Pesquisa feita pelo Unicef traça perfil dos 3, 7 milhões de crianças e adolescentes que não estudam. Mais de 40% são adolescentes e estão atrasados na trajetória escolar.
Adolescentes de 15 a 17 anos são a maioria entre os brasileiros excluídos da escola – mesmo fazendo parte da faixa etária que deve ter atendimento obrigatório por lei desde 2009. Estudo realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação mostra que esses jovens representam 42% dos 3,7 milhões de crianças e adolescentes fora da escola no Brasil. A pesquisa traçou o perfil dos excluídos.
Os grupos mais vulneráveis à exclusão escolar ou risco de abandono são os de baixa renda, moradores de áreas rurais, negros, indígenas ou deficientes. No caso dos adolescentes, o fator que provoca mais desigualdade entre os que estudam e os que estão fora da escola é a renda. Dos 1,5 milhão que não vão à aula e têm idade entre 15 e 17 anos (15% dessa população), 336 mil têm renda familiar per capita de até um quarto de salário mínimo.
Eles representam 20,4% dos adolescentes dessas famílias. Já entre os que têm renda superior a dois salários mínimos, o índice de jovens da mesma faixa etária fora da escola cai para 5,5% (52 mil jovens). A metade dos adolescentes brasileiros (25 mil) que nunca pisou em uma escola é de família com renda per capita de até meio salário mínimo. Dos 51 mil totais, 29 mil são negros.
O Unicef analisou os dados Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD) de 2009 para elaborar o estudo. Lançado nesta sexta-feira, o relatório “Todas as crianças na escola em 2015 – Iniciativa global pelas crianças fora da escola” foi realizado também em outros 25 países. A proposta é mostrar aos gestores desses países quem são as crianças e os adolescentes que estão fora da escola ou em risco de evasão, quais são as dificuldades que enfrentam para obter sucesso escolar e as possíveis alternativas para sanar os problemas.
Apesar de os números não serem inéditos, o retrato da exclusão elaborado pelo Unicef e a Campanha Nacional pelo Direito à Educação pretendem sensibilizar políticos e sociedade a respeito da exclusão. “Não podemos naturalizar essa exclusão e suas causas como vem acontecendo. Não podemos dizer que esses resultados são fruto do passado e adiar soluções. O direito de aprender é de cada um”, afirma Maria de Salete Silva, chefe do Programa de Educação do Unicef e coordenadora-geral do estudo.
Nos próximos meses, o Unicef vai elaborar relatórios específicos para os prefeitos de todos os municípios brasileiros. Segundo Salete, a proposta é mostrar a eles quantos e quem são as crianças e os adolescentes que estão fora das escolas em cada cidade. Com isso, a entidade espera comprometimento dos gestores para acabar com essa situação. “Vamos entregar tudo em detalhes. Queremos mobilizar a sociedade”, diz.
Causas e recomendações
O atraso escolar e o trabalho são duas das principais barreiras à trajetória de inclusão dos jovens na vida educacional. A repetência provoca distorções entre a série cursada e a idade do adolescente e, em geral, leva ao abandono dos estudos. Mais de 5 milhões de alunos das séries finais do ensino fundamental têm idade superior à recomendada para a série que frequentam: 42% do total de estudantes dessa fase.
Com isso, metade dos jovens de 15 a 17 anos ainda está no ensino fundamental e não no ensino médio como deveriam. Na etapa final da educação básica, 24,2% dos estudantes têm idade superior à recomendada (2, 8 milhões). Os jovens excluídos concentram-se, principalmente no Nordeste (524 mil) e Sudeste (471 mil). Além disso, os dados mostram que 673 mil adolescentes de 15 a 17 anos trabalham. Mais de 2 milhões (21,1% dessa população) dos adolescentes de 15 a 17 anos estudam e trabalham ao mesmo tempo.
Salete acredita que a situação de quase pleno emprego vivida pelo País atualmente atrai os jovens para o mundo do trabalho. A falta de programas específicos para a juventude torna os salários do mercado mais atraentes do que a transferência de renda de programas como o Bolsa Família. Consequentemente, a escola também perde o sentido.
As características de etnia também aparecem como pontos marcantes da exclusão. Há 937 mil adolescentes negros fora da escola, contra 593 mil brancos. As diferenças entre os moradores de áreas urbanas e rurais também é ressaltada pelo Unicef. Nas áreas urbanas metropolitanas, 57,3% dos adolescentes estão no ensino médio, contra 35,7% da zona rural.
