sexta-feira, 6 de setembro de 2013

É possível ter independência financeira na adolescência :Empresários ensinam

Empreendedores conseguiram os primeiros trocados antes dos 18 anos

 

Após ver a firma do pai quebrar, o adolescente Kauê Linden decidiu empreender por conta própria. Foi emancipado aos 17 anos para abrir sua empresa, reformou o quarto de empregada de casa e fundou ali a Hostnet, uma provedora de serviços de internet, hoje com 40 mil clientes e uma sede instalada no Rio de Janeiro.

Aos 14 anos, antes mesmo de ser um empresário precoce, ele já ganhava uns trocados trabalhando com o pai, arrumando computadores e organizando eventos esportivos na web. Aos 18, Linden bancava as próprias despesas e, um ano depois, saiu de casa. Foi quando começou a ajudar os pais financeiramente, além do auto sustento. “Como todo jovem, tive um impulso consumista quando comecei a ganhar dinheiro. Gastei bastante com viagens, passeei de helicóptero e ainda pagava aluguel”, conta. Em pouco tempo, porém, ele percebeu que deveria se educar financeiramente e começar a acumular patrimônio.

O jovem abriu uma empresa de publicidade com um sócio, diversificou o capital em fundos imobiliários e investiu em uma carteira de ações com 20 companhias. Hoje, aos 30 anos, tem um imóvel quitado e não possui dívidas.

Se tivesse seguido uma carreira corporativa, Linden acredita que não teria conquistado esse patrimônio tão rápido. “Carteira de trabalho é sinônimo de escravidão. Você só consegue antecipar a liberdade financeira se empreender”, diz ele, que iniciou seu negócio antes de a bolha da internet estourar, nos anos 2000.

O caminho da emancipação
 
Pelo exemplo de Linden, empreender pode ser uma das vias mais curtas rumo à independência financeira. Ao contrário da chamada “geração canguru” – adultos que vivem sob as asas dos pais – ele está na contramão de estatísticas que apontam uma tendência de emancipação cada vez mais tardia.

Existem 3 milhões de famílias no Brasil, das classes média e alta, sustentando filhos acima de 30 anos, das classes média e alta, de acordo com o último levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgado em 2012.

O jovem se torna independente quando é capaz de cobrir seus gastos fixos, semifixos e variáveis, explica a consultora financeira Suyen Miranda. “Significa que a pessoa não depende mais de terceiros para pagar as contas”.

Aluguel, condomínio e prestações de financiamentos entram na planilha das despesas fixas, enquanto contas de energia, telefone e água, por exemplo, ficam mais caras ou baratas conforme o uso. Já os gastos variáveis incluem lazer, alimentação e transporte (abaixo, veja como fazer a simulação de seus gastos).

Fabricando o próprio dinheiro
 
A veia empreendedora também foi o caminho para Matt Montenegro tornar-se independente ainda cedo. Ele ingressou no grupo de 1,5 milhão de empresários entre 16 e 24 anos existentes no Brasil, segundo o Data Popular. Aos 18 anos, ele gerava todo o dinheiro que precisava para viver e ajudava os pais nas despesas de casa.

 
 
Matt Montenegro: faturava R$ 100 por dia com a venda de balas para colegas da escola
Fundador do beved.com.br – um marketplace de aulas presenciais e online –, Montenegro começou a empreender ainda na escola, em 2003, vendando os pedaços de pizza Hut que sobravam da refeição dos pais no domingo à noite.

Montenegro ampliou a venda de balas e doces nos intervalos da aula, até que seus pais foram chamados pela diretoria. A concorrência do filho estava incomodando os donos da lanchonete da escola. Propôs um acordo para vender produtos diferentes dos da cantina, e seguiu com o negócio. Chegou a faturar R$ 100 por dia e contratou um colega para ajudar nas vendas.
Ao fim do colégio, abriu uma loja de camisetas e trabalhou em startups, onde teve inspiração para atuar no ramo de tecnologia. Entre 2008 e 2009, Montenegro abriu um site com ofertas de aluguel de apartamentos, similar ao AirBnb.

O rapaz mudou o foco do negócio para a área de educação, quando lançou o beved.com.br em julho de 2012, com a ideia de possibilitar o ensino por demanda. Em janeiro, o site entrou no azul com 13 mil usuários cadastrados e gerou faturamento de R$ 90 mil, em sete meses, apenas para um professor de design que oferece suas aulas na plataforma.

Para Montenegro, o apoio dos pais para empreender foi fundamental para conquistar a independência ainda cedo. “Começou mais como um desafio cheio de adrenalina e satisfação do que uma lista de obrigações, somado ao instinto de sobrevivência”, conta.

Como incentivar a independência
 
Os pais podem incentivar a emancipação precoce dos filhos ainda no berço. Um dos caminhos é investir em previdência privada ou montar uma poupança desde o nascimento, segundo a consultora Suyen. “Ao longo de 18 anos, valores mensais de R$ 50 podem resultar em um bom patrimônio”.

O dinheiro da previdência costuma ser usado para presentear a prole com um carro ou casa, além de pagar a universidade ou um curso no exterior. Mas se o objetivo for fazer o filho fabricar o próprio dinheiro, observa a especialista, a dica é usar essa capital para a abertura da empresa do jovem.

Alguns possuem propensão natural para a independência, que costuma despertar por volta dos 12 anos. “A criança ou adolescente pode oferecer serviços que saiba fazer bem, como aulas de reforço, lavagem de carros, informática ou venda de bijuterias”, exemplifica.

Os pais têm condições de ajudar nesse processo, explica Suyen, orientando o jovem sobre quanto cobrar pelo serviço e como conseguir clientela.

Na opinião da especialista, a emancipação tardia de jovens adultos é mais um traço cultural do brasileiro do que financeiro. “Muitos pais não querem que os filhos sejam independentes. Nossa cultura não estimula o jovem a viver sozinho”.

Na ponta do lápis
 
Para descobrir se é o momento ideal de tornar-se independente dos pais ou tutores, faça uma simulação da soma de todas as despesas que você teria se saísse hoje de casa, conforme o padrão de vida escolhido:

Gastos fixos
Aluguel, condomínio, dívidas, assinatura de TV a cabo, internet e prestações de financiamento.
Gastos variáveis
Conta de luz, telefone, água, gás.
Gastos variáveis
Cinema, restaurantes, roupas, transporte, educação e outros.
Fonte: Suyen Miranda
 
FONTE:http://economia.ig.com.br/financas/2013-09-06/empresarios-ensinam-e-possivel-ter-independencia-financeira-na-adolescencia.html

 

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