Com todos os recursos móveis e em rede,
muitas questões nos desafiam como educadores:
1. O papel do professor muda cada vez mais: Ensina menos, orienta mais,
articula melhor. Ele se aproxima mais dos alunos, se movimenta mais
entre eles.
2. Os tempos das aulas se tornam mais densos, para realizar atividades
interessantes, que possam ser pesquisadas, produzidas, apresentadas e
avaliadas no mesmo espaço e tempo. São inviáveis as aulas de 50 minutos.
3. As aulas não se resumem só aos momentos presenciais. Aumenta a
integração com os ambientes digitais, com os ambientes colaborativos,
com as tecnologias simples, fáceis, intuitivas.
4. Os espaços se multiplicam, mesmo sem sair do lugar (múltiplas
atividades diferenciadas na mesma sala). O conteúdo pode ser
disponibilizado digitalmente. Predominam as atividades em tempo real
interessantes, desafios, jogos, comunicação com outros grupos.
5. Há uma exigência de maior planejamento pelo professor de atividades
diferenciadas, focadas em experiências, em pesquisa, em colaboração, em
desafios, jogos, múltiplas linguagens. Forte apoio de situações reais,
de simulações.
6. Ganha importância maior a presença do aluno-monitor, que apóia os
colegas e ajuda o professor, tanto nas atividades como nas orientações
tecnológicas.
7 Aumenta a integração de ambientes digitais mais organizados (como o
Moodle) com recursos mais abertos, personalizados, grupais, informais
(web2.0) em todas as etapas de um curso. Para motivar, ilustrar,
disponibilizar, pesquisar, interagir, produzir, publicar, avaliar com o
envolvimento de todos.
8. Quanto mais tecnologias, maior a importância de profissionais
competentes, confiáveis, humanos e criativos. A educação é um processo
de profunda interação humana, com menos momentos presenciais
tradicionais e múltiplas formas de orientar, motivar, acompanhar,
avaliar.
9. É imenso – e mal explorado - o campo de inserção da escola na
comunidade, de diálogo com pais, bairro, cidade, mundo, com atividades
presenciais e digitais.
10. Podemos ter modelos de organização de aulas, atividades e de
materiais formatados para todo o país. Só não podem ser aplicados ao pé
da letra nem ficarmos reféns deles. Podem servir como roteiros de
orientação dos alunos, personalizando-os, dando-lhes a nossa cara, indo
além do que está previsto.
11. A educação continuada, permanente, para todos, formal e informal,
presencial e a distância, abre imensos horizontes profissionais,
metodológicos, mercadológicos, que mal vislumbramos ainda. Tudo está
para ser feito, experimentado e reinventado de forma diferente. A
educação pode ser o campo mais fértil da reinvenção, porque todas as
pessoas, em todas as idades e condições, precisam desesperadamente de
ajuda em múltiplos campos: da formação inicial à super-especializada.
12. Diante de tantas mudanças, tudo o que fizermos para inovar na educação será pouco.
O governo do Estado lançou um programa para preservar e restaurar o
patrimônio histórico e cultural de escolas da rede pública estadual. O
programa vai atender inicialmente 13 estabelecimentos, nos municípios
de Curitiba, Paranaguá, Antonina, Lapa e Ponta Grossa. Nesta
quinta-feira (31), o governador em exercício Flávio Arns assinou o
decreto que instituiu um grupo de trabalho responsável por estruturar o
Programa de Proteção, Valorização, Preservação e Restauração das
Escolas da Rede Pública Estadual.
O grupo é formado por representantes da Vice-Governadoria, das
secretarias de Estado da Educação, Cultura, Administração e
Previdência, Ciência e Tecnologia e da Agência de Fomento Paraná. Eles
vão propor e desenvolver ações relacionadas a toda a estrutura material
e imaterial dos estabelecimentos classificados como de interesse
histórico e cultural.
Os 13 estabelecimentos classificados como prioritários são tombados
pelo patrimônio cultural ou estão inseridos em áreas de tombamento. A
estimativa é investir R$ 7.003.769,36 em projetos de restauração para
essas escolas. Também serão atendidos pelas ações do grupo
estabelecimentos de ensino que tenham importância histórica e cultural
para os municípios em que estão inseridos.
