quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Escola norte-americana reduz suspensões e problemas disciplinares com meditação

Ao contrário das punições tradicionais para problemas de disciplina, meditação e aromaterapia: uma escola norte-americana trocou a detenção e as suspensões por técnicas de relaxamento para mudar o comportamento dos alunos. Os resultados são menor ocorrência de brigas e, claro, mais disciplina. 
Em Baltimore, a escola de ensino fundamental Robert W. Coleman adotou a meditação como resposta aos problemas disciplinares dos estudantes. As sessões são realizadas em uma sala específica, chamada “Mindful Moment Room” (“Sala de Momento Consciente”, em tradução livre). No espaço, estudantes se acomodam em meio a almofadas e tapetes de yoga e fazem exercícios de respiração. 
Objetivo da iniciativa é oferecer um espaço calmo na vida turbulenta dos estudantes. | Holistic Life Foundation.
Parceria 
O projeto é resultado de uma parceria com a ONG Holistic Life Foundation, que aloca funcionários na escola para trabalharem diretamente com alunos que apresentam problemas de disciplina. 
Em cada situação de comportamento inapropriado, um funcionário conversa com o estudante, o incentiva a falar sobre o problema e então realiza exercícios de respiração e meditação até que se acalmem. Além disso, todos começam e terminam o dia letivo com quinze minutos de meditação, e têm acesso a aulas de yoga durante todo o dia. 
O objetivo da iniciativa é oferecer um espaço calmo na vida turbulenta dos estudantes: 80% dos alunos da escola são de baixa renda, e cerca de 25% vivem abaixo da linha de pobreza. 
“Algumas das nossas crianças são moradoras de rua. Alguns vêm para a escola em situações em que não têm luz ou comida em casa. Eles veem crimes acontecerem nos seus bairros”, disse o diretor da escola, Carlillian Thompson, em entrevista à CNN. “Então estamos nos esforçando muito para que esse seja um lugar em que as crianças se sentem seguras e onde suas necessidades são atendidas.”  
A mudança teve resultados desde a implementação: Thompson afirma que se tornou raro receber alunos na diretoria para tratar problemas de disciplina. 
Preocupação 
No Reino Unido, a preocupação com a consciência é incentivada pelo Ministério da Educação como uma prática a ser adotada no cotidiano escolar. De acordo com o ministro Edward Timpson, a abordagem é uma ferramenta necessária para que as crianças e adolescentes se conectem consigo mesmas. 
“As crianças não conseguem se desconectar do mundo online, e isso está mudando a forma de muitos dos seus relacionamentos e as pressões que eles sofrem em uma idade muito mais tenra”, disse durante um debate no Parlamento. 
“Queremos que as escolas tenham uma abordagem holística que faça falar de sentimentos, emoções e bem-estar como algo normal para os alunos”, completou o ministro. 
Benefícios 
Os benefícios da meditação foram analisados em um estudo realizado com quase 1800 estudantes de seis países sobre o impacto da prática no desempenho e bem estar dos alunos. A pesquisa aponta que o ensino de meditação nas escolas leva a emoções mais positivas, maior otimismo, melhor autoestima e autoaceitação e menos níveis de ansiedade e depressão. 
Essas mudanças emocionais, de acordo com o estudo, geram também melhorias na aprendizagem, com melhor desempenho acadêmico entre os alunos que praticam meditação regularmente. Entre os ganhos para a aprendizagem, foram observados maior criatividade, foco e flexibilidade cognitiva, além de maior agilidade no processamento de informações e melhoria na memória. 
De modo similar, estudo conduzido por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) aponta que a meditação reduz problemas de comportamento e agressividade entre crianças e adolescentes. Com base em uma análise de pesquisas feitas com crianças e adolescentes de 6 a 18 anos, em um período de 26 anos, acerca dos efeitos de práticas de meditação em ambientes como escolas, clínicas e centros comunitários. 
Os benefícios da meditação são ainda mais comprovados em adultos: estudos realizados ao longo de três décadas mostram ganhos em longo prazo na redução de estresse psicológico e outros problemas de saúde relacionados, como ansiedade, depressão, distúrbios do sono e abuso de flutuações de peso. 
Medida complementar 
A meditação auxilia no equilíbrio emocional, mas a técnica não substitui terapia ou outras formas de assistência especializada. Para o professor Argos Gonzalez, criador do projeto Mindful Schools, que leva técnicas de meditação para escolas, a atividade não substitui terapia, mas alivia o estresse no momento de crise, “por tempo suficiente para alguém intervir”.
“Às vezes os papeis se confundem – professores, terapeutas, assistentes sociais”, explica Gonzalez. “Se não tratarmos o barulho na cabeça da criança quando ela o traz de fora da escola, não importa quão bom o professor seja, ele não terá muito sucesso.”

