestimuladas e mesmo desencorajadas a persistir na crença por familiares ou coleguinhas. O fato é que cada uma precisa do seu tempo para deixar de acreditar no Papai Noel e em outras crenças”, conclui o psiquiatra José Raimundo Lippi.

FONTE:http://delas.ig.com.br/filhos/2012-11-23/crianca-deve-acreditar-em-papai-noel.html

domingo, 16 de dezembro de 2012

Irmãos superdotados superam falta de recursos e incentivos no Distrito Federal

 Mesmo recebendo atendimento diferenciado, falta a meninos de 12 e 7 anos com altas habilidades livros e acesso à internet para estudar, assim como dinheiro para fazer cursos.
Em Ceilândia, uma das regiões com mais alto índice de violência do Distrito Federal, Sandra e Valdemir Rodrigues Barros têm um desafio diferente dos normalmente enfrentado pelos pais. Desde que o filho mais velho, Jean, nasceu, há 12 anos, tiveram de aprender a lidar com crianças curiosas, precoces e extremamente inteligentes.
Jean andou com nove meses de vida, começou a falar na mesma época e, aos 3 anos, já lia com fluência. Adorava ganhar cadernos de presente para desenhar – as folhas vazias acabavam em dois dias, repletas de belas figuras. Os pais se revezavam entre se espantar com a precocidade do menino e se orgulhar da capacidade e inteligência da criança.
Mesmo sem muitos recursos financeiros ou conhecimento especializado, os pais buscaram estimular o filho como podiam. Davam brinquedos pedagógicos, gibis e livros para colorir. “Ele sempre teve facilidade para absorver informações. Por isso, eu sempre procurei conversar muito com ele, ensinar o que eu aprendi”, conta a mãe orgulhosa.
Na segunda série da educação infantil, a professora chamou Sandra. Achava que Jean Michel não deveria estar naquela turma. “Ela disse que ele estava muito avançado em relação às outras crianças de 4 anos e me explicaram que seria melhor se ele fosse adiantado”, conta. Jean foi para a 1ª série do ensino fundamental.
O resultado foi ainda melhor. Quanto mais era estimulado, mais aprendia. Não teve problemas de adaptação com os colegas. Por recomendação da escola, Jean foi encaminhado ao serviço especializado em identificar talentos e habilidades de cada um, oferecer atividades para estimulá-las e acompanhar as famílias das crianças.
Na sala de recursos desde 2009, Jean foi diagnosticado como uma criança superdotada. Ele participa de encontros semanais junto com outras crianças que também têm altas habilidades e, desde então, já escreveu um pequeno livro, ganhou um concurso nacional de poesia e duas medalhas de bronze de diferentes edições da Olimpíada Brasileira de Astronomia.

 Diagnóstico difícil

  A família de Jean faz parte de uma minoria no País em todos os sentidos. Primeiro, porque poucos estudantes superdotados são identificados nas escolas brasileiras. Menos de 10 mil alunos têm superdotação de acordo com os dados do Censo Escolar. Além disso, nem todos recebem atendimento diferenciado como Jean.
Com a ajuda das psicólogas, Sandra e Valdemir puderam compreender melhor o que significava todo o talento de Jean. Conseguiram ajudar a identificar a mesma superdotação no filho caçula, Mizael, de 7 anos, que seguiu os passos do irmão. Começou a ler na mesma época que ele, pulou uma série, adora desenhar e pretende tocar bateria no futuro.
Sandra, que não trabalha fora de casa, acompanha todas as tarefas dos meninos. O pai, que é cobrador de ônibus, também. Os dois se preparam para enfrentar o desafio de ter dois superdotados em casa, já que Mizael também foi diagnosticado.

Superdotados: uma minoria invisível
 
“A gente é só orgulho. Mas sempre falamos que não podem deixar a sabedoria subir à cabeça e fazer eles se sentirem melhores que os outros. Eles têm de servir de exemplo, ainda mais em um lugar tão cheio de problema como o que a gente vive”, comenta a mãe.
A pedagoga Renata Rodrigues Maia-Pinto, que acabou de concluir uma tese de doutorado sobre o tema no Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB), afirma que ainda é muito difícil identificar as crianças com superdotação. Os professores não estão preparados para perceber os sinais e não há psicólogos nas escolas.