Soluções
Os pesquisadores defendem políticas públicas que integrem diferentes áreas para solucionar os problemas de acesso e permanência das crianças e adolescentes na escola. “Esse é um fenômeno complexo e multifatorial, que combina desigualdades de várias naturezas e que, por isso, precisa de políticas públicas integradas, agrárias, de saúde, segurança. E precisa também de integração efetiva dos vários níveis de governo. E temos um longo caminho a percorrer ainda nesse sentido”, afirma Iracema Nascimento, coordenadora-executiva da Campanha.
Para o Unicef, valorizar o professor e tornar os conteúdos desenvolvidos em sala de aula mais atraentes são providências urgentes para mudar a realidade de ensino para os jovens. Apesar dos esforços feitos pelas diferentes esferas de governo, é preciso encontrar soluções mais urgentes para essa faixa etária.
O secretário de Educação Básica do Ministério da Educação, César Callegari, conta que uma proposta curricular e de métodos de ensino específicos para os estudantes de 15 a 17 anos que estão atrasados será apresentada aos gestores municipais e estaduais até o fim do ano. “Não queremos segregar, mas esses jovens precisam de uma atenção diferenciada”, diz.
Callegari admite que a inclusão dos adolescentes brasileiros na vida escolar não tem sido ágil como nas fases iniciais de ensino. Mas, para ele, as políticas de financiamento do ensino médio, expansão do ensino superior e, agora, a aprovação das cotas nas federais, terão impactos positivos para estimular esses adolescentes a permanecer na escola.
O diretor de arte Diego Lins usou personagem de
HQ e desenhos de sua própria autoria para convencer o filho a ir à
escola usando tampão ocular
Diego Lins, 28 anos, diretor de arte de uma agência em João Pessoa,
na Paraíba, colocou sua criatividade a serviço da cura do filho.
Gabriel, 3 anos, tem hipermetropia. Como não respondeu ao tratamento
apenas com óculos, o oftalmologista receitou o uso de tampões no olho
direito, por 45 dias, cinco horas por dia.
Diego com Gabriel no colo: criatividade para ajudar
no tratamento do filho.
Ao saber do diagnóstico, o menino se revoltou. "Ele foi logo tirando os
óculos e dizendo para o médico 'não precisa, já estou enxergando
tudo'", conta o pai, que também apresenta o programa "Arquibancada e
Sol" em uma TV local de João Pessoa.
Gabriel se recusava a ir à escola de tampão. Sabendo disso, o pai,
conversando com um colega de trabalho, lembrou-se do agente Nick Fury,
herói dos quadrinhos. Um dos mais importantes personagens do universo
Marvel, Nick usa um tapa-olho. Diego imprimiu várias imagens do agente
e mostrou-as para o filho. Depois, assistiu ao filme "Os Vingadores",
em que Nick é uma das figuras centrais.
Com isso, venceu a primeira resistência. Mas Gabriel ainda relutava,
achando que ia doer. "Minha esposa explicou que não doía nada, enquanto
eu desenhava uma caveira no tampão". Assim, Gabriel finalmente aceitou
o tratamento. "Ele chegou na escola dizendo que era o líder dos
Vingadores", diverte-se Diego.
No primeiro dia, com o desenho da caveira, Gabriel
ainda estava
ressabiado. No quarto dia, com um
olho de tigre, já aparece à vontade
com o tampão.
Agora, todos os dias Gabriel pede um desenho novo. "Já fiz um olho
especial, enorme; um olho de tigre e um de zumbi", diz Diego. "Ele
mesmo vem com as ideias depois da escola", completa o pai, disposto a
fazer os 41 desenhos que faltam até o fim do tratamento.
Via Facebook, estudante mostra falhas de infraestrutura e pedagógicas da instituição em que estuda em Florianópolis
Com 13 anos, uma estudante da sétima série do ensino
fundamental em Florianópolis, em Santa Catarina, cansou de reclamar da
própria escola verbalmente e resolveu criar uma página no Facebook
só para isso. “Estou fazendo essa página sozinha pra mostrar a verdade
sobre as escolas públicas. Quero o melhor não só para mim, mas para
todos”, diz Isadora Faber, aluna da Escola Básica Municipal Maria
Tomazia Coelho, da Praia do Santinho, na abertura da Fan Page chamada
de “Diário de Classe”.
