segunda-feira, 9 de março de 2020

Ciência - Tabela Periódica dos Elementos Químicos completa 150 anos

Você já reparou que em toda sala onde se discute química existe uma Tabela Periódica fixada na parede? Mais do que uma representação gráfica, ela consiste em um ordenamento dos elementos químicos em linhas e colunas de acordo com algumas de suas propriedades químicas e físicas. 

A Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou o ano de 2019 como o Ano Internacional da Tabela Periódica dos Elementos Químicos. A iniciativa partiu da União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac, na sigla em inglês) e visa reconhecer a importância da tabela como uma das conquistas mais importantes e influentes da ciência moderna.

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A Tabela Periódica Moderna A Tabela Periódica moderna foi criada em 1869 pelo químico russo Dmitri Mendeleev (1834-1907). Ele buscou uma forma mais racional de organizar os elementos químicos de acordo com suas propriedades, Ela contava com todos os elementos químicos descobertos pelo ser humano. A denominação "periódica" se deve à repetição de propriedade dos elementos, de intervalos em intervalos.

No século 20, a Tabela Periódica foi modificada. Além de ser mais completa que a de Mendeleev, a Classificação Periódica moderna substituiu o número de massa dos elementos pelo seu número atômico, ou seja, a carga do núcleo. Essa mudança aconteceu em 1913, após a proposição do modelo do átomo nuclear. Hoje, ela conta com 118 elementos, sendo que os 92 primeiros são encontrados na superfície da Terra. Do 93 ao 118, os elementos foram sintetizados em laboratório. Desde a criação de Mendeleev, mais de mil diferentes versões da tabela foram criadas até hoje.

HISTÓRIA

 A descoberta individual dos elementos químicos foi o ponto de partida para a construção da Tabela Periódica. Na Antiguidade, vários elementos eram conhecidos, como o ouro, prata, o estanho, o ferro e o cobre, com os quais vários materiais eram fabricados. 

Os filósofos gregos da Antiguidade foram os primeiros que se preocuparam com a explicação dos fenômenos da natureza. Para Demócrito (460-370 a.C.), o ser não é vazio. Ele afirmava que todas as coisas deste mundo poderiam ser divididas em partículas cada vez menores, até se chegar a uma partícula mínima que não poderia mais ser dividida e que seria denominado átomo (do grego: a, "não", e tomos, "partes"). Já Aristóteles (384-322 a.C.) acreditava que a matéria poderia ser dividida infinitamente e que tudo o que existia no Universo era formado pela reunião, em quantidades variáveis, de quatro elementos: terra, água, fogo e ar.

Na Idade Média, o conhecimento químico foi fortemente influenciado pelas ideias da Alquimia, que buscavam significados metafísicos nas substâncias. Os alquimistas queriam criar a pedra filosofal, que seria capaz de eliminar a impureza dos metais ordinários e transformá-los em ouro líquido, o mais puro elemento da Natureza, pois não sofria corrosão. A primeira descoberta dita científica de um elemento ocorreu em 1669 quando o alquimista alemão Henning Brand (1630-1710) tentou produzir ouro a partir da urina. Com o experimento, descobriu o fósforo.

A afirmação da Química como ciência moderna só ocorreu no século 18, ligada principalmente aos trabalhos de Lavoisier (1743-1794). O francês cunhou a célebre lei da conservação da matéria: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Com suas descobertas, Lavoisier demonstrara a importância de leis químicas quantitativas, enunciando seu princípio da conservação de massa.

Com outros estudiosos (Louis Bernard Guyton de Morveau, Claude Louis Berthollet e Antoine François de Fourcroy), Lavoisier tentou ainda encontrar uma linguagem própria e mais racional para a química, de modo que não confundisse os cientistas. "É necessário grande hábito e muita memória para nos lembrarmos das substâncias que os nomes exprimem e, sobretudo para reconhecer a que gênero de combinações pertencem", escreveu o químico.

No século 18, a linguagem química existente ainda possuía forte inspiração alquímica. As substâncias eram identificadas por nomes arbitrários, ora representando as suas qualidades, ora derivados de termos astrológicos, ora nome de pessoas, ora de lugares. Era comum a existência de dez a quinze nomes diferentes para designar uma determinada substância química. A linguagem dos químicos continha nomes como "fígado de antimônio", "manteiga de arsênio", "safrão de Marte", "flor de bismuto", "sal da sabedoria", "água fagedênica", "óleo de tártaro por desfalecimento" ou "flores de zinco"

Em 1789, Lavoisier publicou a obra "Tratado Elementar de Química", que fornecia uma nomenclatura moderna para 33 elementos. Ele pretendia batizar um elemento químico de acordo com suas propriedades, então surgiram, assim, os nomes oxigênio, hidrogênio, enxofre, fósforo e nitrogênio. Oxigênio, por exemplo, significa formador de ácidos e hidrogênio, formador de água.