Como identificar uma criança superdotada
 
Segundo ela, algumas características são semelhantes nos superdotados. Mas nem todas as crianças apresentam todas elas e o diagnóstico pode ser de difícil conclusão. “Em geral, eles têm notas muito altas na escola, têm um interesse quase obsessivo em alguns temas, são muito criativos, têm fluência verbal e de ideias”.

Jogados à própria sorte
 
A pesquisadora Renata Maia critica a falta de apoio do governo e da iniciativa privada aos projetos de suporte aos superdotados. “Há potencial para oferecer um bom atendimento, mas os professores são muito desassistidos, não têm apoio financeiro e nem político. Esses talentos podem se perder, desperdiçados. Essas crianças são largadas à própria sorte”, afirma.
Uma das experiências vividas por Jean exemplifica a afirmação de Renata. Na última edição da olimpíada de Astronomia, ele não conseguiu se preparar para a prova. Em casa, não tem livros sobre o tema. Também não tem internet. A escola, que também não tem obras de Astronomia na biblioteca, passou meses em greve. Com isso, os encontros foram suspensos.
“Uma semana depois que as aulas tinham voltado, a professora disse que tinha de aplicar a prova. Falou que quem quisesse podia fazer e eu fiz”, conta. Jean apostou no conhecimento que já tinha adquirido e conseguiu uma medalha de bronze na competição. “A professora ficou surpresa quando eu ganhei”, diz, tímido.
A mãe, Sandra, gostaria de poder oferecer muito mais aos filhos. Para o ano que vem, ela conseguiu uma vaga em um curso de inglês gratuito para ele. Queria poder colocá-lo em uma escola de música em que pudesse aprimorar as habilidades para tocar teclado e cantar. Além disso, sonha em poder oferecer aulas de bateria e futebol a Mizael.
“A gente gostaria de poder investir mais neles, oferecer mais. Infelizmente, tudo envolve dinheiro e aí dificulta”, desabafa a mãe. Sandra admite que, no início, não compreendeu muito bem o que o filho fazia na sala de recursos. Agora, defende o espaço, que também será frequentado por Mizael. “Lá ele consegue focar no que gosta, se estimula”.


 FONTE:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2012-12-16/irmaos-superdotados-superam-falta-de-recursos-e-incentivos-no-distrito-federal.html

 

domingo, 9 de dezembro de 2012

As 12 tendências tecnológicas da educação brasileira até 2017

Estudo divulgado nesta semana pelo Horizon Report Brasil aponta potenciais ferramentas tecnológicas a serem usadas na educação no Brasil nos próximos 5 anos

Laboratórios móveis, redes, inteligências colaborativas, geolocalização, aprendizado baseado em jogos, conteúdo aberto. Achou essa lista futurista demais para ser usado em escala nas escolas do Brasil, públicas e privadas? Talvez ela não seja tão inalcançável assim. O sistema Firjan reuniu um grupo de 30 especialistas para analisar o estado do uso da tecnologia em práticas no país e fez prognósticos sobre quais ferramentas já estarão sendo usadas em escala em um horizonte de até cinco anos.

O estudo “As Perspectivas Tecnológicas para o Ensino Fundamental e Médio Brasileiro de 2012 a 2017: Uma Análise Regional do NMC Report”, divulgado nesta semana, identifica 12 tecnologias emergentes que têm potencial para impactar o ensino, além das dez principais tendências e os dez maiores desafios da educação brasileira.