Facebook/Reprodução
Isadora se inspirou em blog de aluna escocesa
para criar a página Diário de Classe no Facebook
A
ideia surgiu a partir de uma conversa com a irmã mais velha, de 24
anos, que contou para Isadora que uma escocesa havia feito um blog com fotos da comida da escola
. “Eu resolvi fazer sobre tudo”, lembra a estudante e agora celebridade
nas redes sociais. A página publicada no dia 11 de julho vem provocando
reações de colegas, professores, funcionários e pais da escola em que
estuda desde que foi criada, mas explodiu nas redes sociais somente
nesta segunda-feira. Pela manhã, tinha 1000 recomendações. Às 19h30,
eram mais de 14 mil.
Tamanho sucesso fez a secretaria de educação de Florianópolis marcar
uma reunião para esta terça-feira com a direção da escola e as
diretorias de infra-estrutura e de ensino fundamental da prefeitura,
para discutir se as postagens de Isadora têm procedência e tomar as
providências necessárias, se for o caso.
Na
página, Isadora registra com imagens e relata em textos problemas de
infraestrutura – como fios desencapados e mesas quebradas – e
pedagógicos. Esses últimos são os que mais causaram problemas à
estudante, que sofre pressão de colegas e professores.
Isadora filmou um pedaço da aula de matemática, para mostrar como o
“professor não é apto a ensinar”, e publicou o vídeo no Facebook. “Ele
simplesmente não consegue nos dar aula, não consegue explicar matéria,
não cobra respeito da turma, é como se não tivesse professor, a gente
não aprende nada”, disse Isadora ao iG
. A diretora da escola, que segundo Isadora respeita a iniciativa da
Fan Page, foi contra neste caso e a pressionou a tirar as imagens do
ar.
“Quando posto algo da aula, ela não gosta e diz que coisas que
acontecem em local fechado não deveriam ser públicas”, relata Isadora,
que também teve que se acostumar com uma colega que deixou de falar com
ela e com piadas maldosas de funcionárias do refeitório, que riem das
fotos que ela tira e publica.
Mas
Isadora, que conta com o apoio dos pais para a iniciativa, está
satisfeita com os resultados obtidos até agora e não pretende desistir
até a sua escola se tornar de qualidade. Portas, maçanetas, fios
desencapados e um ventilador já foram trocados, a diretora está
conversando mais com os alunos e a expectativa é que o professor de
matemática saia da escola. “A diretora disse que amanhã teremos
novidades sobre isso”, conta. "Já está mudando bastante, muito melhor
que antes", diz orgulhosa.
Antes de tornar realidade um teste mais sensível,
rápido e barato para detectar o câncer de pâncreas, Jack Andraka foi
rejeitado por 199 pesquisadores
Jack Andraka – guarde esse nome – tem 15 anos. Em maio deste ano ele
venceu a Feira Internacional de Ciência e Engenharia da Intel com um
projeto que pode mudar a história do câncer de pâncreas
: um teste para detectar a doença 68 vezes mais rápido, 400 vezes mais
sensível e 26 mil vezes mais barato que o padrão usado hoje para
detectar a doença, inventado nos anos 50.
A
doença que vitimou um familiar de Jack e inspirou o jovem a pesquisar
uma forma de detectá-la antes que ela se espalhe para o resto do corpo,
tem um prognóstico sombrio: menos de 2% dos diagnosticados em estágio
avançado sobrevivem.
BBC Jack com o sensor de nanotubos: potencial
revolução no diagnóstico do câncer de pâncreas
“Eu pensei: se fosse
possível diagnosticar essa doença em estágios bem iniciais, as chances
de sobrevivência aumentariam muito”, conta ele.
Munido
de vontade, curiosidade e uma bagagem científica incomum para garotos
da idade dele, Jack se embrenhou no tema e bolou o teste unindo
conceitos estudados nas aulas de Biologia com o que havia lido em um
artigo sobre nanotubos – estruturas milhares de vezes menores do que a
espessura de um fio de cabelo.
“Eles têm propriedades incríveis, são como super-heróis da Ciência.”
Como
ele conseguiu fazer isso? Filho mais novo de uma médica e um engenheiro
civil, ele foi estimulado desde cedo a encontrar por si as respostas
para as dúvidas que tinha sobre as coisas. Além de inteligente e
esforçado, claro, Jack foi perseverante. Decidido a concretizar a ideia
do teste, ele escreveu para nada menos que 200 pesquisadores
norte-americanos apresentando o projeto de pesquisa e pedindo espaço em
laboratório para trabalhar nele. Apenas um respondeu que sim. Ainda bem.
