quinta-feira, 26 de abril de 2012

Direito do professor, formação dentro da escola falha

Por lei, um terço da carga horária do educador deveria ser para atualização, mas na prática tempo não existe ou é mal usado

“Estou há 23 anos em sala de aula. Durante todo esse tempo não presenciei HTPC (Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo) que faça justiça ao nome”. O desabafo feito pela professora Vilma Nardes Silva Rodrigues expõe uma das principais dificuldades que o educador enfrenta para realizar um bom trabalho: a formação interna na escola, que deveria ser rotineira, ora não existe, ora se deturpa. A questão é tema da terceira reportagem da série do iG sobre como o professor tem pouca chance de aprender a ensinar.

 

 
Foto: Cinthia Rodrigues/iG Professores expõem entendimento

 sobre portfólio após formação em escola da rede paulistana 

 

Em tese, a carreira dos mestres é estruturada para que ele se recicle e estude como ajudar seus alunos durante todo o tempo em que estiver na ativa. A necessidade de aprender constantemente é tão clara – ao menos na teoria – que existe legislação para garanti-la.
Por lei, um terço da carga horária remunerada do professor deve ser destinado a atividades extra-classe. Cabe neste tempo a correção de provas e trabalhos e o planejamento pedagógico, mas a recomendação do Conselho Nacional de Educação é de que os profissionais se reúnam para discutir dificuldades e soluções pedagógicas.

A maioria das redes públicas sequer cumpre a lei. Em vez de reservar 33% do tempo para que os docentes se preparem e dêem boas aulas nos outros 66%, prefeituras e Estados esperam que os profissionais já cheguem preparados. “As pessoas acham que o professor é um ser que nasce pronto. Longe disso, todos os dias há um duro trabalho de buscar novas formas de ensinar a partir do diagnóstico dos alunos, que também é trabalhoso”, diz Norman Atkins, presidente da Escola de Educação Relay, nos Estados Unidos, e um dos principais críticos ao ensino apenas teórico que os professores recebem.

Mesmo no tempo destinado à formação, poucas escolas se dedicam a encarar as dificuldades pedagógicas que os professores estão enfrentando. “Por mais que estas reuniões sejam marcadas, o conteúdo é sempre de informes sobre datas, procedimentos e burocracias”, lamenta Vilma que dá aulas em escola estadual, municipal e particular em Carapicuíba, na Grande São Paulo.
Ela conta que o tempo previsto fora de sala nas redes públicas - que não chega a um terço das aulas, mas existe – sempre tem um roteiro definido por governo ou direção. “Quando, muito esporadicamente, o tempo é para formação, a equipe se reúne sem saber o que está ocorrendo com as turmas e o tema acaba sendo um texto, uma apostila genérica, assuntos distantes do contexto da aula.”

Em uma das melhores escolas municipais de São Paulo, a Desembargador Amorim Lima, muitos professores estão prontos para admitir que não têm tempo suficiente para formação. O iG acompanhou um dia de reunião na unidade durante a semana de organização escolar, que antecede o início das aulas.

Os professores foram agrupados por módulos e passaram a maior parte do tempo ajustando horários, turmas e como funcionaria a recuperação paralela. À tarde, houve um exercício em grupo com a leitura de um texto sobre portfólio, proposto pela consultora voluntária, Fátima Pacheco, uma das fundadoras da Escola da Ponte (instituição em Portugal que conquistou alunos ao substituir a divisão tradicional em turmas e disciplinas por projetos).

 

 
Foto: Cinthia Rodrigues/iG Consultora Fátima

 Pacheco (em pé de óculos) sobre portfólio:

 "É algo que deveria ser trabalhado toda semana, 

mas a maioria das escolas que visito no Brasil não

 usa bem"

 

Todos estavam acostumados com a palavra portfolio no sentido burocrático, ou seja, sabiam que se tratava de um documento sobre o desenvolvimento da aula que deviam apresentar. Já o sentido pedagógico, de identificar o avanço e as dificuldades de cada aluno, pegou de surpresa vários professores. Ao final, os porta-vozes dos grupos admitiram que preenchiam o documento, mas não exploravam sua função. “É algo que deveria ser trabalhado toda semana para que os educadores pudessem se ajudar, mas a maioria das escolas que visito no Brasil não usa bem”, comenta a consultora.

A diretora da unidade, Ana Elisa de Siqueira, reconhece as dificuldades de formação. “O que posso lhe garantir é que nesta escola todos estão interessados em fazer o melhor. A Fátima é benvinda e ajuda muito, mas são tantos problemas para resolver, de toda ordem, que não conseguimos focar sempre no ensino-aprendizagem.”

