segunda-feira, 29 de julho de 2013

OS DESAFIOS DA ADOLESCÊNCIA

Como tratar assuntos como sexo, drogas, vida escolar e profissão? Especialistas e mães compartilham orientações e experiências


Alexandre Carvalho/Fotoarena
Mariângela e o filho João, de 15 anos: acompanhamento e
caronas para as festinhas
 
 
Depois de noites maldormidas porque seu filho queria mamar ou fez xixi na cama, chega a adolescência e os motivos das noites maldormidas são substituídos: preocupar-se com o paradeiro dele ou buscá-lo em festinhas durante a madrugada são alguns. Pelo menos é o que a agente de viagens Mariângela Pinto Ferreira, de 50 anos, faz atualmente por seu filho João, de 15: ela prefere levá-lo e buscá-lo nas festas para, entre outros motivos, estar mais próxima a ele. Esta proximidade, nesta fase, é mais necessária do que alguns pais podem imaginar. E deve estar permeada de conversas e esclarecimentos.

As alterações físicas e comportamentais da adolescência aumentam as possibilidades de conflitos entre pais e filhos dentro de casa e, além disso, podem deixar os pais tão preocupados a ponto de não saberem como agir. Com a exposição e proximidade dos adolescentes ao sexo e às drogas, circunstâncias que amedrontam a maioria dos pais, além das diversas dificuldades potenciais do ambiente escolar e das relações sociais, orientar e educar os filhos já jovens parece um trabalho ainda mais árduo do que criá-lo através da infância. Mas não é. Um dos princípios a serem seguidos é o exemplificado por Mariângela: estar realmente ao lado.

Segundo o médico hebiatra Maurício de Souza Lima, vice-presidente do Departamento de Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo, conversar com naturalidade, mesmo sobre assuntos desconfortáveis, é uma das principais atitudes que os pais devem tomar nesta fase da vida do filho. “Muitos pais têm dificuldades com isso, mas é o melhor caminho para ter êxito na criação”, diz. Mas nada de chamar o filho de canto para tratar de “assuntos sérios”. À medida que a criança vai crescendo, os assuntos devem ser naturalmente inseridos na conversa por meio da televisão, das revistas, até mesmo dos vizinhos. De acordo com o médico, aproveitar as informações para emitir opiniões ao filho, mesmo que ele só escute, já é um grande passo.

Para o psicólogo especialista em adolescentes Caio Feijó, estar bem informado sobre a maioria dos assuntos é essencial. “Nas questões relativas a sexo e drogas, por exemplo, pais não tão informados quanto os filhos não conseguem se comunicar”, afirma. Autor dos livros “Pais Competentes, Filhos Brilhantes” (Novo Século Editora) e “Educando Filhos e Alunos (Histórias de Sucesso)” (Ajir Editora), entre outros, ele conta que, sabendo mais que os filhos, os pais ganham o respeito e o interesse dos menores pelos conselhos.

Vamos falar de sexo?


Para a dona de casa Joanisa de Campos Leite Ascava, 51 anos, falar com os seis filhos – Lívia, Caio, Daniel, Luisa, Arthur e Letícia – sobre sexo durante a adolescência não foi algo simples. Por medo de que eles abreviassem a vida sem preocupações típica da fase e tivessem que assumir um filho antes da hora, ela sempre reforçou que, caso isso acontecesse, os filhos assumiriam toda a responsabilidade e a juventude deles chegaria ao fim. Mesmo assim, Joanisa nunca chegou a falar às filhas sobre como evitar uma gravidez: “Na minha cabeça isso não é possível. Não poderia dizer às minhas filhas que não se esquecessem de tomar a pílula, por exemplo”.

Enquanto alertava os filhos para terem cuidado, Joanisa confiava no imenso leque de informações sobre o assunto que eles teriam na escola e presenteou os filhos com livros a respeito do tema. “Os adolescentes vão procurar informações, por curiosidade, fora da escola e de casa. Mas se os pais puderem acrescentar cada vez mais detalhes, conforme percebem que o filho já tem a maturidade necessária para entender, mais fácil será evitar dilemas no futuro”, afirma Caio.

De acordo com Kátia Teixeira, psicóloga especialista em adolescência da Clínica EDAC (Equipe de Diagnóstico e Atendimento Clínico), de São Paulo, ao mesmo tempo em que a sexualidade está exposta abertamente, muitos pais acreditam que falar abertamente sobre o assunto dá aos filhos uma sensação de liberdade para fazer o que quiserem. É uma falsa impressão. “Os pais precisam entender que evitar falar sobre sexo não significa que os filhos não terão contato com o tema”, diz. Conversar a respeito, por outro lado, possibilita ao jovem uma tomada de decisão mais consciente.

