Há décadas o mundo curvou-se ao prêt-à-porter, ao fast-food,
à intensidade consumista e assim foi se acostumando com a rapidez com
que o tudo pronto, o nem sempre necessário, o efêmero se impõem à nossa
vida*.
Foto: Masao Goto Filho
Enlatam-se frutas, sopas, carnes e tudo que couber em belas
embalagens que, com a força de uma boa campanha publicitária, virarão
dólares, mesmo com gosto pasteurizado ou sem sabor.
As aulas do professor Khan foram muito bem compostas por sua
finalidade inicial: auxiliar sua prima, que morava distante, a
compreender matemática. Ambos dialogavam pela internet e assim, neste
processo de mediação, permeado pelo conhecimento recíproco e pela
afetividade, foram compondo aprendizagens. Afinal, Khan deveria conhecer
a sua prima para ensiná-la. Como afirma Snyders: para ensinar latim a João é preciso conhecer latim e conhecer João.
A aula é uma prática social realizada numa condição historicamente
situada, que envolve uma dinâmica de contextualizações e atualizações,
que não se faz numa única direção de injetar conteúdos prontos; a aula
se faz a partir de mediações e atribuição de sentidos e significados
entre estudantes e professores.
A aula não pode estar pronta antes do encontro professor-estudante,
portanto, não pode vir enlatada. Transmitir conteúdo não representa dar
aula. A aula é o meio utilizado pela escola para a formação de pessoas, é
o momento em que, para aprender, é necessário que o estudante incorpore
o conteúdo a seu nível de significado e a função do professor é de
identificar diferenciados processos de compreensão, dúvidas, hipóteses
dos estudantes, saberes envolvidos no ciclo ensinar/apreender,
colaborando para as possibilidades de articulações com outras
aprendizagens. O professor começa a construir a aula com o aluno antes
de encontrá-lo, mesmo na modalidade a distância.
Sabemos qual a equação para a melhoria da qualidade da educação
brasileira: boa formação de professores, condições dignas de trabalho,
adequado ambiente escolar e capacidade de gestão democrática das equipes
dirigentes.
Medidas como essa em questão contrariam a luta histórica de
educadores contra a importação de modelos educacionais e a favor de uma
política educacional brasileira, comprometida com as nossas necessidades
e possibilidades.
Felizmente o professor Khan recusou o convite. No entanto,
assusta-nos que nossas lideranças não tenham considerado questões
fundamentais, pontuadas pelo convidado.
Esse convidado apoiado em seu bom senso recusou o convite. Outros não
recusarão. Alertemo-nos: a recusa não significa que Dilma mudou de
ideia. Assim permanece nossa tensão sobre a próxima fórmula mágica que
se buscará para equivocar nossa educação!
Quando parece que estamos avançando no campo da Educação retrocedemos
com escolhas tão contraditórias. É frustrante! Fica a pergunta: para
onde está caminhando a política educacional brasileira?
*As autoras Maria Amélia Santoro Franco (Unisantos), Marineide Gomes
(Unifesp/EFLCH), Cristina Pedroso (USP/FFCLRP) e Valéria Belletti
(Instituto Federal de São Paulo) são doutoras em Educação e integrantes
do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Formação do Educador (GEPEFE) da
USP.
Veja como você pode lidar com as dificuldades dos primeiros dias de aula.
Getty Images
Professores novos e o ambiente diferente são as
principais queixas das crianças
As escolas se transformam em um território desconhecido para as
crianças no início do ano escolar. Os alunos vão precisar se adaptar
aos horários, regras, rotina, professores e novos amigos. Tanta novidade
pode tornar o novo ambiente em um cenário assustador, capaz de criar
manha, cenas na porta da escola e até mesmo pânico nas crianças. Porém,
os pais podem desempenhar um papel importante nesta fase e tentar
amenizar o medo para que os pequenos enfrentem com mais segurança a nova
etapa.
