sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Professor deve usar rede social como aliada


Quando o assunto são redes sociais dentro da escola, muita gente torce o nariz e garante que os professores são pouco hábeis nelas, não sabem usá-las e ainda são os principais dificultadores para inseri-las nos aprendizado em sala de aula e em casa. Na contramão deste cenário, há quem defenda essas ferramentas não como inimigas, mas como aliadas dos educadores. É o caso de Américo Amorim, cofundador do Daccord, empresa especializada em plataformas de ensino, que falou sobre o uso das redes sociais educacionais durante Série de Diálogos o Futuro se Aprende sobre Tecnologias na Educação, promovida pelo Porvir e pela Fundação Telefônica.

Amorim defende que o uso de redes sociais educacionais permite que o professor amplifique – e muito – suas possibilidades de ações pedagógicas. Afinal, em apenas um lugar, ele pode compartilhar documentos, fotos, mapas ou trocar mensagens com alunos e outros profissionais. Pode ainda criar comunidades para discussões temáticas, aplicar de testes e provas, propor quizzes e publicar agenda de atividades. Ainda de acordo com Amorim, o uso dessas ferramentas ajuda a manter os aluno em um ambiente propício, sem nada que não seja extraclasse ou extra-aprendizagem. "O poder de controle do professor é uma das grandes vantagens do uso das redes sociais na educação ao permitir que alunos se reúnam em um ambiente seguro, além de garantir a intercâmbio de experiências e de práticas pedagógicas entre os professores", avalia.

Um dos exemplos de redes sociais existentes e mencionados por Amorim é a Edmodo, que neste ano chegou a 12 milhões de usuários. A plataforma, repleta dessas funcionalidades, permite que os professores acompanhem a frequência e o desempenho dos alunos. Outra rede social com os mesmos semelhantes é a americana Teamie, disponível em inglês. Há também a brasileira Tria, com foco no ensino médio, que tem 10 mil usuários por mês trocam informações e conteúdos.

A Turma do Som é mais um exemplo de rede social, mas esta foi criada pelo próprio Amorim. A plataforma, que possui 25 jogos, foi desenvolvida para ajudar a incentivar estudantes a aprenderem música em sala de aula. A ferramenta está sendo usada em cinco escolas em Pernambuco, São Paulo e Minas Gerais. Nela, os professores ajudam os alunos no aprendizado dos fundamentos da teoria musical a partir de aulas separadas por quatro blocos temáticos: som (timbre), altura, tempo e estrutura. Os conteúdos são trabalhados por vídeos animados, com personagens no estilo dos desenhos japoneses e depois em jogos.

Amorim explica que decidiu criar a plataforma devido à lei instituída em 2008 que determina 2012 como o ano-limite para que todas as escolas públicas e privadas do país adaptem seus currículos para oferecer conteúdos de educação musical no ensino básico. Com ela, além de dar suporte ao ensino e ajudar nesse momento de transição, o software também ajuda os professores a se capacitarem.
O desafio do uso
Segundo levantamento feito no ano passado pela Cetic.Br e citado por Amorim no evento, 95% dos professores usam a internet para pesquisas e 91% para enviar e-mails. Já 70% deles não apresentam dificuldade para acessar redes sociais. Apesar do uso da web a caminho da universalização, ressalta Amorim, o desafio é fazer com que os professores realmente se apropriem dessas ferramentas. Um exemplo claro disso é que 95% dos educadores disseram não usar tecnologias para avaliar tarefas de casa. Para Amorim, as redes sociais deveriam ser aliadas do professor para otimizar os processos educativos fora da escola – como nos trabalhos de casa, por exemplo.

Ainda de acordo com o estudo da Cetic.Br, 86% dos professores não usam recursos tecnológicos no apoio individual, o que impede um ensino personalizado dos alunos "que estão fora da curva". Enquanto isso, 73% disseram não usar jogos educativos ou para trabalhos em grupo.

FONTE:http://estadao.br.msn.com/educacao/professor-deve-usar-rede-social-como-aliada

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Alunos populares na escola tendem a receber salários maiores


Pesquisa liga as facilidades de comunicação e de construir amizades no colégio às habilidades necessárias para uma carreira bem sucedida no mercado de trabalho



De acordo com pesquisa realizada nos EUA revelou que os
adolescentes mais populares na escola tendem a se tornar
adultos mais confiantes

Um estudo realizado nos Estados Unidos revelou que os adolescentes mais populares na escola tendem a se tornar adultos mais confiantes, com salários melhores do que os colegas com menos desenvoltura para fazer amigos.
 