Entre as 12 tecnologias apresentadas, quatro foram apontadas entre as que devem começar a fazer parte massivamente das salas de aula em menos de um ano: ambientes colaborativos, aprendizagem baseada em jogos e os dispositivos móveis representados por celulares e tablets; outras quatro estavam entre as que devem começar a ter seu uso mais frequente em dois ou três anos: redes, geolocalização, aplicativos móveis e conteúdo aberto; e mais quatro foram podem ser esperadas em um período de quatro ou cinco anos: inteligência coletiva, laboratórios móveis, ambiente pessoal de aprendizagem e aplicações semânticas.

(Alguns desses termos podem ainda não estar claros, por isso o Porvir preparou um infográfico explicativo, confira abaixo).

Feito pela primeira vez no Brasil, o estudo insere um capítulo regional ao já tradicional Horizon Report, que anualmente faz previsões sobre o uso da tecnologia no universo educacional. O panorama global permitiu também comparações entre o contexto brasileiro e o internacional. Bruno Gomes, assessor de tecnologias educacionais do Sistema Firjan e participante tanto da pesquisa global quanto da nacional, ressalta alguns pontos em que nós nos distanciamos muito do mundo. “No Brasil, a gente já consegue ver o hardware, as coisas físicas em sala de aula, como o celular e o tablet. Mas falta a internet, então tudo que é feito na nuvem ou depende de uma rede boa e estabilizada vem depois”, diz.
Por isso, enquanto nos países ibero-americanos e na pesquisa global a computação em nuvem é uma realidade esperada em um ano, os especialistas brasileiros nem sequer apostaram nela para um panorama de até cinco anos. “Outra curiosidade é que, conteúdo livre, que já está acontecendo no mundo, ainda não vai acontecer no Brasil neste ano. O brasileiro ainda é apegado à autoria”, acrescenta Gomes.
Apesar das diferenças, alguns pontos são comuns em todas as partes do mundo, principalmente no que diz respeito aos desafios encontrados. “Formação de professores é um problema para o mundo”, ressalta Gomes. No relatório divulgado durante o evento Conecta 2012, que terminou hoje, os especialistas destacam também outra relevante coincidência entre o que esperam ver no Brasil e o que está posto no mundo. “Os 30 membros do conselho deste projeto concordaram com o conselho global em relação à tendência mais importante. Eles perceberam as portas se abrindo nas escolas de educação básica no Brasil para modelos de aprendizado híbrido e colaborativo”, afirmam os autores do relatório.

TECNOLOGIAS DE SALA DE AULA – ESPECIALISTAS INDICAM 12 FERRAMENTAS QUE ESTARÃO NAS ESCOLAS ATÉ 2017
 
1 ano ou menos – Polarização de dispositivos
 
Ambientes colaborativos
Espaços online que visam facilitar a colaboração e o trabalho em grupos. Nesse tipo de ambiente, a interação acontece independente de onde os alunos estejam
Aprendizagem baseada em jogos
Interação de jogos nas experiências educacionais; os benefícios têm se comprovado em desenvolvimento cognitivo, colaboração, solução de problemas e pensamento crítico
Celulares
Especialmente quando se fala em smartphones, são o ponto de convergência de muitas tecnologias; permitem acesso a um volume muito grande de informações na palma da mão
Tablets
Como os celulares, têm a facilidade da mobilidade e possibilitam aulas dentro e fora da escola. Dispositivos aumentam o leque de recursos pedagógicos

2 a 3 anos – Uso dos softwares
 
Redes
Investimento em banda larga para grandes eventos esportivos e o maior número de smartphones facilitam acesso rápido, barato e fácil a todos os tipos de informação
Geolocalização
Ferramentas recentes permitem a determinação da localização exata de objetos físicos, além da combinação com dados sobre outros eventos, objetos ou pessoas
Aplicativos móveis
Nova indústria de desenvolvimento de softwares cria um universo de novas possibilidades educacionais, com compartilhamento de descobertas em tempo real
Conteúdo aberto
Conteúdo disponibilizado gratuitamente, via web, dá acesso não apenas à informação, mas ajuda no desenvolvimento de habilidades de pesquisa, avaliação e interpretação