Apostilas expõem carência

A educadora Paula Lozano, autora de uma pesquisa para a Fundação Lemann sobre o impacto da adoção de sistemas apostilados – que dão roteiros prontos para as aulas – acha que o resultado é mais uma prova da falta de formação dos professores. Segundo sua investigação, os municípios que usavam material padronizado conseguiram melhores resultados que os demais, apesar da qualidade questionável das apostilas e do impossível nivelamento que elas pressupõem.
“Alguns sistemas eram bem ruins e, mesmo assim, tiveram resultado melhor do que as aulas preparadas pelos docentes. Isso significa que muitos educadores não conseguem organizar exercícios e atividades para dar conta do conteúdo”, lamenta a educadora. Para ela, o Brasil devia admitir a carência na formação do professor e ampará-lo mais enfaticamente. “Na Finlândia, autonomia do professor é ótima, todos sabem como dar aulas maravilhosas. Aqui, nem tanto.”


Fonte:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2012-04-25/direito-do-professor-formacao-dentro-da-escola-falha.html

 



 

terça-feira, 24 de abril de 2012

Professor não pode concorrer com a internet


Para especialistas, o apresentador de informações vai desaparecer, mas o educador que vai além delas é cada vez mais necessário

 Imagine, em um mundo sem internet, o dia em que professores são avisados que dali para frente uma ferramenta de pesquisa permitirá aos seus alunos ler, assistir, ouvir e discutir sobre qualquer assunto. Qual seria a reação dos educadores? Para especialistas, há muito motivo para comemorar: a chance de obter êxito no aprendizado aumenta. Na vida real, a recepção não foi bem assim. A falta de adaptação do professor às novas tecnologias e ao aluno influenciado por elas são tema do segundo dia da série especial do iG sobre os problemas na formação do docente.

 

 Incluída ou não na aula, presente ou não na escola, a internet faz parte da rotina dos alunos. Em 2008, quando apenas 23% dos lares estavam conectados segundo o Ibope, o instituto já apontava que 60% dos estudantes tinham acesso à rede de algum modo. Em pesquisa realizada nas escolas estaduais do Rio de Janeiro em 2011, 92% disseram estar online ao menos uma vez ao dia.“O professor pode escolher como tratar a internet, mas não pode ignorá-la”, diz o pesquisador emérito de Ciências da Educação da Universidade de Paris 8 e visitante na Universidade Federal do Sergipe, Bernard Charlot. Ele vê duas possibilidades para o educador: fazer o que a máquina não sabe ou ser substituído.“Ninguém pode concorrer com o Google em termos de informação. O professor que ia à frente da sala apresentar um catálogo vai desaparecer em 20 anos e ser substituído por um monitor”, afirma sem titubear, emendando um alento: “Por outro lado, o professor que ensina a pesquisar, organizar, validar, resolver problemas, questionar e entender o sentido do mundo é cada vez mais necessário.”

O pesquisador defende que o aparente problema de falta de entrosamento com a tecnologia na verdade é a lente de aumento que a internet colocou sobre a falta de formação para a docência. “Não é que o professor não sabe ensinar a pesquisar na internet, é que ele não sabe ensinar a pesquisar. Muitas vezes é mais simples ainda: o professor não sabe como ensinar.”Para ele, a culpa não é do profissional, mas do sistema engessado que além de não formá-lo não o deixa fazer diferente. “Não faz sentido começar um trabalho na internet e, depois de 50 minutos, dizer: a gente continua semana que vem. Assim como cada professor cuidar de uma disciplina, como se os assuntos não fossem relacionados, ou tratar de temas sem mostrar na prática para que servem na sociedade tornam a escola sem sentido.”A doutora em linguística e especialista no impacto da tecnologia na aprendizagem Betina von Staa também culpa principalmente o sistema de ensino pela falta de aceitação da tecnologia. “Muitos professores não aceitam trabalhos digitados apenas para evitar cópias. A preocupação é maior com o controle de notas do que com as possibilidades de aprendizado”, lamenta.

 

 

 
Foto: O Dia Pesquisa em escolas públicas do Rio

 mostrou que 92% acessam internet todos os dias,

 em casa, na escola e até no celular.


Na opinião dela, o aluno precisa de orientação para procurar informações confiáveis e questionar dados encontrados na internet. “Todas as pesquisas apontam que a tecnologia traz benefícios, porém desde que venha com formação dos professores para dar apoio.”
O Colégio Ari de Sá, em Fortaleza, é um exemplo de excessão na introdução da tecnologia na sala de aula. Além de equipamentos - lousas digitais, computadores e até tablets para os alunos que preferirem o equipamento aos livros - a escola tem formação para os professores diariamente e no contexto das aulas. O coordenador de informática educativa, Alex Jacó França, passa em cada sala tirando dúvidas dos professores e dá dicas de como incluir ferramentas online em cada tópico.