O governador em exercício, que também é secretário de Estado da
Educação licenciado, afirmou durante a solenidade, realizada no Colégio
Estadual do Paraná, que a educação deve ser prioridade de qualquer
governo e não deve excluir a preservação da memória. “O valor destinado
a este projeto não é uma despesa, e sim um investimento para o Estado”,
disse. “É de extrema importância que a comunidade compreenda a
necessidade deste trabalho, que possibilitará que as futuras gerações
não esqueçam o passado.”
O secretário de Estado da Cultura, Paulino Viapiana, disse que todas as
escolas do Paraná têm história, mas que algumas delas têm
características que requerem um esforço para a preservação. “O programa
é resultado do reconhecimento da importância da preservação do
patrimônio cultural e dos acervos dos estabelecimentos públicos
estaduais de ensino”, afirmou Viapiana.
“Hoje é, sem dúvida, um marco para a educação paranaense”, disse
Laureci Schmitz Rauth, diretora do Colégio Estadual do Paraná, de
Curitiba, que é um dos 13 estabelecimentos incluídos no programa. “O
Colégio Estadual do Paraná, que é considerado uma referência para a
educação e por onde já passaram importantes nomes da sociedade
paranaense, passará a ser tratado com a importância que merece”,
afirmou.
Os projetos que definirão os tipos de intervenções a serem feitas em
cada um dos estabelecimentos, bem como o seu custo, serão definidos
pelo grupo de trabalho após a identificação e classificação das
instituições de ensino.
COLÉGIO ESTADUAL – Entre os estabelecimentos de ensino considerados
prioritários estão o Colégio Estadual do Paraná, criado em 1864 como
Liceu de Curitiba, época em que o Paraná ainda era considerado
província de São Paulo. Em 1950 foi inaugurado o atual prédio, pelo
então presidente da República, general Eurico Gaspar Dutra, e pelo
ministro da Educação e Cultura, professor Clemente Mariani.
Foto: José Fernando Ogura/Vice-governadoria
No ano seguinte, em 1951, foi inaugurada a área desportiva do colégio,
com piscinas, ginásio, pista e campo. A proposta é transformar o
Colégio Estadual do Paraná no primeiro estabelecimento de ensino
totalmente sustentável sob os aspectos cultural, ambiental, energético
e acessibilidade.
Participaram da solenidade o presidente da Agência de Fomento, Juraci
Barbosa Sobrinho; o diretor-geral da Secretaria de Ciência e
Tecnologia, Sergio de Jesus; a diretora-geral da Secretaria de
Administração e Previdência, Solange Mattiello; o superintendente de
Desenvolvimento Educacional Jaime Sunye Neto; a presidente da Fundação
Cultural de Curitiba, Roberta Storelli; o presidente do Conselho
Estadual de Educação, Oscar Alves; e a presidente do Grêmio Estudantil
do Colégio Estadual do Paraná, Paula Kekes.
Abaixo a lista dos 13 estabelecimentos da rede estadual tombados pelo
Patrimônio Cultural do Estado e considerados prioritários pelo programa.
Paranaguá – Instituto Estadual de Educação Dr. Caetano M. da Rocha, Escola Estadual Faria Sobrinho.
Antonina – Centro Estadual de Educação Profissional Dr. Brasílio
Machado, Colégio Estadual Moyses Lupion, Colégio Estadual Rocha Pombo.
Curitiba – Instituto de Educação do Paraná Professor Erasmo Piloto,
Colégio Estadual do Paraná, Colégio Estadual Xavier da Silva, Colégio
Estadual Tiradentes, Escola Estadual Dom Pedro II, Grupo Escolar Cruz
Machado.
Três brasileiros foram contemplados com bolsas de estudo de cinco anos. 'No Brasil, quem estuda é um cara estranho. Lá, é admirado', diz bolsista.
