quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

GOSTO POR MÚSICA E LIVROS SE APRENDE EM CASA

Pais têm papel importante na formação das preferências culturais dos filhos, mas não devem privar as crianças de um ou outro conteúdo apenas por acharem “chato” ou “pobre”
Para que a criança desenvolva um paladar diversificado, que lhe permita ter uma alimentação balanceada ao longo de toda a vida, a ação dos pais é fundamental. Estudos indicam e confirmam que os alimentos oferecidos até o terceiro aniversário determinam como serão as preferências permanentes do indivíduo por certos tipos de comida. Será que com a formação do gosto cultural acontece algo semelhante? Os pais conseguem interferir de modo que seus filhos gostem do gênero musical ou do estilo literário favorito dos adultos da casa?
De acordo com especialistas, sim. “É principalmente o meio que determina qualquer formação de conhecimento. O processo de aprendizagem depende quase integralmente do ambiente em que a criança está inserida. Então, é fato que os pais que tentam influenciar seus filhos a gostar de rock ou pagode ou de algum tipo de livro serão bem-sucedidos nesse esforço”, afirma a pedagoga e educadora musical Leila Sugahara, doutora em psicologia da educação.
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"Pais que tentam influenciar seus filhos a gostar de rock ou
pagode ou de algum tipo de específico de livro serão bem
-sucedidos nesse esforço”, afirma pedagoga
 
Além da influência do ambiente familiar, a educadora musical e fundadora da Alecrim Dourado Formação Musical Vivian Agnolo Madalozzo ressalta ainda a influência que a felicidade gerada pela música nos pais tem na formação do gosto infantil: “Ao perceber que as pessoas ao seu redor ficam alegres com essas canções, a criança automaticamente gostará delas também. Para ela, música boa é aquela que dá prazer e pode ser associada a coisas boas, a bons sentimentos”.
Por isso, ambas rejeitam a ideia de um estilo musical ser valorizado pelos pais apenas porque alguém lhes disse que ele é bom para o desenvolvimento da criança. Essa “recomendação” normalmente é em prol da música clássica. “Isso vale desde a gestação. Se a grávida roqueira ouve suas bandas preferidas, seu corpo sente prazer e essas ‘ondas’ são transmitidas para o feto. Por outro lado, se ela se forçar a escutar sinfonias, sofrerá, e esse sentimento ruim será sentido pelo filho dentro da barriga”, explica Vivian. Leila complementa: “Pode ser a música mais completa do mundo, mas se não tiver a ver com o universo familiar, não terá o efeito esperado sobre a criança”.
O mesmo vale para a literatura. Se os pais quiserem que suas crianças apreciem algum autor ou gênero específico, “precisarão plantar uma sementinha”, nas palavras da contadora de histórias e arte-educadora Ivy de Lima. “Os adultos devem dedicar ao menos dez minutos do dia para contar ou mediar a leitura de histórias com os filhos. Esta é a melhor chance que terão de ajudar a construir um gosto”, diz.

Repertório
 
A principal recomendação de Vivian para os pais é que apresentem o máximo possível de cantores e bandas aos pequenos, para aumentar o leque de opções que eles terão para definir suas preferências. Além disso, que não privem as crianças de nenhum tipo de material cultural que desperte o interesse, mesmo que alguns trabalhos musicais destinados às crianças sejam menos elaborados.
“A Galinha Pintadinha, por exemplo, é muito pobre para o público infantil em termos de construção. A música é feita em computador, sem músicos e sem instrumentos reais, resultando em um produto final mecânico. A dupla Patati Patatá também lança mão de muitos sons computadorizados, principalmente para substituir instrumentos mais difíceis, como os de sopro. A mescla de instrumentos reais com sons computadorizados empobrece as canções e prejudica a formação auditiva da criança, que perde a oportunidade de conhecer a música pura”, afirma.
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Especialista recomenda que os adultos dediquem
ao menos dez minutos do dia para contar ou
mediar a leitura de histórias com os filhos
Ainda assim, ela reforça que esconder a existência ou proibir músicas desse tipo não é uma estratégia benéfica. “É importante conhecer de tudo e ter repertório para saber do que gosta”, defende. Leila concorda e acrescenta: “A preocupação com a educação auditiva infantil é muito relevante também. Se a criança ouvir só um tipo de música, chegará uma hora em que ela não conseguirá mais, fisicamente, assimilar os outros estilos, por falta de capacidade de fazer as conexões cerebrais necessárias”.
De igual maneira, os livros disponibilizados para os filhos devem ser de todos os tipos, independentemente das histórias que sejam lidas pelos pais. “A partir dos nove meses, os bebês já podem manusear livros de plástico, de pano, com texturas, de papel grosso, gibis. Tudo deve ficar em prateleiras baixas, para que o acesso seja fácil”, sugere Ivy. Para ela, não existe literatura boa ou ruim nessa etapa: o que importa é desenvolver o gosto pela leitura.
Com todos esses recursos, por volta dos oito anos de idade as crianças já começam a mostrar qual gosto musical e literário escolheram para elas. “Não precisa ter medo de a Galinha Pintadinha tornar seu filho menos exigente, desde que ele realmente conheça outras produções”, garante Vivian. “E, se ele frequentar rodas de contação de história, por exemplo, terá uma curiosidade constante e crescente sobre novos livros e autores, o que lapidará seu gosto”, continua Ivy.

Adolescentes

Tudo muito lindo, só que quando chega a adolescência os pais podem ter a impressão de que todo o esforço foi em vão. “Nessa fase, é a turma que influencia no que é acrescentado ao repertório. A influência do meio social é maior do que a da família e mesmo que a da TV”, conta Leila. Ivy exemplifica: “Se todos começam a ler ‘Diário de um Banana’ [série de livros sobre o garoto Greg Heffley, ed. Vergara & Riba], seu filho lerá o ‘Diário de um Banana’. Quando as meninas aparecerem com livros da [autora] Thalita Rebouças, sua filha vai querer ler também. Pertencer ao grupo é essencial na adolescência”.
Mas a tal “sementinha” sempre estará lá, garante Leila. “Ninguém deixa de gostar do que fez parte da sua criação só por estar na puberdade. Existe a possibilidade de haver uma negação, que passará quando seu filho chegar mais perto da idade adulta. Quando amadurecer, ele buscará um retorno às influências da infância e da pré-adolescência, vai querer de volta o que lhe é afetivamente importante. O trabalho dos pais vale a pena, sim”, finaliza.

FONTE:http://delas.ig.com.br/filhos/2013-11-30/gosto-por-musica-e-livros-se-aprende-em-casa.html

Enem 2012: elite pública supera rede privada

Melhores estudantes das escolas públicas tiveram resultados superiores aos da rede privada em três das cinco áreas avaliadas no Enem de 2012

Os melhores estudantes das escolas públicas do País tiveram resultados superiores aos da rede privada em três das cinco áreas avaliadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012. A comparação, divulgada  segunda-feira, 25/11, pelo Ministério da Educação (MEC), inclui os alunos das escolas federais, que tiveram as maiores notas entre todos os estudantes que fizeram a prova. A rede estadual, que concentra mais de 50% dos concluintes que participaram da avaliação, ficou com os piores resultados.

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirma que a comparação foi feita usando os 215.530 melhores alunos da escola pública, mesmo número de estudantes dos coégios privados que fizeram a prova. "Nossa preocupação são as cotas. Este ano, 25% das vagas do SiSU (Sistema de Seleção Unificada) vão para alunos de escolas públicas. Esses 25% das escolas públicas são melhores que as escolas privadas", afirmou.

Os 215.530 representam 31,5% dos estudantes que tiveram as notas do Enem divulgadas - para calcular as médias, o MEC só considera estudantes que estejam concluindo o curso e provenientes de escolas que tenham pelo menos dez alunos fazendo a prova. Além disso, o grupo precisa representar pelo menos 50% dos concluintes daquela instituição.

Os melhores estudantes das escolas públicas tivera maiores notas em linguagens e códigos - português e língua estrangeira -, com 593,74 pontos, ciências da natureza (576,76), e redação (616,6). Na comparação entre as redes, as escolas federais tiveram os melhores resultados em todas as áreas, chegando a 625,24 em matemática e 613,07 em redação.

Os piores resultados são da rede estadual, que concentra a maioria dos concluintes. Ainda assim, as médias subiram em três das cinco áreas, na comparação com 2012. Caíram linguagens e códigos, de 527 pontos para 513, e redação, de 507 para 491,41. A rede federal teve queda das notas em quatro áreas: linguagens, matemática, redação e ciências da natureza. Nas escolas particulares, as médias foram inferiores a 2011 também em linguagens, redação e matemática, o mesmo que nas redes municipais.

O Enem por escola foi divulgado nesta terça-feira, 26, pelo MEC. As notas levam em conta as médias apenas dos estudantes que terminavam o ensino médio em 2012 e só são consideradas as escolas com um número representativo de alunos. No total, apenas 11.239 escolas tiveram as notas divulgadas, de um total de 25.744 instituições com 3º ano do ensino médio existentes no País.

"Temos interesse em usar a média do Enem como avaliação do ensino médio no futuro", afirmou Mercadante. Por isso, o ministério tem feito adaptações no cálculo das notas para deixar os resultados mais fiéis à realidade. Hoje, a única avaliação do ensino médio usada pelo MEC é a Prova Brasil, que tem uma amostra muito inferior a dos alunos que fazem o Enem.

FONTE:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2013-11-26/enem-2012-elite-publica-supera-rede-privada.html

Ainda que pequena, melhora no Pisa esconde desigualdade de aprendizado no Brasil

Mais de um em cada três (36%) jovens brasileiros de 15 anos de idade repetiu uma série pelo menos uma vez

Apesar de os resultados do Pisa, divulgados  terça (3/12), mostrarem que o desempenho dos jovens brasileiros melhorou nos últimos anos, ainda persiste o fosse que separa os melhores dos piores alunos. E essa lacuna é resultado da desigualdade socioeconômica.