Os pais devem enfatizar a necessidade do uso de preservativos sempre: “É preciso informá-los que não é porque o adolescente transou três vezes com uma mesma pessoa que não é mais preciso se proteger”, reforça o hebiatra Mauricio.

Drogas: você fumou maconha, filho?

De acordo com o psicólogo Caio, as drogas costumam estar muito mais presentes na vida dos filhos do que os pais imaginam. “É uma ideia equivocada não falar sobre o assunto e acreditar que eles não entram em contato”, diz. “Parece que os adolescentes não veem nada de mal nisso, tanto como em usar maconha como usar outras drogas que entram no circuito deles”, reforça Mauricio.

A maconha costuma ser a primeira droga ilícita a surgir na vida de um adolescente e, segundo estudo norte-americano, quanto mais cedo for usada, maiores as chances dos jovens terem as funções cerebrais danificadas. Os pais, portanto, devem estar sempre atentos ao comportamento que o filho apresenta. “Eles precisam entender como o filho é, como ele se constituiu. Só assim vão perceber caso as características mudem”, afirma Kátia. Joanisa percebeu quando um de seus filhos estava fumando maconha: “Eu descobri depois de reparar que ele tinha mudado algumas atitudes comuns dele, como a maneira de se vestir”.

De acordo com Kátia, os pais sempre devem falar dos perigos do envolvimento com qualquer tipo de droga. Mas mais essencial é observar a autoestima do filho. “O adolescente está buscando uma identidade e, nessa busca, ele vai encontrar pessoas que lhe atraem de alguma forma, com drogas ou não”. Portanto, ele precisa ter sempre o suporte da família para estar seguro de si.

O que você bebeu na festa?
De acordo com pesquisa realizada pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), três em cada dez adolescentes consumiram álcool pela primeira vez dentro de casa. De acordo com Caio Feijó, pais devem também dar a devida importância para o contato dos filhos com as bebidas. Mariângela encontrou uma abordagem efetiva com o filho João: “Eu falo sobre o que a mulher pode achar de homens que bebem e, quando eu o busco nas festinhas, ele conta que os meninos que beberam não se deram bem com as meninas”.

Chega de computador por hoje

A chamada “Geração Z” costuma ter muito mais intimidade com internet, redes sociais e celulares do que os pais. Sobra aos pais duas atitudes: além de se atualizarem sobre o tema, para entender o filho, eles devem impor limites. “Muitos adolescentes estudam de manhã e não aproveitam o tempo durante a tarde, pois passam horas na frente do computador”, exemplifica Kátia.

Mas nada em exagero faz bem para a saúde e o computador também entra nesse time. “O adolescente terá um preço a pagar se ficar abusando do tempo na internet, por exemplo”, diz o hebiatra Mauricio. Problemas na coluna ou péssimas notas na escola por passar a madrugada mandando mensagens de texto pelo celular para a namorada são algumas das consequências. “Vale estipular quanto tempo seu filho pode passar no computador ou bloquear a possibilidade dele passar a tarde toda em jogos virtuais”, completa.

Como foi a escola?

O segredo é encontrar uma forma de estar presente nesta área da vida do filho, sem invadi-lo. “O principal a fazer é acompanhar o dia a dia deles”, diz Mauricio. Isso inclui acompanhar as atividades escolares e o comportamento dos filhos dentro da escola. “Hoje pai e mãe trabalham fora e, quando chegam em casa tarde da noite, não querem dar bronca no filho por nada que ele tenha feito. Mas desta forma ele fica perdido e quando chega o fim do ano, ele tem um monte de recuperações”, afirma o médico.

A maior preocupação da gerente de contas Isabela Kauffmann, de 42 anos, são os estudos do filho Lucas, de 17. Ele sempre foi um jovem muito sociável e tranquilo, mas repetiu o 2º colegial no ano passado. A maior dificuldade da mãe atualmente é fazê-lo entender o tempo que ele está perdendo por não se comprometer o bastante com os estudos. “Escuto dos professores que ele simplesmente não presta atenção”, diz a mãe.

Segundo ela, colocar o adolescente de castigo hoje em dia não adianta. Por isso, ela prefere fazer o filho entender, na pele, as consequências dos seus atos. “Eu ia dar uma viagem de intercâmbio para ele se passasse de ano. Não passou, então ficou sem”, explica ela.