"Muitos temas que passariam sem grande interesse aos alunos acabam ganhando vídeos e experimentos que os marcam. Quanto mais o professor conhece, maior a liberdade que dá ao aluno no formato de suas pesquisas e melhor o aprendizado", garante o especialista. Para ele, mesmo nos casos em que as escolas não têm equipamento, o conhecimento do professor para incentivar o uso de tecnologias e a abertura para deixar os alunos irem além dos livros faz a diferença.
Durante fórum sobre tecnologia e educação promovido pela Blackboard no último dia 12, em São Paulo, educadores estrangeiros sustentaram opinião parecida. A diretora de avaliação da Universidad Cooperativa de Colômbia, Maritza Randon Rangel, afirma que a democratização do acesso à rede dá oportunidade para que mesmo escolas rurais e afastadas tenham desempenho equivalente às que estão mais próximas de recursos culturais e financeiros. “Tivemos êxito com isso na Colômbia, mas além das máquinas é preciso uma equipe com objetivos claros.”


Muitos temas que passariam sem grande interesse aos alunos acabam ganhando vídeos e experimentos que os marcam. Quanto mais o professor conhece, maior  liberdade dá ao aluno e  melhor o aprendizado",
Alex Jacó, coordenador de informática educativa
Já a pedagoga Patrícia Patrício, mestre em Formação de Professores pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e autora do livro “São Deuses os Professores?”, defende que os educadores de sucesso conseguem êxito com ou sem ajuda da escola. “Em geral profissionais que se destacam fazem isso, apesar da escola”, conta.
É o caso de professores premiados em todas as edições das Olímpiadas Brasileiras de Matemática, como Antonio Cardoso do Amaral, de Cocal dos Alves, no Piauí, e Maria Botelho, de Uberlândia, em Minas Gerais. Ambos não têm formação ou estrutura tecnológica acima da média da rede pública nas escolas, mas incentivam os alunos a usá-la em casa e valorizam dúvidas e exercícios trazidos dentro ou fora do contexto da aula. “Às vezes chego em casa e um aluno me deixou uma dúvida no Facebook, eu adoro, significa que eles estão indo além da aula”, diz Botelho. 

Fonte:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2012-04-24/professor-nao-pode-concorrer-com-a-internet.html
 


 

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Professores não são preparados para ensinar


Na faculdade, futuro professor gasta maior parte do tempo com "fundamentos teóricos".

Um professor com poucas oportunidades de aprender a dar aula é como um médico que não sabe tratar do paciente ou um advogado que não conhece os caminhos para defender o réu. Mas o que parece tão contraditório é uma realidade no caso dos educadores. O problema é comprovado por pesquisas, práticas e maus resultados que são tema de série que o iG Educação publica de hoje até quinta-feira.

Em todas as etapas de formação, os docentes enfrentam restrições ao aprendizado do próprio ofício. A universidade reserva a menor parcela do curso a lições de como ensinar, a bibliografia sobre o assunto é desproporcional à demanda e o tempo de aprendizado dentro da escola – apesar de previsto em lei – é desviado para assuntos burocráticos.
Para piorar, o modelo pelo qual os próprios professores aprenderam e que muitos replicam há décadas empaca diante de uma geração moldada pela facilidade e rapidez de resposta da internet. “A sociedade não precisa mais de alguém que traga a informação. Isso o computador pode fazer. No entanto, a sociedade precisa cada vez mais de um mestre que ensine a pensar, a resolver problemas, a produzir conhecimento. Só que dificilmente o educador sabe como fazer isso”, resume o professor emérito em Educação na Universidade de Paris 8 e visitante na Universidade Federal de Sergipe, Bernard Charlot.
Na opinião dele, os problemas de formação são potencializados pela tecnologia a que os alunos têm acesso, mas continuam sendo os mesmos. “A questão não é se o professor sabe promover o aprendizado naquele ambiente, mas se ele tem repertório para ensinar em vez de reproduzir informação”, diz.
Pesquisas mostram que o problema começa enquanto o futuro mestre ainda é o aluno. A Fundação Carlos Chagas analisou detalhadamente os currículos de 94 faculdades de Letras, Matemática e Ciências Biológicas em todas as regiões do País por dois anos e concluiu que o “como ensinar” está longe de ser o foco dos cursos.