A grande descoberta de novos elementos químicos no século 19 obrigou os cientistas a imaginar formas de visualização ou classificações em que todos os elementos ficassem reunidos em grupos com propriedades semelhantes. Várias propostas surgiram para a organização dos elementos químicos.

Tríades de Dobereiner

No início do século 19, eram conhecidos perto de 50 elementos. O químico alemão Johann Wolfgang Dobereiner (1780-1849) desenvolveu a primeira proposta aceita pela comunidade científica, a das Tríades. Enquanto estudava os elementos químicos cálcio, bário e estrôncio, ele percebeu que a massa atômica de um elemento correspondia, aproximadamente, à média aritmética de outros dois. Dobereiner descobriu outros grupos de elementos com o mesmo padrão e chamou essa formação de tríades (grupos de três elementos separados pela massa atômica). Por exemplo, o fenômeno acontece nos elementos lítio/sódio/potássio, enxofre/selênio/telúrio e cloro/bromo/iodo.

Parafuso Telúrico 

Em 1862, o geólogo francês Alexandre Béguyer de Chancourtois (1820-1886) publicou um artigo científico apresentando o modelo do Parafuso Telúrico. Ele agrupou os elementos químicos em uma linha helicoidal (espiral) que recobria uma superfície cilíndrica formando um caracol. Considerada por muitos como a primeira tabela periódica, o objeto também se destacava por organizar os elementos em uma superfície 3D. Com o tempo, essa proposta não conseguia classificar e inserir novos elementos descobertos - ela só é válida para elementos com número atômico inferior a 40. Hoje as peças originais fazem parte dos acervos de museus de história natural.

Lei das Oitavas 

Em 1864, surgiu a Lei das Oitavas, proposta pelo químico inglês John Newlands. Inspirado pela escala musical (ele também era músico), Newlands agrupou os elementos químicos de sete em sete, em ordem crescente de massa atômica. Assim, ele observou que o primeiro elemento tinha propriedades semelhantes ao oitavo, e assim por diante. Essa classificação foi abandonada porque a regra não se aplicava a todos os elementos químicos.

Mendeleev 

O russo Dmitri Mendeleev gostava de trabalhar sozinho em seu laboratório. Ele anotava as propriedades dos elementos químicos em cartões que pregava na parede. Então ele mudava as posições dos cartões até obter uma sequência de elementos em que se destacasse a semelhança das propriedades. Quando os elementos químicos eram colocados em ordem crescente de suas massas atômicas, ele observou que havia uma periodicidade das propriedades. De uma maneira geral, ocorria uma repetição das propriedades a cada oito elementos, como no caso do grupo dos Metais Alcalinos lítio, sódio e potássio.

Mendeleev criou uma tabela com 63 quadrados, cada qual com o símbolo de um elemento, distribuídos em 8 colunas e 12 faixas horizontais. Cada quadrado trazia informações sobre a massa atômica e as propriedades físicas e químicas. Eles foram agrupados em ordem crescente de suas massas. A leitura da tabela é feita da esquerda para a direita e de cima para baixo, com quebras no meio que separam elementos sucessivos.

A primeira versão da tabela periódica de Mendeleev foi publicada em 1869, em seu livro "Princípios de Química". Em sua tabela, o químico fez uma ousadia: deixou espaços em branco para outros elementos que ainda seriam descobertos. Em relação a três desses elementos (gálio, germânio e escândio), ele chegou a fazer a descrição com precisão de muitas de suas propriedades, que se mostraram semelhantes às verificadas posteriormente quando foram descobertos.

FONTE:https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/ciencia---tabela-periodica-dos-elementos-quimicos-completa-150-anos.htm

Clarice Lispector - 100 anos do nascimento da escritora...

"Não escrevo para fora, escrevo para dentro". Assim a escritora Clarice Lispector (1920-1977) explicava sua literatura. Considerada uma das maiores escritoras do Brasil, ela foi romancista, contista, cronista, tradutora e jornalista. 

Clarice Lispector pertence à terceira fase do movimento modernista e imprimiu em suas obras uma literatura intimista, de sondagem psicológica e introspectiva, com mergulhos no pensamento e na condição humana.

