quinta-feira, 19 de maio de 2022

Projeto: Minha Cor é Meu Poder, eleva a autoestima dos alunos

“Ancestralidade marcada em minha pele”

20 de novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra, foi criado em 2003 por lei federal, esse dia foi incluído no calendário escolar em âmbito nacional, sendo transformado em feriado em cerca de mil cidades em todo o país e nos estados de Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio de Janeiro através de decretos estaduais.

A ocasião é dedicada à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir com o dia atribuído à morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, um dos maiores líderes negros do Brasil que lutou pela libertação do povo contra o sistema escravista.



MINHA COR É MEU PODER

A equipe do Colégio Estadual do Campo Izaltino Rodrigues Bastos, desenvolveu, orientada pela professora Adriana Aparecida Padilha da disciplina de História, o projeto “Minha Cor é meu Poder: minha ancestralidade marcada na minha pele”.

A proposta do trabalho foi ressaltar a beleza da cor, elevando a autoestima dos alunos com descendência negra e discutir a força da ancestralidade na vida de cada um desses alunos.


ALUNOS VIRARAM MODELOS

O projeto foi realizado por meio de um ensaio fotográfico, o qual buscou evidenciar e ressignificar a beleza, exaltando a pele negra e sua história de luta e resistência a fim de combater, conscientizar e superar o preconceito.

Foi apresentada a todos os alunos do Colégio uma exposição digital do ensaio fotográfico realizado com os alunos afrodescendentes, bem como vídeos e músicas de reflexão sobre o preconceito racial.

O projeto envolveu toda a escola, o professor Valdevino Foss Wunsch, da disciplina de Filosofia foi o fotógrafo, a diretora Selma do Belem Caldas foi a figurinista.

Ao final do projeto foi entregue aos alunos um minibook com as fotos do projeto para não esquecerem de valorizar seus traços africanos.

UM MOMENTO ESPECIAL PARA OS ALUNOS

O ensaio fotográfico envolveu alunos do sexto ano do ensino fundamental a alunos do terceiro ano do Ensino Médio, que foram eles, Ivan Matoso, Simone Siqueira, Gesiane dos Santos, Davi José dos Santos, Gabriel Antunes Gonçalves, Adacir Rodrigues, Gesiele Oliveira Rodrigues, Caroline Machado de Camargo, Neuciane Santos Rodrigues, Rozilda Terezinha de Quadros da Silva.

Os alunos expressaram que para eles foi um momento especial, “Foi um projeto novo na escola, que nos ajudou a aumentar a autoestima. Foi muito legal tirar fotos com câmera profissional. É algo muito diferente para nós.” Gabriel, 3ª série.

“Foi legal, bem interessante participar do projeto. Espero que ano que vem eu possa participar de novo. Eu gostei de tudo, de tirar fotos e mostrar a beleza das mulheres negras. Gostei muito!”. Rosilda, 8º ano

“O que achei mais legal foi que tiramos fotos, no começo eu estava meio tímida, daí comecei a me soltar e gostei muito das fotos. Eu quero que tenha mais fotos, que aconteça o projeto de novo”. Gesiele, 7º ano.

FONTE:https://jornalfatos.com.br/projeto-minha-cor-e-meu-poder-eleva-a-autoestima-dos-alunos/

PERSPECTIVAS PARA A EQUIDADE RACIAL NA EDUCAÇÃO

 O dia 13 de maio foi lembrado pelos 134 anos da abolição da escravatura no Brasil, através da Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel em 1888. A data é um importante marco para a população negra, e por isso aproveitamos para falar sobre a equidade racial na educação, um tema cuja discussão é fundamental.


Na educação, a equidade tem o papel de garantir que todos os estudantes tenham os mesmos direitos fundamentais garantidos e, além disso, que consigam as mesmas oportunidades de se desenvolver respeitando os seus limites e o seu tempo. Como consequência disso, é possível construir uma sociedade mais justa havendo não só igualdade, mas um equilíbrio entre todos os estudantes.