Currículo das faculdades formadoras de professores

 

Como são divididas as cerca de 80 mil horas dos cursos (em %)
Gerando gráfico...
Fundação Carlos Chagas - exemplo para o curso de Letras


Em Letras, apenas 5,8% das aulas focavam em “didáticas, métodos e práticas de ensino”, em Matemática, 8% e, em Biológicas, 10%. Todo o restante do curso forma especialistas em cada área, explica o sistema educacional, expõe fundamentos teóricos ou mesmo apresenta “outros saberes”. A introdução de temas tecnológicos apareceu em apenas 0,2% dos currículos.
Os dados da pesquisa, publicada em 2008, até agora não geraram mudanças sistemáticas. Dentro de limites genéricos como “fundamentos teóricos” e “conhecimentos específicos”, as universidades têm autonomia sobre os conteúdos dos cursos e, como simples orientador, os governos que tomam iniciativas têm resultado tímido na mudança dos currículos de faculdades para professores.
No Espírito Santo, a gerente de formação do magistério da Secretaria de Educação, Tania Paz, chamou 33 faculdades para debater os resultados e propor mudanças. Só 23 aceitaram. Ao longo de um ano foram nove encontros em que a Fundação Carlos Chagas participou, mas ao final não é possível dizer se haverá alteração prática. “Mostramos para eles nossas necessidades em sala, mas dentro das instituições a decisão é dos coordenadores de curso”, afirma a gerente.
Para ela, a dificuldade na formação é a base da crise educacional que o País enfrenta. “Fizemos uma avaliação diagnóstica do que era preciso melhorar no sistema a partir das dificuldades dos alunos e a conclusão é sempre a mesma: o professor”, afirma, ponderando que o profissional é, ao mesmo tempo, vítima e reprodutor do problema. "Muitos já escolhem a profissão por não conseguir aprovação nas carreiras mais concorridas por conta de uma educação ruim que tiveram e vão perpetuar enquanto não conseguirmos buscar formas de compensação."
A questão não é se o professor sabe promover o aprendizado naquele ambiente, mas se ele tem repertório para ensinar em vez de reproduzir informação", professor
Bernard Charlot
O Ministério da Educação também encontrou um problema ainda anterior aos currículos das faculdades: a falta de livros sobre didática. Um edital para compra de material aberto de 2008 a 2011 resultou em apenas 100 obras aprovadas, segundo o então ministro da Educação, Fernando Haddad. “Mundo afora, você vai ver que chega a centenas de milhares de títulos. No Brasil, se uma pessoa iluminada quiser fazer mudanças num curso de licenciatura, vai ter de forjar o próprio material”, comentou às vésperas de deixar o cargo, em janeiro.
Acompanhe a série:
Durante esta semana, o iG mostra que esta deficiência persiste durante a carreira do professor. Nesta terça-feira , especialistas abordam a dificuldade de manter o aluno da era digital interessado no que é dito em sala de aula e, na quarta-feira reportagem fala das dificuldades da formação interna nas escolas.
Na quinta-feira , último dia do especial, profissionais dedicados a mapear práticas didáticas bem sucedidas vão dizer quais são elas. Um deles, o formador de professores norte-americano, Norman Atkins, diz que falta à sociedade a honestidade de entender o que funciona dentro das quatro paredes da sala de aula e propor soluções realmente aplicáveis. “Muito se fala nas soluções para a escola e no que deveria seria feito, mas enquanto isso o professor é que fica lá, sozinho diante dos alunos, sem que lhe tenham dito como agir”, denuncia.

Fonte:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2012-04-23/professores-nao-sao-preparados-para-ensinar.html





 

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Ensino médio deveria ter, pelo menos, mais 2 milhões de alunos

Conclusão é do Inep, a partir do Censo Escolar 2011. Garantir aprendizagem na idade correta ainda é desafio

 

A última etapa da educação básica deveria receber, todos os anos, um contingente de, pelo menos, mais 2 milhões de alunos. A conclusão está no relatório do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) sobre o Censo Escolar 2011. Os dados mostram que, no ano passado, 8,4 milhões de alunos frequentaram a etapa.

 

 
Foto: Monica Alves

Ensino médio precisaria ter mais 2 milhões de
matrículas para atender todos os jovens da faixa etária
 
“A estimativa é que a situação de equilíbrio da matrícula esteja em torno de 10,4 milhões de alunos, que corresponde à população na faixa etária de 15 a 17 anos, contra os atuais 8,4 milhões de matriculados”, afirma o resumo técnico do Censo Escolar 2011.
O aumento de matrículas no ensino médio, no entanto, por si só, não basta. Os técnicos do Inep que elaboraram as análises dos dados do Censo Escolar ressaltam que é preciso melhorar o fluxo escolar no ensino fundamental para garantir a expansão, já que essa é a etapa responsável pela demanda ao ensino médio.