Os novos professores e o lugar estranho são as queixas mais frequentes
das crianças. A psicopedagoga Maria Cecilia Galelo Nascimento Zaniboni
fala da importância dos pais demonstrarem ao filho a confiança que
depositam na nova escola e que eles acreditam que é a melhor escolha que
fizeram para ele. “Mostre que é normal ter tais sentimentos neste
momento de transição e que ele conseguirá superar e ainda gostará tanto
ou até mais do que sua antiga escola. Deixe claro que também depende
dele querer essa adaptação e, acima de tudo, pode contar os pais para
ajudá-lo neste período.”
As crianças pequenas têm menos recursos emocionais para mudanças,
pois tudo que é diferente e acontece longe dos pais as deixam inseguras.
É interessante nunca fazer mudanças sem preparar a criança, ir com ela
visitar o local e conhecer as pessoas que trabalham ali.
Maria Cecília lembra que as crianças maiores normalmente já têm
percepção e maturidade para se adaptar de uma maneira mais tranquila.
Sem acordo
Se depois de dias ou semanas a criança continuar resistindo em
frequentar as aulas, a presença dos pais na escola será obrigatória.
Segundo Maria Irene Maluf, pedagoga especialista em Psicopedagogia e
Educação Especial, pode ser necessário solicitar uma conversa com a
orientadora e pedir, sem aviso prévio, para ver o filho naquele momento.
“Às vezes, as crianças fantasiam ser mal tratadas para chamarem a
atenção dos pais. Por isso é bom ir sem avisar. Se for manha da criança,
dá para conversar, explicar que não é possível mudar de escola antes do
meio ou do final do ano. Em geral, depois de um tempo maior, as
próprias crianças não querem mais sair da escola”, explica ela.
As dificuldades mais comuns que as crianças enfrentam
- Falta de entrosamento com os novos colegas
- Adaptar-se a novas regras
- A dificuldade de entender o espaço físico da nova escola
-Não conhecer os professores e funcionários e, consequentemente, não se sentir segura e amparada
- A saudade da escola anterior, sentindo falta dos colegas, professores e funcionários, inclusive do espaço físico.
Como os pais devem lidar com os problemas de adaptação das crianças
- Ir a escola é obrigatório. E ponto final
- Se a criança tiver mais de seis anos, deixar que resolva entre duas
ou três escolas escolhidas pelos pais, isso faz com que se sintam
participantes. Mas escola sempre é uma decisão final que cabe aos pais,
até o final do colegial
- Levar a criança até o local antes do início das aulas para que ela
conheça o ambiente e, se possível, os professores. Isso diminuirá o
impacto do primeiro dia de aula
-Em muitos casos são os pais que não se adaptam aos novos horários,
lugares, normas e acabam transferindo isso indiretamente aos filhos.
Portanto, escolhida a escola é proibido falar mal dela
- Se depois de muita conversa a criança fizer manha, deixe claro que
estará esperando por ela na hora da saída e trate a situação com
naturalidade.
Organização e diálogo com as crianças são fundamentais para retomar a rotina em casa e na escola com tranquilidade
As férias de verão chegam ao fim e, com o início do novo período
letivo, horários e responsabilidades voltam a fazer parte do dia a dia
das crianças. Para que o retorno às aulas seja tranquilo, a mãe deve
organizar o ajuste à realidade com a participação do maior interessado
nessa história: o filho. Thinkstock/Getty Images
Especialistas recomendam que os pais deixem a criança participar
do processo de preparação para a volta às aulas
Na casa da escrevente Lisandra de Andrade Pereira, mãe de Natália, 9,
a preparação começa em dezembro. “Juntas, guardamos o material que
ainda será útil no ano seguinte. A compra do material novo fica para
depois da temporada na praia”, conta a mãe. Os horários são regulados
duas semanas antes do primeiro dia de aula. “Ela não reclama de ir para a
cama cedo porque já entende que, assim, não terá dificuldade para
prestar atenção às explicações.”
A enfermeira Regina Gimenez também habitua seu filho
Bianco, 9, a dormir mais cedo com antecedência. “Ele é moleque, resmunga
um pouco, mas obedece. E quando já está em aula percebe que foi melhor
para ele”, diz. Outro costume da enfermeira é conversar sobre a escola
com o menino. “Ele fica mais animado, lembra que vai rever os amigos.
