quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

GOSTO POR MÚSICA E LIVROS SE APRENDE EM CASA

Pais têm papel importante na formação das preferências culturais dos filhos, mas não devem privar as crianças de um ou outro conteúdo apenas por acharem “chato” ou “pobre”
Para que a criança desenvolva um paladar diversificado, que lhe permita ter uma alimentação balanceada ao longo de toda a vida, a ação dos pais é fundamental. Estudos indicam e confirmam que os alimentos oferecidos até o terceiro aniversário determinam como serão as preferências permanentes do indivíduo por certos tipos de comida. Será que com a formação do gosto cultural acontece algo semelhante? Os pais conseguem interferir de modo que seus filhos gostem do gênero musical ou do estilo literário favorito dos adultos da casa?
De acordo com especialistas, sim. “É principalmente o meio que determina qualquer formação de conhecimento. O processo de aprendizagem depende quase integralmente do ambiente em que a criança está inserida. Então, é fato que os pais que tentam influenciar seus filhos a gostar de rock ou pagode ou de algum tipo de livro serão bem-sucedidos nesse esforço”, afirma a pedagoga e educadora musical Leila Sugahara, doutora em psicologia da educação.
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"Pais que tentam influenciar seus filhos a gostar de rock ou
pagode ou de algum tipo de específico de livro serão bem
-sucedidos nesse esforço”, afirma pedagoga
 
Além da influência do ambiente familiar, a educadora musical e fundadora da Alecrim Dourado Formação Musical Vivian Agnolo Madalozzo ressalta ainda a influência que a felicidade gerada pela música nos pais tem na formação do gosto infantil: “Ao perceber que as pessoas ao seu redor ficam alegres com essas canções, a criança automaticamente gostará delas também. Para ela, música boa é aquela que dá prazer e pode ser associada a coisas boas, a bons sentimentos”.
Por isso, ambas rejeitam a ideia de um estilo musical ser valorizado pelos pais apenas porque alguém lhes disse que ele é bom para o desenvolvimento da criança. Essa “recomendação” normalmente é em prol da música clássica. “Isso vale desde a gestação. Se a grávida roqueira ouve suas bandas preferidas, seu corpo sente prazer e essas ‘ondas’ são transmitidas para o feto. Por outro lado, se ela se forçar a escutar sinfonias, sofrerá, e esse sentimento ruim será sentido pelo filho dentro da barriga”, explica Vivian. Leila complementa: “Pode ser a música mais completa do mundo, mas se não tiver a ver com o universo familiar, não terá o efeito esperado sobre a criança”.
O mesmo vale para a literatura. Se os pais quiserem que suas crianças apreciem algum autor ou gênero específico, “precisarão plantar uma sementinha”, nas palavras da contadora de histórias e arte-educadora Ivy de Lima. “Os adultos devem dedicar ao menos dez minutos do dia para contar ou mediar a leitura de histórias com os filhos. Esta é a melhor chance que terão de ajudar a construir um gosto”, diz.

Repertório
 
A principal recomendação de Vivian para os pais é que apresentem o máximo possível de cantores e bandas aos pequenos, para aumentar o leque de opções que eles terão para definir suas preferências. Além disso, que não privem as crianças de nenhum tipo de material cultural que desperte o interesse, mesmo que alguns trabalhos musicais destinados às crianças sejam menos elaborados.
“A Galinha Pintadinha, por exemplo, é muito pobre para o público infantil em termos de construção. A música é feita em computador, sem músicos e sem instrumentos reais, resultando em um produto final mecânico. A dupla Patati Patatá também lança mão de muitos sons computadorizados, principalmente para substituir instrumentos mais difíceis, como os de sopro. A mescla de instrumentos reais com sons computadorizados empobrece as canções e prejudica a formação auditiva da criança, que perde a oportunidade de conhecer a música pura”, afirma.
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Especialista recomenda que os adultos dediquem
ao menos dez minutos do dia para contar ou
mediar a leitura de histórias com os filhos
Ainda assim, ela reforça que esconder a existência ou proibir músicas desse tipo não é uma estratégia benéfica. “É importante conhecer de tudo e ter repertório para saber do que gosta”, defende. Leila concorda e acrescenta: “A preocupação com a educação auditiva infantil é muito relevante também. Se a criança ouvir só um tipo de música, chegará uma hora em que ela não conseguirá mais, fisicamente, assimilar os outros estilos, por falta de capacidade de fazer as conexões cerebrais necessárias”.
De igual maneira, os livros disponibilizados para os filhos devem ser de todos os tipos, independentemente das histórias que sejam lidas pelos pais. “A partir dos nove meses, os bebês já podem manusear livros de plástico, de pano, com texturas, de papel grosso, gibis. Tudo deve ficar em prateleiras baixas, para que o acesso seja fácil”, sugere Ivy. Para ela, não existe literatura boa ou ruim nessa etapa: o que importa é desenvolver o gosto pela leitura.
Com todos esses recursos, por volta dos oito anos de idade as crianças já começam a mostrar qual gosto musical e literário escolheram para elas. “Não precisa ter medo de a Galinha Pintadinha tornar seu filho menos exigente, desde que ele realmente conheça outras produções”, garante Vivian. “E, se ele frequentar rodas de contação de história, por exemplo, terá uma curiosidade constante e crescente sobre novos livros e autores, o que lapidará seu gosto”, continua Ivy.