Assim como a equidade deve ser alcançada entre outros grupos como, por exemplo, entre gêneros, a equidade racial é um dos mais importantes meios de reduzir as desigualdades resultantes de vários fatores sociais e econômicos, os quais acarretam diferenças de aprendizado que impactam de forma significativa a vida das pessoas.

EQUIDADE RACIAL NA EDUCAÇÃO PÚBLICA

Quando olhamos para a educação pública brasileira, vemos que há uma grande desigualdade de aprendizado e também de oportunidades entre os estudantes, muitas vezes causadas pela sua cor ou raça, fatores que explicam os 30% de diferença de aprendizagem entre alunos brancos e negros.

De fato, a equidade racial é um processo muito amplo e, para que ele funcione, é fundamental não só a participação das escolas, mas que as famílias e o Estado como um todo estejam envolvidos em um interesse comum.

A desigualdade está presente no ensino básico e se estende até o ensino superior, onde ela se mostra ainda mais presente. Dados do SAEB – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, responsável por analisar os resultados da educação básica, mostram que em 2017 o percentual de estudantes brancos com aprendizagem adequada em matemática no 5º ano era 59% maior do que comparado aos estudantes negros (pretos e pardos) e quase o dobro levando em conta apenas os estudantes pretos.

Essas desigualdades não se limitam ao Ensino Médio e se estendem pela vida toda dessa parcela da população, como mostram dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que apontam que, em 2019, brancos ganhavam 68% a mais do que negros.

A IMPORTÂNCIA DA LEI 10.639/2003 PARA A EDUCAÇÃO

Nas últimas décadas, a educação brasileira foi beneficiada com conquistas significativas que foram o pontapé inicial para as políticas públicas, como a alteração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) por meio das leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que instituíram a obrigatoriedade do ensino da história da cultura africana, afro-brasileira e indígena como forma de reconhecer a contribuição dessas populações para o Brasil e com isso também tentar diminuir as desigualdades raciais no país.

A promulgação da lei foi um marco histórico para a população negra brasileira e importantíssima para adotar perspectivas mais democráticas e diversas na rede pública de ensino. Isso levando em conta o fato de que a abolição da escravatura não resolveu o problema da população negra, pois elas não foram acolhidas na sociedade e esses reflexos são vistos mais de um século depois. Valorizar a cultura afro-brasileira e a sua história é importante para fomentar a busca por igualdade, e deve ser acompanhado de mais ações do Estado com novas políticas públicas para a equidade racial.

Um bom exemplo da implementação da Lei 10.639/2003 para a equidade racial foi feito na Escola de Ensino Fundamental Godofredo Acrísio Ericeira (Bacabal – MA), onde foram realizadas práticas pedagógicas que promovem a junção dos conhecimentos curriculares adquiridos em sala de aula com o resgate dos saberes que ainda estão escondidos na memória dos mais velhos, fazendo com que haja construção de novos conhecimentos sem perder a essência de quilombo.

Confira essa e outras ações no Banco de Soluções do Observatório da Educação, a plataforma do Instituto Unibanco que oferece diferentes conteúdos sobre o Ensino Médio e a gestão em educação pública.

FONTE:https://www.institutounibanco.org.br/conteudo/perspectivas-para-a-equidade-racial-na-educacao/

terça-feira, 17 de maio de 2022

Centrão faz exigências e acelera votação de ensino em casa na Câmara.

 O projeto de lei que regulamenta o homeschooling, ou educação domiciliar — em português —, deve ter sua votação acelerada nesta terça-feira (17) na Câmara dos Deputados. No ano passado, a proposta foi a única colocada como prioridade na educação pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). Segundo aliados da deputada Luisa Canziani (PSD-PR), relatora do projeto, um acordo foi costurado com a base do governo para aprovar o requerimento de urgência. Na prática, isso possibilita que a proposta seja apreciada em plenário sem a necessidade de passar por comissões.