Jack conversou com o iG
pelo telefone, do laboratório que aceitou abrigá-lo e incentivá-lo.
Hoje, ele estuda meios de viabilizar comercialmente o teste. Jack
Andraka – guarde esse nome – tem 15 anos.
Veja a seguir a entrevista.
iG: Quando você começou a se interessar por ciências? Jack Andraka:
Eu tinha uns três anos quando meu pai comprou para mim e para o meu irmão [ dois anos mais velho
] uma maquete de plástico de um rio, com água e tudo. Nós ficamos
brincando com aquilo o dia inteiro, observando a corrente e colocando
os mais diferentes objetos nela, para ver o que afundava, o que seguia
o curso da água e o que mudava a corrente. A gente queria respostas.
Queria entender como aquilo acontecia. Acho que o interesse despertou a
partir daí. iG: Quanto tempo depois disso você começou a participar de competições de ciências? Jack Andraka:
A primeira competição foi na 6ª série, com 12 anos. Eu adaptei um
dispositivo de segurança para evitar que o fluxo de água nas quedas
d’água de pequenas represas cause afogamentos. iG: Você venceu? Jack Andraka:
Eu tinha 10 anos e como estava na 6ª série, não podia participar do
prêmio da Intel, porque aqui nos EUA ele é apenas para estudantes de
ensino médio. Mas tirei segundo lugar na versão internacional do mesmo
prêmio com esse projeto.
iG: Como você teve a ideia do projeto vencedor do prêmio internacional deste ano?
Jack Andraka:
Eu escolhi um tema que me interessava na época. O câncer
de pâncreas teve um impacto importante na minha família, nós perdemos
um parente com a doença. Aí fui pesquisar sobre ela e descobri que 85%
dos casos são diagnosticados em estágios avançados, quando o câncer já
está espalhado pelo corpo e os pacientes em geral têm menos de 2% de
chances de sobrevivência. Eu pensei: se fosse possível diagnosticar
essa doença em estágios bem iniciais, as chances de sobrevivência
aumentariam muito.
iG: E você simplesmente decidiu fazer isso?
Jack Andraka:
Bem, eu fui atrás de todas as formas conhecidas de diagnóstico desse
tipo de câncer e descobri uma proteína chamada mesotelina, que está
presente no câncer de pâncreas, assim como nos de ovário e pulmão. A
ideia veio mesmo numa aula de biologia. Estávamos aprendendo sobre
anticorpos, essas estruturas produzidas pelo sistema imunológico. No
câncer que eu estava estudando, os anticorpos se ligavam apenas à
mesotelina. Na mesma época, li um artigo muito legal sobre nanotubos de
carbono. Você sabia que essas estruturas têm o diâmetro 150 mil vezes
menor do que o de um fio do seu cabelo?
iG: Nossa, não tinha ideia de que eram tão pequenas...
Jack Andraka:
Sim, os nanotubos têm propriedades incríveis, são como super-heróis da
Ciência. Ok, o que fiz foi meio que conectar essas duas ideias. Eu
inventei um sensor de nanotubos de carbono e anticorpos capaz de
identificar a presença da mesotelina e dizer, baseado no quanto dessa
proteína se liga aos anticorpos, se a pessoa tem câncer de pâncreas.