Conduzida pelo Escritório Nacional de Pesquisas Econômicas (NBER, na sigla em inglês), a pesquisa ligou as facilidades de comunicação e de construir amizades comuns a crianças e adolescentes mais extrovertidos às habilidades necessárias para uma carreira bem sucedida no futuro.

O trabalhou foi baseado em um estudo prévio realizado em 1957 quando pesquisadores pediram que estudantes de escolas secundárias do Estado americano de Wisconsin nomeassem seus três melhores amigos.

O nível de popularidade pode ser influenciado pelo ambiente familiar

Mais de 10.300 adolescentes responderam à pesquisa em 1957 e novos dados sobre suas carreiras foram coletados em 1964, 1975, 1992 e 2004. Os resultados mostraram que os adultos que figuraram no topo da lista tinham salários até 10% maiores cerca de 40 anos depois.

Na época, duas teorias foram estabelecidas para tentar dar conta dos dados. Uma indicava que as "conexões estabelecidas na escola são mantidas durante toda a vida e produzem um efeito positivo, tais como acesso privilegiado a algumas vagas de emprego".

No entanto, mais tarde descobriu-se que as pessoas que haviam deixado suas cidades natais e seus círculos sociais tinham construído carreiras mais bem sucedidas, o que desbancou a teoria inicial.

Chegou-se então à conclusão de que "o número de indicações de amizade recebido é um reflexo da popularidade de um estudante entre seus colegas, uma medida de sua habilidade em construir relações pessoas e sociais positivas e de se ajustar às demandas de uma situação social".

Os pesquisadores avaliam que os adolescentes mais extrovertidos compreendem mais cedo "as regras do jogo" da sociedade, como ganhar a confiança dos colegas, em quem confiar e como se relacionar.

"É esta habilidade produtiva que é recompensada pelo mercado de trabalho, ao invés das amizades por si próprias", diz o grupo.

Cada menção de "melhor amigo" por outro adolescente na época estudantil equivaleria a um acréscimo de 2% no salário 35 anos depois, sugere o estudo.

Família

O estudo revelou ainda que o nível de popularidade de um adolescente pode ser influenciado pelo ambiente familiar.

Os pesquisadores afirmam que é possível encontrar relações entre um ambiente familiar acolhedor e um número maior de indicações de amizade.

Além disso há uma tendência de escolha entre pessoas parecidas, fenômeno conhecido como "homofilia", quando uma pessoa tende a optar por construir amizades com outras que têm características semelhantes às suas.

Outros dados encontrados apontam que adolescentes mais inteligentes e relativamente mais velhos tendem a ser indicados como melhores amigos com mais frequência e, surpreendentemente, o status social conferido pela situação econômica da família não tem um papel crucial no processo.

FONTE:http://jovem.ig.com.br/cultura/mix/2012-10-25/alunos-populares-na-escola-tendem-a-receber-salarios-maiores-diz-estudo.html

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Games querem reconhecimento da escola


Nos anos 80, a educação formal fechou a porta violentamente "na cara" da televisão. Essa se tornou por muito tempo a inimiga pública do aprendizado. A cena foi se flexibilizando aos poucos, primeiro para os programas explicitamente educativos, como o Vila Sésamo. Posteriormente, num movimento recente e ainda em maturação, a educação percebeu que pode se apropriar da mídia, conseguir bradar um "hino de independência" e utilizá-la como aliada – o que tem sido chamado de educomunicação pela academia.

O relatório recente "Horizon Report on Education", feito por um consórcio de empresas, mapeou como o universo dos games vem se relacionando com a educação formal nos Estados Unidos. Pelas conclusões obtidas, o game é a nova "televisão", que busca espaço dentro da escola.

O investimento em produção de jogos por lá ultrapassou há alguns anos o orçamento do cinema – para se ter noção do tamanho do mercado.