O que você quer ser quando crescer?

Enquanto o filho ainda está decidindo para o que vai prestar, os pais devem manter uma certa distância. “Senão, eles podem influenciar o filho a fazer uma escolha errada”, diz Mauricio. Para Katia, existem vários fatores que podem influenciar e até motivar um adolescente – como seguir realmente a profissão do pai –, mas por ele ainda estar em busca de uma identidade, os pais devem dar chances para que ele se encontre: “Ele pode ficar muito perdido, então os pais podem dar direcionamentos com base nas matérias escolares que ele mais gosta, por exemplo, mas nunca pressioná-los”.

FONTE:http://delas.ig.com.br/filhos/os+desafios+da+adolescencia/n1596975899389.html

Distração de adolescentes pode ter explicação neurobiológica

A falta de atenção típica da fase pode ser causada por fatores biológicos. Mas especialistas afirmam que esta não é a única razão


Getty Images
Adolescentes nem sempre são capazes de se
concentrar: condição neurológica e preguiça se confundem
 
 
A cena é comum: você abre a porta de casa e seu filho adolescente, que deveria estudar para a prova de geografia, deixou os livros em cima da mesa e foi brincar com o irmãozinho ou zapear entre os canais de televisão. Você o chama de relaxado, o lembra de que é mais importante e invariavelmente ele diz que não consegue se concentrar. Você pode até achá-lo irresponsável, mas uma recente pesquisa britânica revela que, dependendo do caso, a neurobiologia também pode explicar o problema.

Realizado pelo Instituto de Neurociência Cognitiva da University College London (UCL), da Universidade de Londres, na Inglaterra, o estudo publicado no Jornal da Sociedade de Neurociência indicou que o cérebro dos adolescentes está estruturalmente mais parecido ao das crianças do que ao dos adultos. “Não é sempre fácil para os adolescentes prestarem atenção às aulas, por exemplo, sem deixarem a mente divagar. Mas isso não acontece por culpa deles”, afirmou o Dr. Iroise Dumontheil, um dos autores da pesquisa, ao site do jornal britânico The Guardian.

Juntamente à equipe de pesquisa, ele monitorou, por meio da ressonância magnética, as atividades cerebrais de um grupo de adolescentes enquanto tentavam resolver um problema matemático. No entanto, a região do cérebro chamada de córtex pré-frontal, responsável pela tomada de decisões e também pela realização de diferentes tarefas ao mesmo tempo, entre outros encargos, apresentava um nível inesperado de atividades, indicando que o cérebro estava sendo menos eficaz que o de um adulto e atuando de maneira caótica.

Ainda de acordo com o The Guardian, a Dr. Sarah-Jayne Blakemore, líder do estudo, afirmou que a grande quantidade de substância cinzenta – corpos celulares que carregam mensagens dentro do cérebro – é a principal razão para tal movimentação no cérebro. À medida que envelhecemos, esta quantidade diminui. Mas para a psicóloga Carolina Nikaedo, especialista em adolescentes da Clínica EDAC - Equipe de Diagnóstico e Atendimento Clínico, em São Paulo, são vários os fatores que devem ser considerados para justificar a falta de atenção.

Tudo ao mesmo tempo
       
Segundo a especialista, a região frontal do cérebro também tem uma participação muito ativa no que é chamado de capacidade de controle inibitório, que nos ajuda a focar a atenção numa palestra ou numa aula, por exemplo, e inibir outros estímulos, como pessoas conversando ou o barulho de um ventilador. “Por ser esta uma região que se desenvolve por um grande período após o nascimento, não é que a criança ou o adolescente não preste atenção em nada, mas sim pode estar prestando atenção em tudo ao mesmo tempo”, explica.

Esta habilidade – ou a falta dela – explica também o envolvimento emocional que possuímos com uma determinada atividade, independentemente de sermos adolescentes ou adultos. “Se jogar videogame gera mais prazer a um indivíduo, ele estará liberando as substâncias desta sensação, que facilita o funcionamento da região do córtex pré-frontal do cérebro e consequentemente a inibição de outros estímulos”, revela. Portanto, se os estudos não atraem tanto o adolescente, será comum deixar os livros sempre para depois.

Mas de acordo com Geraldo Possendoro, psiquiatra, psicoterapeuta e mestre em Neurociências e Comportamento pela Universidade de São Paulo (USP), é preciso lembrar que o processo de desenvolvimento da atenção é muito mais complexo do que imaginamos. E os aspectos neurobiológicos inclusos neste processo ainda não são inteiramente conhecidos: “até então não há certeza absoluta sobre as estruturas cerebrais de um adolescente, se já estão maduras e se as atividades já estão sendo realizadas de forma completamente adequada”.