iG: Quanto tempo você levou para concretizar a ideia? Jack Andraka:
Foram ao todo 7 meses de muito trabalho. iG: Onde você trabalhou? Em casa? No laboratório da escola? Jack Andraka:
Não, eu contatei 200 pesquisadores na Universidade Johns Hopkins e nos
Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos pedindo espaço em
laboratório e apoio para desenvolver a minha pesquisa. Apenas um me
disse sim [ Anirban Maitra, professor de Patologia, Oncologia e Engenharia Química e Biomolecular da Escola de Medicina da Johns Hopkins
]. Uns me responderam que não tinham espaço, outros que não tinham o
equipamento, outros simplesmente não responderam. Quando finalmente fui
aceito, cumpri um rigoroso processo para me transformar em um
pesquisador e iniciei o trabalho. iG: Durante a pesquisa, como ficou a escola? Você conseguia dar conta de tudo? Jack Andraka:
Normalmente eu consigo fazer todas as coisas da escola durante o
período das aulas. Enquanto desenvolvia o projeto, eu ficava até tarde
da noite no laboratório fazendo e refazendo os testes, então
aproveitava o tempo entre eles para completar o dever de casa. iG: Os seus pais não reclamavam de você ficar até tarde da noite trabalhando? Jack Andraka:
Meus pais não reclamavam, pelo contrário. Eles sempre valorizaram o
trabalho e o esforço. Acho que só consegui chegar até aqui porque como
pais eles me ajudaram e me incentivaram. iG: Com todas essas atividades, você consegue passar algum tempo com os amigos e a família? Aliás, você tem namorada? Jack Andraka:
Não tenho namorada. Mas eu gosto de socializar sim. Este ano, com todo
o trabalho no projeto, a minha vida social ficou um pouco comprometida,
mas os meus amigos me apoiam e entendem isso. E continuam meus amigos. iG: Depois da vitória no prêmio da Intel você foi contatado por algum interessado em produzir e vender o seu teste? Jack Andraka:
Sim, já fui contatado por sete empresas de biotecnologia interessadas
em produzir o teste. Estou aguardando a conclusão do processo de
patente, ainda não decidi que direção quero tomar. iG: Além do câncer, quais outras áreas você ainda gostaria de pesquisar? Jack Andraka:
Eu definitivamente gosto de Biologia, mas também tenho interesses em
Física e Química. Então venho tentando combinar essas três coisas nos
meus próximos projetos. iG: Já pensou sobre a faculdade? O que pretende cursar e onde deseja estudar? Jack Andraka:
Hum...não tenho a mínima ideia de onde ou o que vou estudar. Há tantas
opções hoje em dia e tanta gente com diploma. Não sei se quero seguir
esse caminho. iG:
O seu histórico e a sua mais recente invenção geraram uma grande
expectativa em torno da sua performance no concurso do próximo ano.
Como você lida com isso? Jack Andraka:
Acho que será um novo desafio. Quero participar do concurso do ano que
vem e pretendo me divertir com isso. Só quero seguir pesquisando.
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, entre as escolas do
1º ao 5º ano, superou a meta. Segundo dados, ensino médio não avançou.
A qualidade do ensino fundamental melhorou, no Brasil, nos últimos
dois anos. Mas o Ideb, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica,
divulgado nesta terça-feira (14), mostrou que a situação no ensino
médio não avança.
Nas salas de aula de ensino fundamental, as metas foram superadas.
O Ideb, entre as escolas do 1º ao 5º ano, ficou em cinco. É mais do que
a projeção do MEC para 2011, que era de 4,6.
Resultado de trabalhos como o de uma escola municipal na Serra
Gaúcha, que teve o melhor Ideb no Rio Grande do Sul. As crianças têm
aulas de informática, laboratório de ciências bem equipado, atividades
no turno inverso. O dinheiro não vem só da prefeitura, é obtido através
de projetos e da ajuda da comunidade.
“Em ciências eu tiro sempre dez, matemática também, português às vezes”, conta a estudante Daniela Buratti.
O Ideb é calculado a partir das notas dos alunos em avaliações
nacionais como a Prova Brasil e a taxa de aprovação dos estudantes.
Serve para diagnosticar a qualidade das escolas brasileiras.
Nos anos finais do ensino fundamental, o levantamento também foi
positivo. Do 6º ao 9º ano, o Ideb nacional chegou a 4,1 para uma
expectativa inicial de 3,9. Já o ensino médio, atingiu a meta, mas teve
desempenho mais tímido. Tem sido assim desde que o Ideb foi criado. Em
quatro avaliações, a nota cresce pouco, apenas 0,1 a cada dois anos.
Em 2011, nove estados tiveram um desempenho pior do que o de 2009:
Acre, Pará, Maranhão, Paraíba, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Paraná e
Rio Grande do Sul.
Os números serviram de alerta para o Ministério da Educação. Entre
as preocupações estão as carências na formação dos professores, o
grande de número de alunos no ensino noturno e a necessidade de
mudanças no currículo das escolas.
“Hoje nós temos 13 disciplinas obrigatórias além das disciplinas
opcionais, então é um volume muito grande e isso não tem permitido um
foco especialmente nas disciplinas que eles serão mais exigidos no Enem
e na vida profissional”, diz o ministro da Educação, Aloísio Mercadante.