“Subir quatro pontos por ano no aprendizado de matemática é algo a ser celebrado, mas é preciso ir além dos números e olhar para a desigualdade que não melhorou”, afirma a diretora executiva da ONG Todos pela Educação, Priscila Cruz.
Priscila se refere à diferença de rendimento advinda da desigualdade socioeconômica. “Temos uma proporção muito pequena de jovens em situação de vulnerabilidade social que conseguem bons resultados. O País conseguiu fazer a inclusão, trazer mais gente à escola, mas agora é hora de ter uma política educacional que reduza essa desigualdade.”

Os dados do levantamento mostram que, entre os estudantes mais desfavorecidos, ainda é muito alta a taxa de repetência. No Brasil, mais de um em cada três (36%) estudantes de 15 anos de idade repetiu uma série pelo menos uma vez, uma das mais altas taxas de repetência entre os países que participam no PISA. Tanto que, em média, os alunos brasileiros levam 12 anos para concluir os oito anos do ensino fundamental.
Isso sem contar a evasão escolar, causada, entre outros fatores, porque o currículo não é envolvente, porque o aluno quer ou precisar trabalhar e, claro, como resultado da prevalência de repetência.
Além disso, há a questão estrutural, que abrange desde a precariedade das instalações físicas até a oferta e a qualificação dos professores. No Brasil, a relação professor-aluno nas escolas favorecidas é de 22,9 estudantes para cada docente. Nas que atendem a população em vulnerabilidade social, a proporção sobe para 31,3 estudantes para um professor.

“Em países preocupados com a equidade, acontece exatamente o oposto, se dá mais para quem tem menos”, compara Priscila.
Para o economista Ernesto Martins Faria, coordenador de projetos da Fundação Lemann, o próprio modo de enxergar os resultados do Pisa dá pistas de como a educação tem sido tratada. “A forma como interpretaremos os dados ligados a nível socioeconômico, atendimento e fluxo escolar diz muito sobre o projeto de nação que queremos. Os avanços percebidos na avaliação do Pisa ainda não tiram o país de uma situação muito longe do desejável.”

Avaliação do governo

Nesta terça, ao analisar o resultado do Pisa, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse que a fotografia da educação no Brasil ainda não é boa, mas destacou que os avanços podem ser considerados uma “grande vitória”.
“O resultado em relação a nossa evolução é uma grande vitória da educação brasileira. Não podemos nos acomodar e temos ainda um atraso histórico muito grande quando falamos em qualidade da educação. Fizemos muito, mas temos que fazer muito mais”, disse

Exame

O Pisa é uma prova aplicada a cada três anos para alunos de 15 anos dos 34 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), considerados de primeiro mundo, e outros países convidados, como o Brasil, que participa desde 2000. As áreas do conhecimento avaliadas são Matemática, Ciência e Leitura. A cada edição do exame, uma área é enfatizada - nesse último, Matemática foi o foco.
Na comparação entre 2003 e 2012, o Brasil subiu de 334 para 391 pontos em matemática, um aumento de 57 pontos. Mesmo assim, ocupa a 58ª posição entre os 65 países participantes da última edição e está mais de 100 pontos abaixo da média dos países da OCDE, que foi de 494 pontos.

FONTE:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2013-12-04/ainda-que-pequena-melhora-no-pisa-esconde-desigualdade-de-aprendizado-no-brasil.html

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Escolas brasileiras oferecem diplomas estrangeiros de ensino médio

Em busca de internacionalização, colégios brasileiros buscam parcerias com instituições de outros países para oferecer chance de sair da escola com dois diplomas

Alan Sampaio / iG Brasília
Falar inglês como um nativo e tentar intercâmbio no futuro
são os principais interesses dos alunos
 
Melhorar a proficiência dos alunos em inglês, garantir diferenciais diante da concorrência e facilitar a entrada de brasileiros em cursos universitários do exterior. São essas as justificativas das escolas brasileiras para oferecer a seus alunos a possibilidade de terminar o ensino médio com dois diplomas da mesma etapa: o brasileiro e o estrangeiro.
A popularidade da internacionalização das escolas brasileiras vem crescendo, apesar de ainda não haver dados consolidados sobre o tema. As parcerias são feitas nas instituições privadas, que têm organizado caravanas de diretores e professores para conhecer experiências de ensino bem sucedidas em diferentes países e aproveitá-las em suas instituições de alguma forma.
Alan Sampaio / iG Brasília
Walter Ribeiro, diretor do Colégio Mackenzie de
Brasília, recebeu representantes de escolas
estrangeiras interessadas em alunos brasileiros
 
Walter Ribeiro, diretor do Colégio Presbiteriano Mackenzie em Brasília, foi aos Estados Unidos, França e Finlândia com um grupo de diretores da capital. Recebeu visitas de representantes de instituições inglesas, canadenses e americanas interessados em popularizar seus sistemas de ensino no Brasil. Por fim, a escola optou pela alternativa mais escolhida pelos colégios brasileiros no momento: oferecer o high school americano aqui.
A etapa norte-americana da educação que equivale ao ensino médio do País será oferecida no contraturno das aulas. Os currículos de disciplinas como Matemática, Física, Química e Biologia serão integralmente revalidados pela Texas Tech University, parceira da escola e de outros 40 colégios brasileiros. No outro turno, os alunos terão aulas específicas do currículo dos EUA.
Oratória; história e política americana; economia e inglês (literatura, redação e gramática) são algumas das matérias obrigatórias de quem faz high school nos Estados Unidos. Aqui, as aulas também são (e serão, no caso do Mackenzie) dadas por americanos ou ingleses, sempre em inglês. Em 2014, além do colégio presbiteriano, mais dez escolas do País vão oferecer a modalidade.
“Esse era um sonho antigo da instituição e Brasília, com seu perfil cosmopolita por causa de todas as embaixadas aqui, era o local ideal para começarmos uma escola internacional. Os pais querem preparar seus filhos para o mundo e essa é uma oportunidade”, afirma Ribeiro. O convite para se associar à Texas Tech veio da própria universidade.
Rogério Abaurre Filho, coordenador nacional da Texas Tech University no Brasil, conta que a primeira parceria da instituição com escolas brasileiras ocorreu em 1999. “Essa é uma experiência bem sucedida em outros países. Mantivemos o programa em apenas uma escola brasileira até 2008. Este ano, já temos 2 mil alunos brasileiros no high school”, conta.

Domínio do idioma e intercâmbio
Alan Sampaio / iG Brasília
Alunos do 9.º ano do Colégio Mackenzie, Isadora,
Paloma, Manuela e João Pedro já passaram no
teste de proficiência em inglês
As aulas complementares nas 51 escolas brasileiras que serão parceiras da Texas Tech começa ainda no 9º ano do ensino fundamental. Manuela Rodrigues, 14, Isadora Martins Pereira, 14, João Pedro dos Santos Ferreira, 13, e Paloma Pimenta da Veiga, 13, passaram no teste de proficiência em inglês aplicado aos interessados em obter dois diplomas ao final do ensino médio e se preparam para começar o modelo em 2014.
Aprender a falar inglês como um nativo e tentar um intercâmbio no futuro são os principais interesses dos estudantes no programa. Nem o aumento na carga de estudos os faz perder a vontade de participar do projeto. Além da aula regular pela manhã, elas terão o calendário esticado em mais duas tardes inteiras por semana no colégio para cumprir o currículo.
“Pode até sobrecarregar, mas não estou com medo”, diz João Pedro, que está “fascinado” com o programa, porque acredita que será mais fácil se candidatar a uma vaga em universidade americana com o diploma. Manuela diz que, mesmo que não faça intercâmbio no futuro, a experiência vai incrementar seu currículo e “abrir fronteiras para o trabalho fora do país”.
Para Paloma, que sempre sonhou em fazer high school nos EUA, a oportunidade facilitou o convencimento dos pais. “Agora não preciso mais viajar. Minha mãe veio à reunião e gostou da proposta”, conta. Ribeiro conta que duas turmas já foram abertas (o limite é de 20 alunos por turma) e estão preenchidas. “Acho que teremos de criar mais”, comenta.
Os pais terão de desembolsar 497 doláres por mês, além da mensalidade regular, que varia entre R$ 1,2 mil e R$ 1,4 mil, para bancar as aulas extras para os filhos. O calendário seguirá os moldes brasileiros e os dois diplomas só serão entregues ao final do 3º ano do ensino médio. “O sistema educacional está se universalizando. O Ciência sem Fronteiras, por exemplo, nos leva a ir além”, diz Ribeiro.

Regras
            
O funcionamento das escolas privadas é controlado pelos sistemas estaduais e municipais de ensino. De acordo com o presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), José Fernandes de Lima, as regras só definem que todos os estudantes brasileiros têm de seguir as normas dos currículos brasileiros. O que a escola fizer além não é proibido.
“Se a escola acrescentar às aulas do currículo brasileiro alguma atividade que corresponda a um currículo de qualquer outro país, é permitido. Os sistemas devem estar atentos e acompanhar, porque a instituição tem de mostrar seu projeto politico-pedagógico para ser credenciada. O que temos de cobrar é que façam o mínimo exigido pelo Brasil”, afirma.
Lima ressalta que as regras do ensino médio preveem carga de 2,4 mil horas durante a etapa. A duração mínima é de três anos, sendo 800 horas a cada ano. Portanto, os diplomas não podem ser entregues antes desse período. “A mobilidade estudantil está crescendo. O que temos de cuidar é que aquilo que estabelecemos como mínimo não deixe de ser feito”, diz.
Na opinião do conselheiro, esses convênios devem aumentar. “A tendência é que esse tipo de modalidade cresça, porque o Brasil está se tornando protagonista. Temos recebido muitos estrangeiros e muitos deles querem voltar a seus países um dia. É muito interessante que haja esse tipo de convênio”, afirma.