Leonardo Saturnino Ferreira, de 21 anos,
vai estudar na Coreia do Sul (Foto: Vanessa
Fajardo/ G1)
Duas aprovações no vestibular da Universidade de São Paulo (USP), uma
para o curso de matemática e outra para engenharia, não foram
suficientes para que Leonardo Saturnino Ferreira, de 21 anos, morador
de São Paulo, tivesse entusiasmo para concluir o ensino superior no
Brasil. Depois de um processo seletivo que inclui análise de
documentos, currículo e perfil, entrevista em inglês e aprovações na
embaixada, no governo e em instituições de ensino, Ferreira conseguiu
realizar o sonho de sua vida: conquistou uma bolsa de estudos para
cursar engenharia elétrica na Universidade de Seul, na Coreia do Sul, e
está prestes a embarcar para um dos países com a melhor educação do
mundo.
Além de Ferreira, outros dois brasileiros seguirão o mesmo rumo:
Nicolas Mileli, de 21 anos, do Rio de Janeiro, e Daniel Baumel Garcia,
de 24 anos, do Paraná. Os três foram contemplados pela bolsa do
National Institute for Internacional Education (Niied), departamento do
governo, e ficarão cinco anos na Coreia do Sul com as despesas
totalmente pagas. O primeiro ano será destinado ao curso de coreano,
nos quatro seguintes os brasileiros farão a graduação escolhida. O
programa contempla estudantes do mundo todo.
Fã da cultura oriental, Ferreira já estudou japonês, e se apaixonou
pela Coreia do Sul aos 15 anos, quando leu uma reportagem em uma
revista na casa da avó sobre a educação sul-coreana. Desde então,
coleciona objetos do país, e pesquisa e lê tudo que pode.
Filho de uma maquiadora de efeitos de especiais e de um cineasta,
Ferreira nunca pensou em trabalhar com artes. A afinidade sempre foi
maior com números e tecnologia. Estudar na Coreia do Sul, para ele,
significa reunir essas paixões num país que considera exemplo de
disciplina e seriedade.
Referência em ensino e tecnologia, a Coreia do Sul aparece com
destaque no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). Está
em quarto lugar em matemática e em segundo no quesito leitura do
ranking mundial. “A Coreia leva a educação muito a sério. No dia do
vestibular, por exemplo, até o espaço aéreo é fechado para não
atrapalhar os estudantes. Aqui no Brasil quem estuda é considerado um
cara estranho. Lá na Coreia, é um cara admirado. A competição vai me
fazer ser cada vez melhor”, diz Ferreira.
Desde adolescente, Leonardo é fã da
cultura oriental (Foto: Vanessa Fajardo/
G1)
Filho único, o estudante pretende voltar ao Brasil nas férias, a
cada seis meses, mas está entusiasmado com as novidades, entre elas, a
de morar em uma república e trocar o clima de um país tropical por
temperaturas baixas. “Minha vida vai mudar de cabeça para baixo, mas
ainda não caiu a ficha. Acho que só quando eu entrar no avião.”
Durante o curso, o estudante pretende trabalhar. Uma opção é dar
aulas de inglês. Ferreira também já tem planos para depois da conclusão
do curso. Quer trabalhar na área de telecomunicações e fazer com que a
tecnologia de ponta da Coreia também seja realidade no Brasil. “Não sei
onde vou estar, onde vou trabalhar, mas gostaria de fazer a tecnologia
e a educação serem mais acessíveis no Brasil e no mundo, e que elas não
fossem febre apenas na Coreia.”
Longe da medicina Daniel Baumel Garcia, de 24
anos, também vai estudar na Coreia do Sul. Optou pelo curso de
engenharia da computação, mas quase seguiu a carreira dos pais e se
tornou médico. Estudou medicina por quatro anos, e abandonou o curso
por falta de afinidade. Como sempre gostou de desenho e tecnologia, foi
estudar desenho industrial, mas não concluiu o curso - se tivesse
finalizado não poderia disputar a bolsa de estudos do governo da Coreia.
Em 2009, Garcia decidiu aprender japonês, já que possui inglês fluente
e tem bom domínio de espanhol. O estudante conta que durante o curso se
interessou pela Coreia e passou a pesquisar mais sobre ela na internet.
Em julho de 2010 visitou o país pela primeira vez. Ganhou um
intercâmbio de uma semana e esticou a viagem por mais 15 dias por conta
própria.