Atualmente 35 alunos cegos ou com baixo grau de visão da rede estadual
de ensino participam de atividades em contraturno do projeto “Projeto
ver com as mãos”, no Instituto Paranaense dos Cegos (IPC), em Curitiba.
A proposta é promover ações pedagógicas que os ajudem a desenvolver
habilidades para lidar com diversas situações cotidianas.
O objetivo ainda é inserir os alunos no mundo artístico cultural, além
de capacitar os professores que atuam com alunos cegos. São realizadas
oficinas pedagógicas de arte, música e expressão, além de visitas
pedagógicas a museus. “Essas atividades contribuem para a que exista
uma maior interação dos alunos nas ações educativas”. Explicou a
coordenadora do projeto, Diele Fernanda Pedrozo de Morais.
Após pesquisas de campo Diele, que é professora da rede estadual,
percebeu a necessidade de um projeto que trabalhasse a arte com os
alunos com deficiências visuais. “Os alunos gostam e têm interesse pela
arte. Essa é uma possibilidade de mostrar a potencialidade dos alunos
com deficiência visual nas atividades artísticas culturais”, afirmou.
Foto: Giuliano Gomes/SEED
Uma delas é a aluna Dayana Esther Pinheiro, 16 anos que gosta de
expressar o que sente através dos seus desenhos. “Eu acho muito
interessante poder aprender outras coisas que geralmente não
conhecemos. Quando não estou aqui (projeto) eu sinto muita falta e
sempre tenho vontade de voltar. É bom estar aqui”, revelou.
O filho da funcionária Marilene Gonçalves dos Santos freqüenta o
instituto há sete anos e nesse tempo aprendeu a desenvolver várias
habilidades específicas para alunos cegos. “Meu filho sempre foi muito
comunicativo e o trabalho desenvolvido aqui no instituto o ajudou muito
nisso, além de andar sozinho e de se relacionar melhor com as pessoas e
com o mundo em volta dele. Também o ajudou no rendimento escolar“,
contou.
Foto: Giuliano Gomes/SEED
FORMAÇÃO – Cerca de 50 professores da rede pública estadual
participaram de um curso de capacitação no final de julho para
trabalharem com alunos com deficiência visual. “O curso foi importante
para aperfeiçoar a nossa formação. É sempre bom termos essa troca de
informação, quem sai ganhando sempre são os alunos”, disse a professora
Denise do Rocio Calomeno que ainda destacou uma melhora na sua
metodologia de ensino com os alunos em sala de aula.
O projeto “Projeto ver com as mãos” tem como parceria a Faculdade de Artes do Paraná
(FAP) e recebe apoio do programa Criança Esperança.
Projeções otimistas colocam os e-books como
responsáveis por 10% do faturamento das vendas do setor em 2014, forte
aumento em relação aos 0,025% de 2011
As apostas nos livros digitais estão em alta. Grandes livrarias e
editoras acreditam que os e-books ganharão espaço no mercado nacional
em 2012 e 2013. As projeções mais otimistas os colocam como
responsáveis por 10% do faturamento das vendas do setor em 2014. O
índice em 2011 foi 0,025%. A esperança está depositada na chegada de
gigantes internacionais e na produção doméstica de tablets, que poderá
baratear os aparelhos.
Segundo a Câmara Brasileira do Livro (CBL), há cerca de 10 mil
títulos em formato digital no País. Desses, 5.235 foram lançados em
2011, conforme pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas
da Universidade de São Paulo (Fipe/USP). "A maior produção ocorreu no
último período. Então, também deve haver um número significativo em
2012", diz a presidente da CBL, Karine Pansa, que não arrisca
projeções. A receita com vendas de e-books foi de R$ 868 mil.
A
ideia de oferecer aparelhos de leitura para impulsionar a venda de
conteúdo deu certo com a Amazon, nos Estados Unidos. Desde que o
Kindle, e-reader da empresa, foi lançado, em 2007, os e-books vêm
ganhando mercado. Em 2011, tinham 15%, ante 6% em 2010, conforme a
Association of American Publishers.
Agora, a Amazon
pretende entrar no Brasil. O início das operações está previsto para o
último trimestre deste ano, mas já existem negociações com empresas
locais, como as distribuidoras de e-books Xeriph, que reúne cerca de
200 editoras, e DLD, formada por sete. Comenta-se, porém, que há
dificuldades para fechar acordos com a multinacional, que se recusaria
a aceitar peculiaridades do mercado nacional, como a divisão de
receitas. A companhia foi procurada pela reportagem, mas não se
pronunciou.