Na opinião do especialista, embora a estrutura que torna alguém capaz de prestar atenção ainda não esteja completamente desenvolvida, na adolescência ela está prestes a chegar ao fim. Mas há variações neste desenvolvimento: “as pessoas possuem ritmos diferentes, então algumas amadurecem este mecanismo mais cedo, outras mais tarde”. Mas segundo ele, também há uma terceira justificativa para a falta de atenção que não corresponde ao processo atencional ou à irresponsabilidade: o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

Transtorno ou preguiça?

        
Nas pessoas com TDAH, a liberação de neurotransmissores relacionados à atenção é desregulada. Isso dificulta, entre outros aspectos, a concentração. Segundo Possendoro, a primeira suspeita acerca de uma criança com TDAH costuma ser feita na escola, onde os professores observam o comportamento dos alunos diariamente. “Mas 60% destas crianças acabam melhorando espontaneamente quando chegam à adolescência”, revela ele, que ainda afirma que, para diagnosticar o transtorno, muitos critérios devem ser analisados.

No entanto, Nikaedo lembra que os pais devem ficar atentos à irresponsabilidade e à preguiça dos adolescentes. “Este tipo de informação sobre as questões de neurodesenvolvimento se tornou acessível, então eles podem acabar colocando a culpa no cérebro, como se não tivessem controle”, explica a especialista. É preciso estar atento para não deixar que tal desculpa explique o problema sem que seja propriamente avaliada, mas também não deve ser ignorada como se o TDAH fosse apenas uma moda da modernidade.

Tecnologia 24 horas
       
Toda a tecnologia envolvida na vida atual traz um constante incentivo para que os adolescentes tenham sua atenção dividida, e não concentrada. Mas culpar somente a tecnologia não é a solução. “Se o meio exige do cérebro cada vez mais uma atenção dividida, com a televisão, o rádio, a internet 24 horas, as crianças se predispõem a isso desde cedo”, avalia Possendoro.

Para Nikaedo, a tecnologia pode colaborar para o desenvolvimento da criança, mas as escolas precisam saber como utilizá-la. “Um adolescente que tem tudo dentro de casa pode acabar se entediando quando chega à sala de aula e senta numa cadeira dura para ficar prestando atenção somente ao professor”, completa a especialista.

A solução, para Possendoro, é que as escolas passem a estimular a atenção focada, a capacidade de concentração das crianças. E em casa isso também pode acontecer: “é preciso proporcionar momentos cotidianos para que elas se foquem, seja conversando com os pais ou lendo um livro ao invés de estarem com milhares de janelas abertas na internet, falando com os amigos no MSN e assistindo TV ao mesmo tempo”.

Outra possibilidade é dividir o tempo de estudo em períodos menores também pode colaborar para o maior desempenho. “Se você sentar e estudar por cinco horas seguidas, por exemplo, provavelmente três horas serão improdutivas”, diz Nikaedo. Então ela indica que a presença de intervalos a cada 45 minutos, por exemplo, pode tornar este período mais produtivo quando o cérebro ganha momentos de descanso.

FONTE:http://delas.ig.com.br/filhos/distracao+de+adolescentes+pode+ter+explicacao+neurobiologica/n1237666271627.html

Educação é prioridade para 80% dos jovens brasileiros, diz estudo...

Um terço da juventude dos países ibero-americanos questiona o funcionamento básico das escolas. Jovens brasileiros são os mais críticos e também os mais liberais em relação a temas controversos, apontam pesquisas.
A juventude ibero-americana de hoje é, em termos gerais, otimista sobre seu futuro, valoriza a educação, mas confia pouco nas instituições. Já o jovem brasileiro coloca a qualidade da educação como prioridade, é mais liberal em temas polêmicos e confia mais nas instituições que os outros jovens ibero-americanos.
Os dados foram apresentados em pesquisas divulgadas nesta semana. Uma delas foi feita pela Organização Ibero-Americana de Juventude (OIJ), que ouviu mais de 20 mil jovens. O objetivo do estudo, intitulado O Futuro já Chegou, é ampliar o conhecimento sobre os jovens através das opiniões das mais de 150 milhões de pessoas entre 15 e 29 anos que vivem em mais de 20 países ibero-americanos, o que representa 26% da população total.
Para Luis Alberto Moreno, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento – instituição que também participou da pesquisa –, investir na juventude é escutá-la e decifrar suas mensagens.
"Estamos diante de uma juventude que não se conforma, que pede melhores oportunidades, melhor qualidade de educação, de saúde, de instituições e oportunidades de emprego e de empreendimento", afirmou Moreno durante o lançamento da pesquisa. Para ele, os recentes protestos que tomaram as ruas do país com grande participação de jovens revelam que os jovens reconhece a importância da sua participação para a construção do futuro.
Outro aspecto apontado pela pesquisa é a presença da violência na vida do jovem. Segundo os dados, os brasileiros são os que mais reconheceram esse problema no seu ambiente. Apesar disso, o jovem brasileiro se mostrou mais aberto em relação a questões mais controversas, como aborto, legalização da maconha e a acolhida de imigrantes. Segundo o estudo da OIJ, cerca de 40% dos jovens brasileiros têm uma visão oposta à dos pais em relação a esses temas.