FONTE:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2013-11-11/escolas-brasileiras-oferecem-diplomas-estrangeiros-de-ensino-medio.html

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

“É possível educar todas as crianças de escola pública em alto nível”

Diretora de rede nos EUA participa de encontro sobre boas experiências no ensino público em São Paulo e diz: a tecnologia livra os professores de tarefas para dar atenção ao aluno

Uma escola com salas sem paredes como as de empresas de tecnologia e em que os professores não dão aulas consegue preparar todos os seus alunos para entrar e ficar quatro anos na faculdade. Ou melhor, um grupo de quatro escolas chamadas de Summit, na California, Estados Unidos, que cumpre a sua missão a risca: desde 2003, quando a primeira unidade foi criada, 96% de todos os seus estudantes foram selecionados para cursar pelo menos uma graduação.

A diretora executiva da rede de instituições e cofundadodora da primeira Summit, em Redwood, esteve em São Paulo para participar  do Transformar 2013 , um encontro sobre experiências concretas de transformação e sucesso em escolas públicas pelo mundo. Ontem, Tavenner conversou com o iG no hotel Maksud Plaza e explicou como consegue atingir esse objetivo. Entre as receitas, está o desenvolvimento de um plano de aprendizado personalizado para cada estudante, que é acompanhado diariamente por um mentor em todo o período do ensino médio, e um currículo totalmente conectado com a realidade.


Divulgação
Dianne Tavenner, diretora executiva e cofundadodora das
escolas Summit, nos EUA


A melhor notícia é que o modelo é mais fácil de replicar em grande escala do que o tradicional, segundo a educadora. Com a ajuda da tecnologia, os professores são liberados de várias tarefas e podem se dedicar mais aos alunos. Na Califórnia, ela já está fazendo isso na rede de escolas charter (que funcionam com verba do governo e de doações) Summit. Este ano, duas novas unidades serão abertas, e o plano é fazer o mesmo nos próximos 10 anos, até que todos os alunos do Vale do Silício recebam educação de alto nível. Atualmente, 47% terminam o ensino médio sem a base necessária para o ensino superior.

O que faz uma escola Summit ser especial?
Dianne Tavenner: O mais importante é que nós preparamos todos os nossos alunos para a faculdade e carreira. Isso não é algo que todas as escolas fazem nos Estados Unidos e, possivelmente, aqui também não. Nós acreditamos nisso e levamos a sério esse objetivo. Para isso acontecer, desenvolvemos uma série de ações, mas essa é a nossa missão. E nós já provamos que é é possível educar todas as crianças de escola pública em alto nível. Isso é importante, porque muitas pessoas antes pensavam que fosse impossível. E nós, junto com outros educadores nos Estados Unidos, provamos o contrário.

E como vocês fazem isso?
Tavenner: Nós começamos criando um plano de estudo personalizado para cada estudante, de modo que ele define logo que chega à escola um objetivo para sua carreira, que universidade quer fazer, que vida quer ter. A partir disso, nós desenvolvemos um plano personalizado para que ele alcance o objetivo. Depois trabalhamos para que a escola forneça todo o suporte necessário para manter o estudante nesse caminho. Esse é o ponto de partida. O segundo aspecto é que todos os estudantes têm um mentor, que permanece o mesmo durante todo o período escolar. Esse mentor ajuda a pensar nos objetivos e reavaliá-los quando for preciso, observa todos os dias se o plano está sendo cumprido e de que forma, conversa com a família, discute dúvidas e ajuda em crises. Em terceiro, vem o jeito que ensinamos, o nosso currículo é muito autêntico e realista. Nós trazemos tecnologia para a escola, as crianças trabalham colaborativamente em projetos nos quais têm que resolver problemas reais, não é nada chato. Dessa forma, as crianças ficam motivadas porque se dão conta de que estão aprendendo coisas que vão ser úteis para ela. Por último, durante dois meses do ano letivo, em janeiro e junho, os estudantes ficam fora da escola e trabalham na comunidade, fazem estágios, têm experiências relacionadas a seus interesses ou paixões, que podem ser fotografia ou jornalismo, por exemplo. Como avaliação desse período, eles têm que desenvolver algo que possam compartilhar ou apresentar. Então, se é algo relacionado à fotografia, fazem uma exposição. Se é teatro, uma peça. Se fazem um estágio, devem fazer uma apresentação sobre o trabalho realizado. Tudo sempre conectado com a realidade.

Que práticas inovadoras são aplicadas nas escolas Summit?
Tavenner: Nós usamos muita tecnologia. Por exemplo, a tecnologia serve para saber exatamente o que cada aluno sabe e não sabe em todos os momentos. Cada estudante tem o seu mapa pessoal de conhecimento e objetivos. Em vez de promover aulas em que não importa quem sabe, mas que todos ouvem a mesma coisa e têm que participar das mesmas atividades, cada aluno vai aprender o que precisa aprender. Fazemos isso com uma ferramenta que chamamos de playlist – como a dos tocadores de música digital. Nessa lista está tudo o que o aluno precisa aprender e ele vai escolhendo como gostaria de fazer. Quando ele sente que já está pronto para seguir em frente, faz uma avaliação. Se ele realmente já aprendeu, ótimo, vai adiante.

Eles podem escolher o jeito, mas não o que precisam aprender, certo?
Tavenner: Eles podem realizar algumas escolhas quando desenvolvem o plano de aprendizado inicial, mas tem coisas que todos precisam saber para chegar a uma universidade. Para chegar a esses conhecimentos, eles escolhem como querem aprender e não precisam passar pelo que já sabem.

A senhora acredita que tecnologia é essencial nas escolas?
Tavenner: A tecnologia proporciona que se desenvolva uma educação melhor, se for usada do jeito certo. Mas mais importante que isso é que faz parte do mundo e da vida. É um erro fazer com que os estudantes deixem a tecnologia do lado de fora da escola. Isso não vai prepará-los para o mundo.

Esse modelo de escola pode ser replicado para grandes redes de ensino, como a do ensino médio brasileiro?
Tavenner: Esse modelo é mais fácil de replicar em grande escala que o tradicional. Tenho convicção sobre isso. No modelo antigo, cada professor tem que fazer o seu próprio planejamento anual, preparar cada aula, corrigir todas as provas. Nesse modelo, construímos uma plataforma que tem tudo isso pronto, que é acessada pelos estudantes diretamente. Agora, os professores apenas ajudam e dão suporte aos alunos. Eles não precisam ter todo o trabalho de preparação, ficam mais focados no que fazem de fato.

Ainda existem aulas, como as que eu tive na escola?
Tavenner: Quase nunca. As aulas são em espaços grandes e abertos, em que os alunos se dividem em grupos para desenvolver projetos. Mas não tem mais uma grade de horário que começa com matemática, passa para ciência e depois história. Não é mais assim.

E como eles aprendem matemática, por exemplo?
Tavenner: De duas maneiras. Uma é online. Eles aprendem muito online, com suporte de um tutor. A outra forma é fazendo projetos, nos quais aplicam a matemática que estão aprendendo naquele momento. Por exemplo, um projeto poderia ser descobrir como se projeta um prédio em um espaço determinado, usando os conhecimentos de matemática. Claro que o professor participa desse processo, mas ele não vai ficar na frente de uma turma falando e explicando, enquanto os alunos tomam notas.

São necessários mais professores para esse modelo funcionar do que em escolas tradicionais?
Tavenner: Provavelmente o mesmo número.

Como são escolhidos e treinados os professores?
Tavenner: Nós selecionamos professores que são apaixonados pelo que fazemos e que acreditam na nossa missão. Mas também investimos muito para desenvolvê-los depois. Eles recebem 40 dias de formação todos os anos. Quando os estudantes estão fora da escola, nos projetos na comunidade, os professores ficam aprendendo e crescendo. É bom para todos.

Vocês têm dificuldades para encontrar bons professores, preparados para aplicar um modelo inovador de educação?
Tavenner: Temos vários candidatos sempre. Eu não acredito em escassez de bons professores. Algumas pessoas nos EUA acreditam nisso, mas eu não concordo. Todo o professor que eu conheço quer fazer o bem para seus alunos. Mas quando o professor entra em uma escola ou sistema de ensino que não funciona e que faz com não seja bem sucedido, mesmo trabalhando muito, começa a ficar desmotivado. Se ele tiver a oportunidade de trabalhar em uma escola que o valorize como profissional e na qual consiga fazer um bom trabalho, sempre gosta.

Os salários das escolas Summit são mais altos que a média?
Tavenner: São salários competitivos.

E que equipamentos os alunos têm disponíveis?
Tavenner: Nós damos um laptop para cada estudante e conexão de internet. Naturalmente, todos eles levam seus celulares para a escola. E os professores também têm laptop.

E as salas de aula, como são?
Tavenner: Grandes, com poucas paredes, têm apenas algumas divisórias. Se parecem com as salas de trabalho de empresas de tecnologia.

O custo de uma escola Summit é superior ao de uma escola pública tradicional americana?
Tavenner: É o mesmo. Às vezes é um pouco menos. As escolas charter (geridas pelo setor público e privado, como as Summit ) recebem um pouco menos de dinheiro do governo que as regulares. Ou seja, a manutenção não é mais cara que a das tradicionais. Usamos o dinheiro de forma diferente, mas não é mais.

Por que as doações são necessárias?
Tavenner: Nós precisamos das doações para começar. Não temos dinheiro para construir o prédio, instalar a tecnologia. Não temos nada. As escolas charter só começam a receber dinheiro do governo quando os alunos começam a aprender. Precisamos do capital inicial.