Otimismo
à parte, o e-book ainda não decolou no País, nem deve ameaçar o livro
em papel no médio prazo. Em 2011, as vendas no formato físico subiram
7,2%, em relação a 2010. Os 469 milhões de exemplares comercializados
geraram faturamento de R$ 4,83 bilhões. O preço de alguns e-books
também não anima. Segundo Procópio, da CBL, falta política de
precificação no País. "Tem livraria que cobra o mesmo preço do
impresso. Outras, 50%, 70%." Nos EUA, a versão digital custa de 30% a
40% menos. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
Esquema pioneiro na Grã-Bretanha ajuda pais, mas pode incomodar colegas e é criticado por educadores
Onde deixar o filho na hora do trabalho? A maior empresa de táxis da
Grã-Bretanha abriu uma polêmica ao tentar ajudar seus funcionários a
resolver esse problema permitindo que eles levem seus filhos para o
escritório.
Addison Lee
Funcionários da Addison Lee com os filhos:
iniciativa teria melhorado o clima na empresa
O esquema da companhia Addison Lee, que já vinha sendo adotado por empresas americanas, é pioneiro na Grã-Bretanha.
Na
primeira semana, alguns pais tiveram dificuldade para cumprir suas
tarefas e o trabalho foi por vezes interrompido por gritos histéricos
de crianças.
O gerente Liam Griffin, porém, diz que
ainda assim a experiência tem sido positiva para a empresa. "O clima
está mais positivo. Essa iniciativa fomenta a lealdade e o entusiasmo
do resto dos empregados e ajuda a melhorar a atmosfera de trabalho",
explica Griffin.
O setor da empresa menos receptivo
ao projeto foi o departamento comercial, que passou a conviver com a
pequena Tanisha, de 15 meses. O chefe do setor, porém, diz que, apesar
de alguns ataques de choro iniciais, aos poucos a bebê "entrou na
rotina". "Algumas pessoas dizem que ela deixa a atmosfera de trabalho
mais suave", diz ele.
Estados Unidos
O esquema em que empregados são autorizados a levar os filhos para o trabalho já é adotado por mais de 170 empresas nos EUA.
"Ganhamos
em produtividade no longo prazo e reforçamos nosso compromisso com
nossos empregados, o que tem nos ajudado a convencê-los a ficar conosco
quando eles recebem outra oferta de trabalho", acredita Will Humble
porta-voz de uma dessas empresas, o Departamento de Saúde do Arizona.
Na
Grã-Bretanha, 25% das mulheres que saem de licença maternidade não
retornam a seus cargos. Isso traz prejuízos para as empresas, que
precisam gastar mais para recrutar e treinar substitutas.
Calcula-se
que cada bebê custe aos pais mais de 10 mil libras (R$ 32 mil) nos
primeiros dois anos de vida e este valor vem subindo numa velocidade
maior do que a média de renda das famílias britânicas.
Por causa dos altos custos das creches, algumas mulheres preferem
parar de trabalhar a pagar para deixar seus bebês em um desses
estabelecimentos.
Addison Lee
Funcionária da Addison Lee, Shellon Beckford,
agora leva ao trabalho sua bebê, Mahdka
Críticas
Para
o especialista em educação infantil do Instituto de Educação da
Universidade de Londres, Paul Moss, simplesmente permitir que os
funcionários levem seus filhos para o trabalho não é a resposta mais
adequada para o problema.
"Existe uma solução que já é
implementada nos países nórdicos há 40 anos", explica Moss. "Eles dão
aos pais licenças remuneradas de 12 a 15 meses e ainda concedem
subsídios para creches."
Os custos desses benefícios são cobertos por impostos mais altos.
Na
Grã-Bretanha, o número de creches públicas é insuficiente e a maior
parte dos pais tem de colocar seus filhos em creches privadas.
Como
em muitos outros países, muitas vezes é difícil encontrar uma creche
que seja confiável, cobre um valor razoável e tenha vagas disponíveis.
Alguns
especialistas defendem a criação de um sistema público gratuito de
creches, mas outros apontam restrições orçamentárias como uma barreira
para tal projeto – ainda mais em tempos de crise.