O relatório apontou um aumento do uso de games no ensino superior, além do médio. Como na programação televisiva, games tido como educativos, criados por organizações não-governamentais e institutos, têm passe livre nas escolas. Jogos do tipo "simuladores", por exemplo, são usados por 52% dos alunos de universidades americanas.

O que surpreende é que o uso de games nem tão educativos assim, como o popular Angry Birds, têm sido freqüente. Diversas escolas adotaram os pássaros irritados para o ensino da física. Por conta disso, a NASA se aproximou do desenvolvedor para criar novas versões que explorem outras teorias e que deixem as aves mais amenas (com o selo "educativo") - "Angry Birds Space: The Red Planet" está pronto para ser lançado, com o tema do planeta Marte e suas peculiaridades.

A rede Games for Change, o maior grupo internacional que estimula interação entre disciplina escolar e games de temática social, chegou ao Brasil com selo da USP e coordenação do Prof. Dr. Gilson Schwartz . Há pilotos em diversos colégios paulistanos que colocam os estudantes no lugar de repórteres em áreas de conflito, por exemplo, e estimulam a pesquisa, entrevista e compreensão do contexto histórico.

A última fronteira no território dos games no Brasil diz respeito justamente à apropriação de sua criação pelo alunos. Uma educação não repetidora, que estimula a criatividade, tem no desenvolvimento de jogos (hoje algo simples, mas que requer lógica e raciocínio) um terreno extremamente fértil que pode aproximar a escola da atmosfera das startups.

Aprender nem sempre é algo prazeroso ou divertido, é bom dizer. Mas a aproximação da escola da cultura do jovem, como no caso dos games, vem se mostrando um excelente antídoto contra a evasão – o mal que assombra a educação pública brasileira.

* ALEXANDRE LE VOCI SAYAD É JORNALISTA E EDUCADOR. DESENVOLVE PROJETOS INTERDISCIPLINARES COMO FOCO EM EDUCAÇÃO PARA ESCOLAS, GOVERNOS E EMPRESAS. é AUTOR DO LIVRO IDADE MÍDIA: A COMUNICAÇÃO REINVENTADA NA ESCOLA, PUBLICADO PELA EDITORA ALEPH.

FONTE:http://estadao.br.msn.com/educacao/games-querem-reconhecimento-da-escola

Nível socioeconômico influencia nota de escola no Enem, aponta estudo da USP


A renda familiar, a escolaridade dos pais e outros fatores socioeconômicos explicam 80% da média das escolas com mais de 10 alunos prestando o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Os outros 20% podem ser creditados ao mérito da própria escola. Esses resultados foram obtidos pelo pesquisador Rodrigo Travitzki ao analisar dados do Enem dos anos 2009 e 2010 para sua pesquisa de doutorado. O objetivo do estudo era saber até que ponto o ranking de escolas do Enem tem validade como indicador de qualidade escolar.

"O ranking atual serve mais para as elites do que para o governo e a sociedade, pois as escolas melhor colocadas são aquelas cujos alunos tiveram as melhores notas. Mas se a escola recebe no ensino médio um aluno bom cuja nota da prova também foi boa, significa que ela manteve a qualidade do aluno ao longo do período. Entretanto, quando a escola recebe um aluno péssimo, mas que na prova do Enem consegue um resultado mediano, significa que ela conseguiu melhorar o aluno ao longo dos anos, fato que atualmente não é considerado no ranking", diz o pesquisador, que leciona Biologia para o ensino médio.

A pesquisa está sendo realizada para o doutorado-sanduíche de Travitzki pela Faculdade de Educação (FE) da USP, sob a orientação da professora Carlota Boto, e pela Universidade de Barcelona, na Espanha, sob a orientação do professor Jorge Calero. A escolha por este centro de ensino espanhol ocorreu pois lá se concentram vários especialistas na técnica de análise estatística de dados educacionais. O estágio no exterior teve o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Travitzki analisou especificamente o questionário que os alunos respondem com informações sobre a situação sociocultural e econômica da família, como renda familiar e escolaridade dos pais, e que permite identificar o perfil dos participantes. Com base nesta análise, Travitzki está propondo um outro ranking de escolas para o Enem. "A ideia é ranquear as escolas com base na nota do Enem de formas mais justas, equitativas, e informativas. O que eu proponho é um modo novo de olhar para o ranking", destaca o professor. A divulgação do novo ranking deverá ocorrer em março de 2013, quando está prevista a defesa da tese. Antes disso, também está prevista a publicação de artigo científico sobre o tema.