A missão das escolas Summit é preparar os alunos para a universidade.
Existem movimentos nos EUA que defendem que fazer um curso superior não é o único jeito de obter sucesso .
O que você pensa sobre esse posicionamento?
Tavenner: Existe, mesmo, um pequeno debate sobre essa questão. Mas a maioria das pessoas que defendem isso são pessoas que foram para a universidade e tiveram sucesso. Você não ouve pessoas pobres dizendo isso, você não ouve mães de jovens que querem ir para a universidade dizendo isso. Então eu não acho que essa seja uma boa discussão. De qualquer forma, nenhum estudante vai ser prejudicado por ser preparado para a universidade. Se depois ele escolher não ir, já terá aprendido muitos valores e conhecimentos importantes para a carreira e a vida. Eu acho que o nosso trabalho no sistema público de ensino deve ser o de preparar o aluno para a universidade para que ele tenha condição de escolher. Se ele preferir não ir para a faculdade, tudo bem

FONTE:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2013-04-04/e-possivel-educar-todas-as-criancas-de-escola-publica-em-alto-nivel.html

Cada dólar investido em tecnologia educacional exige nove em treinamento

Professor de Educação e Ciência da Computação de Stanford diz que compra de equipamentos é medida popular, mas muitas vezes gera desperdício

A compra de computadores e, mais recentemente, tablets por governos é uma forma de desperdício de dinheiro. A afirmação que pode parecer de algum avesso à tecnologia, pelo contrário, é do professor da Escola de Educação e do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Stanford, Paulo Blikstein. “Para cada dólar investido em tecnologia é preciso nove dólares para treinar para o uso”, diz.
 
Especialistas de Stanford reunidos em São Paulo para um seminário da Fundação Lemann falaram  dos caminhos para melhorar as escolas e promover a igualdade de oportunidades. Os principais investimentos apontados foram a formação de professores e gestores.
 
NYT
Para melhorar ensino, professores precisam ser treinados para
usar tecnologia
Blikstein, brasileiro que dirige o Transformative Learning Technologies, departamento que desenvolve tecnologias educacionais em Stanford, afirmou que os governos em geral fazem planos que possam mostrar resultados durante o tempo de mandato do eleito e por isso a compra de materiais é um recurso muito usado. “Em vez de gastar no equipamento e na formação que seria necessária, só a primeira parte é feita por várias vezes. Então a gente gasta metade do necessário durante anos e nunca o suficiente para obter a mudança”, comentou.
 
Colega da Faculdade de Educação, David Plank, defendeu o estudo dos resultados dos investimentos atuais na educação brasileira. “É preciso olhar para o aprendizado do aluno e para aquilo que realmente resultou em uma melhora, não adianta espalhar os recursos aleatoriamente”, disse.
           
Membro da Academia Internacional de Educação, Martin Carnoy, voltou-se ao básico. “Se eu tivesse que apontar apenas um investimento seguro, eu diria o professor. Todos os estudos apontam que a melhor formação dos educadores é que faz a diferença.”

FONTE:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2013-08-15/cada-dolar-investido-em-tecnologia-educacional-exige-nove-em-treinamento.html

 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Conheça os conceitos que vão mudar a escola e o aprendizado

Em evento em São Paulo na semana passada, exemplos de modelos de ensino inovadores dos Estados Unidos mostram como será a educação do futuro

“Na sala de aula, cada um é diferente e aprende de forma diferente”. A afirmação feita por Joel Rose, cofundador e diretor executivo da New Classrooms Innovation Partners, em evento em São Paulo na semana passada sobre novos modelos para o ensino público, é senso comum entre professores e o desafio principal de quem pensa e trabalha pela educação do futuro. No Transformar 2013, que reuniu mais de 800 pessoas, entre educadores, gestores e empreendedores, exemplos concretos norte-americanos de escolas inovadoras – e bem sucedidas – mostram que já é possível personalizar a aprendizagem e como não há apenas um modelo para fazer isso.
Conheça conceitos que vão transformar as escolas (e onde foram aplicados):

Personalização – Entender as necessidades de cada estudante é o diferencial da School of One, uma plataforma criada para escolas de Nova York por Rose e Christopher Rush e que tem a tecnologia como principal aliada para a tarefa. Baseado em uma avaliação feita no início do ano, o sistema elabora um mapa de habilidades e plano de estudos individual. Mas, para isso, utiliza experiências de outros alunos. Um enorme repositório de lições está disponível e o banco de dados prevê que tipo de atividade é mais adequado ao perfil de cada um. “A melhor maneira de aprender pode ser com aulas online, em grupos ou estudando sozinho. O nosso algorítimo usa as experiências já aplicadas para identificar isso”, explicou Rose. Uma receita parecida é usada no grupo de escolas Summit, na Califórnia , na qual os estudantes também passam por uma avaliação no início do ensino médio, para elaborar um plano de estudos de acordo com seus objetivos de carreira. A tecnologia, novamente, é usada para avaliar em todos os momentos o que cada aluno já aprendeu e se já está pronto para aprender mais. “Cada um segue no seu ritmo”, contou a diretora executiva da rede, Dianne Tavenner.
           

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Salas de escolas orientadas pela New Classrooms proporcionam
que cada um aprenda do seu jeito



Plataforma adaptativa
– Para proporcionar o ensino personalizado, existem plataformas tecnológicas de ensino online que ajudam a elaborar e entregar os conteúdos necessários para os diferentes tipos de alunos. José Ferreira, fundador da Knewton, ferramenta que fornece lições de matemática, diz que o volume gigante de informações – maior que o do Facebook – que sua base de dados oferece revoluciona o ensino. A plataforma mostra ao professor com agilidade o que os estudantes aprendem, quando erram, no que tem dificuldades e como aprendem e ajuda a elaborar aulas
           
Ensino híbrido – A sala de aula já não tem mais um professor falando em frente ao quadro negro e alunos sentados em carteiras organizadas em fileiras iguais nas oito escolas públicas gerenciadas pela ONG New Classrooms, de Joel Rose. Para que cada um possa aprender do seu jeito, também é realizada uma mudança física e os alunos sentam nas mais variadas formas: sozinhos, em grupos pequenos ou grandes, em frente a computadores ou usando material impresso. No espaço reorganizado, fazem atividades distintas, algumas online e outras, não. Para que esse modelo híbrido funcione, o papel do professor também muda para o de mentor. Segundo Tavenner, das escolas Summit, os docentes acompanham as atividades realizadas em um espaço grande, sem paredes, e orientam os alunos de várias formas: resolvendo dúvidas, questionando, provocando debates, orientando atividades e projetos.

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Na escola Quest to Learn, em Nova York, alunos aprendem jogando


Engajamento – O interesse das crianças é o ponto de partida para o aprendizado na escola de ensino fundamental Quest to Learn, em Nova York. Apoiada pelo Instituto of Play, um estúdio de design sem fins lucrativos liderado por Brian Waniewski, a escola constrói o engajamento dos alunos por meio de jogos. Segundo Waniwski, a lógica dos videogames é apropriada para o aprendizado porque proporciona um ambiente com regras, nas quais há etapas a serem vencidas, mas que tolera erros. E mais: oferece feedback constante. Para usar esses elementos, o Instituto of Play tem profissionais especializados em criar jogos educativos que dão suporte aos professores e incentiva também os alunos a inventarem os seus próprios. Outra forma de promover o engajamento é conectar o ensino com a realidade. Essa é a aposta de Melissa Agudelo, reitora de admissões do grupo de 11 escolas High Tech High, de São Diego. “Os alunos precisam ver sentido no que aprendem”, diz. Nas escolas, há muitas atividades práticas, os alunos saem da sala de aula e têm experiências na comunidade e precisam resolver problemas reais.
            
Educação por projetos – O fim da grade de disciplinas separadas é uma das experiências das escolas High Tech High para tornar o aprendizado mais relevante aos alunos. Segundo Agudelo, os estudantes não são divididos por série, nível de habilidade e aprendem vários conteúdos integrados. Para isso, os professores estimulam alunos a desenvolverem projetos, solucionar problemas, nos quais precisam usar vários tipos de conhecimento. Nesse caso, professores de áreas diferentes se envolvem com os mesmos projetos.

FONTE:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2013-04-10/conheca-os-conceitos-que-vao-mudar-a-escola-e-o-aprendizado.html

Integrar educação e tecnologia é novo nicho para startups no Brasil

Empresas que oferecem soluções para a melhoria do ensino no País crescem rápido e já atingem milhões de pessoas. Pesquisa mostra que há espaço para novas iniciativas

No lugar de quadro negro, caderno e livro novas ferramentas como videoaulas e games educativos ocupam espaço no ambiente educacional, seja nas escolas ou fora delas. Ao mesmo tempo em que professores e estudantes incorporam inovações tecnológicas ao seu dia a dia, surge também um novo mercado, que integra educação e tecnologia. Uma tendência mundial já há alguns anos, a área de atuação batizada de EdTech nos Estados Unidos se concretiza agora no Brasil com o surgimento de startups dispostas a contribuir para a melhoria do ensino no País e, ao mesmo tempo, ganhar dinheiro.
“O Brasil tem um atraso educacional enorme e queremos atuar para resolver esse problema. Mas temos um modelo de negócio para isso. É uma oportunidade de ouro”, diz Carlos Souza, fundador do Veduca , plataforma de vídeos online com cursos das melhores universidades do mundo.
Essas novas empresas utilizam ferramentas já testadas em outros mercados e países, como vídeos e fóruns, mas se diferenciam por adaptá-las e reinventá-las para suprir as carências educacionais do Brasil. O Veduca, por exemplo, oferece aulas gratuitas de ensino superior, um modelo de sucesso experimentado nos Estados Unidos pelo Edx (plataforma online do MIT e Harvard) e Coursera (de outras universidades top), mas faz isso em português. A Evobooks desenvolve livros-aplicativos para serem usados em sala de aula, mas que não dependem de acesso à internet, uma dificuldade grande nas escolas brasileiras.