Creches no trabalho
Durante a 2ª Guerra Mundial, o estaleiro americano Kaiser foi
pioneiro em criar imensas creches que estavam abertas 24 horas por dia
em seus centros de montagem de navios, conforme descrito no livro
Beginnings and Beyond pelas autoras Ann Miles Gordon e Kathryn Williams
Browne.
Esses centros permitiram que as funcionárias do estaleiro
continuassem a trabalhar no esforço de guerra. Mas eles foram fechados
com o fim do conflito.
Na Grã-Bretanha, nos EUA e mesmo no Brasil, algumas empresas também têm creches disponíveis para seus funcionários.
Mas em geral só grandes empregadores têm capacidade de oferecer
esses serviços. Além disso, com a crise, não são poucos os que
terminaram cortando esse benefício para reduzir custos.
Resistir ao retorno pode ser só uma manha passageira ou indicar situações mais graves. Para cada caso, há uma recomendação
Getty Images
Resistência em voltar para a escola é contornável, mas pode esconder problemas mais graves
É hora de dar adeus aos dias de folga e voltar à rotina com aulas,
tarefas de casa e trabalhos escolares. Algumas crianças estão com
saudades dos colegas e das atividades, mas outras não podem nem ouvir
falar em volta às aulas sem ter uma dor de barriga instantânea. Como os
pais podem lidar com a criança que resiste a voltar das férias?
O primeiro passo é descobrir o que esta resistência quer dizer. "O
'não quero ir para a escola' pode ter vários sentidos", alerta a
psicoterapeuta Ana Gabriela Andriani, doutora em Psicologia pela
Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). Pode ser apenas uma recusa
natural e passageira à ideia de voltar a acordar cedo, ter menos tempo
para brincadeiras e mais responsabilidades - do mesmo tipo que qualquer
adulto sente ao terminar as férias e encarar a volta ao trabalho.
Outras vezes a resistência se apresenta mais constante, tendo
aparecido inclusive antes das férias. Nesse caso, o motivo pode estar
escondido em uma mudança na rotina escolar: troca de professora, de
classe ou de escola ou até mesmo ameaças de bullying. "O diálogo com a
escola é fundamental", define Ana Gabriela. Só assim os pais podem
entender se a resistência à volta às aulas é só manha ou se esconde
algum problema mais sério.
A pura e simples manha, aliás, também pode ser acolhida. Afinal,
quem é que gosta, seja adulto ou criança, de voltar das férias?
"Acolher a manha não significa permitir que a criança não volte para a
escola", diz Ana. Basta conversar com a criança e explicar que esta
preguiça é natural, que todos sentem, mas que nem por isso podemos
ficar em casa para sempre.
João David Cavallazzi Mendonça, psicoterapeuta familiar, concorda.
"Precisa dar à criança o direito de sentir preguiça e sentir vontade de
nao acordar - embora isso não signifique em absoluto que ela vá poder
dormir até tarde e faltar às aulas"
Agendas lotadas
Não querer voltar para a escola pode ser um alerta para um problema
muito comum entre as crianças de hoje: o excesso de atividades
extracurriculares impostas pelos pais. A garotinha que faz balé às
terças e quintas, natação às quartas e sextas e piano às segundas e
sábados certamente vai sentir muita falta de um mês em que teve tanta
tempo livre - um verdadeiro artigo de luxo para ela.
Os pais se esquecem de que tempo livre, para uma criança, significa
tempo para brincar. E brincar é essencial. "A brincadeira é fundamental
para o desenvolvimento social, cognitivo, afetivo, da criatividade. A
criança precisa de tempo para ser criança", ressalta a psicoterapeuta.
Dicas práticas
Para que a transição da rotina seja o mais suave possível, João
sugere que os pais estabeleçam uma mudança gradual. Se a criança está
dormindo mais tarde e acordando mais tarde, que tal, alguns dias antes
do retorno à escola, já colocá-la mais cedo na cama - e acordá-la mais
cedo também? O ideal é aproximá-la ao máximo da rotina que volta em
breve, tanto em horários de sono como nos de refeições.
Incluir a criança na preparação da volta às aulas é outra ideia.
"Peça ajuda para lavar a mochila, preparar os uniformes, comprar o
material de reposição", indica o psicoterapeuta. Vale também ler um
trecho de um livrinho ou apostila que será solicitado no segundo
semester - tudo para que seu filho vá se habituando com a presença
destes elementos de volta ao seu dia a dia.