quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Estudante brasileira “dança” tese de doutorado e concorre a prêmio internacional


A pesquisadora e doutora pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Natalia Oliveira, está promovendo sua tese de doutorado de modo inusitado. Ela gravou, junto com o grupo de dança Vogue 4 Recife, uma performance para participação na competição mundial “Dance Your PhD”, promovida pela revista americana Science. O vídeo, publicado na página da UFPE no Facebook, é baseado em um tema árido: o “Desenvolvimento de Biossensores para as Ciências Forenses”. 
Na performance, Natalia dança pelas ruas de Recife e pelos laboratórios do Laboratório de Imunopatologia da UFPE, juntamente com o grupo de dançarinos. Os conceitos chaves da tese são apresentados com inspiração na série de TV “CSI”, acompanhado de trilha sonora e coreografias.
O concurso, que já está na 10ª edição, tem o objetivo de incentivar a divulgação de trabalhos científicos de modo acessível e interessante para o público geral. Promovida também pela Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), a competição desafia cientistas a explicarem as suas pesquisas de doutorado por meio de dança interpretativa. 
Neste ano, 53 pesquisadores enviaram vídeos e 12 foram selecionados para a etapa final da disputa. Natalia, única brasileira finalista, explica seu trabalho e como chegou ao concurso em entrevista à Gazeta do Povo
Do que trata sua tese de doutorado? 

Ela se baseou em desenvolver tecnologias que fossem aplicadas na ciência forense. Desenvolvi um aparelho semelhante ao que diabéticos usam para medir o nível de glicose no sangue, só que um modelo para detectar amostras biológicas que são encontradas em cenas de crime, como sangue, sêmen e saliva. Mas mesmo depois que o criminoso lava as amostras com álcool ou detergente, meu método ainda consegue detectá-las. 
De que forma você acredita que um concurso como esse ajudará a disseminar o trabalho científico? 
Quando usamos a arte e elementos da cultura pop em conjunto com a ciência, acabamos com a ideia de que ciência é algo inacessível, difícil de compreender. O que o concurso propõe é essa ideia de uma ciência mais acessível, para que todos entendam e possam colaborar. Com iniciativas como essa, saímos daquele pedestal de cientista intocável e tentamos trazer a população para junto da ciência, para que ela possa contribuir também para o desenvolvimento tecnológico do Brasil. 
A universidade apoiou sua participação no concurso? 
Até esse ano, não tinha conhecimento do concurso. Foi quando um pesquisador da UFPE me enviou um link, porque sabia que eu já trabalhava com teatro e tinha acabado de defender minha tese. Conversei com meu orientador e ele foi super favorável, além de nos autorizar a gravar no próprio laboratório. Não houve nenhuma resistência da universidade para a divulgação do vídeo. 
Você já tinha alguma relação anterior com a dança? 
Tenho uma pequena experiência; comecei em 2013. Em 2016 voltei aulas e desde o ano passado treino regularmente. Quando surgiu a oportunidade, levei a ideia para os meninos, eles toparam e criamos toda a coreografia em conjunto.

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