Contudo, a análise do mérito depende do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pautá-lo em plenário. Nos bastidores, a expectativa é que o texto seja colocado em votação ainda nesta terça, devido às alterações feitas por Luisa Canziani no parecer a pedido do Centrão, bloco de partidos que dão sustentação política do governo no Congresso. Essa negociação acontece porque tramita na Casa outro texto sobre educação domiciliar, apresentado ainda em 2019 pelas deputadas bolsonaristas Bia Kicis (PL-DF), Chris Tonietto (PL-RJ) e Caroline de Toni (PL-SC). A proposta altera o Código Penal para autorizar o homeschooling sem configurá-lo como crime de abandono intelectual. Atualmente,  a punição é de 15 dias a um mês de detenção, além de multa. Defendido por aliados do presidente Bolsonaro, esse projeto já foi aprovado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara. No entanto, na avaliação da base aliada, é uma proposta que não tem contrapartidas, sem garantias de regulamentação. Por isso, desde as conversas iniciais sobre o tema, os aliados pediam que o texto de Canziani fosse o escolhido para avançar na Câmara.

Entre os principais pedidos do Centrão, estão dois dispositivos já inseridos na última versão do relatório: 

-o primeiro, que prevê a vinculação de crianças e jovens a uma instituição de ensino. A matrícula poderia ser em escolas particulares ou públicas, ficaria a critério da família; 

-o segundo exige que um dos pais ou responsáveis precisa ter ensino superior completo ou algum curso profissional e tecnológico para ensinar as crianças. 

De acordo com integrantes da base ouvidos pela reportagem, esses pontos são "de equilíbrio" para regulamentar o homeschooling e "proteger as crianças".

Além desses pontos exigidos pelo Centrão, o texto também propõe que os conteúdos oferecidos em casa deverão ser alinhados à BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e os estudantes serão avaliados anualmente pelo MEC (Ministério da Educação). O projeto também prevê que as famílias podem perder o direito da educação domiciliar caso descumpram as regras ou o estudante seja reprovado em dois anos consecutivos ou três não consecutivos. A regra também vale caso o aluno não compareça na avaliação sem justificativa.

"O projeto de lei faculta aos sistemas de ensino admitir, sem obrigar, a possibilidade de uma diferenciação na responsabilidade pela educação básica, autorizando a alternativa de que pais e tutores se responsabilizem diretamente pela condução do processo ensino/aprendizagem de crianças e jovens de suas famílias", diz a deputada Luisa Canziani, em seu relatório. Para ser aprovado, o projeto precisa da maioria simples de votos favoráveis na Câmara, ou seja, o equivalente a mais da metade dos deputados presentes em plenário. Assim que a análise for concluída, o texto é enviado ao Senado Federal — onde não há prazo para ser votado. Se passar pelos senadores, o texto segue para a sanção do presidente. Depois de aprovada a mudança, o CNE (Conselho Nacional de Educação) ficará responsável por regulamentar a fiscalização do ensino em casa.

 Pauta conservadora

Apesar de discutido agora, o assunto não é novo. O primeiro projeto relacionado ao homeschooling no Congresso foi apresentado em 2001. De lá para cá, mais dez propostas foram encaminhadas, mas nenhuma avançou.

Em 2018, a situação mudou quando o STF (Supremo Tribunal Federal) não considerou a modalidade constitucional, mas disse que ela precisava ser regulamentada A proposta agrada grupos conservadores e religiosos — aqueles que criticam, por exemplo, a discussão de educação sexual e diversidade nas escolas. Especialistas em educação criticam a modalidade por não valorizar a diversidade, pluralidade e provoca a falta de socialização entre os estudantes.

A ONG Todos pela Educação é uma das entidades do setor que criticam o homeschooling. "O risco é regulamentar a educação domiciliar para um pequeno grupo e a prática abrir espaço para comportamentos de risco na família, como abandono escolar, violência doméstica e exposição às mais diversas situações de privação e estresse tóxico que hoje são diretamente enfrentadas pelas escolas", diz o movimento. 

Reportagem publicada pelo UOL, no ano passado, mostrou uma cartilha do MEC que tratava do ensino domiciliar. 

Na primeira página do material, há uma frase dizendo que o homeschooling é "um direito humano tanto dos pais quanto dos filhos". O texto também apresenta exemplos de pessoas que já praticaram o ensino domiciliar, como Benjamin Franklin (1706-1790) e Barão de Mauá (1813-1889). 


