Em visita ao Brasil, James Heckman afirma que deve-se gastar mais dinheiro nos anos iniciais das crianças
A
etapa de ensino que menos atende na educação brasileira é a que daria
mais retorno, segundo o economista James Heckman, vencedor do prêmio
Nobel de Economia em 2000. Em visita ao País, Heckman ressaltou que,
mais do que investir no ensino regular e superior, é preciso olhar para
as crianças em idade pré-escolar.
Até o Censo de 2011,
apenas 21% das crianças entre 0 e 3 anos frequentavam escola .
Foto: Amana Salles/Fotoarena
Parque é atividade diária na creche do Jardim Luso,
em São Paulo
"Tem
muito trabalho a ser feito. E há muitas oportunidades em relação a
crianças em idade pré-escolar, porque a base começa antes da
pré-escola. As habilidades começam a ser desenvolvidas antes mesmo de a
escola começar", afirmou Heckman, após um seminário na Escola de
Pós-Graduação em Economia da Fundação Getulio Vargas (EPGE/FGV), no Rio
de Janeiro.
O economista citou estudos que demonstram que os investimentos na
educação de crianças de 0 a 3 anos têm uma taxa de retorno muito maior
do que os investimentos feitos na educação tanto durante a escola
quanto na faculdade. "Deve-se gastar muito mais dinheiro nos anos
iniciais das crianças. O Brasil está fazendo isso quando pensa em
estratégias de intermediação, observando os ambientes e necessidades
dessas crianças", avaliou Heckman.
No entanto, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, presente ao
evento, reconhece que o cenário está muito distante do ideal no País,
especialmente em relação às crianças em situação de extrema pobreza.
Enquanto o Plano Nacional de Educação em estudo para 2020 repete a meta não atendida em 2011 de oferecer creche para 50% das crianças de zero a três anos , a criação de novas vagas ocorre atualmente mais na rede particular
do que no sistema público. Mercadante afirma que a fatia em torno dos
21% diminui muito quando consideradas apenas as crianças em estado de
extrema pobreza: somente 3,6% delas estão matriculadas em creches.
"Precisamos enfrentar essa questão", disse Mercadante. "Precisamos
de políticas específicas para crianças abaixo da linha da pobreza. Na
segunda-feira, elas voltam com fome e comem muito mais do que no resto
da semana. E mesmo a gente fornecendo fraldas, elas voltam assadas.
Sabemos o nome delas, onde vivem, quais são as famílias em cada bairro.
Estamos buscando políticas para dar uma resposta, em que as Prefeituras
se responsabilizem e deem conta dessa demanda".
Um dos entraves apontados por Mercadante é a dificuldade de
construir novos estabelecimentos. Segundo o ministro, as obras
contratadas estão demorando até dois anos para serem entregues, devido
ao aquecimento do setor da construção civil.
*com Agência Estado
FONTE;http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2012-05-07/investir-em-creche-da-mais-retorno-do-que-escola-diz-nobel-de-ec.html
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