E elas crescem muito rápido. Fundadas por jovens de até 40 anos, a maioria surgiu há no máximo dois anos, mas juntas já conseguem atingir milhões de pessoas que querem aprender. “Para esse mercado se consolidar, é necessário uma conjunção de fatores. A infraestrutura brasileira não é boa, mas melhorou muito nesses últimos dois anos. Os meios de pagamento também. Teve ainda o crescimento do ecossistema de startups, com mais investidores e mais gente querendo trabalhar. Além disso, a popularização do e-commerce, com os sites de compras coletivas, fez com que as pessoas se acostumassem a comprar coisas pela internet. Olhando para trás, dá para ver que isso aconteceu”, disse Marco Fisbhen, CEO do Descomplica , site surgido em março de 2011 que tem disponível mais de 3.500 videoaulas, a maioria para quem está se preparando para o Enem, e recebeu 535 mil visitas apenas em maio.
Reprodução
Videoaulas, como as da Khan Academy, estão entre as
ferramentas mais populares que usam tecnologia educacional
De olho nesse mercado, surgiram também fundos dispostos a botar dinheiro em produtos relacionados à educação. Para se desenvolverem, as startups contam com aceleradoras e investidores brasileiros e estrangeiros. Por exemplo, o Veduca e o Easyaula , portal de cursos presenciais e online de preparação ao mercado de trabalho, receberam em fevereiro investimento da Macmillan Digital Education, braço de negócios digitais da editora responsável por publicações como Nature e Scientific American. Desde fevereiro, a Macmillan abriu um escritório no Brasil e mapeia outras oportunidades de negócio no País.

Para conhecer melhor o impacto das empresas de EdTech brasileiras, o iG publica uma série de reportagens que vai mostrar como surgiram e evoluíram o Descomplica , o Veduca , a Evobooks , e o Easy Aula  exemplos bem-sucedidos de startups educacionais, mas que atuam em diferentes campos (ensino formal e informal) a partir de ferramentas diversas (vídeos, games, aplicativos, conteúdos para celular, fóruns).
 
Mais oportunidades

 Além desses casos reconhecidos, a boa notícia para empreendedores e pessoas preocupadas com educação é que há ainda muito espaço para atuar na área. Pelo menos essa é a conclusão do estudo               , divulgado na segunda-feira pelo Instituto Inspirare e pela Potência Ventures. O levantamento realizado pela consultoria Prospectiva identifica oportunidades para o desenvolvimento de produtos e serviços que contribuam para o ensino oferecido à população de baixa renda.
A pesquisa analisou o contexto educacional em seis Estados – Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo –, que são responsáveis por metade do orçamento público da educação do País, cerca de R$ 100 bilhões, e levantou 190 organizações, majoritariamente startups, que desenvolvem produtos ou oferecem serviços educacionais voltados ao ensino básico, técnico e a Educação de Jovens e Adultos (EJA) das classes C, D e E.
Formação de professores em todas as etapas do ensino básico, avaliação para o ensino fundamental, oferta de cursos para o ensino técnico e criação de objetos educacionais, como jogos e softwares, para o fundamental 2, são algumas das áreas onde existe demanda, mas poucas ou nenhuma empresa atuando.

FONTE:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2013-06-26/integrar-educacao-e-tecnologia-e-novo-nicho-para-startups-no-brasil.html

Alunos preferem jogo que é bateria de testes educacionais a Facebook

Com pontos e medalhas, exercícios passam por jogo e ganham atenção em aula de escola pública de São Paulo

Um texto ou figura, uma pergunta e as alternativas para resposta. Na prática, o jogo educacional Ludz segue o padrão mais tradicional de qualquer exercício escolar, no entanto, alunos do 5º ano da Escola Estadual Henrique Dumont Villares, em São Paulo, dizem gostar do teste online tanto quanto de educação física e, quem tem internet em casa, conta que prefere usar o tempo livre para responder mais questões a entrar em redes sociais.
                         
Aluna da Escola Estadual Henrique Dumont Villares responde
a testes online em aula e até em casa

Ao acompanhar uma aula, a diferença parece estar em elementos simples que fazem com que a atividade se pareça a um vídeo-game. “Tô lendo rápido porque daqui a pouco aparece a velha do tempo”, explica Arthur Sabbadini, de 10 anos, se referindo a um desenho que aparece antes do tempo limite para responder expirar. Ele também faz questão de clicar em um botão que pode gerar uma dica, eliminar uma alternativa errada ou apenas gerar um desenho de um estudante com um comentário sem utilidade para achar a resposta. “É o colega”, explica Arthur. “Às vezes ele dá uma dica, mas às vezes só fala qualquer coisa.”
           
A colega Thamires Almeida, da mesma idade, conta que prefere “jogar Ludz” a entrar em redes sociais. “Eu não vejo nada de desafio no Facebook, prefiro fazer coisas que sejam divertidas e me deixem mais preparada”, comentou. A rapidez com que a menina encontrava as respostas para os problemas matemáticos de sequência chamou atenção até da diretora, Sonia Sprenger, que estava na sala para acompanhar a reportagem. “Você tem que ler aqui e contar as bolinhas da figura...”, comentava a educadora devagar com o dedo na tela quando a menina assinalou a resposta C, a correta. “Olha só, como pode? Em sala ela não vai tão bem assim no mesmo tipo de exercício”, comentou a diretora com a professora da sala.
 
Para a coordenadora pedagógica Maria Rita Silveira, o casamento entre tecnologia e educação “é perfeito”. Ela procura softwares livres na internet e organiza atividades para as salas que ainda não contam com o programa pago, comprado apenas por 40 escolas na rede estadual paulista cujos padrinhos empresários da ONG Parceiros da Educação adquiriram. “Agora que temos internet e estamos aprendendo melhor como organizar os alunos nestas atividades, a gente explora isso. Não é fácil sem um direcionamento, mas aqui temos professores que são verdadeiros desbravadores”, diz.
           
A aula com o Ludz ocorre duas vezes por semana para cada turma, uma para responder testes de matemática e outra para língua portuguesa. Uma estagiária, também paga pela ONG, dá as instruções. A professora da sala acompanha apenas para chamar atenção de alunos que perdem o foco e observar possíveis dificuldades. Arthur, por exemplo, não sabia o que signifiva “verbete” em um dos problemas que leu e “réu” em outro, mas não pediu ajuda a ninguém. Acertou uma questão pelo contexto e errou outra e segue sem saber. “O conteúdo é parecido com o da sala, mas o bom é que aqui eles lêem muito mais”, comenta a professora da turma, Sonia Haquihara, que tem 26 anos de magistério. “Nunca parou de aparecer novidade, essa é mais uma que a gente vai incorporando.”

FONTE:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2013-08-18/alunos-preferem-jogo-que-e-bateria-de-testes-educacionais-a-facebook.html

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Dependência nas escolas de São Paulo vai sair do projeto Mais Educação

Ideia era que estudantes da rede municipal pudessem levar disciplinas para o ano seguinte para não ter de repetir série

Um dos pontos mais polêmicos do plano Mais Educação, série de medidas apresentadas pela Prefeitura de São Paulo para melhorar o ensino nas escolas da rede municipal, deve ser deixado de lado após o programa ficar aberto a consulta pública. A ideia que “converge” para ser descartada é a que possibilitaria o estudante do ensino fundamental de ficar de dependência de algumas disciplinas no ano seguinte sem precisar passar pela repetência.
                                                      
O consenso surgiu após a Secretaria Municipal de Educação analisar, nos últimos 15 dias, as opiniões e críticas que recebeu sobre o Mais Educação. “Seria muito difícil viabilizar a dependência e foi quase unânime (na consulta pública) que seria inútil também carregar uma disciplina para o ano seguinte. Na opinião das pessoas, se algo tiver que ser resolvido em relação a alguma deficiência do aluno, que isto seja solucionado naquele ano mesmo, que o estudante não tenha que carregar nada para o ano seguinte. (...) Todas as opiniões (no governo) convergem para isso”, disse o secretário de educação, Cesar Callegari, ao iG .
Fabiana Carvalho/MEC
César Callegari vai deixar a Secretaria de Educação Básica do
Ministério da Educação até o fim do ano
Na reorganização do ensino fundamental que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, anunciou em agosto, a secretaria de Educação vai alterar os ciclos e aumentar a possibilidade de repetência. Atualmente, os alunos podem ficar retidos apenas no 5º ano e no 9º ano. Na nova configuração, haverá três ciclos: de alfabetização (1º ao 3º ano), interdisciplinar (4º ao 6º ano) e autoral (7º ao 9º ano). Ao final do primeiro, segundo e na 7ª, 8ª e 9ª série do terceiro ciclo, aqueles que não aprenderam o mínimo que deveriam podem repetir de ano.
 
Callegari diz que Prefeitura de São Paulo não dará bônus a professores                          

Embora o número de anos em que pode haver retenção tenha sido ampliado de dois para cinco, Callegari respondeu de maneira otimista quando perguntado sobre a possibilidade dos números de reprovados aumentarem depois que o Mais Educação começar a valer. “Não vai ter reprovação, vocês vão ver”, respondeu de forma bem-humorada. As novas diretrizes serão implementadas na rede a partir do ano que vem. Essa é a mais profunda transformação no modelo educacional da cidade desde que o sistema de progressão continuada foi implementado, há 21 anos.

Os três ciclos
           
De acordo com a Prefeitura de São Paulo, objetivo do primeiro ciclo (1º ao 3º ano) é garantir que todas as crianças estejam alfabetizadas até os 8 anos de idade, meta estabelecida também pelo Ministério da Educação através do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.
No segundo (4º ao 6º ano), o aluno passa a ter mais disciplinas, com um professor âncora até o sexto ano, não mais só até o quinto, e outros docentes que orientarão o desenvolvimento de projetos. Segundo Haddad, isso deve diluir o choque da mudança entre o universo do “único professor para o universo de vários professores”, que normalmente ocorre no quinto ano. E, no último (7º ao 9º ano), o aluno passa ater docentes especialistas para todas as disciplinas.
Além de mudanças na organização curricular e de avaliação, o plano Mais Educação inclui promessas de construção de creches , escolas de ensino infantil e 20 novos CEUs (Centro de Educação Unificado), que também se transformarão em polos da Universidade Aberta do Brasil (UAB) para oferecer cursos de graduação, especialização e mestrado a distância para professores .