Dentro da ótica do novo ranking, uma escola de periferia, que ocupa um lugar desfavorável no ranqueamento atual, pode ser muito melhor conceituada na análise realizada por Travitzki caso tenha alunos com uma boa pontuação no Enem.

De abril a agosto de 2012, o pesquisador esteve na universidade espanhola onde trabalhou com os microdados do Enem coletados por meio do site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Os dados obtidos após o processo de filtragem são de cerca de 1 milhão de alunos para cada ano. Travitzki escreveu um programa de computador baseado em software livre, sendo que a análise foi realizada sob o ponto de vista da economia voltada para a educação. "Posteriormente pretendo disponibilizar esses códigos", informa o doutorando.

Enem

O Exame Nacional do Ensino Médio foi criado em 1998, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso com o objetivo de fornecer uma avaliação do ensino médio brasileiro. Na gestão do ex-presidente Lula (e que se estende aos dias atuais, na gestão da presidenta Dilma Rousseff), a nota do Enem passou a ser utilizada para a conquista de vagas em universidades privadas – via Programa Universidade para Todos (Prouni) por meio da concessão de bolsas de estudo em cursos de graduação -, e também na conquista de vagas em universidades federais brasileiras.

O ranking das escolas é divulgado desde 2006 e é baseado nas notas dos alunos. A prova é composta por 45 questões de 4 áreas do conhecimento, totalizando 180 questões. O Enem 2012 ocorre nos dias 3 e 4 de novembro. "O exame é o segundo maior do mundo, avaliando cerca de 6 milhões de alunos ao ano, perdendo apenas para o chinês, que avalia, anualmente, 10 milhões de alunos", informa o pesquisador.

Prejuízos à educação

Para Travitzki, o ranking de escolas atual fornecido pelo Enem pode empobrecer a educação brasileira por dois motivos. "As escolas começam a se preocupar mais com os bons resultados em testes e podem começar a esquecer de outros elementos importantes para o aprendizado, como a inteligência emocional e a capacidade de trabalhar em grupo, por exemplo. O segundo ponto é que o ranking tende a aumentar as desigualdades, pois favorece as escolas que tiveram as melhores notas e prejudica as que tiveram notas ruins."

FONTE:http://estadao.br.msn.com/educacao/n%c3%advel-socioecon%c3%b4mico-influencia-nota-de-escola-no-enem-aponta-estudo-da-usp

DCE da USP realiza plebiscito sobre democracia na universidade


Entre 22 e 26 de outubro, o Diretório Central de Estudantes da USP vai promover um plebiscito sobre a estrutura de poder na universidade. Segundo Pedro Serrano, aluno de ciências sociais e membro da atual gestão do DCE, a consulta funcionará como uma demonstração de força para a Reitoria, que vem discutindo alterações nas eleições para reitor e diretores de unidades. "Querem fazer mudanças no estatuto da universidade com discussões restritas ao Conselho Universitário (CO), sem fazer um debate com a comunidade universitária".

O plebiscito faz as perguntas: "Você é contrário ao processo de mudança de estatuto promovido por Rodas sem participação da comunidade universitária? Você é favorável às diretas para diretores e para reitor com participação paritária das três categorias? Você é favorável a um processo estatuinte soberano e paritário entre as três categorias (estudantes, professores e funcionários)?" Com o resultado, o DCE pretende mobilizar os estudantes e pressionar a Reitoria: "Queremos mostrar que os alunos são atores políticos relevantes e devem ser ouvidos".

A Assessoria de Imprensa da Reitoria confirma a realização de sessões sobre estrutura de poder no CO, mas alega que eram apenas consultivas. Atualmente, a eleição para reitor ocorre em dois turnos. No último pleito, em 2009, participaram do primeiro turno 1925 pessoas e do segundo, 325. Os três candidatos mais votados formam a lista tríplice e o governador do Estado escolhe o reitor. Em 2009, apesar de ter ficado em segundo lugar na votação, atrás do cientista Glaucius Oliva, o professor João Grandino Rodas foi apontado pelo então governador José Serra para ocupar o cargo.