O desafio de garantir a aprendizagem na idade é revelado, por exemplo, pela média de idade dos estudantes que concluem o ensino fundamental: 15,2 anos em 2011. O resultado já é melhor do que em 2002, quando a média de idade dos concluintes da 8ª série era de 18,8 anos.
As matrículas em cada etapa por idade do aluno ainda não foram divulgadas pelo Inep, mas estima-se que, entre os 8,4 milhões de estudantes matriculados no ensino médio, estejam muitos alunos mais velhos, fora da idade ideal. Em 2010, mais de um terço (34,5%) dos matriculados nessa etapa, 8,3 milhões, estavam atrasados.

“Historicamente, o sistema educacional brasileiro foi pouco eficiente em sua capacidade de produzir aprovados e, consequentemente, concluintes na idade correta. No entanto, a tendência atual mostra aumento no número de alunos que conseguem ultrapassar os anos iniciais do ensino fundamental”, diz o relatório do Inep.

Segundo o censo, o percentual de estudantes mais velhos do que deveriam – um sinal de que ainda não aprenderam e reprovam – matriculados no ensino fundamental caiu de 20% em 2000 para 3,9% em 2011. Educadores reclamam que muitos são aprovados sem aprender para que estes dados melhorem, mas especialistas contestam que ao menos há o ganho de manter a criança estudando. A população brasileira na faixa de 6 e 14 anos é de 29.204.148 crianças e, no ensino fundamental, há 30.358.640 alunos.

Educação de Jovens e Adultos
 
As dificuldades em garantir o fluxo escolar ideal se refletem também nos dados das matrículas na Educação de Jovens e Adultos (EJA), que substituiu o antigo supletivo. O relatório aponta um fato curioso – e preocupante para o Inep – de que a idade média dos estudantes matriculados nas séries finais é menor do a média das séries iniciais.

Em 2011, os matriculados nas turmas das séries iniciais do ensino fundamental de EJA em todo o País tinham 38 anos, em média. Já nas séries finais, a média de idade caiu para 25 anos. A explicação, segundo o Inep, pode ser a matrícula de alunos que estavam – e ainda poderiam continuar – matriculados no ensino regular.

No resumo, os técnicos afirmam que “os anos iniciais não estão produzindo demanda para os anos finais do ensino fundamental de EJA. Considerando as idades dos alunos nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio de EJA, há fortes evidências de que essa modalidade está recebendo alunos provenientes do ensino regular”

Censo Escolar 2011 / Inep
 
O número de alunos na educação básica caiu mais uma vez. O decréscimo foi de 1,1% em relação a 2010 (577.270 alunos). Há 50,9 milhões de estudantes matriculados em todas as etapas da educação básica. No entanto, a queda é maior quando considerada apenas a rede pública que perde um milhão de alunos por ano desde 2004. Desse total, 43 milhões estão na rede pública (que perdeu 2,1% dos alunos) e 7,9 milhões na rede privada, que cresceu 4,7%.

“Isso decorre, principalmente, da acomodação do sistema educacional, em especial na modalidade regular do ensino fundamental, com histórico de retenção e altos índices de distorção idade-série”, aponta o relatório do Inep. As redes municipais são responsáveis por quase metade das matrículas (45,7%), 23,3 milhões de alunos. As estaduais atendem a 19,4 milhões alunos (38,2%) e a federal, 257 mil (0,5% do total).

O ensino médio apresentou leve aumento de alunos: 43 mil a mais que em 2010, quando 8.357.675 frequentavam a etapa. Na EJA, a queda de matrículas dos últimos anos se manteve e ficou em 5,6%. A etapa possuía 3,9 milhões de estudantes.

De acordo com o Inep, em 2011, a contagem dos alunos foi mais precisa, porque as secretarias de educação precisaram enviar comprovantes de matrícula e frequência dos estudantes, para evitar a contagem dupla de matrículas.


Fonte:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2012-04-18/ensino-medio-deveria-ter-pelo-menos-mais-2-milhoes-de-alunos.html



 

 

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Aluna de escola pública, garota de 13 anos é aprovada em faculdade particular de MG

Uma adolescente de 13 anos foi aprovada no vestibular de uma faculdade particular de Minas Gerais para o curso de direito e virou sensação entre os professores e colegas de uma escola municipal de Belo Horizonte. Apesar da aprovação, a garota não poderá ingressar na instituição de ensino por conta de não ter completado o ensino médio.
De acordo com Lorena Aguiar Ribeiro, os colegas da escola municipal Prefeito Amintas de Barros, onde ela cursa na parte da manhã o 9º ano do ensino fundamental, ficaram surpresos e a parabenizaram depois que souberam da sua aprovação Faculdade Anhanguera, localizada na capital mineira. Lorena fez o exame na condição de “treineira”, no último dia 28 de março.
“Eles ficaram surpresos. Alguns nem acreditaram. Os que são meus amigos mesmo ficaram muito felizes e me parabenizaram. Os meus professores ficaram muito orgulhosos”, contou a adolescente, que mora no bairro Alpes, região oeste da capital mineira. Segundo ela, a surpresa pela aprovação se deu pelo fato de não ter mantido um ritmo intenso de estudos.