"Fui sozinho e não conhecia ninguém. Na época não sabia nada do
idioma. Na primeira semana em Seul foi como se eu nunca tivesse visto
nada na minha vida, foi como descobrir um mundo novo. É um choque
cultural muito grande, porém positivo", afirma Garcia.
De volta ao Brasil, Garcia decidiu traçar novos planos. "Pensei: é
aqui [na Coreia] que quero passar mais tempo da minha vida e comecei a
pesquisar mais sobre bolsas de estudo." Em 2010, disputou a bolsa do
governo coreano, mas não foi aprovado, segundo ele, porque estava menos
preparado que agora.
A mudança de país não assusta o estudante que já mora sozinho em
Curitiba, enquanto os pais estão no interior do Paraná. Para ele, não
haverá dificuldade de adaptação, nem mesmo com as questões culturais.
"É o que eu quero, no país que eu quero. O que a Coreia representa em
termos de engenharia e tecnologia é perfeito. Tem uma das melhores
educação do mundo, e estudar qualquer curso lá já seria bom." Garcia
diz que vai seguir viagem "com a mente aberta e acreditar que vai dar
tudo certo."
Jovem vai estudar em uma das universidades mais conceituadas do mundo. Estudante quer se formar nos EUA e voltar para contribuir com seu estado.
João
Lucas Camelo Sá participa de olimpíadas de
matemática desde os 12; nem sabe qual o número de
prêmios conquistados (Foto: Arquivo pessoal)
Às 20h28 desta quarta-feira (14), João Lucas Camelo Sá, de 17 anos,
acessou a internet na sua casa em Fortaleza (CE) e descobriu que sua
vida iria mudar completamente: ele foi aprovado na seleção do Instituto
de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Localizado em Massachusetts, nos
Estados Unidos, o MIT é umas das universidades mais conceituadas do
mundo: referência em ensino e pesquisa em tecnologia, ficou em segundo
lugar no ranking mundial em reputação da Times Higher Education, atrás apenas da Universidade de Harvard.
A data e o horário em que João Lucas viu a aprovação foram
estipulados pela instituição para que os candidatos verificassem o
resultado da seleção por meio de uma senha. "Eu estava desanimado,
comecei a pensar no pior, mas quando vi que passei, saí correndo, subi
e desci as escadas umas dez vezes. Meus pais tomaram um susto", diz
João Lucas.
Para ser selecionado no MIT é necessário fazer um exame chamado de
Scholastic Assessment Test (SAT, Teste de Avaliação Escolar), uma
espécie de 'Enem americano,' que também é aplicado no Brasil aos
interessados em disputar vagas nos Estados Unidos. Sá conta que fez as
provas específicas de matemática e química e gabaritou com 800 pontos,
a nota máxima. Também foi necessário fazer o teste de proficiência em
inglês, o Toefl (Test of English as a Foreign Language). Do total de
120 pontos, o jovem fez 113.
Apesar do bom desempenho no processo seletivo, o estudante tinha
dúvidas se seria aceito. "Muita gente boa aplica para o MIT, passar lá
é algo extraordinário. Não tinha como ter certeza", afirma.
João Lucas na Romênia onde conquistou
prêmio inédito para o Brasil
(Foto: Arquivo pessoal)
Fera em matemática, João Lucas ainda não sabe qual curso vai optar
no MIT. A universidade permite que o estudante defina a graduação em
até dois anos. Até lá, o jovem quer explorar áreas como computação e
economia. E ao concluir os quatro anos de estudo já sabe seu destino:
voltar para Fortaleza. "Estudar fora do país vai ser importante para o
currículo, mas quero voltar e contribuir para minha cidade, fazer algo
significativo para meu estado. Não penso em morar nos Estados Unidos,
não teria sentido."
Campeão olímpico
A vontade de estudar no
exterior começou quando João Lucas passou a conviver no universo das
olimpíadas estudantis. A maioria das universidades americanas valoriza
alunos com histórico de participação nessas competições.
Quando tinha uns 10 anos, o estudante foi convidado pelo colégio
Ari de Sá, em Fortaleza, onde concluiu o ensino fundamental e médio,
para participar de uma oficina de matemática. "As aulas eram legais
porque eram mais difíceis, mais desafiadoras do que as da sala de aula.