FONTE:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2013-09-28/dependencia-nas-escolas-de-sao-paulo-vai-sair-do-projeto-mais-educacao.html

Brasil precisa correr para cumprir metas contra analfabetismo

Dados da Pnad mostram redução lenta no número de analfabetos. Ministério da Educação comemora evolução nas matrículas escolares

O cumprimento das metas para o fim do analfabetismo no país exigirá esforços extras. A redução em 0,3 ponto percentual na taxa de analfabetos com mais de 15 anos – de 10% em 2008 para 9,7% em 2009 –, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísca (IBGE), não é suficiente para cumprir a projeção acordada pelo Brasil em 2000, na Conferência Mundial de Educação, em Dacar.

“O Brasil deve chegar, em 2015, a um índice de analfabetismo de 6,7%, segundo acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Neste ritmo, chegaremos lá em 7,9%", diz Mozart Neves Ramos, membro do conselho do movimento Todos pela Educação.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, admite as dificuldades, mas ainda acredita que o acordo será cumprido. “Esta não é uma tarefa qualquer e terá de ser feito um esforço adicional. Teremos de envolver todos os prefeitos nisso, porque essas pessoas estão dispersas no País”, observa.

O ministro ressaltou que a média de idade do analfabeto brasileiro é de 56 anos, mora na área rural e no Nordeste brasileiro. “Na área urbana, a taxa de analfabetismo entre a população de 15 a 49 anos é de 3,67%. Na área rural, entre quem tem mais de 60 anos, o índice sobre para 51,28%. Estes analfabetos estão dispersos e são economicamente ativos. Então, têm pouco tempo disponível para estudar”, opina.

Ramos, que já foi secretário da Educação em Pernambuco, concorda que o problema é concentrado entre os que estão nas faixas etárias mais altas das áreas rurais do Nordeste, e sugere algumas mudanças nas políticas públicas para a alfabetização de jovens e adultos. Primeiro, acredita que deve ser criado um indicador nacional para medir a alfabetização dos brasileiros com mais de 18 anos, a partir do qual os gestores podem ser responsabilizados pelos resultados. “O não cumprimento das metas deve ter consequências legais, como corte de repasses aos municípios, por exemplo”, explica Ramos.

O movimento Todos Pela Educação ainda chama a atenção para o alto índice de brasileiros que são analfabetos funcionais, aqueles que conseguem ler uma frase, mas não interpretam um texto. A soma deles aos clássicos resulta em uma parcela de 30% da população com algum tipo de problema de alfabetização. “Este dado é muito grave para um país que quer diminuir as desigualdades sociais”, afirma Ramos.

Para Haddad, o resultado do Censo Demográfico de 2010 será útil para definir as próximas políticas públicas para a área. Os números mais exatos ajudarão a encontrar essas pessoas e darão uma noção mais exata de quantas elas são, diz o ministro.


Foto: Arte/iG
Nordeste concentra as maiores taxas de analfabetismo do País



Boas notícias

Na contrapartida dos números referentes à alfabetização, as boas notícias da Pnad sobre a educação aparecem na evolução das taxas de escolarização. Haddad comemora, principalmente, o crescimento de matrículas entre a população de 4 e 5 anos e de 15 a 17 anos. Para ele, o IBGE mostra que a meta de incluir todas as crianças e adolescentes nessa faixa etária nas escolas do País até 2016 é “factível” e “será cumprida”.

Até o ano passado, a oferta de ensino público era obrigatória apenas para os estudantes entre 6 e 14 anos. No fim de 2009, a Emenda Constitucional nº 59 tornou a garantia de acesso à escola obrigatória para todas as crianças e adolescentes com idade entre 4 e 17 anos.

Os dados da Pnad revelam que, no último ano, a taxa de escolarização – proporção entre a população total em uma faixa etária e a frequencia escolar delas – das crianças com idade entre 4 e 5 anos aumentou 2 pontos percentuais. Entre os adolescentes, subiu 1,1 ponto percentual.

“Houve um crescimento em todas as faixas etárias, e a escolarização tem um impacto direto na renda das pessoas", diz Ramos, do Todos pela Educação. "Neste quesito, as políticas públicas estão funcionando", avalia.

Ao todo, 3.630.000 ainda precisarão ser matriculados nos colégios brasileiros. São muitos, mas o ministro acredita que o desafio será cumprido nos próximos cinco anos. Para ele, a tarefa mais difícil será cumprir as metas de inclusão de estudantes na faixa etária dos 15 aos 17 anos. A primeira justificativa é o próprio nível de inclusão. “É mais fácil subir do patamar de 75% do que de 85%, como é o caso dos adolescentes. Neste caso, o desafio não é só garantir o acesso, construir espaços físicos”, analisa o ministro.

Segundo Haddad, há problemas socioeconômicos que precisam ser solucionados para que os jovens permaneçam na escola. “As políticas para isso são mais complexas. Um terço das meninas de 15 a 17 anos que estão fora da escola, por exemplo, é mãe. Há problemas socioeconômicos que precisam ser resolvidos”, afirma.

Fortalecer a Educação de Jovens e Adultos (EJA), antigo supletivo, tornando os currículos mais atraentes, inclusive com a oferta de formação profissional, é uma das alternativas para manter esse jovem na escola, de acordo com Haddad. Ele acredita que a profissionalização é uma das grandes demandas da sociedade a partir de agora.
Estes dados precisam ser atualizados, sabemos que não houve muitas mudanças...

FONTE:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/brasil+precisa+correr+para+cumprir+metas+contra+analfabetismo/n1237771858436.html

Repetência não melhora desempenho de aluno, diz pesquisa

Estudo realizado pela UFMG com 41 mil crianças mostra que reprovados não aprenderam mais no ano seguinte

Estudar a mesma série duas vezes seguidas não contribui em nada para a aprendizagem das crianças com dificuldades. Essa é a conclusão de um estudo realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Três pesquisadoras analisaram o desempenho de 41 mil estudantes em dois anos seguidos. Elas garantem que os alunos que ficaram para trás continuaram sem aprender o que deveriam. 

As pesquisadoras Vania Candida da Silva, doutoranda em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG (Cedeplar), Juliana de Lucena Ruas Riani, da Faculdade de Itaúna, e Tufi Machado Soares, da Universidade Federal de Juiz de Fora, dizem que se não houver projetos específicos para ajudar essas crianças, a repetência só aumenta os traumas e a desmotivação.

“A repetência por si só não é benéfica para o aluno que não consegue adquirir habilidades adequadas ao longo do ano. Se ele não tiver acompanhamento diferenciado, de nada adianta. A reprovação deve ser indicada apenas em casos extremos. Se o método não mudar, esse aluno que não aprendeu vai continuar sem aprender, com a auto-estima baixa e desmotivado”, afirma Juliana.

Durante a pesquisa “Repetir ou progredir? Uma análise da eficiência da repetência nas escolas públicas de Minas Gerais”, Vania, Juliana e Tufi avaliaram os resultados de 41 mil alunos que participaram do Programa de Avaliação do Ciclo Inicial de Alfabetização (Proalfa) de 2008 e 2009. Criado em 2005, o exame pretende medir o desempenho de alunos das séries iniciais das escolas públicas municipais e estaduais de Minas Gerais.

O Proalfa avalia, anualmente, conhecimentos de leitura e escrita de estudantes do 3º ano do ensino fundamental. Aqueles que não obtêm bons resultados repetem a avaliação no ano seguinte, independentemente da série que estejam cursando. As 41.635 crianças analisadas no estudo apresentaram baixo desempenho em 2009. Do total, 5.483 eram repetentes.

Segundo Juliana, entre os estudantes que apresentaram baixo desempenho em 2008, os que foram aprovados mostraram evolução maior na avaliação do que os repetentes na prova aplicada em 2009. “O que só prova que não adianta repetir sem oferecer acompanhamento adequado ao aluno para que ele supere as deficiências. As séries iniciais são a chave de todo o ensino, por isso escolhemos essa fase para estudar”, diz.

Complicadores

As pesquisadoras ressaltam que, na rede pública mineira, existe uma orientação para que as crianças não sejam reprovadas no ciclo de alfabetização (três primeiras séries do ensino fundamental) e entre os 4º e 5º anos do fundamental. Apesar disso, muitos estudantes continuam sendo reprovados. A rede estadual registrou 9,84% de repetência no 3º ano e a municipal, 14,69%.

No País, o índice de reprovação em 2008 – últimos dados divulgados pelo Ministério da Educação – chegou a 13,5% no 3º ano do fundamental. A porcentagem representa pouco mais de meio milhão de estudantes: 526 mil crianças. Para o Conselho Nacional de Educação (CNE), de acordo com o parecer 04/2008, os alunos que cursam as séries iniciais do ensino fundamental, nas quais ainda estão aprendendo a ler e a escrever, não poderiam ser punidos de forma tão severa.

A pesquisa desenvolvida pela UFMG revela ainda que os meninos representam a maior parte dos estudantes repetentes (57%) e, nesse perfil das crianças que são reprovadas, a maioria não frequentou a pré-escola. Chama a atenção outra característica, talvez a mais perversa: a minoria dos que repetiram em 2009 passavam por isso pela primeira vez (453). Quase 4 mil crianças que participaram do Proalfa já haviam repetido uma ou até três vezes alguma série do ensino fundamental.