4 a 5 anos – Apropriação dos softwares
 
Inteligência coletiva
Conhecimento existente nas sociedades ou em grandes grupos. Como hoje a produção de conhecimento não é mais um monopólio, várias redes são criadas cotidianamente
Laboratórios móveis
A tecnologia facilitou que pesados equipamentos, antes disponíveis apenas em bons laboratórios de ciências pudessem ser inseridos em simples celulares
Ambiente pessoal de aprendizagem
Formado por uma coleção pessoal de ferramentas montadas para apoiar seu próprio aprendizado; lista é organizada de forma independente e é focada em objetivos individuais
Aplicações semânticas
Aplicativos que organizam informações de várias fontes e fazem associações entre elas, apresentando o resultado de forma atraente ao usuário

Fonte: Horizon Report (Brasil 2012)

FONTE:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2012-12-08/as-12-tendencias-tecnologicas-da-educacao-brasileira-ate-2017.html

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Livro defende que colonização portuguesa favoreceu desenvolvimento do Brasil


Em ensaio de prosa bem-humorada, diplomata aponta a valorização das raízes lusitanas no momento da emergência do Brasil no cenário internacional

No começo dos anos 2000, o escritor e diplomata português José Fernandes Fafe leu, na revista "Veja", duas entrevistas com os historiadores econômicos David Landes e Douglass North. Nelas, os laureados acadêmicos norte-americanos teciam loas à colonização inglesa dos Estados Unidos, de matriz protestante, e aproveitavam para botar lá embaixo a de portugueses e espanhóis, de base católica.
Nacionalista moderado, Fafe não chegou a se enfurecer diante das críticas, mas, por via das dúvidas, recortou e guardou as páginas das entrevistas. Anos depois, mais precisamente entre 2008 e 2010, ele resolveu se sentar para escrever a réplica, o ensaio "A Colonização Portuguesa e a Emergência do Brasil" (Editora Babel, 189 págs., R$ 29,90), lançado em seu país dois anos atrás. Em novembro, a obra de prosa bem-humorada ganhou edição brasileira, com prefácio do ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso e posfácio do ex-primeiro-ministro e presidente português Mário Soares, amigo de faculdade do autor ( leia trechos ao final do texto).

Divulgação
O escritor e diplomata português José Fernandes Fafe
 
Tanto Landes quanto North partem de uma premissa emprestada do pensador alemão Max Weber (1864-1920): a austera ética calvinista, que valorizava o trabalho e supunha a existência de predestinação, foi fundamental para o desenvolvimento do capitalismo e o fortalecimento das instituições democráticas nos Estados Unidos. Os países de colonização ibérica teriam dado errado principalmente em virtude do catolicismo das suas metrópoles e de valores como a ostentação e a preguiça.
Bem antes dos acadêmicos norte-americanos – e com maior sofisticação e mais vagar nas teorizações do que as sucintas respostas típicas das entrevistas –, intelectuais brasileiros já haviam feito reflexões na mesma linha de herança maldita. Raymundo Faoro (1925-2003), por exemplo, também influenciado por Weber, tratou do patrimonialismo herdado do Estado português. Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), outro weberiano, problematizou a mistura entre público e privado na sociedade brasileira, enquanto o marxista Caio Prado Júnior (1907-1990) realçava o aspecto predatório da colonização, voltada para o atendimento das demandas do mercado externo.
Entre todos esses clássicos brasileiros, Gilberto Freyre (1900-1987) sempre sobressaiu como uma vistosa exceção. Para o sociólogo pernambucano, a colonização portuguesa teria sido até superior às demais, ao favorecer a miscigenação e, assim, equilibrar os antagonismos entre dominantes e dominados que o regime escravocrata acarretava. Talvez a tese controversa não tivesse juntado tantos opositores se se referisse apenas ao passado remoto da América lusitana; no entanto, essas ideias acabariam ajudando a justificar, em pleno século 20, o imperialismo lusitano na África, terminado apenas em 1975.