Educação melhor

Cerca de 80% dos jovens brasileiros consideram a educação uma prioridade, resultado 4,75 pontos superior ao registrado entre os mais velhos, segundo pesquisa da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República divulgada também nesta semana. O estudo ouviu mais de 11 mil jovens antes da eclosão dos protestos que ocuparam as ruas de várias cidades do país.
Em relação aos jovens de outros países ibero-americanos, o brasileiro respondeu de forma mais negativa que todas as outras regiões. Cerca de 40% deles, por exemplo, disseram que o ambiente escolar é violento. Ao mesmo tempo, pouco menos de 10% afirmaram que o ambiente escolar é exigente academicamente.

Manifestante mostra cartaz pedindo melhoras na educação no país
 
Para o secretário-geral da OIJ, Alejo Ramírez, a educação é uma demanda clara da juventude. "O melhoramento dos processos educativos, tanto no ensino médio quanto na universidade, é uma demanda clara e precisa dos jovens ibero-americanos", disse Ramírez à DW Brasil. "Eles sabem que a educação é o único jeito de garantir algum sucesso na vida profissional."
Essa também é a visão de Bruno Vanhoni, assessor internacional da Secretaria Nacional de Juventude (SNJ) da Presidência da República. Ele disse à DW Brasil que o modelo do ensino médio brasileiro é pouco atraente para os jovens. "É um debate que vem se arrastando há alguns anos e tem ganhado força", disse, ao se referir às propostas de reformulação do currículo e das metodologias adotadas no ensino médio.
Apesar das críticas ao sistema educacional, a universidade aparece na pesquisa da OIJ como a instituição mais confiável na opinião dos jovens. "É um espaço de aspirações porque nem todos vão chegar à universidade, mas se eles estão falando que a instituição com a melhor imagem é a universidade, então há uma vinculação entre a educação e o futuro dos jovens", explicou Ramírez.

Expectativas

Com a pesquisa da OIJ, foi possível estabelecer um índice de expectativas, que funciona como uma espécie de ranking que mede o grau de perspectiva positiva ou negativa dos jovens de cada país a respeito dos próximos cinco anos. O índice – baseado em variáveis subjetivas – serve para complementar dados objetivos, como o PIB (Produto Interno Bruto), para fornecer mais subsídios na construção de políticas públicas para a juventude.
Para construir o índice, os jovens atribuíram uma nota de 1 a 10 para itens como corrupção, emprego estável, desigualdade, etc. Segundo o estudo a OIJ, os jovens de Equador, Costa Rica e Nicarágua são os mais otimistas. Brasil, Guatemala e Portugal têm a visão mais negativa sobre o futuro.
Apesar das respostas negativas sobre o futuro, o jovem brasileiro é mais engajado, segundo a pesquisa. "O brasileiro tem um perspectiva não necessariamente otimista sobre o futuro, mas tem melhor vinculação com as instituições que outros jovens da América Latina e esses são pontos [que podem servir] para aprofundar a análise da situação dos jovens brasileiros", aponta Ramírez.
O índice de confiança que o jovem brasileiro tem em relação às instituições – incluindo os meios de comunicação, a justiça e a polícia – é maior do que a média ibero-americana, mas ainda é um índice baixo (entre 20% e 30%), na visão de Bruno Vanhoni. "Essas reivindicações apontam para reconhecimento do papel das instituições, eles estão cobrando dessas instituições que elas cumpram seu papel."

FONTE:http://www.dw.de/educa%C3%A7%C3%A3o-%C3%A9-prioridade-para-80-dos-jovens-brasileiros-diz-estudo/a-16976756