Fica mais fácil aceitar voltar a antiga rotina”, afirma Regina.
As atitudes das duas têm tudo a ver com as dicas de três
especialistas em educação infantil para uma volta às aulas sem traumas.
Confira e coloque em prática com seus pequenos. Deixe a criança participar da compra dos materiais novos
Além de ser importante ela gostar dos itens de papelaria que usará e se
familiarizar com os novos livros, esta é uma ótima chance para conversar
sobre dinheiro. “Se o que a criança escolher estiver fora das
possibilidades da família ou for supérfluo, a mãe deve explicar isso com
naturalidade e ajudá-la a encontrar alternativas”, afirma a
psicopedagoga Denise Mattos. Prepare o uniforme alguns dias antes
Novo ou usado, o uniforme precisa estar limpo e passado para o começo
das aulas. Um ou dois dias antes, chame seu filho para conferir a
quantidade de peças, ajudar a dobrá-las e decidir quando cada uma será
usada. Segundo a psicopedagoga Andrea Garcez, a lembrança da rotina
escolar anima: “As crianças ficam ansiosas para rever os amigos e contar
as novidades das férias.” Leve a criança à nova escola antes do início das aulas
É natural o aluno se sentir inseguro ao mudar de escola. Nesse caso,
pais e instituição devem trabalhar juntos para deixá-lo à vontade. A
coordenadora Silvana Leporace conta que a maioria dos colégios organiza
um encontro para professores, alunos novos e seus pais antes do início
das aulas. “Caso não dê para a família ir ou isso não esteja na
programação escolar, fale com a direção e agende uma visita para que a
criança pelo menos conheça o ambiente”, aconselha. Arquivo pessoal
Lisandra antecipa o horário de dormir e acordar da
filha Natália um pouco antes do início das aulas: "Ela
não reclama"
Faça um quadro com os horários das atividades semanais
Pode ser um quadro negro, branco, de cortiça ou de metal. A
psicopedagoga Andrea Garcez ensina: a mãe desenha uma tabela com os dias
da semana e as horas e, com a participação do filho, anota a grade de
aulas, as atividades extracurriculares e até os intervalos para
descanso. “Ele pode riscar os dias, fazer contagem regressiva para algum
acontecimento. Um calendário ao lado é um bom auxiliar”, recomenda. Antecipe a retomada dos horários de dormir e acordar
Alguns dias antes do início das aulas, coloque a criança para dormir
mais cedo e a acorde no horário que será adotado no ano letivo – se ela
voltar à escola sem o sono adequado, seu desempenho poderá ser
prejudicado. “Se possível, crie atividades que motivem a criança a
permanecer desperta, mesmo sabendo que não tem aulas nesse período”,
sugere Silvana Leporace, coordenadora do serviço de orientação
educacional do Colégio Dante Alighieri,em São Paulo. Promova uma reunião com os coleguinhas no fim das férias
“Encontrar os colegas fora da escola é muito bom para a sociabilização”,
defende Andrea Garcez. Ela propõe que a mãe estimule a criança a
convidar também aqueles com quem simpatize, mas não tenha tanta amizade.
“É uma oportunidade para mudar uma imagem, conhecer novas realidades”,
ressalta. Não pressione o aluno repetente
Embora a situação seja chata, deve ser enfrentada com atitude positiva.
“O aluno repetente perde os colegas e as referências. No início das
aulas, a mãe deve transmitir confiança, acreditar que agora ele será
capaz”, afirma Silvana. A psicopedagoga Denise Mattos complementa: “Nada
de frases como ‘Neste ano a responsabilidade é maior’. Reforço negativo
é a última coisa de que a criança precisa.” Garanta que o responsável por buscar a criança não se atrase nos primeiros dias
A cabeça atarefada do adulto muitas vezes não se dá conta de que as
crianças, principalmente as menores, podem ter medo de ser esquecidas na
escola. Por isso, Silvana Leporace alerta que o responsável por
buscá-las deve ter cuidado redobrado nos primeiros dias de aula e estar
na porta assim que elas saírem. “Avistar o adulto é muito importante.