Tanto esse formato como o composição do CO são criticados pelo DCE por serem pouco democráticos. "A estrutura é retrógrada e fechada, não há diálogo", opina Serrano. Em carta enviada pela Associação dos Docentes da USP (Adusp) para os membros do Conselho no fim de setembro, a associação pede que movimentos dos estudantes, funcionários e docentes sejam incluídos no debate sobre possíveis mudanças no estatuto da instituição. "Ressaltamos que uma mudança estatutária relativa à estrutura de poder na USP, que se pretenda representativa, não pode prescindir do reconhecimento de toda a comunidade universitária".

O professor Luiz Nunes de Oliveira, representante dos professores titulares do CO, concorda que há pouco espaço para o debate e também acredita que o colégio eleitoral seja muito restrito. "Ampliá-lo seria interessante, mas não acho que as eleições diretas sejam a solução". Ele defende que o processo eleitoral seja formado por um único turno em que participariam as 1900 pessoas que hoje votam apenas na primeira etapa.

Segundo ele, Rodas prometeu a realização de mais uma reunião sobre o tema no CO, dessa vez deliberativa, para este semestre, quando ele espera que seja votada essa mudança, passando de dois turnos para um. "Minha expectativa é que consigamos mudar isso. Se der certo, será um sinal para o próximo reitor". Mas pondera: "É difícil fazer mudanças na USP".

Segundo Serrano, o DCE vai montar urnas em todos os campi da universidade e divulgar a consulta por meio de jornais e boletins. Na sexta-feira, 19 de outubro, às 18h, será realizada uma reunião aberta sobre o tema.

FONTE:http://estadao.br.msn.com/educacao/dce-da-usp-realiza-plebiscito-sobre-democracia-na-universidade

Smartphones aumentam nota de alunos de baixa renda


Enquanto uma pesquisa divulgada hoje pela consultoria Strategy Analytics diz que no mundo já existem mais de 1 bilhão de usuário de smartphones, dentro de sala de aula, eles nem sempre são bem-vindos. Se, por um lado, cada celular esconde um universo de distrações, como videogames, redes sociais e programas de mensagem instantânea, por outro, estudos têm mostrado que as tecnologias móveis são capazes de ajudar os alunos a terem melhores experiências de aprendizado e, consequentemente, melhores resultados nas provas. É o que mostram os resultados do K-Nect, que levou smartphones a alunos de baixa renda de várias escolas na Carolina do Norte, nos Estados Unidos.

O projeto foi criado em 2008 para ajudar alunos do 9º ano em situação de risco social, que não tinham internet em casa, a desenvolverem as chamadas habilidades do século 21, além de diminuírem o déficit que apresentavam em matemática. Com o apoio da Qualcomm, o Project K-Nect forneceu smartphones com acesso liberado à internet e conteúdo personalizado e alinhado aos planos de aula dos professores. Os jovens, então, passaram a interagir com os colegas com mais facilidade, a fazer exercícios com feedback instantâneo, a buscar informações a qualquer hora do dia. Em um ano, os alunos que participaram do projeto viram suas notas crescerem em 30%.

"Nem todo mundo tem televisão, computador ou mesmo eletricidade em casa, mas estamos nos aproximando do ponto em que todo mundo poderá ter acesso à internet", disse Peggy Johnson, vice-presidente da Qualcomm Incorporated e presidente de desenvolvimento de marketing global, ao Mashable. "A cobertura da internet sem fio já alcançou os quatro cantos do mundo." Para ela, a tecnologia sem fio pode ajudar a melhorar a educação nos Estados Unidos e no mundo.

De acordo com os responsáveis pelo projeto, uma das grandes vantagens do smartphone é seu tamanho. Com a mobilidade, os dispositivos podem ser levados de forma fácil – e mais barata – para lugares que sofrem com a falta de infraestrutura. Existe a possibilidade, inclusive, de a internet levar professores a vilarejos onde não há nem escolas. "Em vilas que não teriam condições de ter uma sala de aula ou um professor, você pode enviar um único tablet e algumas instruções e aí você não precisa de uma sala de aula", disse Johnson.