FONTE:https://educacao.uol.com.br/noticias/2022/05/17/centro-exigencias-acelera-votacao-projeto-homeschooling-camara.htm

Perdas em ensino e pesquisa devem chegar a R$ 100 bi, diz estudo

 O Brasil deve chegar perto da marca de R$ 100 bilhões perdidos no orçamento de ensino, pesquisa e inovação até o fim deste ano. De 2014 até 2021, o prejuízo foi de R$ 83,8 bilhões, segundo cálculos do estudo Orçamento do Conhecimento, divulgados nesta segunda-feira (16). Para chegar a estes valores, os pesquisadores levaram em consideração o valor empenhado em 2014 dessas áreas —ou seja, o valor reservado no Orçamento. Caso o Brasil tivesse mantido as verbas daquele ano, sem diminuir ou aumentar, quase R$ 84 bilhões poderiam ter sido gastos em ensino, pesquisa e inovação até o ano passado. A previsão é que, até dezembro, o número alcance R$ 98,8 bilhões.

Os pesquisadores analisaram os dados de 2014 a 2021 a partir do Orçamento Geral da União e filtraram as verbas do Ministério da Ciência, Tecnologia e Informação, do MEC (Ministério da Educação) e de Programações Condicionadas à Aprovação Legislativa. Os valores foram corrigidos pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). "Os resultados do estudo são fortes e demonstram como o conhecimento no nosso país tem sido menosprezado", afirma Julia Bustamante, doutoranda em Economia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e uma das responsáveis pela pesquisa.



O orçamento dessas áreas não só não se manteve, como diminuiu: Em 2014, eram R$ 27,81 bilhões, No ano passado, despencou para R$ 10,57 bilhões (38% do valor de sete anos antes). Para efeitos de comparação, Bustamante informa que todos os gastos da UFRJ, em 2021, somaram cerca de R$ 3,3 bilhões. "Este valor [R$ 83,8 bilhões] teria sido capaz de manter 665 mil estudantes bolsistas de mestrado recebendo bolsas em todos os 12 meses durante esses sete anos", explica a doutoranda.

A reportagem entrou em contato com o governo federal e aguarda um posicionamento.

 'Desalento' de estudantes 

Para Mayra Goulart, coordenadora do Observatório do Conhecimento e professora do programa de pós-graduação em Ciências Sociais da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), a ausência de recursos tem causado um "desalento" em uma geração de estudantes.

Esses alunos estão fazendo uma leitura de que o país não tem espaço para uma carreira como pesquisador. Eles enxergam que o país está virando as costas para a pós-graduação.

Enquanto muitos desistem de pesquisar no Brasil, um outro movimento chamado de "fuga de cérebro" —quando estudantes saem do país para continuar suas carreiras na pesquisa— acontece. Um dos exemplos é Mateus Silva, aluno de mestrado em Neurociências e Biologia Celular da UFPA (Universidade Federal do Pará). Ele deixou Brasil para fazer doutorado em Yale e na Universidade de Nova York com uma bolsa do governo americano que financia novos cientistas. Segundo o Observatório, o "sucateamento da ciência brasileira foi o principal motivo da sua saída".

Há uma perda de poder aquisitivo enorme na falta de aumento das bolsas. Temos pesquisadores que estão contabilizando o estudo com outros empregos, com subempregos, com trabalho precarizado. Isso é um impacto também.

A FPME (Frente Parlamentar Mista da Educação) afirma que tem trabalhado para evitar que mais perdas aconteçam nas áreas de ensino e pesquisa do país. Segundo o presidente da frente, o deputado federal Israel Batista (PSB-DF), uma ação já está sendo julgada no STF (Supremo Tribunal Federal) para que o governo federal reestabeleça o repasse previsto para as universidades na Lei Orçamentária de 2022. "Entendemos que a garantia constitucional de fomento a pesquisa e universidade está sendo desrespeitada", afirma o deputado.

Em conjunto com o Observatório, o grupo de parlamentares também busca enviar o material divulgado ao MEC. 