Adolescentes

Tudo muito lindo, só que quando chega a adolescência os pais podem ter a impressão de que todo o esforço foi em vão. “Nessa fase, é a turma que influencia no que é acrescentado ao repertório. A influência do meio social é maior do que a da família e mesmo que a da TV”, conta Leila. Ivy exemplifica: “Se todos começam a ler ‘Diário de um Banana’ [série de livros sobre o garoto Greg Heffley, ed. Vergara & Riba], seu filho lerá o ‘Diário de um Banana’. Quando as meninas aparecerem com livros da [autora] Thalita Rebouças, sua filha vai querer ler também. Pertencer ao grupo é essencial na adolescência”.
Mas a tal “sementinha” sempre estará lá, garante Leila. “Ninguém deixa de gostar do que fez parte da sua criação só por estar na puberdade. Existe a possibilidade de haver uma negação, que passará quando seu filho chegar mais perto da idade adulta. Quando amadurecer, ele buscará um retorno às influências da infância e da pré-adolescência, vai querer de volta o que lhe é afetivamente importante. O trabalho dos pais vale a pena, sim”, finaliza.

FONTE:http://delas.ig.com.br/filhos/2013-11-30/gosto-por-musica-e-livros-se-aprende-em-casa.html

Enem 2012: elite pública supera rede privada

Melhores estudantes das escolas públicas tiveram resultados superiores aos da rede privada em três das cinco áreas avaliadas no Enem de 2012

Os melhores estudantes das escolas públicas do País tiveram resultados superiores aos da rede privada em três das cinco áreas avaliadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012. A comparação, divulgada  segunda-feira, 25/11, pelo Ministério da Educação (MEC), inclui os alunos das escolas federais, que tiveram as maiores notas entre todos os estudantes que fizeram a prova. A rede estadual, que concentra mais de 50% dos concluintes que participaram da avaliação, ficou com os piores resultados.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirma que a comparação foi feita usando os 215.530 melhores alunos da escola pública, mesmo número de estudantes dos coégios privados que fizeram a prova. "Nossa preocupação são as cotas. Este ano, 25% das vagas do SiSU (Sistema de Seleção Unificada) vão para alunos de escolas públicas. Esses 25% das escolas públicas são melhores que as escolas privadas", afirmou.

Os 215.530 representam 31,5% dos estudantes que tiveram as notas do Enem divulgadas - para calcular as médias, o MEC só considera estudantes que estejam concluindo o curso e provenientes de escolas que tenham pelo menos dez alunos fazendo a prova. Além disso, o grupo precisa representar pelo menos 50% dos concluintes daquela instituição.

Os melhores estudantes das escolas públicas tivera maiores notas em linguagens e códigos - português e língua estrangeira -, com 593,74 pontos, ciências da natureza (576,76), e redação (616,6). Na comparação entre as redes, as escolas federais tiveram os melhores resultados em todas as áreas, chegando a 625,24 em matemática e 613,07 em redação.

Os piores resultados são da rede estadual, que concentra a maioria dos concluintes. Ainda assim, as médias subiram em três das cinco áreas, na comparação com 2012. Caíram linguagens e códigos, de 527 pontos para 513, e redação, de 507 para 491,41. A rede federal teve queda das notas em quatro áreas: linguagens, matemática, redação e ciências da natureza. Nas escolas particulares, as médias foram inferiores a 2011 também em linguagens, redação e matemática, o mesmo que nas redes municipais.