O Project K-Nect faz parte da Wireless Reach Initiative, um programa da Qualcomm que procura levar internet sem fio a comunidades ao redor do mundo que não têm acesso a esse tipo de tecnologia. Com a ajuda de parceiros, o programa tenta melhorar a qualidade de projetos educacionais, da assistência médica e da sustentabilidade local.

FONTE:http://estadao.br.msn.com/educacao/smartphones-aumentam-nota-de-alunos-de-baixa-renda

"Ensino médio no Brasil é um Frankenstein"


Quem tem seus trinta e poucos anos – um pouco mais ou um pouco menos dependendo da região – vai se lembrar dessas nomenclaturas: científico, clássico e magistério. Antes, essas modalidades direcionavam os estudantes para áreas de conhecimento específicas, conforme suas aptidões. A partir da década de 70, o modelo foi sendo gradualmente substituído por um formato mais generalista, usado até hoje. Para Marcos Magalhães, ex-presidente da Philips do Brasil e atual presidente do ICE (Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação), organização que tem reformulado escolas de ensino médio em vários estados, é preciso fazer o caminho reverso para recuperar a qualidade perdida.

"No Brasil, encaminhamos os jovens para o ensino médio geral, que é um grande balaio. Acabamos criando um Frankenstein com mais de 11 disciplinas, quando precisamos criar uma gama de opções para que o aluno possa escolher aquilo para o que quer ir se direcionando", afirma Magalhães. Para ele, o Brasil deveria se inspirar no modelo europeu, que reduz o número de disciplinas e cria um conjunto de matérias eletivas como forma de desenvolver "uma melhor visão de futuro" nos jovens.

"O modelo ideal seria limitar a grade a seis matérias obrigatórias e o restante delas serem eletivas. É preciso que o currículo seja integrado com trabalhos, projetos, matérias transversais, projetos de vida, iniciativas fora da escola, ambiente formativo e a mudança no papel do professor", diz.

A opção defendida por Magalhães de simplificar a grade curricular para liberar mais tempo para que o aluno se dedique a suas aptidões tem ganho ressonância na sociedade. Atualmente, a grade curricular é composta por 13 disciplinas obrigatórias, mas o MEC estuda a flexibilização desse número, especialmente depois que a etapa escolar amargou resultados estagnados em 3,4 no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) numa escala que vai de 0 a 10. "Neste ano, nos encontramos com o [ministro da Educação] Aloízio Mercadante, que já está repensando o ensino médio. Ele conheceu alguns dos nossos centros de ensino e vamos seguir em conversa", afirma Magalhães.

Além das alterações na grade curricular, Magalhães ressalta também a importância de que os processos seletivos para as universidades, como o Enem e os grandes vestibulares, sejam repensados. "Eles não deveriam ser uma prova única, mas várias avaliações distintas, o que criaria uma condição melhor de escolha das universidades", afirma. A discussão é ainda mais relevante, diz ele, devido ao crescimento econômico e a demanda por profissionais qualificados que o país vem vivendo nos últimos cinco anos.

Magalhães tem experiência no que está defendendo. Em 2004, ele criou o ICE, entidade sem fins lucrativos, em parceria com o setor privado. Juntos, eles implementaram os primeiros modelos dos CEEs (Centro de Ensino Experimental) ou ginásios experimentais, como são mais conhecidos, que hoje já estão espalhados por Pernambuco, Ceará, São Paulo, Goiás e Rio de Janeiro. Apenas o Rio adota o modelo para o ensino fundamental 2; em todos os outros Estados, a experiência é de atuação no ensino médio.

Esses centros são sempre escolas públicas, geridas em parceria com as secretarias de educação. O ICE vai até essas instituições e desenvolve um modelo de educação integral. Neles, os professores têm dedicação exclusiva e atividades pedagógicas integradas entre as disciplinas. O primeiro CEE a ser implantado foi o Ginásio Pernambucano, em Recife, onde Magalhães estudou. A escola, que data da época do Brasil Império, foi referência de educação de excelência durante décadas, mas sua qualidade foi declinando até ser interditada no fim da década de 90 por falta de condições físicas. Em 2004, ela reabriu as portas já com o novo modelo.

FONTE:http://estadao.br.msn.com/educacao/ensino-m%c3%a9dio-no-brasil-%c3%a9-um-frankenstein