quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Analfabetismo funcional: novos dados, velhas realidades

Chama atenção a porcentagem de adultos no nível proficiente de alfabetização no Brasil - apenas 12% -, apesar do aumento da taxa de escolaridade

Alfabetização adultos

A edição 2018 do Inaf (Indicador de Alfabetismo Funcional) acaba de ser divulgada pelo Instituto Paulo Montenegro e pela ONG Ação Educativa. Não há boas notícias. O termo “analfabetismo funcional” se aplica aos indivíduos com entre 15 e 64 anos de idade que se situam nos níveis 1 e 2 de uma escala de 5 pontos – seria como tirar menos de 4 numa prova.
Embora sem novidades, alguns aspectos do estudo chamam a atenção. O primeiro é que houve um aumento gigantesco na taxa de escolaridade da população nesses últimos 18 anos, período em que o Inaf vem coletando dados. Apesar disso, continua baixo o nível de pessoas funcionalmente alfabetizadas. Na população total, o nível de analfabetismo funcional se reduziu de 39% para 30% da população entre 2001 e 2018. Nos níveis elementar e intermediário fomos de 48% para 59%, ou seja, cerca de 10% morreram ou deixaram de ser analfabetos funcionais e se encontram no nível elementar de alfabetismo funcional.
Também chama atenção a porcentagem de adultos no nível proficiente – apenas 12% -, e isso não mudou ao longo deste século, apesar do aumento da taxa de escolaridade. Este dado é ainda mais grave do que parece:  apenas 34% das pessoas com nível superior encontram-se nesse nível. Este dado combina com o que sabemos do Pisa – apenas 16% dos brasileiros atingem o nível 3 do Pisa, nível considerado minimamente adequado para o indivíduo fazer qualquer tipo de reflexão a partir de uma leitura.
O nível de escolaridade da força de trabalho continua alarmante. Essencialmente a base do setor produtivo é formada por um exército de Brancaleone: 25% dos trabalhadores são analfabetos funcionais e outros 25% possuem o nível elementar, são capazes apenas de “selecionar uma ou mais unidades de informação observando certas condições, em textos diversos de extensão média realizando pequenas inferências”. Ou seja: são incapazes de ler e compreender um manual de instruções. É mais ou menos o que se passava na Inglaterra no século XVIII.
Os relatórios do Inaf – sempre de altíssima qualidade – podem ser lidos como capítulos adicionais de Cem Anos de Solidão: nada muda em Macondo. As iniciativas para ajudar os adultos não apresentam resultados. E o sistema escolar, embora produza mais diplomados, não produz mais gente capaz de usar a leitura para fazer bom uso dela.
Os que advogam a expansão desenfreada da educação encontram aqui um rico material para reflexão: não adianta expandir sem qualidade. Educação de adultos tal como é oferecida também não produz impacto. O setor produtivo não tem sido capaz de qualificar as pessoas no trabalho. Remediar continua sendo mais caro e menos eficaz do que prevenir. Mas o sistema educacional não tem funcionado como um bom preventivo: 70% dos que já concluíram as séries iniciais são analfabetos funcionais e 33% dos que concluíram as séries finais encontram-se nesse mesmo nível. Olhando no reverso do espelho: apenas 1%, 4% e 12% dos concluintes das séries iniciais, finais e ensino médio, respectivamente, atingem o nível proficiente. Este é o Brasil em que nos encontramos em 2018.

Rosely Sayão: Por que as crianças pequenas têm a fase do egoísmo?

A psicóloga Rosely Sayão explica para os pais como funciona a fase do egoísmo dos filhos na infância e como devem lidar com ele.