Prêmio dá R$ 200 mil a escolas por projetos de educação integral

A Escola Municipal Piratini, na região de Pinheirinho, em Curitiba, tem cerca de 400 alunos. A maioria mora no entorno, em casas com poucos cômodos e muita gente. A principal opção de lazer para as crianças é a própria rua, que não oferece segurança. É nesse contexto social que atua o projeto Protagonistas em Ação, desenvolvido há cinco anos por meio de uma parceria entre a escola municipal e o Centro de Transformação Social Vida Nova, uma organização da sociedade civil (OSC) local. 
Escola Municipal Piratini, em Curitiba, oferece atividades esportivas e culturais  | Centro de Transformação Social Vida Nova
A iniciativa foi uma das 32 finalistas da 12º edição do Prêmio Itaú-Unicef, que busca estimular ações de educação integral em todo o Brasil. Na cerimônia de premiação, realizada na última segunda-feira, dia 11, em São Paulo, foram anunciados os quatro vencedores. O projeto Protagonistas em Ação não levou a recompensa de R$ 200 mil, mas Doris Faria, assistente social e fundadora da OSC de Pinheirinho, diz que ter chegado à última etapa do prêmio entre 1.651 concorrentes já valeu como um importante reconhecimento do trabalho. A premiação em dinheiro também ajuda: a escola ganhou R$ 60 mil reais por ter chegado à final.
De acordo com Doris, o principal objetivo do Protagonistas em Ação é unir instituição de ensino, OSC e famílias, a fim de proporcionar melhores condições de desenvolvimento para as crianças. Matheus Henrique da Silva Campolim, 9, está no terceiro ano e é um dos 30 estudantes que fazem parte do projeto. Entre as atividades de informática, reforço de matemática e de português, rodas de leitura, olimpíadas de conhecimento e capoeira, a que ele mais gosta é essa última. Mas ele também gosta de ler, e mostra que sabe contar suas histórias preferidas de cor. 
Há três anos como um “protagonista em ação”, Matheus incrementou o projeto com uma atividade. “Eu inventei o piquenique”, conta ele. “A gente coloca uma toalha bem bonita no chão, cada um traz uma coisa para comer, e a gente divide tudo”, explica o menino. A ideia virou rotina e o piquenique passou a acontecer toda quinta-feira, no espaço da escola ou do centro. 
Pará 
Do outro lado do país, na cidade de Bragança, no Pará, outros estudantes também estão tendo a oportunidade de criar novos hábitos na escola e na comunidade onde vivem. No projeto Aluno Repórter – a Imprensa na Escola, os estudantes aprendem a elaborar pautas, buscar informações dentro e fora da escola e transformar a apuração em reportagens. O material é veiculado de segunda a sexta, das 8h às 9h, pela rádio Educadora AM, que tem alcance em Bragança e municípios vizinhos, e ainda pela TV Educadora. 
Esse trabalho conjunto da Fundação Nossa Senhora do Rosário com a Escola Estadual de Ensino Fundamental do Rocha foi um dos vencedores da 12ª edição do Prêmio Itaú-Unicef. Também foram premiados os projetos Cultura, Esporte e Cidadania, de Criciúma, em Santa Catarina; Olho Vivo, de Niterói, no Rio de Janeiro; e Circulando Cultura na Escola, de Major Sales, no Rio Grande do Norte. 
Aprendizado extracurricular 
Com uma proposta de oficinas esportivas e culturais e promoção de cursos profissionalizantes em parceria com o Senai, o projeto Cultura, Esporte e Cidadania envolve 565 crianças e adolescentes e é encabeçado pela Escola Municipal de Educação Básica e Ensino Fundamental Padre Paulo Petruzzellis e pela organização Bairro da juventude. 
Já o projeto Olho Vivo é de responsabilidade da Escola Estadual Guilherme Briggs junto com a Associação Experimental de Mídia Comunitária (Bem TV). Nele, 54 adolescentes entre 13 e 18 anos aprendem a fotografar, filmar e desenvolver aplicativos com objetivo não só na inserção profissional, mas também no desenvolvimento da criticidade. 
Na ação da escola Municipal Antonio José da Rocha com a Associação Comunitária Sociocultural de major Sales, as atenções estão voltadas para as tradições populares. Através do Circulando Cultura na Escola, os alunos são incentivados a conhecer a cultura local por meio da troca com mestres e mestras da região e de um mapeamento sobre as histórias, lendas, artesanatos, ofícios e manifestações presentes no entorno onde vivem e estudam. O aprendizado é exibido em apresentações de música, dança, teatro e contação de história para a comunidade. 
Premiação
Todos os projetos concorrentes ao Prêmio Itaú-Unicef são frutos de parcerias entre escolas públicas e organizações da sociedade civil, criadas com foco na promoção de atividades que proporcionem o aprendizado extracurricular. “A proposta de educação integral permite levar em conta todos os componentes do desenvolvimento de um jovem, tanto cognitivo como social, afetivo, físico e emocional. Por isso a educação integral favorece o desenvolvimento e contribui, ao final, para reduzir as desigualdades sociais, que é o nosso maior desafio no Brasil”, afirmou a representante do Unicef no Brasil, Florence Bauer. 
De acordo com Bauer, o país tem hoje cerca de 2,8 milhões de crianças e adolescentes fora da escola. Atrair esses jovens para as salas de aula e, ao mesmo tempo, evitar a evasão daqueles que já estão matriculados estão entre as principais colaborações que se acredita que a educação integral pode ter. 
Para fomentar essa proposta, o Itaú Social e o Unicef propõem a formação de educadores ao longo de todo o ano, além de oferecer o estímulo financeiro. As premiações em dinheiro são distribuídas em três etapas. Neste ano, do total de inscritos, foram pré-selecionados 96 iniciativas, que receberam R$ 20 mil. Destes, chegou-se à escolha das 32 finalistas, dotadas com mais R$ 40 mil. Os últimos quatro ganhadores levaram R$ 200 mil. De acordo com o regulamento do prêmio, esses recursos devem ser destinados à manutenção e ampliação dos projetos, por parte das OSCs, e ao fortalecimento de ações de educação integral, no que cabe às escolas. 
A partir de 2018, as edições do prêmio passarão a ser anuais, em vez de bienais, como vinha sendo desde que o prêmio foi criado, há 22 anos.