Mas nessa época nem tinha intuito de competir", afirma.
O 'supercampeão' nem sabe dizer quantas medalhas já conquistou ao
longo da carreira que começou aos 12 anos. Foi medalha de ouro na
Olimpíada Brasileira de Matemática; prata na Olimpíada Internacional de
Matemática, na Holanda; prata na Romênia Master (prêmio inédito
para o
Brasil) e ouro na Olimpíada de Matemática do Cone Sul neste ano, entre
outras premiações.
Apesar de tantos títulos, João Lucas conta que a mais importante
conquista não veio em forma de medalha. "Alguns dos meus melhores
amigos eu fiz nas olimpíadas. Acontecia de nos encontrarmos nas
viagens. Alguns já estudam fora do país e me ajudaram com dicas."
'Não precisa ser gênio'
João Lucas sempre foi
bom aluno, costumava assistir às aulas regulares de manhã e passar as
tardes na biblioteca da escola. Às vezes, durante as noites, tinha
aulas focadas para as olimpíadas ou ia se distrair na casa de algum
amigo. O estudante dispensa o título de gênio e diz que qualquer bom
aluno consegue fazer o SAT tranquilamente. "Não precisa ser gênio das
olimpíadas para ir bem. Tirei 800 e não sou bom em química, não tem
muito segredo. Minha rotina nunca foi diferente da maioria das pessoas.
Na sala de aula era visto como qualquer um."
A mãe de João Lucas, a assistente social Francisca Rosa Camelo Sá,
de 54 anos, agora mescla o orgulho de ver o sucesso do filho com a
angústia de saber que o caçula de três filhos vai se mudar do país.
"Ele é muito determinado, no fundo sabia que ia dar certo. Mas agora
vem a sensação do ninho se esvaziando e ao mesmo tempo saber que nossa
missão está sendo cumprida. É muito orgulho."
Além da falta dos pais, das duas irmãs e dos amigos e parentes do
Ceará, João Lucas diz que vai sentir muitas saudades do clima do
nordeste brasileiro. "Gosto do calor, do céu azul, de acordar com o dia
ensolarado. Quando viajava para lugares frios para participar das
olimpíadas, voltava e pensava: que sorte eu tenho de morar aqui!"
Docentes pedem reestruturação do plano de carreira e melhores condições de trabalho nos novos câmpus abertos em expansão da rede
O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior
(Andes-SN), informou nesta sexta-feira (18) que o número de
universidades que aderiram à greve chega a 37. Na última quinta-feira
(17), quando foi deflagrada a paralisação, 33 instituições de ensino superior haviam decidido pelo movimento.
Os docentes pedem a reestruturação do plano de carreira e melhoria
das condições de trabalho nos novos câmpus que foram criados nos
últimos anos por meio do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e
Expansão das Universidades Federais (Reuni).O comando de greve da Andes informou que o atual plano de carreira
não permite crescimento satisfatório do professor ao longo da carreira.
O sindicato informou ainda que foram feitas mais de dez reuniões com o
Ministério do Planejamento para revisão do documento, mas não houve
avanço na negociação.O Ministério da Educação (MEC) disse em nota que tem confiança no
diálogo e no zelo pelo regime de normalidade das atividades dos campi
universitários federais. O governo ressalta que o aumento de 4%
negociado em 2011 está garantido por medida provisória assinada no dia
11 de maio. O aumento será retroativo a março, conforme previsto no
acordo firmado com os sindicatos.Em Diadema, na Grande São Paulo, alunos da Universidade Federal de
São Paulo (Unifesp) da unidade José Alencar Gomes da Silva, realizaram
uma manifestação de apoio à greve dos professores nesta sexta. Os
docentes em greve exigem a incorporação de gratificações e bônus aos
salários e reivindicam melhorias nos câmpus de Diadema. A presidente
Dilma Rousseff cancelou ontem sua agenda na unidade, que previa a
cerimônia de inauguração do câmpus.
Foto: AE
Estudantes da Unifesp de Diadema protestam em apoio à greve dos professores Nordeste
Das três universidades federais de Pernambuco, a primeira a
paralisar as atividades docentes foi a Universidade Federal do Vale do
São Francisco (Univasf), que entrou em greve na terça-feira (15).