Sabendo que não serão deixados para trás, os pequenos se sentem seguros e
amados.”
Especialistas detectam problemas e soluções no uso
de medicamento empregado para tratar crianças com suspeita de déficit
de atenção (TDAH)
Um levantamento feito por 40 entidades de saúde e de educação do País
mostra que, no intervalo de um ano, o Sistema Único de São Paulo
(SUS-SP) aumentou em 54,9% a compra e a distribuição gratuita de
metilfenidato (Ritalina é o nome comercial), a chamada "droga da
obediência".
O medicamento é um estimulante cerebral usado,
especialmente, em crianças do sexo masculino com até 12 anos e que se
enquadram nos sintomas de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)
. Getty Images
Aumenta o uso de medicamentos para déficit de
atenção
A doença é um dos problemas sociais mais estudados na
atualidade, por psicólogos, psiquiatras, pediatras, neurologistas e
professores do mundo todo.
Não foi só a rede pública paulista que registrou aumento da
distribuição do fármaco entre 2010 e 2011 – conforme mapeou o Fórum
sobre Medicalização da Sociedade e da Educação. Na rede de farmácias
particulares o mesmo fenômeno é atestado.
Levantamento feito pelo Sindusfarma, que reúne as
drogarias do País, apontou que o crescimento foi de 50% nas vendas no
período de 4 anos. Entre setembro de 2007 e outubro de 2008 foram
vendidas 1.238.064 caixas, enquanto entre setembro de 2011 e outubro de
2012 os números passaram para 1.853.930.
O TDAH é um transtorno grave que afeta a parte do cérebro
responsável pela concentração e pelo controle dos impulsos e da
agressividade. Em uma analogia, o neurologista da Academia Brasileira de
Neurologia, Marco Antônio Arruda, explica que o cérebro é dividido em
“aceleração, embreagem e breque, como um automóvel”.
“Os portadores de TDAH apresentam falhas na parte do breque”, compara o médico.
“São crianças extremamente hiperativas, impulsivas,
desconcentradas e que sofrem muito com isso”, afirmou Arruda, que é um
dos principais pesquisadores nacionais do tema.
O diagnóstico do TDAH é feito por meio de avaliação clínica,
observando os sintomas impostos pela doença. Por ora, não há um exame
laboratorial, como raio-X
ou ressonância magnética
por exemplo, capaz de apontar alterações cerebrais que evidenciem a
doença. Neste contexto, o uso da "droga da obediência" não é uma
unanimidade entre os especialistas.
Contra e a favor
Na divisão de opiniões, os defensores do remédio apontam
que ele ameniza problemas sérios e traumáticos vivenciados pelas
crianças com TDAH. Para eles, o aumento da entrega nas farmácias
públicas e das vendas nas unidades privadas indica acolhimento dos
pacientes que antes ficavam distantes do tratamento.
“Não raro, meninos e meninas com apenas 6 anos chegam ao
meu consultório afirmando que não querem mais viver, que não conseguem
se relacionar na escola e na vizinhança, vivendo em solidão absoluta”,
afirmou Marco Antônio Arruda que acaba de finalizar estudo que mapeou a
incidência de déficit de atenção no País.
Foram avaliadas 8 mil crianças, entre 6 e 12 anos, de 18
Estados e 87 cidades brasileiras. Na pesquisa – que teve apoio de
universidades da Itália e dos Estados Unidos – o índice de TDAH
encontrado foi de 3,9%, montante que não variou na comparação de renda e
escolaridade dos participantes.
“É uma parcela importante da população infantil que carece destes
cuidados. Saber que há um aumento do uso do medicamento pode indicar que
os médicos estão mais sensíveis em identificar e tratar estas
crianças”, completa o psiquiatra e doutorando pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Daniel Segenreich.