  • <br>Lorena Aguiar Ribeiro, 13, foi aprovada em uma faculdade particular em Belo Horizonte
    Lorena Aguiar Ribeiro, 13, foi aprovada em uma faculdade particular em Belo Horizonte

“Eu fiquei muito surpresa quando recebi a notícia. Achei a prova bem difícil e fiquei na dúvida se conseguiria passar”, revelou a garota. “Eu gosto muito de estudar. Mas não sou aquela pessoa que fica horas por conta disso durante o dia. Estava estudando o normal do que vejo no 9º ano, mas intensifiquei os estudos apenas na véspera da prova. Estudei assuntos que não vejo no meu dia a dia”, explicou.
Lorena disse que os pais ficaram muito surpresos com a notícia da aprovação. “O meu pai é que me influenciava a fazer o vestibular como teste. A minha mãe ficou um pouco receosa por achar que era muito cedo, mas depois ficou bastante orgulhosa”, contou.

Estudante que ser modelo e fazer medicina

Apesar do feito, a adolescente afirmou que o seu objetivo é seguir a carreira de modelo e também ingressar no curso de medicina. “O meu sonho é ser modelo e me formar para médica legista”, revelou.
De acordo com Graciliano Antônio Ribeiro, 41, pai de Lorena, a família não pretende ingressar na Justiça para tentar garantir a vaga da filha na faculdade onde ela foi aprovada. “Acelerar o processo estudantil dela seria pior”, resumiu Ribeiro.

 Fonte:http://vestibular.uol.com.br/ultimas-noticias/2012/04/10/aluna-de-escola-publica-garota-de-13-anos-e-aprovada-em-faculdade-particular-de-mg.jhtm

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Alunos confirmam fraude no Saresp à comissão de investigação

Estudantes dizem que tiveram ajuda de professores durante prova da rede estadual em Sorocaba. Coleta de informações termina sexta

 

Alunos formados na escola estadual Reverendo Augusto da Silva Dourado, em Sorocaba, foram entrevistados pela comissão de averiguação da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e reafirmaram que tiveram ajuda de professores durante a realização do Saresp, conforme denúncia publicada pelo iG. Os estudantes foram ouvidos na presença dos pais, que assinaram a declaração prestada.

Denúncia: Pais e estudantes acusam escola mais bem avaliada de SP de fraude
Investigação: MP vai investigar denúncia de fraude em escola nº 1
Análise: Desempenho nota 10 para 100% da turma é raro, dizem especialistas
Fiscal não fiscalizou: “Não tenho como saber se houve fraude”
Desempenho: Alunos de escola nº1 de SP não obtêm nota 10 em 2012



Foto: Marina Morena Costa Ampliar
Fachada da escola Reverendo Augusto da Silva Dourado que é acusada de fraude no Saresp

No Saresp de 2011, todos os 27 alunos tiraram 10 em matemática – fato raro e único na rede – e a média da turma em português foi 9,1. O desempenho garantiu à escola nota 9,3, a maior entre todas as unidades da rede estadual de São Paulo. A média do Estado de São Paulo para a série foi 4,24 e das escolas de Sorocaba, 4,61. O resultado também significou bônus de 2,9 salários aos profissionais da escola.

Opinião: Bônus para professor é erro pedagógico e incentiva fraude

De acordo com fontes ouvidas pela reportagem, os relatos dão conta de que professores ajudaram e até mesmo refizeram a avaliação para os alunosAs folhas de papel em que estão as provas do Saresp feitas nesta escola foram entregues à Comissão e não têm aparência de terem sido manuseadas e preenchidas por crianças com idades entre 10 e 11 anos. Os trabalhos de coleta de informações devem ser encerrados nesta sexta-feira. A comissão de averiguação conta com o acompanhamento da ouvidoria da Secretaria de Educação. O iG entrou em contato com a assessoria da secretaria, mas até a publicação desta matéria, não houve posicionamento oficial sobre as investigações.