FONTE: https://educacao.uol.com.br/noticias/2022/05/16/perdas-verbas-educacao-pesquisa.htm

segunda-feira, 16 de maio de 2022

Mãe e filha são aprovadas no mesmo curso da UFPR: 'Juntas vamos vencendo'...

 A alegria de passar no vestibular veio em dose dupla para gestora de TI (tecnologia da informação) Amanda Saad Grape, 21, e a mãe dela, a diarista Andréa, 48, moradoras de Curitiba. As duas ingressaram juntas em engenharia industrial madeireira na UFPR (Universidade Federal do Paraná). O curso era um sonho antigo da mãe, que acabou contagiando a filha, com quem agora divide a sala de aula. A lista de aprovados, divulgada no dia 23, causou comoção na família. "Eu estava no banheiro do trabalho e comecei a gritar. Uma colega perguntou: 'Você viu um sapo?'. 'Não, eu passei na Federal!'", conta Amanda.


A notícia foi rapidamente compartilhada com a mãe, que também estava no trabalho no momento da divulgação dos aprovados. "Eu não conseguia acreditar", diz Andréa. A diarista já havia sido aprovada no mesmo curso em 2009, quando a filha tinha 9 anos. Ela chegou a frequentar as aulas, mas, com a rotina pesada, se viu obrigada a trancar o curso três anos depois. "Às vezes eu aproveitava a hora do almoço para passar roupas ou fazer comida na casa de algum professor que sabia da minha situação", diz ela. Após a desistência, Andréa, cujos pais não completaram o 4º do ensino fundamental, conseguiu uma bolsa do Prouni (Programa Universidade para Todos) para fazer um curso de tecnólogo em Recursos Humanos, que ela concluiu em dois anos.

No entanto, a experiência serviu para a filha também criasse interesse pela área. "Às vezes eu ia com ela para a aula, passeava pelo campus. Mais tarde, quando fui na minha primeira Feira de Cursos e Profissões da UFPR, passei pelo estande do curso e minha mãe me explicou as propriedades da madeira. Ela também me contava sobre as aulas de campo, e tudo isso foi me encantando", lembra Amanda.

Apesar do interesse, Amanda decidiu adiar um pouco o sonho da engenharia madeireira. Também com bolsa do Prouni, ela concluiu o curso de Gestão de Tecnologia da Informação em uma instituição privada em 2020. A tentativa de retomar os estudos na área de interesse veio no ano passado, quando a UFPR abriu as inscrições para o vestibular. Amanda propôs à mãe que as duas fizessem a prova juntas. De início, Andréa ficou indecisa, mas acabou aceitando o convite. "É uma área que envolve muitos cálculos, e eu sempre tive facilidade com Matemática. Tenho muito interesse pelas tecnologias envolvidas, pelas possibilidades de uso sustentável da madeira", diz ela. Na primeira aprovação, a diarista conseguiu fazer dois meses de aula em um cursinho pré-vestibular solidário organizado por uma paróquia. No entanto, desta vez, ela decidiu estudar somente pela internet. "Dei uma revisada e assisti a algumas videoaulas com a Amanda" conta. Aprovadas juntas, mãe e filha acreditam que realizar o curso uma ao lado da outra tornará o desafio mais fácil. "É difícil conciliar trabalho e estudo, mas juntas a gente vai vencendo. Dá mais ânimo", diz Andréa. "[Amanda] sempre foi boa aluna e muito companheira. Aqui em casa gostamos de colo e de grude."

A família pretende comprar um carro em breve para facilitar os deslocamentos entre trabalho e faculdade e ainda contam com o apoio do pai de Amanda, que tem um quiosque de papelaria e presentes, e o filho mais velho do casal, que cursa Educação Física, para garantir a rotina de estudos. "Agora quem vai para a cozinha é o marido, preparar as nossas marmitas", diz Andréa. Animada, a mãe já pensa em futuramente ser uma engenheira autônoma e, quem sabe, abrir uma empresa de reflorestamento. Já Amanda sonha em fazer um intercâmbio na Alemanha. "Eu adoro pesquisa, e a Alemanha é referência na área que escolhi", diz ela.

FONTE: https://educacao.uol.com.br/noticias/2022/04/05/mae-filha-vestibular-ufpr.htm