Clarice Lispector é considerada uma das maiores escritoras do Brasil - Divulgação

Em 2020, comemora-se o centenário do nascimento de Clarice Lispector. A escritora nasceu no dia 10 de dezembro de 1920, em Tchetchelnik, uma aldeia da Ucrânia, então pertencente à Rússia. Seu nome de nascença é Haia. Os pais, judeus russos, decidem emigrar três anos após a Revolução Bolchevique de 1917, devido à violência e a constante perseguição antissemita. 

A família chegou ao Brasil em 1922, na cidade de Maceió, onde adotam novos nomes. Haia, então com dois anos de idade, se tornou Clarice. Pouco tempo depois, a família se mudaria de Alagoas para Recife, em busca de melhores condições de vida. Após a morte da mãe, os familiares foram viver no Rio de Janeiro.

Naquela época, as mulheres ainda eram vistas como donas de casa e mães. Mas Clarice Lispector pôde estudar e trabalhou desde muito jovem. Ela começou a trabalhar como professora particular de português e matemática. Em 1939, ingressou na faculdade de Direito, onde concluiu a graduação em 1943. Durante os estudos, começou a trabalhar como repórter na Agência Nacional. Começava aí uma carreira paralela como jornalista, com publicações na imprensa de textos jornalísticos e literários.

Em 1942, Clarice Lispector escreveu seu primeiro romance, que recebeu o título de Perto do coração selvagem. Segundo ela, escrevê-lo foi um processo de angústia, pois "o romance a perseguia". As ideias surgiam a qualquer hora, em qualquer lugar. Por isso, adotou o hábito de anotar as ideias em qualquer pedaço de papel. Ela reuniu as anotações esparsas e concluiu a obra.

Em 1943, Clarice Lispector se naturalizou brasileira. Ela casou-se com um diplomata, o que a fez viver em países como Estados Unidos, Inglaterra, Itália e Suíça, onde escreveu os seus primeiros livros. No mesmo ano, publicou Perto do coração selvagem, narrativa que foi bem recebida pela crítica brasileira, que chegou a comparar seu estilo com escritores como James Joyce e Virgínia Woolf.

O livro conta a história de Joana, desde a sua infância até a vida adulta. O crítico Antonio Candido reconheceu nessa obra um talento literário precoce e a extraordinária capacidade da jovem estender "o domínio da palavra sobre regiões mais complexas e mais inexprimíveis".

A narrativa já mostrava o estilo pessoal de Clarice Lispector, um romance urbano que explora o campo psicológico das personagens e o uso do monólogo interior (discurso da personagem na primeira pessoa, em que ela reflete sobre seus sentimentos, ideias ou experiências). Muitos textos retratam as angústias e introspeções do universo feminino.

Naquela época, a literatura brasileira era marcada pelo regionalismo, com histórias lineares que abordavam a realidade regional do país e as questões sociais. A narrativa da escritora representa uma inovação no romance brasileiro, ao quebrar a linearidade discursiva (do tipo início-meio-fim) e adotar o ponto de vista do narrador não-onisciente para narrar a história.

Em 1959, após seu divórcio, Clarice Lispector volta a residir no Brasil e publica alguns de seus livros principais, como Laços de Família (1960), A Paixão Segundo G.H. (1964), Água Viva (1973) e A Hora da Estrela (1977). Morando no Rio de Janeiro, a escritora também dedica parte de sua produção aos contos.

"Meus livros, felizmente, não são superlotados de fatos, e sim da repercussão dos fatos no indivíduo", afirmou a escritora. A literatura clariciana traz como características elementos como o fluxo de consciência, monólogo interior e a ruptura com o enredo factual. As temáticas são existenciais e psicológicas.

Outra marca de sua literatura é o uso da epifania - momentos em que alguma das personagens (no geral, femininas) passam por uma revelação ou uma tomada de consciência diante de um fato do cotidiano.

A personalidade da escritora também provocava curiosidade e admiração. A escritora francesa Hélène Cixous definiu Clarice como "Se Kafka fosse mulher. Se Rilke fosse uma brasileira judia nascida na Ucrânia. Se Rimbaud tivesse sido mães, se tivesse chegado aos cinquenta. Se Heidegger pudesse ter deixado de ser alemão, se ele tivesse escrito o Romance da Terra".

Pela imprensa, Clarice Lispector já foi chamada de "bruxa", "exótica" e "misteriosa". Mas ela gostava de se definir de uma forma mais simples: uma escritora e uma dona de casa. Também foi chamada de "Esfinge do Rio de Janeiro". O apelido lembra uma passagem da escritora pelo Egito. Em uma viagem, ela olhou fixamente para a esfinge. "Não a decifrei", escreveu Clarice. Mas ela continuou: "Mas ela também não me decifrou".