Situada em área de fronteira com os Estados da Bahia e Piauí, a
estimativa do sindicato dos docentes (Sindunivasf) é de que mais de 95%
dos cerca de 400 professores aderiram à greve nacional por tempo
indeterminado em todos os seus cinco campi - distribuídos em cidades
dos três Estados.
A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) tem a adesão de
90% dos seus 1,1 mil professores, de acordo com o comando de greve. O
total de alunos nos seus 40 cursos de graduação é de 15 mil. A
expectativa é de expansão da adesão na próxima semana.
A Universidade Federal de Pernambuco, com 2,5 mil professores e 32
mil alunos em 93 cursos de graduação presenciais, realizou quinta-feira
a assembleia que deflagrou a greve, por isso ainda não tem um balanço
claro do porcentual de adesão, que só deve ser definido na
segunda-feira. De acordo com o sindicato da categoria, muitos
professores ainda foram à sala de aula nesta sexta-feira para
conscientizar os alunos.
Os professores da Universidade Federal do Ceará (UFC) não aderiram à
greve nacional. Os professores associados ao Sindicato dos Docentes da
UFC (Adufc) decidiram convocar nova assembleia para apreciar as
propostas negociadas com o governo federal até 31 de maio. Segundo o
vice-presidente da Adufc, professor Ricardo Thé, caso o Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão não envie uma proposta "digna de
apreciação", os professores da UFC já tem uma assembleia marcada para 5
de junho.
Em nota, a Adufc de antemão já descarta a decretação de uma greve
para 5 de junho. "Nossa categoria, aqui no Ceará, tradicionalmente não
indica uma greve sem a aprovação em plebiscito, estabelecendo, assim, a
vontade e compromisso da maioria", esclarece Ricardo Thé. Mas ele
lembra que "a greve é uma ferramenta de pressão legítima e pode muito
bem estar colocada à mesa dependendo das propostas que o governo
federal nos apresentar".
Segundo as autoridades, um dos feridos está em estado grave
Uma bomba explodiu neste sábado diante do instituto profissional
Morvillo Falcone, na localidade italiana de Brindisi, e causou a morte
da estudante Melissa Bassi, de 16 anos, ferindo ainda outras sete
pessoas, informou o funcionário da Defesa Civil regional Fabiano Amati.
Outra estudante se encontra em estado muito grave, depois de ter
sofrido queimaduras em todo o corpo e ferimentos no abdômen, e está
sendo operada no hospital Perrino, em Brindisi, onde estão internados
os demais feridos.
Segundo os moradores da área, a explosão foi muito potente e
destruiu os vidros do colégio e os dos edifícios contíguos em um raio
de 200 metros. A explosão aconteceu às 7h45 locais (2h45 de Brasília)
e, segundo os investigadores, os artefatos de fabricação caseira
estavam unidos a dois bujões de gás escondidos em mochilas que foram
colocadas em um contêiner diante do colégio.
O instituto leva o nome de Francesca Morvillo, que foi assassinada
junto a seu marido, o juiz Giovanni Falcone, e a outros três
guarda-costas em um atentado em 23 de maio de 1992. Os investigadores
italianos, que não descartam nenhuma possibilidade, acreditam que o
atentado pode ter alguma relação com a proximidade do 20º aniversário
da morte de Morvillo e Falcone, embora não excluam a hipótese de ter
sido obra de um desequilibrado.
Temendo novos atentados, a autoridades decidiram evacuar os demais
colégios da região. Na última quinta-feira, o Governo decidiu reforçar
os dispositivos de segurança para mais de 14 mil possíveis alvos
terroristas, após o recente atentado sofrido pelo executivo-chefe do
grupo Ansaldo Nucleare, Roberto Adinolfi, e a tensão gerada em torno da
agência de arrecadação de impostos Equitalia.
Foto: AP
Bombeiros fazem investigação na área do atentado
Em visita ao Brasil, James Heckman afirma que deve-se gastar mais dinheiro nos anos iniciais das crianças
A
etapa de ensino que menos atende na educação brasileira é a que daria
mais retorno, segundo o economista James Heckman, vencedor do prêmio
Nobel de Economia em 2000. Em visita ao País, Heckman ressaltou que,
mais do que investir no ensino regular e superior, é preciso olhar para
as crianças em idade pré-escolar.
