segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Pedofilia: publicidade com meninas hipersexualizadas gera polêmica no Chile...

A fotografia de uma menina de 10 anos sentada com as pernas dobradas, vestindo uma saia justa e curta e tomando sorvete gerou forte controvérsia no Chile. A imagem - publicada em diferentes partes do país como parte da campanha publicitária de uniformes escolares da marca chilena Monarch - foi questionada por "hipersexualizar" uma menina menor de idade.

Algumas marcas foram acusadas de usar a imagem de meninas como objetos sexuais no Chile - Getty Images

O caso da Monarch não é isolado: em meio a um intenso debate nas redes sociais surgiram mais fotografias usadas em propagandas escolares de outras marcas, como Mota ou C/Moran, e que geraram discussões sobre uma possível erotização infantil no Chile. Meninas expondo a roupa de baixo enquanto olham para a câmera com as mãos na cintura ou adolescentes que mostram as pernas em posições sensuais em propagandas de sapatos são algumas das imagens que ganharam o centro da polêmica.

"Não se deve tolerar" 

Autoridades políticas e coletivos feministas apontaram que, em muitas situações, publicitários expõem as imagens das meninas como "objetos sexuais". "As pessoas não devem ser retratadas como objetos sexuais e casos como esse estão no limite", disse a uma rádio local a ministra do Desenvolvimento Social e Familiar, Carol Bown. "É impressionante que as empresas não tenham notado", acrescentou.
Por sua vez, a diretora da defensoria da infância do Chile, Patricia Muñoz, disse que esse tipo de publicidade "não deve ser tolerado" para garantir a proteção efetiva dos direitos das crianças e adolescentes envolvidos nas campanhas. O órgão liderado por Muñoz enviou uma denúncia ao Conselho de Auto-Regulação e Ética em Publicidade contra as marcas envolvidas. O debate também abriu as portas para a discussão sobre a eficácia da "auto-regulação" da indústria do marketing. Para alguns, como a deputada Camila Vallejo, a aprovação de projetos para resguardar menores de idade seria cada vez mais importante.
"A indústria da publicidade e a mídia devem entender que o sexismo e a hipersexualização das crianças não são OK!", disse a deputada pelo Twitter, A pressão sobre as marcas cresceu tanto nos últimos dias que a empresa Monarch anunciou que retirará a polêmica fotografia da garota de todas as suas lojas. "De forma nenhuma, o objetivo desta imagem foi provocar o que foi interpretado e lamentamos o que aconteceu. Isso não representa nosso pensamento como empresa e, portanto, estamos tomando medidas imediatas nesse sentido, começando pela revisão dos protocolos com as agências envolvidas", disse a companhia. O mesmo aconteceu com a empresa C / Moran, que pediu desculpas e removeu as fotografias que expunham meninas ou adolescentes. 

"Pedofilia corporativa" 

Para além da controvérsia no Chile, a que se refere especificamente o conceito de "hipersexualização infantil"? O que as marcas buscam com este recurso e quais podem ser suas consequências? Nas últimas duas décadas, várias instituições em todo o mundo abordaram esse problema, tentando explicar como ele se tornou uma tendência comum em materiais de publicidade e marketing.

Através da publicidade, muitas meninas são impostas padrões adultos e, em seguida, desejam usar roupas ou maquiagem inapropriadas para suas idades - Getty Images
Através da publicidade, muitas meninas são impostas padrões adultos e, em seguida, 
desejam usar roupas ou maquiagem inapropriadas para suas idades
 Imagem: Getty Images.

O conceito - definido como a sexualização de expressões, posturas e roupas para fazer uma criança parecer mais velha do que realmente é - também foi descrito como "pedofilia corporativa". De acordo com a psicóloga infantil Susana Saravia, o que as marcas procuram é "transmitir um caráter sexual por meio de um comportamento, conduta ou atitude de uma criança que não seja adequado à sua idade, quando ela deveria estar brincando ou se divertindo com os amigos".
"Assim, as crianças são impostas a uma sexualidade adulta que é prejudicial, porque não estão preparadas nem física, nem emocionalmente para isso", disse Saravia à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC. As consequências podem ser complexas, explica a psicóloga. Por exemplo, ao reforçar atributos físicos, as crianças podem desenvolver distúrbios alimentares, como anorexia e bulimia, ou insegurança.
"A mídia e as redes sociais há muito tempo transmitem um estereótipo de beleza associado ao físico, à magreza, e essas informações chegam aos adolescentes em um período em que estão passando por mudanças físicas muito importantes", diz ela.

Ao reforçar o valor do físico nas campanhas publicitárias, as crianças podem desenvolver distúrbios alimentares, como anorexia e bulimia. - Getty Images
Ao reforçar o valor do físico nas campanhas publicitárias, as crianças podem 
desenvolver distúrbios alimentares, como anorexia e bulimia. 
Imagem: Getty Images.

No caso do Chile, a especialista diz que as mulheres são as mais afetadas.

"Estamos em uma sociedade que reforça o valor do físico principalmente nas mulheres: como elas devem fisicamente para que sejam bem-sucedidas. Parte disso está relacionado a estereótipos que estão sendo construídos socialmente", diz ela. Susana Saravia acredita que seja necessário regular a publicidade. Para ela, o episódio polêmico mostra que marcas "usam a imagem de garotas para vender, conquistar seguidores e atrair clientes" sem considerar os efeitos negativos que isso pode trazer para a população.

FONTE:https://educacao.uol.com.br/noticias/bbc/2020/02/15/pedofilia-publicidade-com-meninas-hipersexualizadas-gera-polemica-no-chile.htm

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

MEC publica novas diretrizes para formação de professores...

O ministério da Educação (MEC) publicou o texto que cria a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação). O documento define como deve ser a formação de licenciatura para futuros professores, e é baseado nas exigências da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que define as necessidades de aprendizado de alunos tanto da rede pública quanto da rede particular. A maior mudança, de acordo com o documento, é a exigência de aulas práticas presenciais que envolvam a equipe docente das instituições responsáveis por cursos de licenciatura.

Nova formação de professores prevê o desenvolvimento de habilidades com uso de tecnologias - divulgação

"A resolução estabelece as diretrizes e habilidades que irão nortear a formação inicial, definindo as competências que deverão ser desenvolvidas nos futuros professores", explicou Janio Macedo, secretário de Educação Básica do MEC. Cursos à distância também deverão oferecer aulas com atividades presenciais, ainda que uma grande parte do processo de formação aconteça remotamente. "Para a oferta na modalidade de Ensino à Distância (EaD), as 400 horas do componente prático, vinculadas ao estágio curricular, bem como as 400 horas de prática como componente curricular ao longo do curso, serão obrigatórias e devem ser integralmente realizadas de maneira presencial", afirmou o secretário.
Segundo o texto, os futuros docentes deverão desenvolver habilidades que instiguem o senso ético, humano, e criem reflexão e possibilidade de análise no decorrer do ensino. A nova formação também prevê o desenvolvimento de habilidades com uso de tecnologias e o uso de dados e informações científicas para desenvolver argumentos no decorrer da vida curricular.

FONTE:https://educacao.uol.com.br/noticias/2020/02/11/mec-publica-novas-diretrizes-para-formacao-de-professores.htm