
"O primeiro está no sentimento de que não somos vocacionados para estarmos entre os melhores do mundo em educação. Somos e queremos continuar sendo os melhores com os pés, não com o cérebro. Todos lembramos da derrota por 7 x 1 que levamos da Alemanha, em 2014, mas raros lembram e lamentam que ao longo de 130 anos de República ao menos 20 milhões de adultos brasileiros morreram analfabetos, e que outros 11 milhões estão vivos hoje sem ao menos reconhecer nossa bandeira, por não saberem ler “Ordem e Progresso”."
"O descontentamento de uma pessoa com a opção do filho pelo magistério decorre do sentimento nacional de que nos falta vocação para a educação"
"É como se isso fosse uma fatalidade a que estaríamos condenados. Mesmo quem investe na escola dos filhos, quer mais assegurar o salário que eles terão, do que fazê-los intelectuais educados. Por isso, lamentam quando o filho diz que quer ser filósofo ou professor, no lugar de seguir carreira que permita ganhar bem. O descontentamento de uma pessoa com a opção do filho pelo magistério decorre do sentimento nacional de que nos falta vocação para a educação.
Um segundo obstáculo é mais fácil de explicar. Depois de 350 anos de escravidão, a mente brasileira ainda acha que educação de qualidade não é para todos. No passado, senhores e escravos viam educação como privilégio de brancos livres. Hoje, ricos e pobres continuam vendo a escola de qualidade como privilégio de classes média e alta. Não sendo para todos, a educação de qualidade se limita a uma parcela da sociedade; e essa parcela não precisa também ser muito educada porque, se muitos estudam pouco, os poucos que estudam não precisam estudar muito."
"É como se isso fosse uma fatalidade a que estaríamos condenados. Mesmo quem investe na escola dos filhos, quer mais assegurar o salário que eles terão, do que fazê-los intelectuais educados. Por isso, lamentam quando o filho diz que quer ser filósofo ou professor, no lugar de seguir carreira que permita ganhar bem. O descontentamento de uma pessoa com a opção do filho pelo magistério decorre do sentimento nacional de que nos falta vocação para a educação.
Um segundo obstáculo é mais fácil de explicar. Depois de 350 anos de escravidão, a mente brasileira ainda acha que educação de qualidade não é para todos. No passado, senhores e escravos viam educação como privilégio de brancos livres. Hoje, ricos e pobres continuam vendo a escola de qualidade como privilégio de classes média e alta. Não sendo para todos, a educação de qualidade se limita a uma parcela da sociedade; e essa parcela não precisa também ser muito educada porque, se muitos estudam pouco, os poucos que estudam não precisam estudar muito."
"Cristovam Buarque é professor emérito da
Universidade de Brasília."
FONTE: https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/obstaculos-a-educacao/
Nenhum comentário:
Postar um comentário