Entenda o caso:

- No dia 30 de março a Secretaria Estadual de Educação divulgou as notas no Idesp de cada escola de São Paulo.
- No dia 2 de abril, o iG visitou a Reverendo Augusto Silva Dourado, em Sorocaba, para saber o que levou a instituição a maior nota. Alunos e pais contaram à reportagem que uma professora ajudou os estudantes que não sabiam responder algumas perguntas e que a docente que aplicou a prova chegou a fazer sozinha os testes dos alunos ausentes. A nota do Idesp é o critério de cálculo para o bônus de todos os profissionais da escola.
- Na primeira nota oficial sobre o caso, a Secretaria de Educação, apesar das denúncias, informou que não houve fraude. Após a publicação da matéria, outra nota dizia que o caso seria investigado. O Ministério Público e a Comissão de Educação da Assembléia Estadual disseram que pediriam explicações e outros pais confirmaram a história em novas reportagens. O secretário de Estado da Educação, Herman Voorwald, não aceitou dar entrevista e, mesmo em um evento pública durante esta semana, não falou com a imprensa.
- Nova reportagem do iG em 11 de abril mostra que professores que receberam os alunos em 2012 avaliaram seus desempenhos como incompatíveis com a nota obtida. Enquanto isso, pais comentaram que havia a ameaça de fechamento da escola se os boatos fossem confirmados. A Secretaria de Educação enviou nova nota em que chamou de "má fé" o veiculação destes fatos.
- Neste dia 12, uma comissão iniciou a investigação do caso.
Novamente, a Secretaria não se pronunciou ou autorizou entrevistas.


Fonte:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/alunos-confirmam-fraude-no-saresp-a-comissao-de-investigacao/n1597740441514.html



 

BPEC e estudantes participam de campanha “Paz tem Voz”

Alunos do 3º ano do Colégio Estadual Dr. Xavier da Silva, em Curitiba, participaram, nesta quarta-feira (04), do lançamento do Paz tem Voz, segunda etapa da campanha Paz sem Voz é Medo, idealizada pelo Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCom). A campanha, que iniciou em julho do ano passado, propõe ações que podem ser colocadas em prática para diminuir a violência no Estado, disseminando a cultura da paz. A segunda fase ensina sobre importância da denúncia como forma de combate à violência.

Para a superintendente da Educação, Meroujy Cavet, que prestigiou o evento, é necessário educar os jovens para a cultura da não violência. “O enfrentamento à violência deve ser uma prática resultante da união de todos os segmentos da sociedade. Não se pode fazer nada sozinho”, comentou. Ela ainda ressaltou os bons resultados da parceria entre a Secretaria de Estado da Educação (SEED) e o Batalhão da Patrulha Escolar Comunitária (BPEC). A campanha é uma oportunidade para discussão de assuntos a respeito da violência não apenas para as escolas. “Essa campanha contribui para que a sociedade saiba a respeito de temas que envolvem a segurança pública”, disse o tenente-coronel Douglas Sabatini Dabul, comandante do BPEC.

Alunos durante o evento
Foto: Giuliano Gomes/SEED

EVENTO – Durante o evento, houve a participação da banda do Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), composta por policiais do Batalhão da Patrulha Escolar Comunitária (BPEC), e da dupla Willian e Renan, que relataram uma experiência que tiveram sobre violência no início da carreira. De acordo com o 2º sargento Marcos Roberto de Oliveira, a proposta é conscientizar os alunos por meio da música partiu da necessidade de desfazer a impressão de autoritarismo que eles tinham da polícia. “Fica muito mais fácil conversar sobre cidadania, cultura da paz, prevenção ao uso de drogas e segurança com os alunos quando intercalamos músicas que possuem uma mensagem dirigida ao adolescente. Assim, temos contato com a realidade deles e eles entendem o trabalho desenvolvido pelo BPEC”, relatou.

A diretora auxiliar da escola Xavier da Silva, Viviane Ferreira Mendonça, elogiou a maneira como ocorreu o encontro, que intercalou música e diálogo com os alunos. “O BPEC fala a mesma linguagem dos alunos e as músicas apresentadas, além de terem letras que abordam a temática da violência, são de diferentes ritmos”, disse. Viviane comentou ainda que a escola realiza um trabalho de conscientização para a cultura da paz. “Em sala de aula sempre há cartazes e durante as aulas de arte os adolescentes realizam trabalhos que são expostos no colégio. Além disso, há conscientização dos jovens para não pichar e conservar o prédio, tombado pelo patrimônio histórico”, falou.

Douglas Dabul (1) e Meroujy Cavet (2)
 
 
Felipe Mathias (16), que estuda no colégio desde a 7ª série, mencionou ser importante falar com os alunos sobre violência porque os atos individuais refletem na sociedade. “Precisamos ter conhecimento sobre o assunto e essa campanha permite que aumentemos nossos conhecimentos. Também podemos conhecer melhor a função da Patrulha Escolar”, afirmou.

