quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A MELHOR SALA DE AULA


O mundo aí fora é, de fato, a melhor sala de aula que existe. Ele contém todos os elementos que o processo ensino-aprendizagem precisa para explorar e explicar todas as áreas do conhecimento. Afinal, não há melhor laboratório para ciências naturais do que o ambiente aberto. Podemos sim aprender ótica vendo um arco-íris, estudar reações químicas na atmosfera ou estudar biologia observando os animais e as plantas como eles efetivamente são.
Claro que há e sempre haverá espaço para as salas de aulas, sejam elas presenciais ou a distância, enquanto locais para sistematização, exploração de modelagens e cristalização dos conhecimentos adquiridos. Porém, se educação puder ser conjugada com atividades no mundo exterior, certamente, ela será mais enriquecedora e estimulante aos olhos dos educandos.
No ensino superior, uma experiência recente levou a abordagem acima às últimas consequências e tem sido acompanhada como um caso de extremo sucesso. Trata-se da Universidade Minerva, em São Francisco-USA, no Vale do Silício. Criada em 2012, ela não tem um campus tradicional, não dispondo de salas de aula, bibliotecas ou laboratórios. Ela adotou as ruas como seus campi e o fez, até aqui, com muita pertinência. Os estudantes compartilham dormitórios da instituição e as aulas, especialmente ao longo do primeiro ano comum, são videoconferências desenhadas pelos melhores tutores disponíveis na atualidade. Refiro-me a nomes como Larry Summers, ex-reitor da Universidade Harvard e ex-secretário do Tesouro americano, Bem Nelson, grande executivo com passagens pela HP, Snapfish e Disney, o conhecido neurocientista Stephen Kosslyn, uma das maiores autoridades do mundo em psicologia cognitiva, entre outros. Em suma, o desenho da trajetória desses alunos ao longo de quatro anos de graduação é fruto da contribuição de pessoas altamente capazes de interpretar o mundo contemporâneo.
Nos três anos seguintes ao primeiro ano em São Francisco, todos os alunos devem passar seis meses em seis cidades diferentes do mundo (Berlim, Buenos Aires, Seoul, Bangalore, Londres e Istambul) cumprindo o desenho previsto nos respectivos percursos, os quais foram desenhados, bem como serão acompanhados, por seus mestres. Os custos para os alunos são muito acessíveis, comparados com instituições similares, e incluem todas as despesas com acomodações e alimentação. Difícil para o aluno é ser selecionado, dado que a concorrência é altíssima, bem maior do que Harvard, Yale, MIT, Stanford etc. Obviamente que os primeiros formandos da Minerva serão disputados pelo mercado por seus diferenciais impressionantes, a começar pela experiência internacional sem precedentes no ensino superior clássico. Vale a pena acompanhar, de olhos bem abertos, esta experiência (https://www.minerva.kgi.edu/).
No Brasil, temos experiências igualmente interessantes na educação não formal. Por exemplo, o “Rolé Carioca”, iniciado por professores de história da Universidade Estácio de Sá, desenvolve passeios históricos ao ar livre por bairros do Rio, contribuindo com que os participantes se situem histórica e geograficamente de forma muito enriquecedora. Eu mesmo, novato no Rio, tenho sido aplicado aluno destas atividades que reúnem dezenas, centenas, às vezes até milhares, de animados participantes.  Há uma ênfase na descrição comentada dos conjuntos arquitetônicos, associados de forma muito criativa aos bens imateriais do ambiente, tais como personagens, acontecimento, cheiros e sabores. Para quem quiser saber mais, acessar https://www.facebook.com/RoleCarioca.  Soube que vem aí algo do tipo “Rolé Brasilis” ou mesmo “Rolé Mundo”. A conferir.
Em suma, aprender é sempre bom. Se puder ser em contato com o mundo externo fica muito mais prazeroso e eficiente.

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