O Enem por escola foi divulgado nesta terça-feira, 26, pelo MEC. As notas levam em conta as médias apenas dos estudantes que terminavam o ensino médio em 2012 e só são consideradas as escolas com um número representativo de alunos. No total, apenas 11.239 escolas tiveram as notas divulgadas, de um total de 25.744 instituições com 3º ano do ensino médio existentes no País.

"Temos interesse em usar a média do Enem como avaliação do ensino médio no futuro", afirmou Mercadante. Por isso, o ministério tem feito adaptações no cálculo das notas para deixar os resultados mais fiéis à realidade. Hoje, a única avaliação do ensino médio usada pelo MEC é a Prova Brasil, que tem uma amostra muito inferior a dos alunos que fazem o Enem.

FONTE:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2013-11-26/enem-2012-elite-publica-supera-rede-privada.html

Ainda que pequena, melhora no Pisa esconde desigualdade de aprendizado no Brasil

Mais de um em cada três (36%) jovens brasileiros de 15 anos de idade repetiu uma série pelo menos uma vez

Apesar de os resultados do Pisa, divulgados  terça (3/12), mostrarem que o desempenho dos jovens brasileiros melhorou nos últimos anos, ainda persiste o fosse que separa os melhores dos piores alunos. E essa lacuna é resultado da desigualdade socioeconômica.

“Subir quatro pontos por ano no aprendizado de matemática é algo a ser celebrado, mas é preciso ir além dos números e olhar para a desigualdade que não melhorou”, afirma a diretora executiva da ONG Todos pela Educação, Priscila Cruz.
Priscila se refere à diferença de rendimento advinda da desigualdade socioeconômica. “Temos uma proporção muito pequena de jovens em situação de vulnerabilidade social que conseguem bons resultados. O País conseguiu fazer a inclusão, trazer mais gente à escola, mas agora é hora de ter uma política educacional que reduza essa desigualdade.”

Os dados do levantamento mostram que, entre os estudantes mais desfavorecidos, ainda é muito alta a taxa de repetência. No Brasil, mais de um em cada três (36%) estudantes de 15 anos de idade repetiu uma série pelo menos uma vez, uma das mais altas taxas de repetência entre os países que participam no PISA. Tanto que, em média, os alunos brasileiros levam 12 anos para concluir os oito anos do ensino fundamental.
Isso sem contar a evasão escolar, causada, entre outros fatores, porque o currículo não é envolvente, porque o aluno quer ou precisar trabalhar e, claro, como resultado da prevalência de repetência.
Além disso, há a questão estrutural, que abrange desde a precariedade das instalações físicas até a oferta e a qualificação dos professores. No Brasil, a relação professor-aluno nas escolas favorecidas é de 22,9 estudantes para cada docente. Nas que atendem a população em vulnerabilidade social, a proporção sobe para 31,3 estudantes para um professor.

“Em países preocupados com a equidade, acontece exatamente o oposto, se dá mais para quem tem menos”, compara Priscila.
Para o economista Ernesto Martins Faria, coordenador de projetos da Fundação Lemann, o próprio modo de enxergar os resultados do Pisa dá pistas de como a educação tem sido tratada. “A forma como interpretaremos os dados ligados a nível socioeconômico, atendimento e fluxo escolar diz muito sobre o projeto de nação que queremos. Os avanços percebidos na avaliação do Pisa ainda não tiram o país de uma situação muito longe do desejável.”

Avaliação do governo

Nesta terça, ao analisar o resultado do Pisa, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse que a fotografia da educação no Brasil ainda não é boa, mas destacou que os avanços podem ser considerados uma “grande vitória”.
“O resultado em relação a nossa evolução é uma grande vitória da educação brasileira. Não podemos nos acomodar e temos ainda um atraso histórico muito grande quando falamos em qualidade da educação. Fizemos muito, mas temos que fazer muito mais”, disse

Exame

O Pisa é uma prova aplicada a cada três anos para alunos de 15 anos dos 34 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), considerados de primeiro mundo, e outros países convidados, como o Brasil, que participa desde 2000. As áreas do conhecimento avaliadas são Matemática, Ciência e Leitura. A cada edição do exame, uma área é enfatizada - nesse último, Matemática foi o foco.
Na comparação entre 2003 e 2012, o Brasil subiu de 334 para 391 pontos em matemática, um aumento de 57 pontos. Mesmo assim, ocupa a 58ª posição entre os 65 países participantes da última edição e está mais de 100 pontos abaixo da média dos países da OCDE, que foi de 494 pontos.

FONTE:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2013-12-04/ainda-que-pequena-melhora-no-pisa-esconde-desigualdade-de-aprendizado-no-brasil.html