No programa desta semana, Rosely Sayão responde a dúvida de Marlene, de Sorocaba, no interior de São Paulo. Ela escreveu para o programa e pediu ajuda com a filha, de cinco anos, que demonstra sintomas de egoísmo. sobre “O que devo fazer nessas situações ?”, indagou a leitora.
Rosely explica que nos dias atuais os pais esqueceram como realmente as crianças pequenas se comportam  e os confundem como “mini-adultos”. “Nos relacionamos com as crianças e temos a expectativa de retorno desse relacionamento de adulto”, afirmou.
Em episódios de egoísmo, Rosely explica que é impossível que crianças entre 3 a 6 anos sejam generosos. “Os filhos nesta idade não têm a capacidade de transmitir um conhecimento cognitivo para uma atitude de autocontrole, como empatia”, pondera. “Tudo que a criança sabe é o que eles querem e o que eles gostam”, completa.
Rosely aconselha os pais a não verem os filhos como egoístas porque seria como um diagnóstico médico.
“Quando olhamos para os filhos e enxergamos apenas um filho egoísta podemos traçar o caminho futuro”.

Escola de madeira no Tocantins vence prêmio internacional de arquitetura

Aldeia Infantil, de Marcelo Rosenbaum e do grupo Aleph Zero, foi eleita melhor construção do mundo


A escola Aldeia das Crianças, unidade da Fundação Brasdesco em Canuanã, no Tocantins, projetada pelos arquitetos Aleph Zero e Rosenbaum, ganha o Prêmio Internacional RIBA 2018 (Leonardo Finotti/.)

Uma escola de madeira na fazenda Canuanã, na área rural de Formoso do Araguaia, a 300 quilômetros de Palmas, em Tocantins, foi eleita a melhor construção do mundo pelo Prêmio Internacional Riba 2018, concedido aos melhores projetos mundiais a cada dois anos.
Parte da Fundação Bradesco, a Aldeia Infantil é assinada por Marcelo Rosenbaum e pelos arquitetos do grupo Aleph Zero. “A melhor construção do mundo precisa nos tirar do lugar comum e nos levar a um lugar de desafios, que nos lembre por que a arquitetura ainda é relevante”, disse Elizabeth Diller, parte do júri do prêmio, sobre a seleção. 
A Aldeia Infantil é uma escola fazendária que serve como um internato para 540 crianças e adolescentes, de 7 a 17 anos, e foi feita com o intuito de lembrar as casas dos alunos. O projeto foi desenvolvido a partir de conversas e visitas às famílias dos estudantes. A preocupação foi manter o ambiente fresco e aconchegante no calor do Norte do Brasil, em torno de 40ºC.
A escola Aldeia das Crianças, unidade da Fundação Brasdesco em Canuanã, no Tocantins (Leonardo Finotti/.)
No local, há espaço para acomodar trabalhadores rurais, funcionários e professores, além de salas de aula, um refeitório e um pequeno hospital. Jardins, salas de diversão e passeios também foram incluídos na arquitetura.
Os prédios têm tetos apoiados em vigas e colunas de madeira laminadas e detalhadas. Há aberturas para três jardins paisagísticos alinhados aos dormitórios. Nos quartos, há painéis nas portas que têm padrão diferente entre um e outro.
Os quartos dispõem de banheiros, chuveiros e uma lavanderia ventilados a partir de alvenaria perfurada, feita à mão. Há, ainda, escadas de madeira e passarelas com sacadas, proporcionando vistas do local e dos pátios.




Prêmio

O júri do Prêmio Internacional Riba 2018 recebeu 20 propostas, e, ao final, ficaram quatro, além da aldeia infantil brasileira concorriam um centro universitário em Budapeste, uma escola de música no subúrbio de Tóquio e um conjunto de prédios em Milão, na Itália.
O Prêmio Internacional Riba 2018 escolhe o projeto que representa a excelência em arquitetura e que proporciona impacto social significativo. A premiação ocorre a cada dois anos e a data é anunciada às vésperas da definição.
Em 2016, o Prêmio Internacional Riba inaugural foi concedido à Grafton Architects por seu extraordinário prédio universitário, a Utec, Universidade de Engenharia e Tecnologia, de Lima, no Peru.
(Com Agência Brasil)