A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo também
atribui o aumento da distribuição da droga ao crescimento do número de
diagnósticos. Em nota, informou que a maior entrega "está associada
também a ampliação do número de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)
no município. Eram 60 unidades em 2009 e 79 em 2012". Segundo a nota, só
recebe o medicamento a criança que tem diagnóstico respaldado por
médicos especializados.
Já parte dos estudiosos enxerga exagero na utilização do
medicamento. Para os integrantes do Fórum sobre Medicalização – entidade
autora do levantamento feito na rede pública paulista – a "droga da
obediência" pode estar sendo usada como muleta para curar comportamentos
que podem ser apenas características pessoais dos pacientes, como
timidez, indisciplina ou dificuldade de aprendizagem.
“Em nosso levantamento chamou atenção o aumento em progressão geométrica
da distribuição deste medicamento. Não há nenhum fato concreto na saúde
pública paulista que justifique os números (em cinco anos, a elevação
foi de 30 vezes)”, avalia a presidente do Conselho de Psicologia de São
Paulo, Carla Biancha Angelucci, que é membro do Fórum de Medicalização.
Entrega de remédios no TDAH
Medicações entregues na rede pública de SP
Fórum sobre a Medicalização
“Vivemos em uma sociedade que convive com um sistema de
educação com pouca qualidade. Ainda assim, é esperado que a criança
aprenda em um determinado tempo e velocidade e apresente um tipo de
comportamento. Se ela foge disso, acaba enquadrada como portadora de uma
doença”, afirma Carla.
“Oferecer um medicamento para uma criança sem um debate
honesto e amplo sobre a qualidade da escola, a participação da família
neste processo é individualizar o problema. É culpar a criança pelas
situações que ela enfrenta e acreditar que a solução está em uma
pílula.”
Para a pediatra do Hospital São Luiz, Alessandra
Cavalcante, para avaliar o comportamento dos filhos é preciso antes
olhar a postura dos pais.
"Identificar que uma criança não respeita limites exige atentar se os pais, de fato, estão impondo limites para esta criança."
O neurologista Marco Antônio Arruda concorda que o
diagnóstico do TDAH precisava avaliar todo o contexto em que o paciente
está inserido, mas rebate a ideia de excesso de medicamentos com um dado
encontrado em seu estudo:
“Da parcela com diagnóstico claro e preciso de déficit de
atenção, só 13% estavamem tratamento. Como falar em excesso se quase
nove em cada dez crianças estão sem acesso aos remédios?”, questiona.
Cérebro dopado
Na discussão sobre excessos e deficiências do uso do
medicamento para o TDAH, é consenso que há espaço para debater a
utilização errada e perigosa da droga. A psicóloga do Departamento de
Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Silmara
Batistela, estudou o uso deturpado do metilfenidato.
Segundo ela, há adultos e adolescentes utilizando por
conta própria as drogas, com a falsa ideia de melhorar o desempenho em
provas, concursos públicos e no trabalho. Tanto que a “droga da
obediência” também já foi apelidada de “droga do concurseiro” e “droga
do executivo”.
“Neste cenário, recrutamos jovens, a maioria
universitário, para avaliar se o fármaco traria impacto positivo no
desempenho cognitivo (inteligência). Fizemos a avaliação de 36 jovens,
com acompanhamento médico minucioso, que faziam avaliações com e sem a
medicação. Detectamos que o efeito na melhora da inteligência é nenhum”,
divulgou Silmara.
“Ao contrário. Estes usuários, por não apresentarem
nenhum problema cerebral e mesmo assim usarem uma droga que altera o
cérebro, podem ter a memória comprometida, problemas cardíacos sérios e
sofrer desmaios”, alertou a psicóloga.
“Agora, quem convive com este problema cerebral é beneficiado pelo medicamento.”
Para o psiquiatra Segenreich, a única forma de acabar com
o debate sobre excessos e carências do remédio para o TDAH é atuar em
duas frentes.
“O mau uso das medicações deve ser combatido com
veemência. Mas deixar os pacientes que precisam sem medicação é um erro
tão grave como não fiscalizar quem utiliza de forma inadequada.”