O mais importante romance de Clarice Lispector é A paixão segundo G.H - Fundação Casa de Rui Barbosa

O mais importante romance de Clarice Lispector é A paixão segundo G.H. Lançado em 1964, ano em que a ditadura militar se consolidou no Brasil. Nesse livro, uma mulher de classe média (GH) ao arrumar o quarto de empregada, se depara com uma barata. Assustada, ela a espreme contra a porta de um armário.

O incidente passa a causar uma série de reflexões existenciais na protagonista, conduzindo-a à tomada de consciência. A obra é um longo monólogo em que a narradora faz um mergulho em si mesma, em um fluxo incessante de pensamentos e sentimentos.

A escritora dizia que escrevia para se entender e para "dizer o indizível". A partir de A paixão segundo G.H, sua obra passa a ser analisada com questões da filosofia e conceitos metafísicos. Críticos comparam alguns de seus textos ao pensamento existencialista de filósofos como o francês Jean-Paul Sartre e dinamarquês Søren Kierkegaard em temas como a angústia da existência humana, o mal-estar cotidiano, o nada, o amor e a liberdade.

Outra obra marcante é Água Viva, publicada em 1973 e considerada "enigmática" por muitos críticos. O romance traz a história de uma solitária pintora que inicia um quadro e resolve escrever para o antigo amante.

A escritora se lança em reflexões sobre o tempo, a vida e a mortes, a coragem e o medo e a arte. "Eu te digo: estou tentando captar a quarta dimensão do instante —já que de tão fugidio não é mais porque agora tornou-se um novo instante— já que também não é mais. Cada coisa tem um instante em que ela é. Quero apossar-me do é da coisa", escreve ela.

Clarice trabalhou como jornalista até 1975, passando por revistas e jornais nacionalmente conhecidos, escrevendo crônicas e colunas para o público feminino. A autora faleceu de câncer em 9 de dezembro de 1977, no Rio de Janeiro, um dia antes de completar 57 anos. Durante o período da doença, passou a ficar mais tempo em casa, escrevendo. Foi quando produziu o romance A Hora da Estrela, o último publicado em vida.

No romance, a personagem Macabéa é uma moça alagoana pobre e ingênua, que migra para o Rio de Janeiro e encontra uma série de dificuldades na cidade grande. Ela tem a vida contada por um personagem masculino, Rodrigo, que faz o papel de narrador-escritor que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso.

Macabéa é uma anti-heroína. Um personagem marcante por ser apática, com dificuldades de se expressar e incapaz de enxergar maldade nos outros. Discriminada por todos que a cercam, ela não consegue definir sua própria identidade. Ela sonha em ser uma estrela de cinema, mas a realidade a esmaga no dia a dia. A obra é uma reflexão sobre os esquecidos da sociedade e a falta de perspectiva dos rostos anônimos dos que imigram para os grandes centros urbanos. Apenas com a morte, Macabéa alcança a sua hora de estrela. Clarice Lispector encerra a narrativa com a descoberta da própria morte. Ela morreria dois meses após publicar o romance.

Principais obras de Clarice Lispector :

Romances 
Perto do coração selvagem, 1943 
A paixão segundo G.H, 1964 
Água viva, 1973 

Novela 
A hora da estrela, 1977 

Contos 
Laços de Família, 1960... 

FONTE:https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/clarice-lispector---100-anos-do-nascimento-da-escritora.htm

Subprocurador critica contrato do MEC com empresa acusada de corrupção...

O subprocurador-geral do Ministério Público (MP) que atua no Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Furtado, defendeu ontem o cancelamento da licitação do Ministério da Educação (MEC) que resultou na contratação de uma empresa acusada de corrupção para fornecer kits escolares. Como revelou o jornal "O Estado de S. Paulo", mesmo sabendo das suspeitas de irregularidades envolvendo a Brink Mobil, a pasta decidiu manter o negócio. 
A empresa poderá receber até R$ 406 milhões pela distribuição do material em todo o País. No mesmo período em que negociava o contrato com o MEC, a Brink era investigada na Operação Calvário, da Polícia Federal, suspeita de envolvimento em um esquema que desviou R$ 134,2 milhões dos cofres públicos da Saúde e da Educação do Estado da Paraíba.