Até o Censo de 2011, apenas 21% das crianças entre 0 e 3 anos frequentavam escola.
Foto: Amana Salles/Fotoarena
Parque é atividade diária na creche do Jardim Luso,
Entre os 28% que passaram na universidade tendo sido alunos do sistema público, um foi o melhor no curso mais concorrido
Passar na Universidade de São Paulo (USP) tendo estudado em escola pública já é difícil - apenas 28% dos aprovados deste ano vieram do sistema público. No curso mais concorrido da instituição, as chances caem. O que dizer então de ser o primeiro colocado na carreira que tinha o maior número de concorrentes por vagas? Foi o que fez Matheus Fidélis da Cunha, um jovem mineiro de 18 anos que obteve que obteve a primeira colocação no curso de Engenharia Civil do campus São Carlos, o mais disputado na última edição da Fuvest, com uma relação de 52,27 candidatos por vaga.
Foto: Wellington Ramalhoso Matheus Fidélis da Cunha na USP São Carlos, a mais de 700 quilômetros de Guiricema
Nascido na pequena Guiricema, de 8.700 habitantes, situada na Zona da Mata mineira, a 310 quilômetros de Belo Horizonte, Matheus da Cunha teve toda sua formação no ensino público. Na Fuvest, o vestibular da USP, ele contou com pontos de bonificação na nota proporcionados pelo Inclusp (Programa de Inclusão Social da USP).
Criado em 2006, o Inclusp ainda não conseguiu elevar significativamente o percentual de calouros procedentes do ensino público na universidade. O aumento registrado neste ano veio depois de dois anos de queda e não foi suficiente para retomar o patamar de 30% alcançado em 2009. O índice de 2012 (28%) é pouco superior aos 26,7% registrados em 2005, quando o programa de inclusão ainda não existia.
Dados divulgados pela USP mostram que a procedência escolar do aluno tem relação com a renda familiar: em geral, os estudantes vindos das escolas públicas tem renda mais baixa. No Inclusp, os alunos com renda familiar mensal na faixa de três a cinco salários mínimos representam 28% e formam o maior grupo entre os beneficiados. Na média geral dos calouros da USP, os que estão nessa faixa de renda representam somente 19%.
A trajetória de Matheus mostra uma sequência de bons resultados fundamentados pela educação pública. Em sua cidade natal, ele estudou na escola estadual Galdino Leocádio, da 1ª até a 5ª série; e na escola estadual Prefeito Antonio Arruda, o restante do fundamental. Segundo o campeão da Fuvest, a escola Antonio Arruda é uma referência regional. “O colégio funciona como um polo da região. Lá, para conseguir estudar da manhã, tem que ter as melhores notas. Se você tirar nota pior, se bombar, cai para o turno da tarde. E quem é da tarde, com a melhor nota, vai para a manhã”.
Primeira mudança: de Guiricema para Viçosa
Ainda na 8ª série, o bom desempenho escolar e a vontade de alçar voos maiores fizeram Matheus sair de Guiricema. Por seis meses, ele ia de ônibus, no período da tarde, à cidade vizinha de Visconde do Rio Branco onde fazia um cursinho preparatório para o processo de seleção do Coluni, o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa. Aprovado para entrar no colégio, mudou-se em 2009 para Viçosa, cidade mineira de 72 mil habitantes, a 42 quilômetros de Guiriçema.
Nos últimos quatro anos, o Coluni obteve a posição de melhor escola pública do país no ranking do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Além disso, tem sido a única pública a permanecer entre as dez melhores do país, infiltrando-se entre as escolas privadas mais bem avaliadas. Em 2009, ficou em oitavo lugar. Em 2010 e 2011 foi a nona melhor instituição.