Divulgação
O português José Fernandes Fafe
Estaria então Fafe, um social-democrata apoiador de cotas raciais que militou contra o salazarismo e fez carreira como embaixador fora do chamado circuito Elizabeth Arden (com a redemocratização portuguesa, atuou em Cabo Verde, no México, na Argentina e em Cuba, onde conviveu com Fidel Castro, de quem escreveu um perfil), comprando, acrítica e tardiamente, aos 85 anos de idade, o luso-tropicalismo freyriano? Como bom diplomata, ele responde com cautela.
Primeiro, diz-se um grande admirador do autor de "Casa-Grande & Senzala". “Ele é um autor muito complexo.” Depois, aponta as limitações de seu pensamento. “Toda colonização é ambígua. Ela traz a violência, que é a parteira da história, como dizia Engels. Por outro lado, os colonizados se formavam nas metrópoles e se rebelavam com as bandeiras do próprio Ocidente, como liberdade, nação e democracia, lucrando com o processo. Freyre se esqueceu da parte da violência e se deixou ser utilizado por Salazar.”
Para rebater Landes e North, José Fernandes Fafe ainda recorda que houve florescimento do racional espírito capitalista nas cidades de Gênova e Veneza nos séculos 13 e 14, antes da Reforma Protestante, portanto. E que o catolicismo não impediu o desenvolvimento da França, por exemplo. E que mesmo os jesuítas, presentes na colonização portuguesa a partir de 1549, tinham laivos de pragmatismo dignos dos puritanos que vieram fazer a América do Norte. Também lembra que a gloriosa história das Treze Colônias comportou escravidão, monocultura e aristocracia, como por aqui.
Em uma das passagens do livro, o diplomata cita o conceito de conciliação, tão caro a Gilberto Freyre, como um traço da política externa do Brasil, país que vem sendo encarado, nos foros multilaterais, como um articulador de consensos que investe no soft power para resolver controvérsias entre potências infinitamente mais poderosas do ponto de vista militar.
Para resumir a ideia: apesar dos pesares, talvez o Brasil esteja começando a ganhar respeito internacional – dando certo, por assim dizer – justamente em razão de uma característica daquela velha colonização tão desprezada. “Ninguém escolhe a família, a classe ou o colonizador. A colonização portuguesa foi a que tiveram. Aguentem-se”, brinca o velho embaixador.

Trechos Do livro:

"Com uma imigração protestante, o Brasil seria diferente, sem dúvida. Mais moderno, com uma
democracia mais enraizada e rodada, com um capitalismo mais desenvolvido... É aí que [David] Landes quer chegar. Com toda a lógica weberiana.
Depreende-se por vezes das palavras de Landes que o Brasil está impedido de se desenvolver pela matriz cultural que a colonização portuguesa, católica, lhe impôs, e que agiu, e age, na sociedade brasileira, fatal como um destino.
Ora o Brasil desenvolveu-se... Basta olhar e ver. Para que fique desmentida a tese de Landes.
Há desenvolvimento, com modernas atitudes comportamentais, modernos valores interiorizados... sem que tenham desaparecido completamente as atitudes e os valores da colonização portuguesa."

Do prefácio de Fernando Henrique Cardoso

"Reivindicando para os portugueses as raízes do Brasil — sem exclusivismos, pois a colaboração indígena e africana é inegável — o embaixador Fafe, nacionalista e patrioticamente — com toda razão —, vê no progresso economico que os brasileiros alcançaram o florescimento da herança portuguesa e dele se rejubila. Desmonta os argumentos de que só um tipo de cultura pode gerar a acumulação racional (até que ponto, se aplicaria o adjetivo?) e, mais ainda, lê a História como um processo aberto, no qual a inesgotável invenção humana joga um papel central. Nada de 'um só caminho' para o progresso, como, aliás, o próprio Weber cogitara com sua vasta erudição histórica ao apontar, no começo do século passado, que eventualmente a China poderia ter sido o berço do capitalismo moderno."

FONTE:http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/livros/2012-12-02/livro-defende-que-colonizacao-portuguesa-favoreceu-desenvolvimento-do-brasil.html