"Em nome do princípio democrático, o ministro deveria revogar a licitação",Furtado ao jornal. A reportagem também ouviu dois técnicos da Controladoria-Geral da União (CGU), sob a condição de anonimato, que disseram não ser incomum gestores públicos cancelarem licitações após verificarem suspeitas de irregularidades no passado de uma empresa. Mesmo quando ela não tenha sido alvo de uma condenação.

Avaliação 

Furtado disse que pretende tomar providências para averiguar se a licitação do MEC seguiu os trâmites normais e se, de fato, a empresa poderia ter vencido o pregão mesmo com o "longo histórico" de suspeitas. 
"Estamos avaliando qual medida tomar, se vai ser uma representação. Na segunda-feira vamos decidir", disse o subprocurador-geral. Além de ser alvo da PF e do Ministério Público da Paraíba na Operação Calvário, a Brink foi denunciada em 2018 no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) por formação de cartel. 
A empresa é acusada de fraudar licitações para compra de uniformes, mochilas e materiais escolares em quatro Estados entre 2007 e 2012.

Para o advogado Edgard Leite, o conjunto de acusações que pesam sobre a empresa seria suficiente para excluí-la do processo licitatório. 
"A lei diz que a administração tem que buscar a melhor condição de compra. É inquestionável que um processo criminal pode comprometer o fornecimento do produto. É um absurdo essa fala do ministro. É essa permissividade que tem comprometido a administração pública", disse Leite. 
"A partir do momento que tem um monte indícios, de provas comprometedoras, a cautela deveria ser a primeira invocada pelo ministério."

'Empresa não estava condenada', afirma Weintraub 

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou ontem, em seu perfil no Twitter, que não poderia excluir a empresa Brink Mobil do certame para fornecimento de kits escolares a estudantes porque, se fizesse isso, "estaria cometendo um crime". "A empresa ganhou a licitação e não estava condenada, não tenho como excluí-la (eu estaria cometendo um crime)."

O MEC afirmou que o processo para a compra dos kits respeitou a legislação em todas as fases. Segundo a pasta, na fase de habilitação, a empresa Brink Mobil estava em condição regular e não tinha impedimentos legais para participar do certame. 

Parceria alvo de investigação na PB foi repetida 

Vencedora de uma licitação milionária para fornecer kits escolares a estudantes, a Brink Mobil repetiu no Ministério da Educação a parceria apontada como criminosa pelo Ministério Público da Paraíba em contratos no governo estadual entre 2012 e 2019. Segundo a denúncia da Operação Calvário, uma segunda empresa, a Conesul Comercial e Tecnologia Educacional, era aliada da Brink no esquema suspeito de desviar R$ 134,2 milhões em dinheiro público das áreas da Saúde e Educação da Paraíba. 
As duas empresas apresentaram uma proposta conjunta ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão ligado ao MEC, para fornecer materiais como lápis, borracha, caderno e tesoura. 
O valor apresentado pelo consórcio Brink-Conesul foi considerado o mais vantajoso e acabou ganhando a concorrência.

A licitação vencida pelas empresas é uma das maiores do Ministério da Educação em 2019, no valor de R$ 406 milhões. Como mostrou ontem o Estado, a pasta foi informada das investigações da Operação Calvário, mas, mesmo assim, decidiu manter a contratação, assinada em novembro do ano passado. 
As duas empresas também já haviam vencido uma licitação anterior para fornecer kits escolares, em fevereiro. Na ocasião, usaram a mesma estratégia de se juntar para apresentar uma proposta única. 
A modalidade de contratação é a chamada ata de preços, em que outras empresas também são habilitadas a fornecer o produto. Como apresentaram a melhor proposta ao MEC, a Brink e a Conesul tiveram a preferência. Até o início da semana, o MEC já havia autorizado o envio de 3,1 milhões de kits, o que somava R$ 164 milhões. Prisões. 
Em dezembro, quando as duas empresas já eram investigadas na Operação Calvário, a Polícia Federal prendeu os donos da Brink, Valdemar Ábila, e da Conesul, Márcio Nogueira Vignoli. No mesmo dia, os policiais detiveram o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB). 
Segundo a denúncia do Ministério Público, apresentada no mesmo mês das prisões, até mesmo funcionários da Brink e da Conesul se apresentavam como representantes de uma só empresa. 
As duas firmas foram procuradas pela reportagem desde quarta-feira, mas não se manifestaram até a noite de de sexta-feira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. 
FONTEhttps://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2020/03/07/subprocurador-critica-contrato-do-mec-com-empresa-acusada-de-corrupcao.htm