Foto: Arquivo pessoal Gincana no Colégio Coluni, de Viçosa, o melhor público do País
Os colégios de aplicação mantidos por universidade federais no país contam com uma estrutura difícil de ser alcançada pelas escolas estaduais, mas podem, ainda assim, servir como modelo para os sistemas de ensino administrados pelos governos dos estados. No Coluni, por exemplo, os professores trabalham em regime de dedicação exclusiva. “O colégio não é focado somente no vestibular. Eles dão a matéria muito aprofundada nos três anos. Chegam a dar conteúdo que a gente tem na faculdade. As provas são baseadas em questões da Fuvest e de outros vestibulares. Tem um grande mérito dos professores também porque a grande maioria tem mestrado e doutorado. Eles ficam o dia todo no colégio e tiram dúvidas dos alunos fora do horário de aula”, conta Matheus.
De Viçosa para Engenharia na USP de São Carlos
Ele chegou a São Carlos com maturidade para encarar a vida universitária. “A gente amadurece muito no Coluni. Não existe uniforme, não existe horário para você entrar e sair do colégio, então você passa a controlar seu estudo, passa a ter mais responsabilidade. Você pode chegar na hora que quiser, como se fosse uma universidade. Só não pode interromper uma aula”, descreve. “Outro benefício: quem estuda no colégio tem direito a tudo o que a universidade oferece. Tem livre acesso à biblioteca, pode pegar qualquer livro, tem direito ao restaurante e às áreas esportivas da universidade.”
Pelo bom desempenho no colégio, Matheus recebeu ofertas de bolsas de estudo dos cursinhos particulares de Viçosa. Aceitou uma delas e, por seis meses, em paralelo ao terceiro ano do Ensino Médio, frequentou um cursinho pré-Enem na cidade. “Mas nunca deixei de sair com meus amigos no fim de semana. Porque só estudar acaba te desgastando demais”, ressalva o estudante, que gosta de jogar futebol.
1º também na UfsCar e na UFJF
Com facilidade nas disciplinas de exatas e fascínio por obras civis de grande porte, ele escolheu o curso de Engenharia Civil em todos os processos seletivos universitários de que participou. Além da USP, o jovem mineiro ficou em primeiro lugar na UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e na UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora). Foi o quinto colocado na Unicamp e na UFV (Universidade Federal de Viçosa) e também passou na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). “Esperava passar em algumas universidades, mas em primeiro lugar jamais, principalmente na USP. Você fica naquela expectativa de passar e na hora vê que deu certo e ainda em primeiro lugar. Foi muita felicidade.”
Claro que Matheus não é um caso isolado de aluno do Coluni com êxito nos processos seletivos das universidades. “O Coluni tem um índice de aprovação gigantesco, beira os 90%. E é muito raro um aluno de lá fazer faculdade particular. Todo mundo foca nas universidades públicas”, diz o estudante.
Comemoração, dúvida e receita
Depois do êxito nas provas de importantes universidades do país, o garoto prodígio foi festejado em Guiricema. “Acho isso incrível na cidade pequena: as pessoas podem não ter parentesco nenhum com você e ficam felizes. Ganhei um cartaz do pessoal. Fizeram um banner, uma faixa falando das aprovações, parabenizando. E não são familiares. Todo mundo que me via dava parabéns.”
Com tantas aprovações, bateu a dúvida sobre onde fazer faculdade. Chegou a fazer matrícula na Federal de Viçosa. Depois, matriculou-se na USP São Carlos sem ter certeza de que viria para o interior paulista. Pesava a favor de Viçosa a proximidade da família e de amigos, mas acabou optando pela USP. “O diferencial para eu escolher a USP foi a expectativa de oportunidades de intercâmbio e trabalho. Também peguei conselho com um professor da Federal de Viçosa que fez pós-graduação aqui. Ele falou que o curso da USP era mais desenvolvido. E a voz de quem estudou nas duas universidades pesa bastante.”
Para o futuro engenheiro, a receita para melhorar o ensino público do País tem dois ingredientes essenciais: a valorização do professor e a utilização de bons materiais didáticos. Se as escolas puderem contar com estrutura tecnológica, melhor ainda. “É absurdo um professor ter de dar aula em três escolas para conseguir acumular alguma renda. Eu vi no colégio que dá certo o professor ficar em tempo integral. Se isso acontecesse em todas as escolas, já seria uma melhoria incrível porque o professor teria tempo e poderia oferecer mais aos alunos.”