Ao todo, são dez escolas participantes em Curitiba: Colégio Estadual Dr. Xavier da Silva; Colégio Estadual Jorge Andriguetto; Centro Estadual de Educação Profissional de Curitiba; Colégio Estadual Deputado Arnaldo Faivro Busato; Colégio Estadual Francisco Zardo; Colégio Estadual Vila Macedo; Colégio Estadual Gotllieb Mueller; Colégio Estadual Alcyone M. C. Vellozo; Colégio Estadual Ipê; Colégio Estadual Leôncio Correia.

Fonte:http://www.educacao.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=3386&tit=BPEC-e-estudantes-participam-de-campanha-Paz-tem-Voz-

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Quase 70% dos brasileiros sem educação profissional não querem estudar

Estudo da FGV aponta que problema não é a falta de cursos, mas a baixa adesão devido ao desinteresse da população pelos programas

 

Nada menos do que 69% dos brasileiros com mais de 10 anos e sem educação profissional não quer incrementar o currículo. A falta de interesse é o motivo número um para a evasão escolar. Especialistas no tema apontam que falta atratividade e não oferta de cursos. Mas será que isso significa que o brasileiro não quer estudar?

Segundo Marcelo Neri, economista da Fundação Getulio Vargas e coordenador da pesquisa que revelou esse índice (As Razões da Educação Profissional: Olhar da Demanda), “os brasileiros estão interessados”. Ele aponta para uma coincidência entre três cenários: crescimento da nova classe média, aumento de trabalhadores com carteira assinada e maior número de alunos no ensino profissionalizante. Ou seja, as pessoas estão trabalhando e estudando ao mesmo tempo. “O brasileiro está passando por uma transformação”, afirma Neri.


Foto: Mayara Teixeira 
Mariana Cosmo: "Na minha cabeça se eu batalhasse bastante, não ia precisar de curso ou faculdade"

Porém, ainda há muitos que estão fora da escola e não têm interesse nenhum nela. Foi o que aconteceu com a vendedora, Mariana Cosmo, de 22 anos, que trabalha numa loja de roupas infantis no Brás. “Muitas pessoas saem da escola e vão direto para um curso técnico, ou para uma faculdade... eu não fiz nada disso. Pulei tudo para trabalhar.” Ela completou o ensino médio, mas a escola não conseguiu manter seu interesse. Mariana já trabalhava desde os 11 anos e “o dinheiro falou mais alto”. Agora, ela pensa em fazer um curso profissionalizante.

Para Neri, é preciso ganhar o coração de jovens como Mariana. “Cerca de 6 milhões de pessoas fazem nível superior técnico, mas e os que não aderiram? É aí que temos que atacar”. Entre os desafios estão a falta de renda, a ausência de cursos em algumas localidades, a qualidade do ensino brasileiro, mas principalmente, a baixa adesão e a evasão escolar.

Além disso, “o curso profissionalizante ainda é visto como alternativo, de segunda categoria”, afirma o professor. Talvez estes empecilhos expliquem porque 69% daqueles sem educação profissional não têm interesse nos cursos oferecidos. “É preciso educar sobre o valor da educação”, completa.
“Eu consigo ganhar mais se não estou estudando. Eu ganho mais de R$ 1 mil por mês quando a loja está movimentada”, conta Mariana. O que a maioria dos jovens não sabe é que o retorno da educação profissional é bastante alto. Quem concluiu um curso profissionalizante chega a ganhar 14% mais do que outros trabalhadores sem essa formação, são cerca de 4 anos de melhoria salarial.
Mariana descobriu isso quando entrou no mercado de trabalho. “Eu senti que precisava fazer alguma coisa. Antes, eu só queria trabalhar. Na minha cabeça se eu batalhasse bastante não ia precisar de curso ou faculdade. Mas, na hora que entrei no mercado, percebi que sem um curso você não é nada”, diz. “Eu vi que no ensino técnico você já sai encaminhado para alguma coisa. Muitas empresas ficam de olho, e já dá para começar com um bom salário”, completa.

Para Neri, o mercado está dizendo que falta gente especializada, e os jovens não sabem disso. “Cerca de 70% dos que concluíram seus cursos trabalham na área de formação. Se não atuam na área do curso escolhido é porque surgiu outra oportunidade”, diz. Além disso, o professor explica que apenas 8% das pessoas que aderem a um curso desistem no meio do caminho. “Esse número é relativamente pequeno. É por isso que para a formulação de políticas públicas, é preciso debruçar-se sobre a questão das adesões.”

Fonte:http://economia.ig.com.br/saiba-porque-os-cursos-profissionalizantes-tem-baixa-adesao/n1597726417700.html