Professora acusa alunos de tentar envenená-la

A professora Célia de Oliveira Schonherr, de 46 anos, acusa alunos do Ensino Médio de tentar matá-la por envenenamento. O caso aconteceu na sexta-feira, 8, na Escola Estadual Santa Elvira, em Juscimeira, interior de Mato Grosso. Na delegacia, Célia registrou boletim de ocorrência por tentativa de homicídio. 
Vista aérea de Juscimeira (MT), onde o caso aconteceu | Prefeitura de Juscimeira
Segundo a coordenação pedagógica da escola, a professora ministrava aula no 1º ano do Ensino Médio quando alguns alunos começaram a borrifar um desodorante em spray nos fundos da sala de aula. Célia pediu para que os adolescentes parassem mas, como não foi atendida, decidiu tirar todos da sala devido ao cheiro forte e terminou a aula no corredor.
Antes de se dirigir à turma do 6º ano para dar a próxima aula, a professora bebeu água e, imediatamente, sentiu a garganta arder. Também relatou um forte cheiro de álcool na garrafa, de acordo com a escola. No dia seguinte, Célia afirmou à direção que suspeitava que algum aluno do Ensino Médio tivesse colocado perfume em sua garrafa d'água. 
O marido da professora, Adriano Schoenherr, disse que Célia está internada em Juscimeira para exames e que vomita qualquer alimento que ingere. "São crianças que conhecem a minha esposa desde bebês. A gente fica com o coração apertado, pois são crianças", disse. 
Em nota, a Secretaria de Estado de Educação afirmou que "acompanha com atenção" o estado de saúde da professora e que ela "está sob cuidados médicos, desde a semana passada, após uma crise alérgica". A escola realizou reunião com pais e alunos.
O caso foi encaminhado ao Conselho Tutelar da cidade. O depoimento da professora está em mãos do delegado de Juscimeira, Bruno Sérgio Magalhães, para despacho. A coordenação pedagógica da escola afirma que a garrafa d'água teria sido recolhida pela diretora, mas não soube informar se o líquido passará por perícia. 
Célia dá aulas de Português no ensino médio e fundamental há 16 anos. Por telefone, a coordenação pedagógica disse lamentar que o caso tenha acontecido numa cidade tão pequena onde todos se conhecem. A professora disse que, mesmo ciente das dificuldades na área de educação, nunca imaginou que seria um dia vítima da suposta tentativa de homicídio.