O estudo relaciona o desempenho dos estudantes diretamente à qualidade da escola. Os dados analisados pelas pesquisadoras mostram que a proficiência das crianças repetentes é menor quando elas estudam em colégios que também têm desempenho ruim. “Decidimos estudar o tema por causa da falta de consenso entre especialistas sobre o impacto da repetência na vida escolar da criança e porque a base de dados do Proalfa permite o acompanhamento do desempenho dos mesmos estudantes em dois ou mais anos”, destaca Juliana.

Precisamos atualizar estes dados, apesar de sabermos que não houve muitas mudanças...

FONTE:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/repetencia+nao+melhora+desempenho+de+aluno+diz+pesquisa/n1237791564701.html

Orientações curriculares são insuficientes, avaliam especialistas e gestores

Ministério da Educação elabora base curricular comum para cada etapa e que deverá ser seguida por todo o País

A criação de um currículo mínimo – e igual – para todos os estudantes brasileiros levanta polêmica entre pesquisadores, pedagogos e gestores há anos e, agora, preocupa o Ministério da Educação. Apesar de o país possuir documentos que orientam a organização das etapas de ensino, o MEC recrutou especialistas para elaborar uma nova base curricular comum.
           
Futura Press
Base curricular para alunos divide os especialistas
Para o secretário de Educação Básica do MEC, Romeu Caputo, esse é um processo “natural” depois de as Diretrizes Curriculares Nacionais terem sido aprovadas. Nos últimos 15 anos, integrantes do Conselho Nacional de Educação (CNE) debateram o assunto e elaboraram as orientações para cada etapa de ensino. Mas a avaliação é de que elas são insuficientes.
“Não teríamos como discutir essa base comum, cuja criação está determinada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, sem as diretrizes. Esse é um segundo passo, que vem de uma constatação a partir do diálogo do governo com sociedade e a academia: a de que nós poderíamos e deveríamos detalhar mais as orientações curriculares”, afirma Caputo.

Proposta para ensino médio: Mercadante defende revisão curricular
            
A constatação do secretário foi repetida por diferentes participantes de congresso educacional promovido na última semana pelo movimento Todos pela Educação em Brasília. Nos debates, que não eram sobre o tema, a organização curricular foi bastante citada. “Hoje, o discurso em educação já é mais coeso em torno do professor, dos currículos, da avaliação”, acredita Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos pela Educação.
Paula Louzano, pedagoga e doutora em Política Educacional pela Universidade de Harvard, resume a argumentação de quem defende o estabelecimento de currículos mínimos mais detalhados. “É uma garantia de direitos. Todos precisam aprender a mesma coisa, mas hoje o menino da periferia aprende menos. Essa diversidade está gerando desigualdade”, critica.
Para a pesquisadora, estabelecer o que todo estudante brasileiro, de qualquer canto do país, tem de aprender não restringe o trabalho da escola. A perda de autonomia do professor e o receio de desvalorização do conhecimento regional são os argumentos de quem critica a definição de uma base curricular nacional.
“Temos de quebrar o paradigma. Esse discurso (de que padrão é desnecessário) é conservador, porque mantém o status quo. E ninguém nega que o professor tem de ter liberdade para ensinar. Mas ele precisa saber o quê”, afirma Paulo, que é professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Ela ressalta que as orientações atuais são vagas.

Pesquisa: Repetência não melhora desempenho de aluno, diz estudo 
                          
Orientação para políticas
           
Além de orientar o trabalho dos docentes, a base curricular comum ajudará a definir políticas públicas. A análise, feita pelo secretário Romeu Caputo, se baseia nos programas conduzidos pelo MEC de formação de professores, aquisição de livros didáticos, avaliação nacional. Para Paula, é incoerente o país ter criado avaliações antes do currículo. “É uma inversão”, diz.
“A base não será uma camisa de força para os sistemas locais, mas ela deve ser suficientemente detalhada para orientar as políticas nacionais do MEC. O nível de detalhe é o que estamos discutindo nesse grupo de trabalho, que reúne gestores, especialistas, pesquisadores”, conta Caputo. O documento não tem data para ficar pronto.
As diretrizes atuais falam do tipo de educação que o Brasil deseja – para a inovação, valorizando a cidadania, os direitos humanos, contemplando o direito à entrada na universidade e no mundo do trabalho e valorizando a interdisciplinaridade de conhecimentos – mas não especifica, por exemplo, quais conteúdos ajudariam a alcançar esses objetivos.
O secretário acredita que, mais importante do que o documento, será debater essa ideia com os educadores. Os especialistas reconhecem que esse é um tema difícil, porque choca diferentes interesses. “Em minha trajetória como secretário de educação, nunca vi esse debate convergir. É um assunto espinhoso, que sempre teve resistência”, conta Binho Marques.
Marques foi secretário municipal e estadual de educação, governador do Acre e, agora, atua como secretário de Articulação com os Sistemas de Ensino do MEC. Para ele, a educação brasileira crescerá em qualidade quando os sistemas de ensino – municipais, estaduais e federal – se alinharem em currículos, formação de professores e avaliação. “Nessa ordem.”
“A escola tem de ter autonomia, mas não pode fazer o que quiser. O que o país pensa e quer para os seus filhos precisa ser contemplado em uma base curricular comum”, defende.

Discórdia na nomenclatura
           
No Ministério da Educação, os debates evitam falar em currículo nacional para não criar mais polêmica. Ainda há muitas discussões entre gestores e especialistas por causa da diversa nomenclatura utilizada por cada um: base nacional comum, padrão, currículo mínimo, orientações curriculares, diretrizes.
“Autonomia sem ancoragem é abandono. Um professor não pode fechar a porta da sala de aula e fazer o que quiser lá dentro, mas também não faremos uma sociedade transformadora sem autonomia da sala de aula, de professor e alunos. Não se deve confundir isso”, opina o superintendente executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques.
O conselheiro do CNE Francisco Córdão, que elaborou muitas das diretrizes acredita que o país não precisa de mais documentos, mas reconhece que o currículo é tema pouco debatido na sala de aula. “As orientações precisam ser colocadas em prática e o currículo escolar é fundamental para ajudar o professor”, diz.
Caputo garante que as novas propostas não mudarão por completo a estrutura dos currículos atuais. Houve muita especulação, por conta de declarações do ministro Aloizio Mercadante, de que uma reforma curricular radical seria realizada. “O que estamos induzindo é o que já acontece no ensino médio inovador, por exemplo, baseados nas diretrizes atuais”, conta.
As experiências de escolas que aderiram ao projeto inovador coordenado pelo MEC são de escolas em tempo integral, que promovem integração de disciplinas, valorizam artes, esportes, preparação para o trabalho. “Não vamos impor currículo, mas promover mudanças e soluções”, afirma Caputo.

FONTE:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2013-09-16/orientacoes-curriculares-sao-insuficientes-avaliam-especialistas-e-gestores.html

‘Anos finais do ensino fundamental precisam ser repensados’, diz pesquisadora

Superintendente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária critica a falta de políticas específicas para esses alunos

Divulgação
Anna Helena Altenfelder, Superintendente do
Centro de Estudos e Pesquisas em Educação,
Cultura e Ação Comunitária
Nos últimos anos, as políticas e os programas de governos estaduais, municipais ou o federal se concentram na educação infantil, no ciclo da alfabetização ou no ensino médio. Mas a trajetória escolar que os une – os quatro últimos anos do ensino fundamental, chamados de anos finais ou fundamental II – tem sido constantemente esquecida.
 
           
Esse “esquecimento”, lembra a pedagoga Anna Helena Altenfelder, pode custar caro. Todo o investimento feito nas etapas iniciais pode se perder. “Se não encararmos o desafio de repensar o fundamental II, vamos perder esforços”, ela diz, categórica. Para ela, o país age como se a qualidade dos anos iniciais fosse naturalmente chegar aos anos finais.

Segundo ela, que é doutora em psicologia e superintendente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), essa lógica está equivocada. “Os indicadores mostram o contrário, estamos perdendo as conquistas”, pondera.

A pesquisadora, que atua também como formadora de professores, conversou com o iG sobre o tema no Congresso “Educação: agenda de todos, prioridade nacional”, organizado pelo movimento Todos pela Educação.
Confira os principais trechos da entrevista:

iG: Como você avalia os anos finais do ensino fundamental no Brasil?
Anna Helena: Essa fase é conhecida como “o ciclo esquecido”. Um dos fatores é que ele está dividido entre as redes municipais e estaduais. Além disso, existem poucas pesquisas focadas no que chamamos de ensino fundamental II. O próprio Plano Nacional de Educação pouco se refere a metas específicas. Essa fase não é considerada nas suas especificidades, nem nas políticas nem nas pesquisas.
iG: Por que isso acontece?
Anna Helena: Talvez porque, no Brasil, historicamente, houve um esforço em olhar o início da trajetória e depois o ensino médio. Como se a qualidade dos anos finais do fundamental fosse uma decorrência de um bom início. Mas o que a gente observa nos indicadores é justamente o contrário: temos avanços nos anos iniciais e os perdemos nos finais. É difícil dizer por que isso acontece. Essa divisão entre as redes, que ainda não têm um sistema articulado, atrapalha. As redes municipais acabam focando os anos iniciais do fundamental e as estaduais, o ensino médio. O fundamental II não se torna prioridade de nenhuma. Além disso, essa é uma fase muito específica, que traz uma grande mudança na organização da escola. Os alunos deixam de ter um professor, uma referência única, uma rotina, e passam a ter cinco professores ou mais, muitas vezes sem nenhum tipo de orientação. Não é um problema só da rede pública. Essas especificidades não são consideradas.
iG: Se o país não encontrar saídas para solucionar essas dificuldades vai perder as melhorias de aprendizagem que conseguiu com essa geração?
Anna Helena: Eu não tenho dúvida disso. Se não encararmos o desafio de repensar o fundamental II, vamos perder esforços. Não adianta pensar no ensino médio. Há uma evasão muito grande nessa fase, o índice de distorção idade-série é alto, há muitos meninos atrasados e nós sabemos que o aluno em atraso hoje é o que vai abandonar a escola amanhã, porque ele se desmotiva. Há um número enorme de meninos que não chega ao ensino médio.
iG: Quais problemas, além do estranhamento da mudança, marcam essa fase?
Anna Helena: É preciso entender a especificidade dessa faixa etária. É uma fase de transição, em que os alunos começam a procurar mais autonomia, querem protagonismo, sentem que não são mais crianças e precisam ser reconhecidos assim. É um desafio para a escola entender como dialogar com esse jovem, que está inserido num mundo com as novas tecnologias, que tem outro ritmo e, certamente, outras formas de aprender. A escola tem de estabelecer um diálogo com a cultura, o interesse e as necessidades deles. É um grande desafio, mas a gente precisa pensar numa revisão curricular, na reorganização dos tempos e espaços da escola, que são marcados por aulas de 50 minutos, em que um professor entra e outro sai da sala, muda o assunto, não tem conversa. Isso não responde mais às necessidades deles.
iG: Existem soluções possíveis, de curto prazo, para resolver esses problemas?
Anna Helena: A polivalência de professores é uma medida fácil de ser tomada, que eu vejo com bons olhos. Seria o aluno ter o mesmo professor por mais tempo no 6º e no 7º anos e depois ir aumentando a quantidade de docentes. Mas isso demanda assessoria a esse professor, um projeto pedagógico bem feito. Outra coisa seria repensar a organização dos tempos e dos espaços, buscar a interdisciplinaridade por meio de projetos que possam dar um sentido mais comum e articulado. Essa é também uma fase em que os pais se distanciam da escola e a escola não tem o empenho para chamá-los. Pensar uma política para trazer as famílias para perto também é boa. Outra possibilidade é criar maneiras de usar as novas tecnologias como canal de vinculação com o mundo deles, que é de cultura digital.
iG: As avaliações e os processos seletivos têm influenciado de maneira negativa os anos finais do fundamental?
Anna Helena: Tenho observado empiricamente que a preocupação com o vestibular chega cada vez mais cedo. Acho que, no país, acontece uma inversão: nós pautamos o currículo pela avaliação. É um evento perverso, porque deveria ser o contrário. O exame deveria ser feito a partir do currículo que é comum para todos. Isso acaba atrapalhando oportunidades de aprendizagem e de desenvolvimento de habilidades e competências que seriam importantes, como descobrir novas coisas para atuar melhor no mundo e não para passar num exame.
iG: Como temos de lidar com o tema da reprovação, sempre tão controverso, nessa fase? É preciso reprovar nessa etapa?
Anna Helena: Há uma discussão que é anterior a reprovar ou não, que não é feita. De nada adianta você reprovar um aluno se você não acompanha o processo de aprendizagem dele e não toma medidas efetivas para que ele aprenda o que não conseguiu. Do mesmo jeito de que de nada adianta aprovar se também não é feito esse monitoramento da aprendizagem. A reprovação não é um instrumento que possibilite aprendizagem, nem nessa fase nem em nenhuma outra. É importante que eles continuem no curso da escola desde que haja planejamento e ações efetivas para ajudá-lo a aprender o que precisa.

FONTE:http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2013-09-24/anos-finais-do-ensino-fundamental-precisam-ser-repensados-diz-pesquisadora.html

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

É possível ter independência financeira na adolescência :Empresários ensinam

Empreendedores conseguiram os primeiros trocados antes dos 18 anos

 

Após ver a firma do pai quebrar, o adolescente Kauê Linden decidiu empreender por conta própria. Foi emancipado aos 17 anos para abrir sua empresa, reformou o quarto de empregada de casa e fundou ali a Hostnet, uma provedora de serviços de internet, hoje com 40 mil clientes e uma sede instalada no Rio de Janeiro.

Aos 14 anos, antes mesmo de ser um empresário precoce, ele já ganhava uns trocados trabalhando com o pai, arrumando computadores e organizando eventos esportivos na web. Aos 18, Linden bancava as próprias despesas e, um ano depois, saiu de casa. Foi quando começou a ajudar os pais financeiramente, além do auto sustento. “Como todo jovem, tive um impulso consumista quando comecei a ganhar dinheiro. Gastei bastante com viagens, passeei de helicóptero e ainda pagava aluguel”, conta. Em pouco tempo, porém, ele percebeu que deveria se educar financeiramente e começar a acumular patrimônio.

O jovem abriu uma empresa de publicidade com um sócio, diversificou o capital em fundos imobiliários e investiu em uma carteira de ações com 20 companhias. Hoje, aos 30 anos, tem um imóvel quitado e não possui dívidas.

Se tivesse seguido uma carreira corporativa, Linden acredita que não teria conquistado esse patrimônio tão rápido. “Carteira de trabalho é sinônimo de escravidão. Você só consegue antecipar a liberdade financeira se empreender”, diz ele, que iniciou seu negócio antes de a bolha da internet estourar, nos anos 2000.

O caminho da emancipação
 
Pelo exemplo de Linden, empreender pode ser uma das vias mais curtas rumo à independência financeira. Ao contrário da chamada “geração canguru” – adultos que vivem sob as asas dos pais – ele está na contramão de estatísticas que apontam uma tendência de emancipação cada vez mais tardia.

Existem 3 milhões de famílias no Brasil, das classes média e alta, sustentando filhos acima de 30 anos, das classes média e alta, de acordo com o último levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgado em 2012.

O jovem se torna independente quando é capaz de cobrir seus gastos fixos, semifixos e variáveis, explica a consultora financeira Suyen Miranda. “Significa que a pessoa não depende mais de terceiros para pagar as contas”.

Aluguel, condomínio e prestações de financiamentos entram na planilha das despesas fixas, enquanto contas de energia, telefone e água, por exemplo, ficam mais caras ou baratas conforme o uso. Já os gastos variáveis incluem lazer, alimentação e transporte (abaixo, veja como fazer a simulação de seus gastos).

Fabricando o próprio dinheiro
 
A veia empreendedora também foi o caminho para Matt Montenegro tornar-se independente ainda cedo. Ele ingressou no grupo de 1,5 milhão de empresários entre 16 e 24 anos existentes no Brasil, segundo o Data Popular. Aos 18 anos, ele gerava todo o dinheiro que precisava para viver e ajudava os pais nas despesas de casa.

 
 
Matt Montenegro: faturava R$ 100 por dia com a venda de balas para colegas da escola
Fundador do beved.com.br – um marketplace de aulas presenciais e online –, Montenegro começou a empreender ainda na escola, em 2003, vendando os pedaços de pizza Hut que sobravam da refeição dos pais no domingo à noite.

Montenegro ampliou a venda de balas e doces nos intervalos da aula, até que seus pais foram chamados pela diretoria. A concorrência do filho estava incomodando os donos da lanchonete da escola. Propôs um acordo para vender produtos diferentes dos da cantina, e seguiu com o negócio. Chegou a faturar R$ 100 por dia e contratou um colega para ajudar nas vendas.
Ao fim do colégio, abriu uma loja de camisetas e trabalhou em startups, onde teve inspiração para atuar no ramo de tecnologia. Entre 2008 e 2009, Montenegro abriu um site com ofertas de aluguel de apartamentos, similar ao AirBnb.

O rapaz mudou o foco do negócio para a área de educação, quando lançou o beved.com.br em julho de 2012, com a ideia de possibilitar o ensino por demanda. Em janeiro, o site entrou no azul com 13 mil usuários cadastrados e gerou faturamento de R$ 90 mil, em sete meses, apenas para um professor de design que oferece suas aulas na plataforma.

Para Montenegro, o apoio dos pais para empreender foi fundamental para conquistar a independência ainda cedo. “Começou mais como um desafio cheio de adrenalina e satisfação do que uma lista de obrigações, somado ao instinto de sobrevivência”, conta.

Como incentivar a independência
 
Os pais podem incentivar a emancipação precoce dos filhos ainda no berço. Um dos caminhos é investir em previdência privada ou montar uma poupança desde o nascimento, segundo a consultora Suyen. “Ao longo de 18 anos, valores mensais de R$ 50 podem resultar em um bom patrimônio”.

O dinheiro da previdência costuma ser usado para presentear a prole com um carro ou casa, além de pagar a universidade ou um curso no exterior. Mas se o objetivo for fazer o filho fabricar o próprio dinheiro, observa a especialista, a dica é usar essa capital para a abertura da empresa do jovem.

Alguns possuem propensão natural para a independência, que costuma despertar por volta dos 12 anos. “A criança ou adolescente pode oferecer serviços que saiba fazer bem, como aulas de reforço, lavagem de carros, informática ou venda de bijuterias”, exemplifica.

Os pais têm condições de ajudar nesse processo, explica Suyen, orientando o jovem sobre quanto cobrar pelo serviço e como conseguir clientela.

Na opinião da especialista, a emancipação tardia de jovens adultos é mais um traço cultural do brasileiro do que financeiro. “Muitos pais não querem que os filhos sejam independentes. Nossa cultura não estimula o jovem a viver sozinho”.

Na ponta do lápis
 
Para descobrir se é o momento ideal de tornar-se independente dos pais ou tutores, faça uma simulação da soma de todas as despesas que você teria se saísse hoje de casa, conforme o padrão de vida escolhido:

Gastos fixos
Aluguel, condomínio, dívidas, assinatura de TV a cabo, internet e prestações de financiamento.
Gastos variáveis
Conta de luz, telefone, água, gás.
Gastos variáveis
Cinema, restaurantes, roupas, transporte, educação e outros.
Fonte: Suyen Miranda
 
FONTE:http://economia.ig.com.br/financas/2013-09-06/empresarios-ensinam-e-possivel-ter-independencia-financeira-na-adolescencia.html